(Kalos: 9:34 (Noite): Centro Pokémon (Lumiose))
Ash encarava o teto do Centro Pokémon bastante pensativo sobre como as coisas mudaram na região desde a sua partida até Alola. Parecia que a grande cidade ainda não havia conseguido se recuperar dos ataques da Team Flare, as marcas daquela batalha continuavam a decorar os distritos mais afastados do centro, a torre prisma estava abandonada e as pessoas não deixavam de demonstrar tensão e medo ao refletir sobre a situação atual da região.
Era impossível para Ash Ketchum, o novo "Herói de Kalos", não notar aqueles olhares de rancor e alegria que se misturavam quando os habitantes o reconheciam no caminho até o CP, ele não entendia o motivo de ter sido recepcionado de uma maneira tão estranha, contudo, estava claro como os habitantes de Lumiose se sentiram ao ver o seu "Herói" se despedir da região ao tempo em que o futuro de todo aquele lugar estivesse tão incerto.
Porém, Lumiose se mantinha linda, iluminada e ainda que fraca, o espírito de seus moradores mantinha viva a esperança de um dia melhor.
Subitamente, os amigos do moreno reapareceram em sua mente. Um sorriso enorme se abriu no rosto do jovem treinador ao imaginar como e onde Clemont estava, se Bonnie já havia começado sua jornada, se Alain e Mairin estavam juntos.
Inúmeras possibilidades, Ash sentia a nostalgia dominar seu corpo, Batalhar contra o mega Lucario de Korrina a qual devia estar infinitamente mais forte, rever aquele olhar fervoroso da loira que era tão semelhante ao seu em relação ao combate, tentar encontrar Greninja e Zygrade e dizer o tanto de saudade que ele e Pikachu tinham de seu amigo. Ele queria rever e apresentar todos os seus amigos nessa região para Lillie. Até que...
"Como será que você está agora?"
Ecoou pela sua mente, ele havia dito aquilo silenciosamente com o movimento de sua boca, o cheiro daquele doce perfume e brilho daqueles olhos azuis relembraram o treinador da garota de cabelos curtos com cor de mel que era tão apegada a ele, se havia alguma dúvida sobre os sentimentos dela por ele, elas foram cessadas com aquele beijo.
— Ash? Ash? — Lillie estalava com seus dedos bem na cara de Ash que bruscamente acordava daquele "transe" notando a silhueta da garota dominar seu campo de visão.
— L-Lillie, eu acho que você devia ir um pouquinho para trás.
O moreno comentou corado ao notar que a loira estava em cima dele e perigosamente perto de seu rosto.
— C-como assim...
O rosto da garota ardeu em chamas, ficando completamente vermelho a medida em que a mesma realizava a posição "comprometedora" de seu corpo em relação ao de Ash, Ela deu um salto para trás, caindo no chão junto do cobertor percebendo tudo o que estava acontecendo ali deixando o moreno sozinho na cama com um sorriso de nervosismo.
— D-Desculpa e-eu não fazia a mínima ideia qu- — Ash interrompeu Lillie que se escondia debaixo do coberto tentando não mostrar o seu rosto envergonhado — T-tudo bem, foi culpa minha eu não ter notado-
Um silêncio bem desconfortável se estabeleceu ali quando a dupla imaginou o que aquela "posição" significava para um casal, uma leve cortina de fumaça começou a sair do cobertor enquanto Ash sentia uma fina linha de sangue escorrer de seu nariz, o moreno desabou sobre os travesseiros e tentou esquecer as imagens que sua cabeça havia produzido.
Em seguida, risadas tomaram conta daquele quarto, Ketchum lentamente se levantava aos risos ao mesmo tempo em que Lillie jogava o cobertor no chão, os dois estavam tão embaraçados que rir era o melhor remédio para melhorar o clima estranho daquele lugar.
— Você é muito fofa Lillie! — Ash elogiou deixando a loira ainda mais corada, o olhar de alegria que treinador pokémon direcionava para ela fazia com que seu coração ficasse acelerado, foi uma surpresa, depois de tanto silêncio em sua viagem, aquelas palavras serem ditas para a garota.
"Ele está tão diferente"
Ela pensou ao olhar aquele sorriso e ser contagiada pelo mesmos, a jornada em Alola abalou muito a personalidade de Ash que via em Lillie, uma garota com uma história familiar tão complicada e tortuosa, a razão por ter conseguido seguir em frente em Alola e não se deixar abater já que um apoiava o outro nos momentos difíceis.
Ketchum não queria ver aquele rosto angelical se desmanchar em lágrimas, ele não queria ouvir mais os soluços e gritos daquela garota, ele queria que ela fosse feliz e que somente as coisas boas que aconteceram em Alola ficassem em sua mente, mas o pior já havia deixado sua marca naquele jovem treinador.
— O-obrigada — A loira agradeceu rapidamente se escondendo debaixo do cobertor mais uma vez agora que seu rosto voltava a ficar avermelhado deixando sair alguns gritinhos finos de vergonha.
— *Risada* Você sabe as horas? — Ash indagou vendo o cobertor tremer intensamente, Lillie colocou seu braço para fora mostrando o relógio — 9:45? Tão cedo assim?
— Ei, Ash... — Ela lentamente abriu uma brecha que possibilitou o moreno ter uma visão de seus olhos esverdeados e de suas bochechas rosadas — se importa de sair... É que eu vou tomar um banho.
Lillie disse em um tom errático e timido que fez Ash suspirar e concordar com a decisão da mesma.
...
Foi na madrugada de Hoenn que Serena partia do Centro Pokémon em direção ao aeroporto apressada para pegar o único vôo que iria em destino Kalos. As preocupações da Peformer começaram ali, na hora de comprar a passagem e notar a dificuldade de se encontrar uma companhia aérea disposta a ir até região já que as outras haviam cancelado todos os embarques para lá.
A ansiedade fez com que a viajem de poucas horas parecessem semanas até a sua chegada em Kalos, nem mesmo seus fones de ouvido a ajudaram na hora de relaxar, tarefa a qual era impossível para a cabeça cheia de problemas da garota que saia de Hoenn com uma gigantesca confusão sobre como sua jornada havia ido "além" do que ela esperava.
Nem mesmo a imponência da Prism Tower, que estava desativada, a acalmou, pelo contrário, ver o maior símbolo de Lumiose ausente de suas luzes somente deixou Serena ainda mais apreensiva.
Havia sido fácil encontrar um Centro Pokémon com vaga, estranho para uma grande cidade famosa por estar lotada de turistas. Essas observações feitas pela peformer a fizeram pensar sobre sua mãe.
Como uma Habitante de Kalos, ela sabia mais do que ninguém que o clima lá não era o dos melhores, de fato, estava bem pior do que quando Serena saiu.
Nostalgicamente Mórbido.
Ela imaginou enquanto via pela janela a Lua nova se esconder atrás da torre, subitamente, seu celular vibrou com aquele conhecido som.
(Celular On)
May: Sere, você já chegou em Kalos?
Serena: Sim.
May: Ufa... Pensei que eu tinha derrubado o avião com aquela mensagem que eu te enviei na hora do "Desliguem os aparelhos eletrônicos"
Serena: kkkkkk, eu tô bem.
May: Defina "bem".
Serena: ...
May: Algo de errado aconteceu aí?
Serena: é mais fácil me perguntar se tinha acontecido algo certo.
May: Nossa...
Serena: ...
May: escuta.
May: não fica brava pelo que aconteceu lá.
Serena: ...
May: foi tudo culpa minha...
Serena: Deixa isso de lado! Eu tô em Kalos agora!
May: Kkkkk, foi só um teste para eu saber se você continuava tendo a mesma mente infantil.
Serena: ata.
Hoenn: Eu tô falando foi só um teste.
Serena: Huhum, continua repetindo isso.
May: F O I S O U M T E S T E.
Serena: acredite naquilo que faz o seu barco flutuar May.
May: AAAAAA. Desisto. Boa noite!
Serena: boa noite.
May: Humpf!
Serena: kk.
Serena: fOi sO uM tEsTe.
May: SUA FILHA DA-
(Celular Off)
Serena jogou o celular para longe enquanto segurava a vontade de rir do que tinha acabado de fazer, ela se jogou na cama com um grande sorriso tentando achar um travesseiro para esconder seu rosto avermelhado imaginando o quão irritada May estava nesse exato momento.
Mas, quando ela havia achado o objeto e afundado o seu rosto naquele tecido preenchido de penas, as bochechas infladas que seguravam as risadas acabaram por se desfazer e a peformer começou a chorar, sua voz era abafada pelo travesseiro enquanto a mesma se lembrava do que havia acontecido em Hoenn, dos contests, das dificuldades e das notícias.
Prolongados e dolorosos, o choro dela era somente interrompido pelos soluços que serviam para "clarear" um pouco a mente da Peformer que só queria chegar em Vaniville e ver sua mãe, desejando que a mesma estivesse bem.
Foi quando Braixen saiu de sua pokébola e viu Serena se desmanchar em lágrimas. A raposa correu em direção a sua treinadora sem pensar duas vezes usando o psíquico para a virar possibilitando que o rosto completamente depressivo da Peformer fosse visível para a pokémon.
— N-nem mesmo essa promessa eu consegui manter...
Serena disse com um sorriso torto para Braixen que a abraçou tentando ao máximo consolar sua treinadora que começou a acariciar a cabeça da pokémon notando que a mesma também estava chorando.
— Tudo bem... É só um "choque de lembranças".
Sylveon e Pancham também se aproximaram da Peformer que sinalizou para que os mesmos também a ajudassem naquele momento de fraqueza.
— Ainda há muito o que se fazer aqui até chegarmos ao trono de Rainha de Kalos!
Ela exclamou para seus pokémon que assentiram determinados ao ver Serena limpar suas lágrimas e os encarar com orgulho, mesmo que a jornada em Hoenn tenha sido difícil, as lições que a garota aprendeu fizeram com que tudo o que aconteceu lá valesse a pena.
"Eu não estou sozinha"
Serena disse para si mesmo lembrando de uma frase que lhe foi dita sobre não desistir, nesse momento a mesma foi em direção ao guarda roupa e de lá tirou uma caixa com o laço azul que havia ganhado de presente.
Seu coração acelerou percebendo a mínima possibilidade de Ash também estar nessa região. A peformer suspirou profundamente e viu que já estava tarde, recolhendo seus pokémons nas Pokébolas, com exceção de uma.
— Pelo menos você tem a certeza de que ele está aqui.
Ela disse para Braixen que corou violentamente e foi até sua pokébola se esforçando ao máximo para se esconder ali dentro fazendo Serena dar uma risada.
— Boa noite Braixen!
A pokémon retribuiu como se estivesse dizendo a mesma coisa que ela, logo entrando na esfera deixando a garota completamente sozinha ali. Serena se deitou na cama colocando os lençóis sobre o seu corpo deixando somente os olhos e a parte de cima descobertos.
— Por favor Arceus, que Vaniville esteja inteira e que a minha mãe esteja bem!
Ela desligou as luzes e tentou dormir.
...
Pikachu mexia sua cauda de um lado ao outro sempre repetindo as quatro letras de seu nome toda vez que chegava da esquerda e as três últimas quando chegava para a direita, assim agindo como um relógio para Ash que contava cada barulho de seu amigo como um segundo que se passava desde que Lillie havia entrado no banheiro.
— Pika-chu.... Pika-chu... Pika-chu — Ketchum havia acabado de numerar todos os sons que seu amigo havia feito em um papel que estava jogado por aí graças a uma caneta que o mesmo tinha levado para anotar os locais aonde Greninja poderia estar.
Ele levou o objeto para perto de sua bochecha esquerda marcada com um raio, olhando para o papel enquanto tentava entender aqueles rabiscos o qual o mesmo considerava "legível".
— Cada Pika significa um segundo, seguido de um chu que também é um segundo, ou seja, cada Pikachu vale dois segundos, então nesse meio tempo eu ouvi mais de 1000 Pikachus, ou seja, Vários segundos, mas pikachu pode ter dito dois Chus antes, ou seja, vou dar 3 segundos a cada Pikachu dito sendo dois segundos para cada Pika e um para Chu... Um Pikachu, dois Pikachus, três Pikachus-
Ash lentamente abaixava sua cabeça ficando sonolento a cada Pikachu que era pronunciado mesmo com o pokémon parando de mexer sua cauda e começando a encarar seu amigo que começava a roncar.
— Tinta e cinco pikachus, cinquenta e sete pikachus, qua-
Ash foi acordado por uma súbita descarga elétrica que o jogou para cima dando a possibilidade de o treinador ver que foi seu próprio pokémon o responsável pelo ataque, não que Pikachu tenha feito algo de errado.
— Até tu Brutus filho me- — Ash? Você ainda tá no quart- AAAAAHHHH
Lillie havia acabado de entrar no quarto extremamente envergonhada com seu corpo ainda molhado sendo coberto apenas de uma única toalha utilizando suas mãos para segurá-la com o maior cuidado, quando o moreno caiu em cima dela praticamente a derrubando no chão sem chances de se apoiar em algo.
Os gritos da dupla tomaram aquele quarto silencioso enquanto Pikachu via toda a bagunça que ele havia causado com uma expressão meio "alegre" por ter finamente silenciado Ash.
— AAAA-ASH O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?
Lillie berrou para o treinador que ainda estava tentando entender o motivo de sua melhor amiga estar debaixo dele, até que Ketchum notou algo de estranho ao se levantar.
— An?... O que é isso? — Ash olhou para sua mão vendo um longo tecido azul decorado nas pontas com dourado com o nome "Lillie" escrito no meio, foi aí que o moreno, ainda incrédulo, virou o seu rosto para a dita.
— ... QUEEEEEE — Ash gritou ao ver Lillie estirada no chão completamente nua o olhando como se estivesse prestes a cometer o mais terrível assassinato do mundo pokémon — SAI DE CIMA DE MIM!
Ela gritou em um tom muito fino enquanto cruzava os braços sobre seus pequenos seios assim impedindo Ash de os ver, não que o moreno quisesse garantir o primeiro trem para o céu, já que o mesmo já estava desesperadamente tentando olhar para os lados sempre repetindo o mesmo erro de olhar acima da barriga da loira a qual esperava impacientemente o Ketchum tomar uma decisão.
— DESCULPA, DESCULPA EU NÃO- — Lillie, literalmente, deu um Falcon Punch no rosto de Ash que seguiu a trilha de gotas de água deixada pela garota até a porta do banheiro, entrando nele e com o impacto da batida a fechando porta.
A garota olhou para o lugar aonde o moreno estava, ofegante e mais vermelha do que uma cereja, Lillie se cobriu com uma toalha e imaginou se Ash tinha visto os seus seios.
— S-será que.... O-o A-a-ash vi- — A Garota sentiu o sangue subir para a cabeça e em poucos segundos ela desmaiou ao pensar nessa possibilidade fazendo com que Pikachu se tornasse o único ser ainda consciente naquele quarto, não que o mesmo se sentisse muito orgulhoso por isso levantando sua patinha para cima em uma comemoração meio... Meh.
— Pikachu? — O ratinho amarelo se virou em direção a porta do banheiro ao ouvir o barulho do chuveiro sendo ligado.
— Pika-chu... Pika-chu — Ele repetia ao mesmo tempo em que via Lillie desacordada com um sorriso bobo no rosto dando algumas risadas.
...
Era uma linda manhã na cidade de Lumiose que contava com poucos carros nas ruas, e quase nenhuma pessoa nas calçadas enquanto o friozinho gostoso que dominava a noite era lentamente dissipado pelo sol nascente gratificando a dupla de treinadores que saia do Centro Pokémon com expressões bem sonolentas já dizendo sobre como a noite havia sido para eles.
Ash escolheu acordar cedo pois ele sabia que a viagem a pé até Vaniville seria longa e cansativa, por isso Lillie foi avisada para se preparar bem e esperar uma longa caminhada quando Pikachu ao perceber a dificuldade de seus amigos em se manterem acordados, resolveu dar uma “ajudinha”.
Agora completamente alerta e com muita raiva de um certo ratinho amarelo que corria em sua frente, Ash e Lillie suspiram em sincronia desejando ter pelo menos bebido uma xícara de café ou um copo de chocolate quente antes de resolverem sair do CP.
— Nós ainda podemos dar meia volta!
A loira sugeriu com uma voz meio errática para Ash que estava dominado por olheiras e tremendo de frio praticamente implorando para que Lillie pedisse exatamente isso.
— Não! Sem chances, nós saímos, agora seguimos até Vaniville!
Ketchum vociferou em tom quase que militar para desespero da loira que tentou assentir com toda aquela preguiça que ela estava sentindo engolindo seco e esperando o garoto dar o primeiro passo.
Mesmo estando disposto a seguir em frente, bem lá no fundo Ash sentia o seu "eu" interior gritando em sua mente enquanto forçava um sorriso determinado que, para sendo honesto, chegava a dar medo.
"SEU IMBECIL VOCÊ CONDENOU A TODOS NOS!"
A jornada deu seu início ali, por algumas horas os dois andaram pela floresta que cobria parte do caminho até Vaniville, floresta a qual era bem diferente das tropicais ilhas com que a loira estava tão acostumada, assim atraindo alguns olhares curiosos da garota que via cada pokémon com a mesma expressão de surpresa que Ash teve ao vir para Kalos pela primeira vez.
Lillie era meio medrosa, não se arriscando a chegar perto das criaturas que ela tanto admirava se assustando facilmente com qualquer sinal de ataque que os mesmos poderiam dar, mas nada acontecia deixando a loira emburrada enquanto ouvia Ash e Pikachu rirem de suas reações e dos tombos que a mesma levava de vez em quando, mas o karma sempre tratava de devolver aos dois na mesma moeda todas aquelas risadas.
A garota havia ficado tão deslumbrada com tudo que estava ao seu redor que acabou indo longe de mais da dupla a qual somente esperava os pedidos de ajuda que viriam após ela se perder.
— Essas florestas são tão lindas e... Assustadoras.
Lillie disse subitamente parando em frente de algo chamando a atenção de Ash. O moreno correu em direção a loira que tinha coberto o seu nariz com uma máscara branca a qual uma igual foi jogada em direção a ele e uma menor para Pikachu.
Ao chegar lá já com o tecido sobre a boca e nariz, Ash viu aqueles olhos esverdeados encararem entristecidos uma parte da floresta que estava completamente morta.
— O que aconteceu aqui? — Ela perguntou vendo o chão acinzentado e infértil contrastar com o céu azul e os Fletchlings que evitavam voar por cima dali, não havia vida naquele lugar repleto de árvores sem nada além de galhos secos e frágeis.
Lillie sabia a resposta de sua pergunta, mas ela desejava que tudo que estava em sua frente fosse uma miragem.
— Fogo... Talvez tenha sido uma batalha que saiu do controle?
Ele sugeriu para a garota que preferiu acreditar na hipótese de um "acidente" ter transformado aquela paisagem desolada, assim se confortando em imaginar que todos os pokémons já estavam longe quando o incêndio começou.
Mas, era inegável para dupla a sensação de desepero que aquele local emanava, os gritos estavam inaudíveis, mas os arrepios eram tão reais quanto a terra queimada que ainda parecia ter o cheiro da carne do sangue daqueles que estavam ali.
Ash deu um passo à frente mesmo com as advertências de Lillie a qual iria o impedir se não fosse o medo paralisante que havia acabado de dominar a loira ao chegar perto daquele lugar e sentir o odor da fumaça compartilhando do mesmo sentimento de Pikachu que também estava inerte.
Ketchum pisou na terra queimada tendo os seus pés cobertos pela mesma que se assemelhava a uma areia movediça, ele olhou ao redor e viu as cinzas daqueles que caíram no possível "incêndio" impregnar seu corpo como se fossem almas o agarrando em direção ao purgatório.
O treinador afundava cada vez mais enquanto tentava desesperadamente gritar por ajuda se debatendo o máximo que podia para se livrar daquela cova. A terra já chegava em seu nariz e ele começava a sentir o gosto de... Sangue?
— SNOWY HAIL, PIKACHU USE O IRON TAIL NO ASH!
Lillie gritou para os dois pokémons que imediatamente assentiram lutando contra o medo que aquele local inspirava, Snowy rapidamente cobriu aquele lugar com uma densa névoa abrindo espaço para Pikachu derrubar Ash com sua cauda agora blindada com ferro no chão impedindo que um pokémon o atingisse com sua espada.
Granizo começou a cair das nuvens que se formavam acima daquela parte da floresta enquanto Lillie tentava detectar quem era o seu inimigo, A loira olhava ao redor percebendo que ela também estava no centro da Floresta Morta fazendo com que seu corpo fraquejasse ao ouvir aquele nome sendo repetido várias vezes.
— S-snowy? P-pikachu?... — Vozes diziam sobre o quão errado era aquilo — APAREÇA!
Ela gritou para quem havia atacado enquanto Ash se levantava percebendo que tudo aquilo não havia passado de sua mente imaginado coisas, Pikachu estava sobre a barriga do mesmo atento para os movimentos ao seu redor.
— THUNDERBOLT!
Duas shurikens se dirigiram em direção ao treinador que foi protegido pela a descarga elétrica que desfez as mesmas ainda no ar eliminando parte da névoa que cobria aquele local, o granizo machucava todos que estavam ali com excessão de snowy, mas ainda assim ele impedia que o pokémon escondido os atacasse com maior precisão.
Desconcertado pelas vozes, Ketchum e Lillie tentavam se encontrar no meio daquela névoa que ficava cada vez mais densa.
— Aurora Vail!
Ela mandou mais uma vez ao perceber que a snowy havia sentido uma presença estranha na sua névoa, a raposa da neve ficou rodeada por pequenas listras esverdeadas que se assemelham a uma aurora a qual "dançava" sobre sua cabeça fortalecendo contra os ataques daquele "ser'.
Foi então que uma lâmina brilhante cortou a aurora que a protegia e por um triz não acertava a pokémon que tinha conseguido desviar, o pokémon lançou um corte na horizontal quando sua espada antingiu o chão, corte ao qual snowy dessa vez não consegueria se defender.
Mas Lillie se jogou na frente de sua pokémon recebendo parte do ataque e possibilitando que a mesma, machucada pela lâmina, ordenasse um último golpe contra o pokémon.
— P-powder Snow...— Ela disse em uma voz fraca enquanto seu corpo atingia o chão. A Vulpix de Alola somente obedeceu com bastante raiva deixando algumas lágrimas escaparem de seus olhos, disparando diversas bolas de neve que desorientaram aquele ser que cambaleou para trás.
— ELETRIC BALL! — Ash gritou ao ver Lillie no chão com parte de sua roupa rasgada, Pikachu concentrou sua energia elétrica na cauda e disparou a bola elétrica em direção aquele ser que com reflexos quase que imagináveis havia conseguido desviar do ataque do pokémon que estava vindo em sua direção em alta velocidade.
Ele fugiu pela floresta no momento em que esfera espalhou os raios de Pikachu por todos os lados acabando por ser atingido por um deles causando um ferimento grave demonstrando uma fraqueza contra o tipo.
Ash foi até Lillie sem saber como iria reagir caso a encontrasse ferida, ele tentava não imaginar nessa possibilidade somente mexendo sua cabeça de um lado ao outro enquanto corria até a garota que estava apoiada em uma árvore.
— V-você está bem? — Ash perguntou preocupado vendo Lillie sentada perto de uma árvore morta que ameaçava cair, para alívio do treinador, a loira estava bem e com snowy em seu colo a acariciando.
— Se eu tivesse conseguido usar o Z-move da Snowy contra aquela coisa!
Ela exclamou sorrindo e se levantando, o moreno suspirou ao ver que o "corte" que a garota havia levado somente rasgou parte de sua roupa.
— *Risadas* Você trouxe uma camisa reserva não trouxe?
Ash indagou percebendo que o perigo havia passado, Lillie afirmou com a cabeça e se levantou com a ajuda do garoto que disponibilizou sua mão como um verdadeiro cavalheiro para que a mesma pudesse se reerguer em uma cena que fez Pikachu e Snowy ficarem com uma gota na cabeça.
Logo a dupla se apressou para sair daquele lugar que parecia ser "amaldiçoado" sem nem mesmo olhar para trás. Ketchum não queria dizer para a loira o que ele sentiu quando pensou na possibilidade de ter a perdido para sempre.
...
Serena estava a poucos passos de chegar em casa, seu coração batia rapidamente demonstrando a sua ansiedade em saber se sua mãe estava bem, ainda que Vaniville estivesse "inteira" somente a presença de Grace a acalmaria naquele momento. Havia muito que a peformer queria dizer para ela, a única pessoa que podia entender seu desabafo.
Foi com o pouco de fôlego restante que Serena conseguiu correr em direção ao jardim cheio de flores desabrochadas sentindo que já estava perto quando ela ouviu Grace gritar com Hakuya.
— PELA MILÉSIMA VEZ HAKUYA, O FLAREON NÃO ESTÁ AQUI!
Essas palavras mostraram para a peformer que ela havia chegado em casa, Grace instintivamente olhou para o lado como se já soubesse da presença de sua filha enquanto o garoto saia falo com raiva.
As duas se encararam pela primeira vez depois de tanto tempo deixando ambas sem reação, o que dizer sobre aquele súbito reencontro? Palavras não seriam possíveis para descrever aquela sensação de saudade que seria finalmente finalizada quando Serena, que havia parado, chegasse perto de sua mãe.
— Parece que a minha Serena ficou em Hoenn não é mesmo?
Ela disse com um pequeno sorriso no rosto ao ver a garota andar lentamente em sua direção, Grace abriu os braços dando espaço para que sua filha pudesse a abraçar com toda a força do mundo.
As lágrimas eram inevitáveis, nem mesmo Grace conseguiu impedir a vontade de chorar somente retribuindo e consolando a peformer que com aquele choro demonstrava o quão difícil tinha sido sua jornada em Hoenn, andando para trás e fechando a porta com sua filha ainda nos braços.
Elas tinham muito o que conversar.
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