História Dear brother - When we were young

-Ela está perdendo muito sangue – alguma voz disse

Abri meus olhos lentamente, mas minha visão continuava embaçada e turva, as paredes se moviam rápido demais me deixando um pouco tonta, haviam pessoas perto de mim, umas 6 eu diria, todas de branco, eu queria perguntar o que estava acontecendo, mas eu simplesmente não tinha forças

-Vamos leva-la agora para a sala de cirurgia – uma voz mais grossa disse

-E o garoto? – Alguém perguntou

Estava tudo embaralhada, não vi quem estava falando, mas quando falaram garoto só consegui pensar meu irmão. Tombei a cabeça para o lado e vi uma maca se movendo rapidamente, igual a minha, meu irmão estava desmaiado. Quis gritar, mas estava tão fraca que não consegui se quer abrir a boca

-Já falamos com os responsáveis, eles são irmãos – uma mulher disse

Entramos em uma sala, perdendo meu irmão de vista. A luz que vinha do teto era forte, me cegando, as pessoas andavam de um lado e milhares de vozes se atropelavam a cada fala, uma mulher chegou perto de mim colocando uma marcara de oxigênio em mim

-Você vai ficar bem – ela disse tentando me acalmar

Segundos depois, eu desmaiei.

[...]

Não sei quando acordei ou quanto tempo fiquei em transe, mas quando percebi encarava o teto branco, a realidade me atingiu em cheio e eu me perguntei por que ainda não tinha levantado, a reposta veio logo em seguida quando fiz força com o braço para me levantar, e uma dor insuportável me invadiu.

-Ei, calma calma – Uma voz familiar disse

Olhei atordoada procurando a origem da voz, e log a encontrei, meu pai vinha em minha direção, ele pegou de leve minhas costas me ajudando a sentar, ele ajeitou o travesseiro, tomando cuidado para não encostar em meu braço enfaixado

-Pai? – Disse confusa, tentando assimilar a razão dele estar ali

Ele me encarou assim que eu o chamei, ele parecia cansado, exausto na verdade, havia olheiras leves em seu rosto e até algumas rugas, seu cabelo estava bagunçado e ele usava uma camisa social amassada, de fato ele havia passado a noite fora de casa. Voltei a encarar seu rosto, ele também me encarava, as de uma maneira diferente, era como se eu tivesse ficado fora por anos, ele me analisava para ter certeza que era eu. Num ato repentino ele me abraçou fortemente, mesmo em choque eu correspondi, também parecia anos que eu não o via. Ele começou a chorar baixinho em meu ombro e eu derramei algumas lagrimas

-Me desculpas – ele sussurrou – Me perdoa filha, eu não tinha noção de nada, me perdoa por favor

-Pai – eu disse – Não é sua culpa, e você não tem que pedir perdão por nada – eu falei e ele concordou rapidamente limpando seu rosto- Agora, a onde está o Luke? Como viemos parar aqui?

Eu parecia calma, mas eu não estava. Devia ser o efeito de algum remédio para eu não ficar tão agitada, mas por dentro eu só conseguia pensar em Luke, em como ele estava, eu não me lembro de nada depois que eu desmaiei na rodovia, não me lembrava de como havia ido parar naquele hospital, só me lembrava de Luke levando um tiro no meio do peito

-Bom... – meu pai começou a falar se ajeitando na cadeira próximo a mim – Nós entramos em contato com os Payne, no dia depois da festa de aniversário, mas ninguém sabia a onde você estava, você havia sumido e não atendia o telefone, Liam então nos disse que você ia resolver um dos seus problemas, mas nem eu e nem sua mãe sabíamos que alguém te mandava mensagens, meu Deus você devia ter nos contado – ele disse passando a mão pelos cabelos loiros – Mas enfim, Luke sumiu na parte da noite, sua avó...Nora Payne falou que vocês só podiam ter fugido, mas nos negavamos essa ideia, e então por fim Calum falou sobre seu pai biológico, mas eu jamais imaginaria que ele faria isso, porém quando um saque foi feito na poupança de vocês, praticamente o dinheiro inteiro que estava depositado, tivemos a certeza que ele havia te sequestrado e que Luke iria ceder ao resgate – ele falava rápido, algumas vezes se confundia, mas eu estava conseguindo entender – Nessa madrugada recebemos o telefonema de nossos filhos estavam aqui, por conta de terem recebidos tiro – ele falou e seus olhos se encheram de lagrimas – Quando chegamos vocês ainda estavam na cirurgia, foram liberados horas depois, direto para o quarto

-Como que eles nos acharam? – Perguntei confuso

-Bom, segundo Calum, Luke estava investigando esse número misterioso, junto com um detetive particular, quando seu irmão foi ao encontro para fazer a troca, o detetive sabia disso, e estava relativamente perto para levar vocês embora, mas quando se passou uma hora e nada dele aparecer, ele foi atrás e achou vocês a tempo para ligar para uma ambulância – meu pai falou, voltando a chorar

-Pai, a onde está o Luke? Você... – falei respirando fundo – Você disse que nos dois viemos para quarto, então ele ta melhor? Ele ta bem? Posso ver ele? Eu preciso ver ele! – Falei ansiosa

-Calma filha, não é tão simples assim

-Como não?? Meu irmão fez a cirurgia e agora ta no quarto, então ele ta bem igual eu estou, com uma dor ou outra, mas eu to viva! – Falei nervosa

Meu pai se levantou e pegou minha mão, me olhando no fundo dos olhos

- Luke está em coma

Franzi minha testa, era como se eu não tivesse entendi o que ele havia falado. Coma? Ele estava em coma? Isso era surreal demais para mim, algo que eu jamais pensei em vivenciar. Pera, coma? Como assim coma? Meu deus, isso é muito filme, socorro, COMA?

-Filha? December? – Meu pai me chamou me sacudindo de leve, tentando me acordar- Você está tendo outra crise? – Meu pai falou desesperado

-Coma? – Eu sussurrei

Comecei a chorar descontroladamente, meu pai me abraçou forte, mas nada me consolaria naquele momento. Meu irmão, meu melhor amigo, meu namorado, estava em coma, tinha apenas seu corpo ali, mas ele não estava consciente. Eu comecei a gritar desesperada, puxando meus cabelos com força, negando para mim mesma que aquilo estava acontecendo, os médicos entraram no quarto, mas eu não conseguia ver nada, as lagrimas borravam minha visão, eu gritava alto por Luke, como se aquilo fosse acorda-lo. Senti uma picada e depois uma tontura, e então eu apaguei mais uma vez, pedindo para Luke voltar para mim.

[...]

Luke havia tomado um tiro no meio do peito e isso era muito sério, havia pegado em seus pulmões e meu irmão havia perdido quase o dobro da quantidade de sangue que eu havia perdido, além disso, ele havia batido a cabeça no chão ao desmaiar o que pode ter ajudado, havia uma série de outros fatores, mas era isso que eu entendia quando algum medico ou enfermeira me explicava todas as vezes que eu perguntava o que havia acontecido para ele estar nessa situação. Um dos médicos tentou me animar, dizendo que ele estava vivo, e que se nos estivéssemos ficado mais algum tempo ali, ambos teriam morrido. Como Romeu e Julieta. Luke reagia bem aos remédios, mas não dava sinais claros de que algum momento iria acordar. Eu fiquei mais duas semanas no hospital, mas eu não queria sair de lá, parecia injusto eu estar bem e viva, e meu irmão como um vegetal, sendo que quem provocou tudo isso, foi eu. Meus amigos foram me visitar, todos eles, até Ashton, ele me pediu perdão e eu pedi o perdão dele, no final todos só estávamos tentando agir certo e como nosso coração mandava. Minha mãe teve a mesma reação de meu pai, assim como Olivia, que suplicou e chegou a ajoelhar, todos estavam desesperados para tentar concertar o que haviam feito

-Está tudo bem, não foi culpa de ninguém, na verdade a culpa foi minha, eu que peço perdão- Eu dizia, tudo meio automático, mas era verdadeiro. De fato, a culpa não era de ninguém

Já meu pai biológico havia conseguido fugir, a polícia investigava o caso e acreditava que ele havia fugido para o Canadá ou para o México, mas eram apenas suposições.

Quando fui liberada, e voltei para casa, chorei durante a noite e tive uma crise, na qual meus pais controlaram sem ter que me levar de volta para o hospital. Os dias passavam devagar, e eu criei uma espécie de rotina no resto das férias, eu passava as manhãs e tarde no hospital, junto com Luke, lendo algum livro ou contando algo para ele, Calum, Michael e Ashton, assim como minha família, as vezes me faziam companhia, mas grande parte das vezes era apenas eu, e na parte da noite eu ficava em meu quarto vendo algum filme ou serie ou simplesmente ficava deitada no escuro esperando o sono chegar. Sabrina quase sempre vinha me visitar e me fazer companhia, ela havia começado a namorar com Ash e eu fiquei muito feliz pelos dois enquanto Triz aparecia para ver como eu estava tentando me convencer a ir em alguma festa, até que ela parou. Também não foi culpa dela, estávamos em sintonias diferente, e ninguém era obrigado a afundar junto comigo nessa depressão.

Era uma sexta feira anoite, enquanto assistia How i meet your mother pela decima vez, quando Olivia entrou no meu quarto

-Oi –eu disse pausando minha televisão – O jantar está pronto?

-Não, mamãe está terminando de fazer – ela disse sentando na cama – Dec, amanhã eu e o Jason vamos viajar para uma praia aqui perto, vamos com alguns amigos da faculdade, eu pensei que você pudesse ir com a gente

-Não vai dar Oli, Calum disse que amanhã vai vir aqui – Falei inventando qualquer desculpa

-Não, ele não vem – ela disse direta- Dec, eu entendo que você se culpa por Luke estar...daquele jeito, mas não foi culpa sua, na verdade, foi mais minha do que sua- ela falou baixo- Mas ele gostaria de ver você se divertindo, sorrindo, seguindo com a sua vida e não jogada em um quarto chorando

-Olivia – eu disse seria – Eu fiz aquilo com Luke, foi minha culpa sim! E não fale como se ele tivesse morrido, ele está vivo e ele vai voltar, obrigada pelo convite, mas eu recuso ele

Olivia suspirou cansada e se levantou, saindo do quarto sem dizer mais nada. Desliguei a TV e apaguei as luzes, não consiga para de pensar que era para eu estar naquela cama em um sono profundo e não ele, eu nunca iria conseguir esquecer isso e eu jamais me perdoaria se algo acontecesse algo com meu irmão. Naquela noite, sonhei com o nosso primeiro beijo.

Dois meses depois

Julho e agosto se passaram rapidamente, eu havia continuado com a minha rotina, mas agora chegava a passar algumas noites no hospital, e ao contrário do que eu imaginava Luke não reagiu em nenhum momento, em momento algum ele moveu um dedo, sussurrou alguma palavra ou acordou. Nada. Era como se seu corpo estivesse presente, mas sua alma distante de todos nos. Havia tarde que simplesmente passava o encarando, esperando algum sinal de que ele estava ali, comigo, mas não vinha e não veio por dois meses. Nesse meio tempo Edward e Liam tentaram falar comigo, mas eu negava ter contato com eles, acho que ainda estava magoada por conta de saber que minha mãe nunca estivera viva nesse tempo, Edward após um tempo parou de me procurar, mas Liam me ligava toda a semana. Aos poucos todos voltaram a viver suas vidas como se nada tivesse acontecido, mas eu não. Eu continuei parada no tempo, naquela data trágica do dia 19 de julho.

Agosto acabou e com ele se iniciou setembro, as aulas voltaram, naquela semana não havia visitado Luke em nenhum dia já que Sabrina me obrigou a ajuda-la com vestido, sapato e lingerie, já que éramos formandos e só faltava nossa formatura e o baile, na qual eu obviamente me recusei a ir. Eu dormia tranquilamente quando fui acordada por gritos vindos do andar de baixo

-EU VOU ACORDAR ELA – uma voz masculina gritou

-Calum, ela não quer...

-FODASSE O QUE ELA QUER, NÃO VOU ASSSITIR ELA SE AFUNDAR EM CHOCOLATE E FILMES DE COMEDIA ROMANTICA – Meu amigo gritou de volta

Me levantei rapidamente, colocando os chinelos descendo de pijamas mesmo, sem me importar com Calum ou quem estivesse com ele

- O que está acontecendo aqui? - Disse parando no meio da escada

Calum e Olivia me encararam um tanto quanto surpresos

-VIU? ELA TA ATÉ DE PÉ- Meu amigo gritou para minha irmã

-Dec, eu tentei impedir ele, mas seu amigo é louco – Olivia tentou explicar

-Tudo bem Oli, eu conheço o Cal – falei a tranquilizando – Vem Cal, vamos para o meu quarto

-Não, vamos ficar aqui em baixo, na sala – ele disse e caminhou para o cômodo ao lado

Olhei confusa para minha irmã que apensar deu os ombros. Andei até a sala a onde meu amigo já me esperava sentado

-Senta aí – ele falou

-Cal, o que....

-Senta aí – ele repetiu a frase

Bufei irritada e sentei de frente para ele, meu amigo deu sorriso debochado

-Bom, você sabe que dia é hoje? – Ele perguntou calmo

-Sábado? – Perguntei em dúvida e ele rolou os olhos sem paciência – Ta bom, sábado 3 de setembro

-E o que tem hoje? – Ele perguntou sarcástico

Hoje era 3 de setembro, dia do baile de formatura, dia na qual eu antes sonhava, mas agora nem me imagina indo.

-Não Calum – eu fui direta

-Ok – ele disse calmo

-OK? Fácil assim? – Falei surpresa

-Ok, por que eu não ligo na verdade para o que você quer, Luke não iria querer ver você desperdiçando sua vida, seus últimos momentos com seus amigos de colégio, por que depois na faculdade, Deus sabe quando vamos nos ver – ele falou

-Dramático – disse sem paciência – Calum, eu não to no clima

-Eu vou dar um jeito nisso, você pode depois voltar a se afundar nas suas series e filmes, mas hoje você vai se permitir – ele falou chegando perto de mim – Você sabe que Luke queria te levar hoje no baile, se divertir com os amigos, por favor Dec, por ele

Suspirei triste por que de certa forma era verdade, Luke estava empolgado com o baile e com a formatura, ele queria se formar para começar logo sua faculdade de música. Uma lagrima escorreu pelo meu rosto ao lembrar de meu irmão, mas Calum a limpou rapidamente, eu olhei para ele dando um meio sorriso

-Certo – falei soltando o ar pela boca – Mas vai ser difícil conseguir tudo de última hora, não sei se o salão vai ter hora para mim

-Salão? Meu amor, você está falando com Calum T Hood, e comigo você não vai a salão nenhum – ele falou se levantando

Calum caminhou até a porta e eu o segui

-Te apresento a meu primo de segundo grau, Joe Hood – ele disse abrindo a porta, atrás dele havia sua prima e mais umas 5 pessoas – E claro sua equipe

-Olá – o homem disse entrando em minha casa, me dando um abraço forte – Eu sou Joe, primo do Calum, ele me disse que você precisa de um dia de princesa!

-Hmm, claro – falei receosa

-Excelente – Joe disse animado, ele era engraçado por que devia ter por volta de uns 40 anos e parecia empolgado em arrumar uma garota para seu baile – Essa é minha equipe, vamos te ajudar a ficar maravilhosa, mais do que você já é

Todos entraram em minha casa, com uma maleta em cada mão, além de outras coisas

-Dec – Calum me chamou enquanto eu encarava a equipe montar um salão em minha sala – Seus pais sabem que eu contratei Joe, e eu venho te buscar aqui as 19:00 ok?

-Você vai ser meu par? – Perguntei rindo para ele

-Você verá - ele falou saindo da casa

-Vamos vamos – Joe falou empolgado – Sente-se, você vai ficar igual a Cinderela

[...]

Joe e sua equipe haviam passado o dia inteiro em minha casa, de fato meus pais sabia sobre o plano de Calum, descobri que Olivia também sabia e que a discussão de mais cedo era apenas uma encenação. Me encarei mais uma vez no espelho, minha maquiagem e meu cabelo estavam impecáveis, eu parecia uma princesa

-Filha? – Minha mãe disse entrando em meu quarto- Ai você está linda!

-Obrigada mamãe – falei sorrindo para ela – Joe realmente arrasou, agora vou escolher um vestido por que daqui a pouco Calum chega

-Seria uma loucura se por acaso – ela disse abrindo meu armário tirando uma caixa de dentro dele- Se aparecesse um vestido de baile no seu armário, não é?

-Mãe! – Eu a repreendi – Meu Deus, muito obrigada

-Abra – Ela pediu

Sentei na cama e abri a caixa, aquilo me lembrava a manhã de meu aniversário, em dois meses tanta coisa havia mudado.

-É a coisa mais linda que eu já vi – disse sendo sincera

O vestido era longo, roa bebe, no busto haviam alguns paetês, a saia era de ceda quase transparente de tão fina que era, as costas eram nuas, ressaltando algumas curvas

-É lindo mãe – repeti ainda estática

-Na hora em que eu vi ele, sabia que era para você! – Ela falou, já chorando – Bom, termine de se arrumar, por que do jeito que eu conheço Calum ele vai te matar se por acaso você se atrasar - ela disse levantando, mas eu fui mais rápida e a abracei forte

-Obrigada mamãe – disse ainda abraçando com força

Nosso abração foi apenas separado quando ouvimos o sinal da campainha, indicando que Calum havia chegado

-Calum chegou – ela disse se separando de mim, enxugando o rosto – Se vista e dessa, quero tirar algumas fotos ante de vocês irem

Eu ri e concordei com a cabeça.

Desci as escadas devagar, quando cheguei ao andar de baixo me deparei não apenas com Calum em um belo e tradicional smoking preto, como também havia Michael com um terno parecido

-Uai, os dois? – Perguntei confusa ao ver meus amigos

-December Hemmings, você vai ter a honra de ter não um, mas dois pares! – Michael disse animado e eu ri

-Quanta responsabilidade – eu falei dando um abraço nele

Michael, assim como eu, sentia muito a falta de Luke. Ele na maioria das vezes me fazia campainha no hospital e me consolava quase sempre que eu caia no choro

-Uma foto? – Minha mãe falou já com a câmera na mão

Eu fiquei no meio de meus amigos, e eles passaram suas mãos pela minha cintura

-Digam X! – Meu pai disse sorrindo

Após algumas inúmeras fotos, finalmente conseguimos sair de casa, chamamos um taxi já que os meninos pretendiam beber. Dentro do carro eles cantavam algumas músicas e aquilo de certa forma me animou, em alguns minutos já estávamos dentro do ginásio decorado em azul, não foi difícil localizar Sabrina e Ashton no meio das pessoas

-Ok, você está maravilhosa – ela falou me abraçando – Arrasou Cal

-Obrigada – meu amigo disse, fingindo jogar o cabelo – Vem, vamos beber

[...]

 Já se passava das 23:00 quando Sabrina subiu no palco, ela já estava um pouco exaltada devido a bebida, então fiquei um pouco preocupada com a minha amiga. Encarei Ashton, e ele parecia tranquilo

-Bom galera, daqui a pouco já vai passar o vídeo dos formandos, mas antes disso – ela falou olhando para mim – Como vocês sabem a alguns meses um amigo e colega nosso sofreu um acidente, e eu gostaria de chama sua ir... Namorada aqui no palco para falar algumas palavras sobre ele, senhoras e senhores December Hemmings – Sabrina disse eu arregalei os olhos, eu não esperava por isso

Todos começaram a bater palmas, e eu no modo automático subi até o palco tentado entender o que estava acontecendo. Me apoiei na pequena bancada e cheguei perto do microfone

-Hmm Boa noite, formandos, alunos, convidados – eu disse nervosa – Eu não esperava por isso, então não tenho nada pronto, mas vamos lá

Ponha para tocar ‘When we were Young’ da Adele

-Como descrever Luke? – Eu falei para mim mesma- Antes de mais nada: ele não está morto. Pode estar morto para alguns, mas não para mim, Luke na verdade continua bem vivo e só vocês repararem – falei encarando a plateia – Ele está em cada acorde de cada música que toca, ele está em cada rua, em cada esquina, em cada livro, em cada frase escrita em cada muro dessa cidade – eu disse - ele está nos raios de sol e nas gotas da chuva, ele está na alegria de uma amizade e na tristeza de uma decepção, ele está nas certezas e também nas incertezas, ele está nos astros, nos anúncios, nas risadas e nas lagrimas – Eu falei sentindo um aperto em meu peito- Luke está no jeito que você vê o mundo, no jeito que você fala e anda, Luke é como um lar, um sonho que se tornou realidade, ele é um filme e um som, talvez se ele não estivesse nesses lugares, ele estaria conosco – falei e então um filme de nossos momentos se passou pela minha cabeça de todos os nossos momentos – Não vou pedir para ninguém esquecer ele, por que o esquecimento é inevitável, mas se lembrem de algo que eu aprendi com ele – falei dando uma pausa, meus olhos acharam os de Calum, que estava chorando – Aprendi que devemos viver nossa vida da maneira mais plena possível, viver um dia de cada vez, mas também vive-lo como se fosse o último, clichê certo? Mas Luke também é clichê, a única coisa que não é clichê era o nosso amor, muito obrigada – Eu disse e todos aplaudiram

Ouvi alguns gritos e assobios, as vozes de Ashton e Sabrina se sobressaiam no meio da multidão, eu consegui sorrir enquanto permanecia no palco, encarando as pessoas em minha frente, até que no fundo, perto da porta eu vi uma pessoa se aproximando. Cerrei meus olhos para tentar enxergar melhor, afinal, quem chega a essa hora?

Até que eu percebi quem era

Tudo ficou em câmera lenta e eu me vi em uma cena de filme, as pessoas sumiram assim como o som, estava apenas eu e ele. Ele foi se aproximando lentamente, o smoking perfeitamente em seu corpo, o cabelo em um tope loiro impecável, as mãos dentro do terno, mordendo o piercing no canto da boca. Não sei como desci do palanque, mas quando percebi estava correndo em sua direção, não hesitei em pular para abraça-lo e meu alivio foi de imediato ao perceber que era de verdade, eu não estava delirando

-Oi Dec- ele disse me abraçando com força

- Luke – falei abraçando com intensidade

Era real