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História De Tanto te Querer - Capítulo Único


Escrita por: Urutake-Hime

Notas do Autor


Olá! Faz muito tempo que eu não posto alguma fic aqui e esta vai ser a primeira original. Essa história já foi postada antes há um bom tempo na minha conta do Nyah! mas achei interessante ver se ela teria algum retorno aqui também. A história é simples, eu escrevi meio que ouvindo a De Tanto te Querer do Jorge e Mateus q

Sem mais delongas: Boa Leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Em um barzinho no centro da cidade que era bem frequentado principalmente por jovens que estudavam nas faculdades próximas, um grupo de amigos estava reunido em uma das mesas bebendo e conversando sobre diversos assuntos. Era um grupo bem animado, vez ou outra suas risadas chamavam a atenção dos demais e apesar do horário elevado, eles não pareciam nenhum pouco cansados ou com a intenção de se separarem já que o papo parecia muito bom. Mesmo assim, ao checar o relógio no pulso, um dos rapazes na mesa se levantou e tirou uma quantia de dinheiro do bolso, depositando sobre a mesa para poder pagar sua parte.

 

- Desculpa pessoal, tenho que ir. Amanha levanto cedo para ajudar minha mãe com a loja. – explicou-se aos demais e o homem que sentava ao seu lado se levantou, repetindo suas ações – Não precisa ir também, Jorge...

- Eu estou cansado, melhor eu ir também. – o amigo se explicou, deixando o dinheiro sobre o dele.

- Parecem um casal, sempre chegam juntos e sempre vão embora juntos. – uma das garotas na mesa comentou, arrancando risos dos demais – Acho que vocês são mais ligados que irmãos de sangue!

- Cala a boca, idiota! – o primeiro rapaz rebateu, rindo também pelas palavras – Boa noite pessoal. – despediu-se, afastando-se e saindo do barzinho.

- Boa noite. – o outro se despediu também e saiu logo atrás.

 

Os dois começaram a andar lado a lado na calçada enquanto seguiam para o carro de Jorge, conversando um pouco. Ele era o mais alto e mais forte dos dois, com cabelos pretos curtinhos, olhos castanhos, pele clara e uma leve barba que gostava de manter, apesar de deixá-lo mais velho do que realmente era. O outro, Michel, tinha raspado o cabelo recentemente, olhos pretos, a pele morena como chocolate e um sorriso branquinho que fazia inveja. Eram amigos de infância, moravam na mesma rua e como a garota havia dito anteriormente, andavam sempre juntos. Já era costume um estar onde o outro estava, ninguém mais estranhava essa união invisível que os envolvia.

 

- Será que nossa relação é tão estranha assim? – o maior acabou perguntando enquanto dirigia.

- Não, o pessoal já se acostumou. Você sabe, sempre arrumam um jeito pra implicar de tudo. – o moreno devolveu com tranquilidade, mudando a estação de rádio até encontrar uma musica de seu agrado.

- É, eu sei. – Jorge concordou, ouvindo a musica que o outro havia escolhido e também lhe agradava, suspirando – Se fossemos mesmo um casal, acho que ficariam chocados mesmo com o costume de nos ver sempre juntos.

- Há, também acho... Mas isso seria impossível de acontecer, de qualquer forma.

 

Michel riu e encostou a cabeça no vidro do carro, fechando os olhos enquanto deixava se levar pela musica. Por outro lado o maior havia deixado mais um suspiro escapar, atento a estrada. Não parecia ter levado as coisas na brincadeira como o outro, de certa forma incomodado com aquelas palavras.  Impossível... Porque impossível? Estavam sempre juntos há anos, passaram por tanta coisa, boas e ruins, e tendo o apoio um do outro tudo foi vivido e superado sem maiores problemas. Jorge não imaginava sua vida sem o menor por perto, parecia que seu mundo girava em torno dele... Mas não poderia deixar o outro saber disso.

... X ...

Jorge estava sentado num banco do lado de fora do prédio da faculdade enquanto esperava o amigo chegar, mas não se sentia muito bem. Na verdade andava angustiado e irritado com algumas atitudes do moreno, atualmente saia e nem lhe chamava como antes, parecia estar entrando em outro circulo de amizades e embora isso fosse bom, sentia-se deixado de lado. Eles não eram como unha e carne? O “casal”, como costumavam chamá-los? Onde estava a parceria que eles tanto tinham? Parecia estar se perdendo, mesmo que o maior tentasse ficar sempre perto do outro. Quando finalmente viu Michel se aproximando, se levantou e esperou ele chegar mais perto para poder falar.

 

- Oi... Como foi a farra de ontem?

- Ah, você soube... – o menor suspirou, coçando a nuca sem jeito – Foi ótimo, tinha muita gente e trouxeram muitas gatas de outro campus.

- Que bom pra você. – Jorge deixou evidente sua irritação – E porque não me convidou?

- Você mesmo tinha me dito que tinha que ficar fazendo um trabalho importante para a facu, eu não queria te atrapalhar com isso. – o moreno respondeu, dando de ombros e tinha a intenção de entrar no prédio, mas teve o braço segurado pelo outro.

- Eu já tinha terminado boa parte do trabalho, só faltava conclui-lo e você sabia disso... Eu poderia muito bem ter ido junto.

- Porque está tão nervosinho? Eu não fiz nada de errado. – Michel puxou o braço para ser libertado, encarando o amigo – A gente não precisa fazer tudo juntos, sabia?

- Sei! Mas sempre estamos juntos, onde quer que vamos. Sempre foi assim e você anda me deixando de lado, nem sei por quê! Eu te fiz alguma coisa por um acaso?

- Não! Mas essa história de andarmos sempre juntos já me encheu! – o menor rebateu com irritação, perdendo a calma com o outro – Porque temos que fazer isso? Quando éramos crianças tudo bem, mas já nos tornamos adultos e tem coisas que quero fazer sozinho. Você sabe bem o que falam de nós... Até na festa de ontem perguntaram por que não estávamos juntos. Não quero ficar colado para o resto da vida com nenhum marmanjo!  Você não acha que tá na hora de cada um fazer suas coisas, arranjar uma namorada, sei lá?

- É isso mesmo que você está querendo? Deixar nossa amizade de lado pra ficar em festinhas e pegando mulher? – Jorge se sentiu indignado e muito enciumado, não querendo acreditar no que estava ouvindo.

- O que eu quero é agir como qualquer cara na nossa idade faria. Não digo que sair com os amigos é ruim, mas eu quero fazer outras coisas, eu quero...  Ser livre!

- Michel... Eu nunca quis te prender a algo. – o maior comentou após aquela discussão, levando a mão ao rosto para massagear as têmporas. No fundo sabia que tinha o sentimento de monopolizar o outro e isso se devia ao que sentia, mas como andavam sempre juntos tentava ao máximo não mostrar isso – Você sabe, eu estou acostumado a estar com você desde sempre. Nunca te impedi de fazer nada, então...

- O caso não é você. Ou talvez seja, eu não sei...  – o moreno bufou, também não estava confortável com a situação – Eu só quero um tempo pra mim, para poder respirar. Pra falar a verdade nunca me senti confortável em arranjar uma namorada com você sempre tão próximo. E sei que tem gente que suspeita que temos algo mais que uma amizade, isso me irrita. Por isso...

- Chega. Já ouvi o bastante. – Jorge pediu, arrasado. Não que tivesse alguma esperança com o amigo, mas ainda assim era horrível ouvir aquelas palavras – Faça o que quiser, eu não vou te impedir. Não vou te seguir como sempre... Só espero que seja feliz.

 

Não tinha mais o que falar, então passou pelo moreno com uma expressão cansada e entrou no prédio, apesar de não ter cabeça para estudar. Precisava se focar em algo para não pensar no que ouviu e no que sentia. Desde quando amava Michel daquela forma? Não tinha ideia, mas podia jurar que foi durante a adolescência que notou com clareza o que sentia. Seu desejo de ficar perto, de tomá-lo para si era tão forte que muitas vezes teve que se controlar para não fazer uma besteira. Aprendeu a se manter calmo, atento para não ser perceptível e se alegrava pelo fato do menor nunca ter tido uma namorada fixa. Mas no fim, a culpa era sua... Ele o culpava por não conseguir “viver livremente” como queria. Que seja então.

... X ...

Fazia mais de uma semana que os dois não se falavam direito, os outros amigos já haviam percebido que algo tinha acontecido e se preocupavam, pois Jorge andava muito calado enquanto Michel parecia aproveitar a distancia para fazer todo o tipo de coisas que não costumava. Ainda assim acreditavam que ambos poderiam se resolver devido a história que tinham juntos, não era tão simples assim de se apagar. O menor sabia muito bem disso e mesmo que estivesse fazendo diversas coisas, se sentia mal pela ultima conversa que tiveram e não queria perder realmente a amizade que tinha com o outro. Com isso em mente, foi lhe fazer uma visita naquela noite.

Assim que tocou a campainha da casa, esperou alguns segundos até ser atendido pela irmã de Jorge que lhe deu as boas vindas e deixou entrar, afinal era como se fosse da família. Ao perguntar pelo maior, ela avisou que ele estava no banho e que poderia subir para esperá-lo no quarto como faziam às vezes. Agradeceu e subiu como foi sugerido, entrando no quarto e indo direto para a cama, sentando-se nela. Já tinha estado ali muitas vezes, nada parecia ter mudado além de alguns pôsteres novos e a cor das paredes. Estava perdido em algumas lembranças da infância quando o maior entrou no quarto, parando no lugar quando o viu ali.

Jorge havia acabado de sair do banho, estava apenas com uma toalha envolvendo a cintura e outra na mão, secando o cabelo. Tinha feito um pouco da barba, mas a manteve mais rala já que realmente gostava. Se surpreendeu ao ver Michel ali, imaginava que levaria mais um tempo para se falarem, isso se realmente voltassem a se falar... Seus olhos ganharam um leve brilho ao pensar que o moreno estava sentindo sua falta como sentia a dele. Seguiu na direção do guarda roupa enquanto o menor se levantava da cama, o acompanhando com o olhar.

 

- Desculpe aparecer assim sem avisar, é que preciso conversar com você...

- Tudo bem... O que quer conversar? – como havia secado os cabelos, o maior deixou a toalha de lado e abriu o guarda roupa para pegar o que vestiria.

- Sobre nós... Sei que a ultima vez que nos falamos não foi algo agradável e deixou uma sensação bem ruim. Eu realmente me arrependo por ter falado daquele jeito com você.

- Realmente não foi algo agradável, mas... Eu entendi o que você queria e parece estar aproveitando bastante sem mim.

- Poxa Jorge, também não é assim. – o menor se aproximou, fitando o amigo que parecia estar enrolando só pra escolher com o que iria dormir – Mesmo que eu precisasse desse espaço, não é como se eu quisesse acabar de vez com nossa amizade. Somos amigos desde que éramos pirralhos, não tem como eu não sentir sua falta.

- Mas está melhor assim não é? Com essa distancia... Podendo arranjar a namorada que você tanto queria e se divertindo com outras pessoas. – mesmo não querendo soar magoado com aquilo, seu tom de voz poderia denunciá-lo – Eu te sufoco então é melhor continuar longe.

- Cara, não acredito que você está falando isso. – Michel negou com a cabeça, incrédulo – Te magoei tanto assim só por querer fazer outras coisas com outras pessoas? Temos outros amigos, não pensamos igual, então porque isso? Você deveria estar aproveitando também, nunca te vi namorando então imaginei que não se sentisse a vontade comigo por perto também...

- Eu nunca pensei dessa maneira. – Jorge finalmente pegava as roupas e as deixava sobre a cama – Eu não quero uma namorada, eu não quero estar com outras pessoas... Estar só com você me bastava. – deixou escapar com um suspiro cansado.

- Mas isso não é bom. Eu não posso ficar com você o tempo todo como antes, essa fase já passou. Quero continuar seu amigo, de verdade. Entenda isso...

- Eu já entendi. É você que não entende. – o maior estava se sentindo sufocado, seu autocontrole estava se esvaindo. Precisava fazer Michel entender que as coisas não eram tão simples e mesmo que fosse muito arriscado, o faria entender – Você não faz ideia do que estou sentindo com tudo isso e muito menos como dói. Você tem razão numa coisa: as coisas não podem ser como eram antes, por mais que eu queira isso.

- Você está exagerando Jorge, não tem motivo para agir assim e...

- Eu tenho um excelente motivo para isso e você vai saber agora.

 

A seriedade do maior fez com que o outro se calasse, encarando-o. O que era assim tão importante que precisava saber e deixava a situação deles mais complicada? Tudo o que queria era um pouco de espaço e ele estava transformando isso em tempestade num copo de agua em sua opinião. Mas segundos depois seu rosto havia sido segurado pelas mãos grandes e quentes de Jorge e surpreendentemente seus lábios estavam colocados nos dele, chegando a sentir um pouco de cócegas pela barba. Seus olhos se arregalaram e suas mãos foram imediatamente contra o peitoral do maior tentando empurrá-lo para longe, mas não conseguiu.

O maior fez com que os lábios se encaixassem e os moveu com exigência, aproveitando o momento para realizar o sonho de beijar Michel, descobrir seu gosto, sentir o contato da língua dele na sua... Mas não era retribuído, então não se atreveu a dar um beijo mais profundo. Chegou a prensar o moreno contra a parede, soltando uma das mãos de seu rosto e descendo até a cintura, fazendo com que os corpos ficassem colados. A mente de Michel chegou a ficar nublada por alguns instantes até que finalmente o outro quebrasse o intenso contato, se afastando com um olhar mais serio do que antes.

 

- É por esse motivo, entende agora? Eu te amo, droga!

 

O menor estava atordoado, não só pelo beijo como também pela maneira que foi pego e pela declaração daquele que conhecia desde que era um garoto. Um turbilhão de coisas passou por sua cabeça e a primeira foi de sair dali o mais rápido possível. Foi o que fez, dando as costas a Jorge e saiu apressadamente do quarto, pulando alguns degraus das escadas e nem se despediu da irmã do maior, abrindo a porta e sumindo pela rua. O maior já esperava por uma reação como essa, mas doía muito ver com seus próprios olhos. Deixou seu corpo largar-se na cama e colocou um dos braços sobre os olhos, tentando impedir que as lágrimas escapassem, mas era impossível. Tinha um coração por baixo daquele corpo forte e ele estava arruinado.

... X ...

Algum tempo se passou sem que os dois tivessem o menor contato. Como faziam cursos diferentes dentro da faculdade, não precisavam se preocupar em se esbarrar por lá e mesmo que os amigos perguntassem o que havia acontecido, nenhum dos dois se dignava a dizer. Por mais que tivesse vontade de ver o menor, Jorge se controlava ao máximo já que imaginava que se o visse, o mesmo o evitaria ou até sairia correndo como no dia que o beijou. Não queria mais abrir feridas em seu peito e estava convencido de que a amizade de anos havia sido completamente destruída.

Por insistência dos amigos Jorge aceitou sair para beber com eles e assim espairecer um pouco. Ultimamente não estava saindo de casa, até mesmo descuidou de sua querida barba e a deixou ficar mais grossa. Foram a um barzinho diferente do que costumavam frequentar, tinha uma boa clientela e uma bela fachada, então o maior logo se sentiu a vontade. Arrumaram uma mesa e fizeram os pedidos, começando a conversar de diversos assuntos e mesmo que não quisesse, acabava olhando às vezes para a cadeira vazia ao seu lado, sentindo falta do amigo que sempre esteve ao seu lado. Mesmo que tivesse se convencido, ainda era difícil ficar sem ele por perto e evitando até mesmo encontrá-lo.

Qual não foi sua surpresa ao ver Michel entrar no bar pouco tempo depois e olhar para a mesa, parecendo pensar se iria até eles ou não. Jorge olhou para os outros na mesa e mesmo que quisesse disfarçar, tinham chamado o outro de propósito para que se encontrassem e isso o irritou, afinal seus esforços acabariam por água abaixo e o menor não parecia nenhum pouco a vontade, chegando sem jeito até a mesa. Isso não estava certo, não queria forçá-lo a estar perto quando claramente não queria então se levantou, deixando o dinheiro do que consumiu na mesa e se despediu apressadamente, saindo do bar em seguida. O que ele não esperava era ser seguido justamente por Michel.

 

- Jorge, espera! – parou no mesmo lugar quando ouviu sua voz, voltando-se a ele – Volta, não precisa ir embora por minha causa...

- Eu não concordei com esse encontro pra inicio de conversa e eu sei quando não me querem por perto. Você deveria voltar e se divertir com eles. – depois de responder voltou a lhe dar as costas, apressando o passo.

- Eu sei que você não concordou, tava na cara quando eu entrei no bar. – Michel não deixou por isso mesmo, o acompanhando na caminhada, mas não se atreveu a ficar do seu lado – Sua cara de espanto me confirmou isso e eu sei que não tem me procurado assim como eu não te procurei. De qualquer forma eu vim mesmo sabendo que você estaria aqui.

- E porque fez isso?

- Porque eu queria te ver. – aquelas palavras finalmente fizeram o maior parar de andar e virou-se lentamente para o moreno com uma expressão confusa – É sério... Eu quis te ver, mas não tinha coragem de fazer isso sozinho, por isso o pessoal armou esse encontro. Não fique bravo com eles, estão apenas tentando ajudar...

- Mas eles não sabem o que houve, se soubessem provavelmente não ajudariam.

- Eles sabem. Eu contei. – a segunda surpresa da noite veio com aquela noticia, fazendo Jorge arregalar os olhos – Mesmo que no inicio alguns ficaram estranhos, depois resolveram dar força como os outros. Eles apoiam seja lá o que acontecer conosco.

- Porque você foi contar a eles? Pensei que você mais do que ninguém queria manter segredo daquele incidente...

- Porque depois de pensar muito eu me dei conta de algumas coisas... E estava sem coragem alguma para te encarar. Eu precisava de ajuda, de apoio em algum lugar. O meu maior apoio sempre foi você, então... Eu fiquei perdido. – Michel engoliu em seco, desviando o olhar para o chão enquanto falava – Eu preciso deixar as coisas esclarecidas entre nós, se não eu vou ficar louco!

- O que há para esclarecer? Acho que as coisas ficaram bem claras naquela noite...

- Não seja teimoso e me escute! – o menor se irritou um pouco, mordendo os lábios – Estou tentando falar algo importante então me de uma chance, está bem?

 

Jorge estava realmente confuso com as atitudes do outro e no fundo não queria mais manter nenhuma expectativa sobre ele, mesmo que insistisse muito para conversarem. Em consideração aos velhos tempos acabou aceitando e apontou para seu carro que estava estacionado mais pra frente, assim poderiam conversar com mais privacidade já que disse ser algo importante. Michel acabou aceitando e acompanhou o maior até o veiculo, abrindo a porta e sentando-se no banco ao lado do motorista. Esperou que o amigo entrasse também para poder começar a falar.

 

- Sei que nosso ultimo encontro não foi bom... Alias, as coisas já estavam ruins antes quando eu fiz a besteira de dizer que você me sufocava. Eu achava ruim sermos tão grudados mesmo depois de nos tornarmos adultos e o que o pessoal dizia me chateava também. Isso porque eu só te via como um amigo e por causa dos outros acabei descontando em você.

- Você se importa demais com o que os outros falam e simplesmente esqueceu de quem realmente era seu amigo. – Jorge mostrou que ainda estava ressentido por isso e cruzou os braços frente ao corpo, esperando que ele continuasse.

- Sim, eu sei que agi mal... Pisei na bola feio. Mas eu também nunca iria imaginar que você gostava de mim mais do que um amigo. Me pegou completamente de surpresa, eu me assustei e só o que pude fazer foi fugir de você. Me desculpe por isso. – O menor esperava alguma palavra do outro, mas como ele apenas suspirou decidiu perguntar – Desde quando você gosta assim de mim?

- Não sei dizer. Eu percebi quando éramos adolescentes, mas pode ter sido antes disso...

- É muito tempo... E não disse nada antes, nem deixou transparecer. – seu comentário fez com que o maior lhe lançasse um olhar do tipo “sabe bem o motivo” e apenas sorriu sem jeito – Eu não fazia ideia. Acho que no fundo você já deve estar me odiando pelo que fiz, não?

- Eu não odeio você, acho que jamais conseguiria fazer isso. – Jorge relaxou a posição, fitando os olhos do outro diretamente – O que eu sinto não mudaria nem sumiria tão rápido assim... Mas não adianta nada. No fim consegui estragar nossa amizade com isso.

- Não, você não estragou... Fui eu que quase coloquei tudo a perder. – o menor lutava para não desviar o olhar, ainda sem jeito – Você deixou que seus sentimentos fluíssem depois de ficarem tanto tempo trancados, fico até surpreso pelo seu controle. E eu... Eu só pensei em mim e agi como um idiota. Por isso eu estou aqui, eu não quero que as coisas terminem desse jeito.

- E do que adianta? Agora sabe o que sinto, isso não te preocupa? Não acha que posso perder o controle de novo e te agarrar? Sinceramente não gostaria de ver você correndo de mim outra vez... E nem sei se consigo me conter uma vez que eu tenha provado seus lábios.

- Qu-que coisa... – o menor acabou ficando mais encabulado com aquelas palavras e Jorge imaginava que se ele não tivesse a pele bem morena, poderia ver um rubor em sua face – Não é como se eu estivesse preocupado... Eu penso que não saberia o que fazer.

- Porque você não sente o mesmo que eu.

- Não. É justamente o contrário.

- O que?! – o maior piscou varias vezes, tentando entender.

- Escute, por algum motivo... Ah que idiota, eu sei o motivo. Eu fiquei pensando muito naquele beijo desde que saí da sua casa, esses dias todos. Não consegui sair como antes, ficar com as garotas como antes. Tudo o que eu pensei foi em você, no jeito como me beijo e me segurou, no calor do seu corpo junto ao meu. – Michel teve que desviar o olhar outra vez ou não conseguiria terminar – Eu disse, conclui algumas coisas. Eu acho que... Que também gosto de você, por mais absurdo que isso possa parecer.

- Está brincando comigo, não é?! – Jorge não conseguia acreditar, arregalando os olhos. A terceira grande surpresa da noite.

- Acha que eu brincaria com uma coisa tão séria? São dos nossos sentimentos que estou falando, caramba! – o menor se irritou um pouco, embora não encarasse o outro ainda – Estivemos sempre juntos, você era como o meu mundo... E eu fui me dar conta disso depois. Achei que fosse tarde demais, por isso falei com o pessoal... Como eles me disseram que você estava mal também, quis arriscar e vir te ver, te contar o que eu havia descoberto. Não sabe como foi difícil pra mim esses dias que me apaixonei pelo meu melhor amigo.

 

O maior estava em um estado de choque inexplicável. Já tinha desistido de tudo, de seu amor, da amizade e de repente Michel aparecia na sua frente dizendo que o amava. Se fosse um sonho, tinha certeza que ficaria ainda pior quando acordasse. Quis se beliscar para saber que era real, mas preferia conferir aquilo de outra maneira. Acabou se inclinando para perto do moreno e este finalmente virou o rosto em sua direção, engolindo em seco quando seus olhares se cruzaram. Ficaram tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro e a mão de Jorge logo tocou o rosto alheio, acariciando com suavidade.

 

- Se isso for uma mentira, eu te mato.

 

Murmurou baixinho e chegou a arrancar uma risada do moreno, mas logo os lábios ficaram ocupados quando se uniram, procurando o encaixe perfeito. Finalmente Jorge sentiu retribuição quando os braços do menor passaram por suas costas e a língua procurou timidamente a sua. Sem sustos, sem surpresas, sem medos... O primeiro beijo dado para transmitir os sentimentos que ambos possuíam e que era captado muito bem enquanto as línguas se entrelaçavam. Jorge se sentia nas nuvens, mal conseguia acreditar que seu maior desejo havia se realizado. Já Michel parecia se soltar aos poucos, se deixar levar sem pensar em nada. Quando o beijo foi encerrado, um sorriso iluminou o rosto de ambos.

 

- Eu te amo...

- Eu... Eu também. – a voz do menor falhou pelo embaraço, arrancando uma risada do outro – Não ria! Alias, posso te pedir uma coisa?

- O que é?

- Volte a cuidar dessa barba... Ela realmente me faz cócegas.

 

Jorge voltou a rir com o pedido, assentindo positivamente. Era um preço pequeno a se pagar se pudesse ter o moreno ao seu lado. Era incrível como tinha desistido de tudo e num ultimo instante Michel tenha aparecido para lhe trazer de volta a vida com algumas palavras. O amava de todo o coração, nunca se importou com o fato de serem homens ou o que os outros pensariam disso. Agora tudo o que queria fazer era viver ao lado de seu melhor amigo e agora amante e ser feliz, como qualquer pessoa comum desejava ser.



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