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História "De Volta a Kalos" - Estopim


Escrita por: _-Garoa-_

Notas do Autor


Ué.

Capítulo 47 - Estopim


Ecoando pelos cantos daquela sala, os passos impacientes da rainha de Kalos somente serviam para irritar ainda mais a treinadora da elite quatro que tentava desfrutar um gole de seu chá. De pernas cruzadas, Diantha somente observava a histérica Aria bagunçar seus cabelos enquanto tentava reprimir aquele sentimento.

A rosada se virou em direção a adulta, mostrando seu olhar atordoado que não pareceu significar muito para sua mentora, a qual suspirou com frustação.

— Por que tomou essa decisão? Como vamos ajudar as pessoas em Shalour agora!

Ela exclamou indignada ao mesmo tempo em que fechava os punhos, na espera de uma reposta da mulher que ficou em silêncio.

Aria engoliu seco, deixando que sua raiva a guiasse expondo um semblante o qual Diantha conhecia bem. Mas antes que a rosada pudesse elevar sua voz, ela proferiu.

— Cada território que nós perdemos é um passo a menos para “eles” chegarem até a capital, foi necessário carregar nossos recursos para uma causa maior.

A rainha de Kalos rangeu os dentes, já lançando um olhar assassino contra a adulta que viu a mesma bater contra a mesa que estava no centro da sala.

— Maior do que a vida dos — Sim, maior do que a vida deles!

Diantha cortou ao meio a frase da garota levou seu braço ao peito, tentando se controlar a frente da treinadora que tinha uma expressão serena em seu rosto. Os dedos da rosada batiam contra sua cintura como se estivesse tendo um tique nervoso.

— É por causa desse tipo de pensamento que todos estão contra nós.

Disse, apertando a mão, o que levou Diantha a rir e se levantar da cadeira que estava sentada.

— Ainda acha que essa saudação que está fazendo vale de alguma coisa? Não vai ser assim que você vai conseguir liderar essa região, Aria! Relembrar o passado é inútil.

As cortinas que estavam a poucos metros das duas balançaram graças ao vento forte que tinha acabado de atingir aquele local, levantando os cabelos da garota que bufou de raiva.

— Devia ter escolhido outra pessoa se fosse assim. — Aria devolveu, semicerrando os olhos enquanto arrumava seu penteado, irritando a treinadora.

— Então vá em um cemitério, ou melhor, um dos campos de batalha e desenterre alguém que preste. — Diantha disse aquelas palavras sem pensar no peso que isso traria em sua mente, mas já era tarde para ela se arrepender, como sempre tinha sido.

A rainha de Kalos por sua vez ficou surpresa, aumentando a sua raiva contra a adulta, a qual respirou fundo, percebendo o que tinha dito.

Ela colocou sua mão sobre a testa na busca de um outro jeito de dizer aquilo, seria a melhor maneira de consertar seu “erro”, contudo, o semblante da adulta ainda demostrava que o assunto era sério.

— Todos nós queremos voltar aos velhos tempos, mas isso é impossível agora. Esse mundo está mudando, Aria. Amanhã, depois ou até mesmo hoje... Eu só quero escolher a maneira mais pacifica possível para seguir em frente.

Diantha explicou, seu tom calmo acabou fazendo com que Aria abaixasse sua guarda, deixando de lado as hostilidades, apenas levando a mesma a abrir sua mente para que ela falasse.

— Se tudo for de acordo, ninguém vai precisar morrer, nenhuma gota de sangue cairá, mas caso contrário, Lumiose pode se tornar um inferno, só que ao invés de sermos nós contra “eles”, serão nossos próprios amigos, e de uma forma ou de outra saberemos o que a Second escondia.

A treinadora caminhou para saída, batendo no ombro da rainha de Kalos antes de partir, dizendo.

“A opção mais pacifica quase nunca acontece, então eu confio os arquivos secretos que nós descobrirmos deles a você, caso eu acabe morrendo”

Aria pensou consigo mesma se dentro daquele mar de informações confidenciais teria a possibilidade de encontrar um jeito para reverter o que ela e Flareon tinham feito em Hakuya.

— Ah... Lembrei de ter ouvido por aí que Ash Ketchum voltou, qual lado você acha que ele vai escolher?

Diantha perguntou, tirando a rosada daquele transe e levando seus olhos a encarar a treinadora que segurava a porta da saída.

— Shalour City —

(Noite)

A outrora arena de batalha do ginásio tinha agora se transformado em uma enfermaria improvisada. Deitados sobre o chão arenoso ou em cima de camas improvisadas, os habitantes agradeciam a Korrina por ter os abrigado, não que houvesse outra opção, como Clemont queria, já que estava claro as consequências de dizer um “não” para aquela população.

Graças a distância entre o local e a parte principal de Shalour, o ginásio não veio abaixo, pois os tuneis terminavam no início da ponte, algo que levou o cientista a questionar o motivo.

Alain e Ash logo se reconheceram, concordando em levar os feridos para o ginásio, antes de dar início a qualquer conversa.

E foi com um suspiro aliviado que todos naquela sala isolada comemoraram uma momentânea vitória, após várias horas de árduo trabalho.

— Ela vai ficar bem. — O loiro disse após sair de um quarto, o qual tinha ao fundo o que parecia ser aparelhos de pesquisa.

Ash volveu seu olhar para Alain, enquanto Clemont limpava suas mãos já puxando uma cadeira na espera da grande pergunta do moreno.

— Quem fez isso com a May? — Ketchum questionou, visando os detalhes da roupa que estava escondida embaixo da jaqueta do treinador. Alain fecha os botões quando o Palletiano se desviou para o cientista.

Clemont deixou sair um longo suspiro, se sentando na cadeira ao mesmo tempo em que tirava os óculos redondos do bolso. Agora confortável, o loiro começou a limpar o objeto sem responder o moreno que estreitou seu olhar.

— Esse tanto de gente aí fora vai ser um problema para nós.

O ex-líder disse com um sorriso, pensando consigo mesmo qual reação seria a pior caso Ash ouvisse sua história ou o que estava escondido no seu laboratório.

— Passei muito tempo pesquisando sobre pokemons desde que você partiu, Ketchum. — Alain comentou para o jovem de cabelos negros que viu o mesmo se aproximar, tendo sua atenção tirada do cientista.

Por um momento, Ash imaginou o treinador do tipo dragão vestido em um jaleco, dentro do laboratório de Sycamore enquanto acidentalmente explodia algo, levando o moreno a dar uma risada.

— Ah é mesmo, valeu pela facada nas costas, Alain. — Clemont chamou a atenção, com um tom sarcástico que foi respondido da mesma forma.

— Que foi? Nós tínhamos que ajudar aquelas pessoas! — Disse, caçoando do cientista o qual bufou de raiva.

— Aham, foi essa desculpinha que arrastou muá até aqui. — O loiro apontou para si mesmo, se recostando sobre a mesa ao mesmo tempo em que utilizava seus braços como travesseiro.

— Ela arrasta muita gente. — Alan comentou, dando leves tapinhas nas costas do Palletiano o qual se virou com confusão.

Ambos soltaram risadas que os ouvidos de Ash não conseguiam diferenciar se era puro sarcasmo, culpa ou alegria.

— HEY! — Ketchum bateu contra a mesa — Não tentem desviar do assunto.

Os dois suspiram ao mesmo tempo, meio que concordando em não continuar, com Clemont sinalizando para Alain esconder seu uniforme, antes que seu amigo percebesse.

— É irônico, mas... Agradeça a Lysandre por May estar viva — o loiro murmurou, dando uma breve pausa, sem notar o “rosnado” e cara de desgosto de Alain e Ash ao ouvir o nome do ruivo.

— Mesmo ele sendo um desgraçado, o que nós conseguimos recuperar da Lysandre Labs ajudou muita gente, pena que não tinha nada que pudesse resolver o problema da minha-

Os olhos dele se arregalaram, levando Ketchum a se perguntar o motivo de Clemont não ter terminado de falar, embora Alain soubesse a razão daquele semblante, optando por disfarçar em prol da proteção de seu rival.

Ele ajustou os óculos, criando forças para continuar até finalmente levantar sua cabeça e dizer

“Mil perdões Ash, ele estava atrás de mim”

Antes que o jovem pudesse questionar algo, a mente do moreno pareceu levar um choque no momento em que aquele “ele” ressoou por todos os cantos da sala.

Um leve devaneio arrastou o Palletiano para um mundo desconectado da realidade, sem saber se aquilo era uma lembrança ou um aviso.

O som dos disparos, os gritos de horror, o cheiro do sangue, tudo desequilibrou Ash que foi segurado por Alain.

— Ketchum? — Seu rival perguntou, mas seu cérebro tratou de dizer.

“Satoshi”

O silêncio perdurou por alguns segundos, Ash se sentia atordoado. De onde veio aquela voz? Ele se perguntou irritado, buscando o responsável, somente encontrando a cara de confusão do mais alto e o estranho sorriso de Clemont.

— Finalmente, alguém que me entende.

O cientista disse, se levantando da cadeira e indo até o moreno que ficou tão perdido quanto Alain, o qual trocou olhares como se ele estivesse sabendo de algo, que por sua vez deu os ombros.

— Esse brilho no olhar, essa raiva. Nós dois detestamos não saber de nada, e é isso que está acontecendo! Revirei os livros de história, consultei Sycamore e o que restava da Lysandre Labs, me perdi nesse mundo e tomei as piores decisões que me levaram até aqui, eu fugi assim como você.

—  E lá vamos nós.

Alain sussurrou no ouvido de Ash que sequer pareceu ouvir, foi quando o jovem notou aquele brilho, a cara de Ketchum demonstrava, não raiva, mas determinação e foi aí que ele percebeu a cor dos olhos de seu rival.

— Por que tudo isso está acontecendo? Por que praticamente metade do nosso passado sequer está escrito?

Ele perguntou, orgulhosamente colocando sua mão sobre o peito, a apertando contra o mesmo.

— Pode não saber, Ash, mas os livros do avô da Korrina me contaram sobre a aura e aqueles que tinham alta afinidade com ela. Aquilo que aconteceu com o Lucario é um sinal do seu poder, você é um livro de história ambulante, pronto para ser aberto!

— Ele vai te dissecar? — O treinador levou um leve soco do moreno que continuou a escutar o desabafo de seu amigo.

— Quando encarei aquele garoto e aquele Flareon, senti medo, mas logo depois eu não parava de sorrir, pois é natural que “humanos” sintam medo do desconhecido, e agora com todas peças juntas, eu estou pronto para desvendar os mistérios dessa região.

O ex-líder disse, encarando seu amigo, quando a voz de Clemont sussurrou em seu ouvido.

“Existe algo que está nós botando uns contra os outros, amigos contra amigos. Algo que a humanidade e os pokemons não sabem o que é, um inimigo que nós conhecemos, mas que conseguiu apagar sua existência da mente de grande parte da população. Se a May quase morreu, se a Serena está em coma agora, se tantas pessoas morreram até aqui, ele é o culpado.”

Ao ouvir aquilo, Ash fechou o punho e assentiu, enquanto Clemont confirmou com a cabeça, mirando Alain o qual suspirou aliviado.

— Eu vou ver como a Korrina está, logo continuaremos essa conversa. — O loiro disse saindo dali animado, enquanto Alain acenava para o moreno sem saber que o mesmo tinha visto o símbolo que estava escondido embaixo de sua jaqueta.

— Lumiose City —

(Noite)

O prédio aonde Sycamore estava parecia ser uma zona de guerra, papeis espalhados para todos lados, vidros com rótulos e poções vazias sobre as prateleiras derrubadas e um monitor desligado decoravam o recinto.

Na sua parede havia um grande mapa da região, que era divido por linhas as quais se assemelhavam a borda de “países”, indo além das montanhas de Kalos.

O pesquisador tentava não pisar nos cacos das mega pedras que dominavam parte de seu piso, apressado para terminar de alimentar os pokemons que se encontravam na enfermaria.

Ele falava ao celular.

“Esse é um favor que não poderei realizar, professor.”

Disse a voz feminina do outro lado da linha para a tristeza do adulto que tentava alcançar seu jantar que estava sobre um pilar de livros.

— Diantha, sabe que o governo central pode se enganar as vezes. — Sycamore explicou, com o celular no ombro enquanto retirava o prato.

“Essa decisão não partiu de nós, sinto muito”

O professor percebeu aquele tom irritado no final da frase, a própria Diantha não parecia concordar com o que tinha dito, respondendo com uma risada que levou o olhar da mulher a encarar o aparelho com confusão.

— Inconformada com a falta de controle sobre eles? — Ele questionou, soando de um modo brincalhão que não pareceu cair nas graças da adulta.

“Não caçoe do nosso poder, logo “eles” serão controlados e esse problema será resolvido”

Diantha exclamou com confiança, caminhando até a saída, sendo acompanhada de Sawyer, o qual demonstrava um semblante de raiva e cansaço em relação a mulher.

— Como se fosse o único problema dessa região, a rainha de Kalos vai ter o pior dos seus dias quando assumir o comando, se é que vai ter um.

Sycamore comentou, levando o objeto até a pia, ouvindo só uma risada do outro lado, levando o mesmo a encarar o celular com a mesma confusão que a treinadora tinha a momentos atrás

“Não é um trabalho normal para o posto dela, não que o posto dela faça algo além de posar para as câmeras, mas a Aria é diferente, de um jeito ruim ou bom... Depende da perspectiva”

Ele somente suspirou, pronto para terminar a ligação.

—  Sei, tudo pra sua protegida ficar no comando, não tem como fazer isso pelo Hakuya também? Pelo menos tira a policia ou seja lá o que está atrás dele.

A adulta bateu o pé contra o chão várias vezes.

“É para o bem de Kalos que eu estou traindo parte dos ideais dessa nação, já o seu caso é só nepotismo mesmo. Bem, vou tentar, mas não prometo nada”

Diantha desligou o celular, deixando Sycamore com uma expressão meio engraçada no rosto, tentando compreender se ela estava falando a verdade ou só tinha usado uma desculpa esfarrapada.

— Nem pra dizer boa noite! — Um barulho vindo da porta atraiu a atenção do professor que correu para atender, imaginando no caminho quem seria essa pessoa. — Não deve ser um treinador, Alain talvez? Ou ela... Será que eles nem tem a decência de me avisar que pegariam um relatório nessas horas.

Sobre as bancadas era possível ver a foto de um desenho referente a Vaniville, assim como pesquisas sobre a mega evolução ao lado de um bracelete quebrado, vários pontos se conectavam entre as cidades de Kalos naquele pedaço de papel com perguntas escritas sobre o mesmo.

“Cavernas ou túneis?”

Sycamore abriu a porta, notando uma garota de cabelos brancos e curtos que quase chegavam à altura dos ombros o esperando, conseguindo ouvir uma espécie de musica que a mesma cantarolava até tomar um susto ao ver que o mesmo estava lá.

—  P-professor Sycamore? N-não quero atrapalhar nenhuma de suas pesquisas vindo aqui, m-mas...— A garota gaguejou, estando envergonhada por ter vindo em uma hora que ela considerava ser tarde para perturbar o professor que somente sorriu e acariciou o topo da cabeça dela.

— Quem disse que bravos treinadores em busca de conhecimento me atrapalham?

Ele comentou, olhando as bochechas coradas da garota que elevou seu olhar, tremendo um pouco ao mesmo tempo em que tentava esconder seu rosto no cachecol.

— A-ah, o-ótimo! Eu precisava muito falar com você. — Sycamore abriu a porta deixando a mesma entrar, estando um pouco perdido sobre o fato de ter alguém o procurando naquele horário.

— Logo quando eu ia dormir... — Ele murmurou ao perceber que ela já tinha se afastado o suficiente para não ouvir aquele comentário, suspirando com frustação, já se virando para falar com ela.

“Desculpa”

...

Aria corria pelas ruas de Lumiose, desesperada para chegar até Sycamore, enquanto segurava uma pasta com alguns arquivos que mal aguentavam o chacoalhar da corrida. Nesse ponto a rosada sequer se preocupou em se disfarçar, na realidade ela nem teve tempo, já que após ouvir tudo aquilo seu primeiro movimento foi de avisar o professor.

Esbarrando contra alguns dos poucos pedestres que estavam nas ruas, a Rainha não ligava para ser reconhecida, tudo que lhe importava era chegar lá.

O som de viaturas passando pelas ruas da capital atormentaram a sua mente, levando a mesma a pensar nas piores hipóteses. Cansada e quase sem folego, Aria puxou o ar que restava de seus pulmões e continuou.

— Professor... — Aria fitou o prédio em chamas, se desmanchando aos pedaços, trazendo memorias tão dolorosas quanto aquela imagem que refletia em sua íris, ela somente caiu de joelhos e derrubou os arquivos na calçada.

— E-ele está em S-shalour. — A garota murmurou para si mesma ao passo em que as unidades policias entravam em ação.

O rosto dela era iluminado no vermelho e azul daquelas sirenes que desejara ter ouvido no dia em que a floresta tinha pegado fogo. Mais uma vez a rosada se via impotente a frente do fogo, prestes a perder mais uma pessoa.

Aria estava desconcertada, aqueles não eram policias e sequer era a Second a qual sua mentora tanto falava, mas sim aqueles sob o comando de Lumiose, ou seja.

“Por que você fez isso... Diantha.”

(Voltando a Shalour)

Korrina observava Petra encarar o nada sem esboçar nehuma expressão, somente tendo aquele olhar vazio que só foi reconhecido pela loira graças a sua íris esquerda. A líder do ginásio queria se aproximar para ajudar a pokemon, mas algo nela não a deixava ir adiante.

Ela estava receosa em avançar, uma sensação que Korrina nunca tinha experienciado

— Será que eu estou com medo de um pokemon? — A patinadora se perguntou, apertando a beira da parede enquanto mantinha uma breve visão da raposa. — Meu avô deve estar se revirando no tumulo agora, Grrr.... Quer saber? Não ligo!

A loira começou a caminhar em direção a bípede que estava de costas, colocando uma energia extra em cada passo para compensar o seu medo, mas não demorou muito para que a mesma se sentisse segura em continuar ainda pensando em como abordar a tipo fogo.

— “Hey, tudo bem aí?” não, estranho de mais. “Como vai seu treinador?” meu Arceus, se eu falar isso ela va- — Korrina foi empurrada para trás pelo psíquico de Petra que levantou sua mão e a empurrou.

Porém a loira não se deu por vencida.

— Que foi? Acha que pode me impedir? — Ela avançou mais uma vez, sendo jogada para trás com ainda mais força, a derrubando no chão.  — Não! Eu não vou desistir!

A segunda tentativa da líder foi frustrada com mais uma barreira, levando Korrina a perceber que o semblante da pokemon não mudava, ela nem estava com raiva ou irritada, somente... vazia.

Abaixar sua cabeça e pensar em como agir, a patinadora somente fez isso, mesmo tentando ajudar Petra, a loira não tinha parado para pensar na carga emocional que aquela bípede estava passando.

— Será que eu estou brincando com o sofrimento dela? — Korrina murmurou, dessa vez não fazendo nada, o que levou a raposa a encarar na direção da líder, estranhando a falta de ação dela

— Esse clima todo de tristeza não faz bem, energia negativa só vai atrair mais energia negativa. — Ela comentou com um sorriso, para a pokemon que tentou levar em conta o lado da patinadora.

— Você é diferente deles, tanto em aparência quanto em atitude, nunca vi uma Braixen do seu tipo, não deve ser uma shiny, mas...

“Fizeram experiências em você?”

Korrina pensou em perguntar ao lembrar do laboratório de Clemont, levando a mesma a ter calafrios só de pensar nisso, resolvendo não fazer, já que isso só colaboraria com o ar mórbido.

— Não sei se digo que seu treinador está preocupado, pelo jeito do seu olhar, provavelmente você vai achar que ele só te quer por causa da sua aparência né?

Petra suspirou, desejando no fundo que esse poderia ser o motivo de Hakuya a querer, mas ainda que ela dissesse isso para si mesma varias vezes, mentir só iria piorar sua situação, não que a mente da raposa estivesse no melhor estado.

— Meu Lucario deve ter te perturbado naquele dia, vou dar umas porradas nele como desculpas tá! — Korrina exclamou se levantando e conseguindo tirar uma risada da pokemon que abaixou sua guarda.

Lembrar de seu amigo que agora estava se recuperando tinha a deixado triste, mas valeu a pena ao ver aquele sorriso.

E assim a loira tentou mais uma vez, sendo recebida com mais um psíquico que a lançou com toda a força contra a parede, tremendo o quarto e derrubando os livros empoeirados que estavam sobre a prateleira a qual estava acima da raposa, assustando até mesmo Clemont e Alain que conversavam logo abaixo.

— O-ok! Eu não faço mais... — ao levantar sua cabeça, a patinadora se surpreendeu com o que tinha visto — isso?

A Braixen pegou um dos livros que tinham caído e com curiosidade e um pouquinho de raiva ela o abriu, levantando toda a poeira que estava dentro dele.

Petra lembrou de como Hakuya tinha dito que a ensinaria a ler e escrever e do tanto de progresso que ela tinha feito naquele curto período de tempo.

Um sorriso apareceu na face neutra da pokemon, como se ela estivesse recebendo um abraço caloroso ou um cafuné do alaranjado, levando a mesma a tentar ler aquilo como homenagem ao garoto.

— Não me diga que... — Clemont adentrou no quarto, com medo do que tinha aquecido quando viu a raposa segurar o objeto — Ela está- Lendo?

“Esses sãos os livros do avô da Korrina?”

O cientista pensou, mirando a capa.

Foram poucos segundos, o coração do loiro se acelerou rapidamente, batida a batida. O mundo a sua volta pareceu ficar lento, Clemont não podia acreditar no que estava vendo.

Seus olhos lhe mostravam a realidade? Ou era só um delírio de seu cérebro o qual estava dominado pelo desejo de descobrir sobre esse mundo?

— Esses sãos os livros que estavam nos túneis, ela está lendo eles? Não pode ser... — Clemont balbuciou, caminhando erraticamente em direção a raposa que estava “fora” daquele local.

— Espera Clemont! — Korrina tentou puxar o cientista para longe, quando Petra percebeu a aproximação assustadora do loiro, não demorou muito, a mente da pokemon tratou de transformar o mesmo em um “monstro” sedento por sangue.

Ela soltou um grito estridente, puxando seu galho e o incendiando enquanto iria usar seus poderes psíquicos quando algo ressoou no seu ouvido, uma voz doce e semelhante à da bípede.

“Queime o livro, Petra.”

A raposa assentiu para espanto do loiro que olhou para os lados, tentando entender o que estava acontecendo, até tremer na mesma intensidade que a Braixen ao ver a mesma colocar o objeto perto do fogo.

— NÃO FAÇA ISSO!! — Ele esbravejou, as chamas refletiam na íris de todos ali, principalmente na face assustada e acuada da raposa que parecia lutar contra si mesma.

Petra não sabia quem estava no controle de seu corpo, aquela voz continuava a dizer todas as palavras que ela tinha mais medo de ouvir, lentamente quebrando seu espírito.

A Braixen queria avançar contra o cientista, pois estava com fome e desejava sangue, ou pelo menos era o que parte de sua “mente” queria, mas o brilho do fogo atraia a mesma para outra opção.

Primeiro foi seu braço, depois Hakuya, e agora? O que “Aquele ser” iria forçar a mesma a fazer?

E assim a pokemon encarava a dupla, sozinha e desesperada, como sempre esteve na maior parte de sua vida, enquanto Clemont tentava evitar que o pior acontecesse.


Notas Finais


E morreu.... ;-;
Ok, tive que reescrever mais coisas no meio do "caminho", acho que por agora está tudo ok.



Magafo do tamanho de um grão de arroz


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