NICO DI ANGELO
Despedidas nunca foram meu forte, mas naquele momento, tudo o que eu queria; era ver aquele enorme barco partir. Quíron havia nos avisado, logo pela manhã, que os campistas estavam retornando ao Acampamento Júpiter. Sentiria falta de Hazel, do mau-humor de Dionísio ao ver mais e mais adolescentes por onde quer que fosse, mas, certamente, desejava que Reyna partisse, de preferência para alguma ilha, a qual estivesse apagada do mapa...
Não havia avistado Will em nenhum momento desde que acordei, Kayla disse-me que ele acabara por ter um imprevisto com alguns dos pacientes, e então não apareceu para o desjejum. Não quis pergunta-la mais sobre isso, sentia-me desconfortável, não queria que achassem que eu era dono da vida do loiro, só sentia sua falta. Respirei fundo e puis-me a andar em direção à praia, raios de sol eram absorvidos por minha pele, a cada passo que dava, a claridade fazia com que eu fechasse mais e mais meus olhos. Pontos coloridos dançavam em minha vista, apertei minhas pálpebras, na tentativa de fazer a sensação passar.
Pude escutar o barulho das ondas se quebrando ao tocar da areia, acabei por mergulhar no que lá acontecia- as marcas, como pegadas, rastros que a agua deixara, vazios que a maré levara. O vento bateu forte em meu rosto, alguns fios de cabelo flutuaram entorno de meu rosto, o odor da agua salgada invadiu minhas narinas, e por um momento lembrei-me de Jackson, era como se cada vez que me aproximasse do mar, partículas dele surgissem...
ALGUMAS HORAS DEPOIS...
Os cachos de Hazel prenderam-se aos meus dedos, o cheiro de avelã de seus cabelos me acalmava, senti a garota me apertar ao abraçar-me, suas mãos percorreram meu tronco, vezes levantando minha camiseta, após certo tempo ali, seus braços se afrouxaram, até escorregarem por minha lateral. Ela tinha os olhos marejados, meus dedos tocaram-lhe a bochecha, e com um sorriso fraco, limpei as lagrimas antes que escorressem.
“Mantenha contato...” disse, deixando um beijo em sua testa, ela fungou, assentiu, abaixando o olhar para minhas mãos.
“Se cuida, ok¿” ela encara minhas íris “Estou falando sério...” confirmei-a com uma piscadela, e então escutei o soar de um sino vindo do barco. Hazel se virou, acenou para um dos romanos à bordo, e voltou-se a mim “eu te amo, nico, diga ao Will que se comporte”
Sem me deixar ao menos responde-la, Levesque correu, subiu pela plataforma de madeira, grudou os dedos em uma das colunas, se jogando para dentro. Algo tocou meus dedos, logo em seguida, vi a pretora se aproximar dos romanos, embarcando. Dirigi o olhar a folha em meus dedos, desembolei dos envelopes, retirando um papel finos, com sua letra entalhada. Levantei-o a um nível que a luz conseguisse deixar a caligrafia clara;
“Nico
Quero pedir-te minhas mais sinceras desculpas, eu estava confusa, e não deveria ter feito aquilo com você, agora sei o que viu no loiro...Passei a manhã na enfermaria, espero que não se importe, sei que dividir nunca foi seu forte.”
E então o barco desapareceu em meio a neblina.
WILL SOLACE
A fome me consumia a cada minuto, havia passado meu dia naquela enfermaria, Reyna fizera-me uma visita mais cedo, ela possuía a mão enfaixada por conta de nosso desentendimento na captura a bandeira. Troquei-lhe os curativos, tentando não quebrar mais um osso por pirraça, ela mordeu o lábio durante todo o processo, como se estivesse repreendendo um cuspe. Não dei tanta importância à suas caretas, ou repugnância, até que finalizasse meu trabalho. Felizmente o mesmo não demorou, e meus pensamentos puderam voltar a Nico, o fato de termos dormido juntos á dos dias atrás ainda se repassava em minha mente. Como seu corpo se encolhia ao meu toque, o quão inocente suas vontades me aparentavam...
Antes que percebesse, senti algo se endurecer em minha virilha, despertei-me de meus devaneios, vivenciando o olhar quente da morena em meu corpo, franzi o cenho, me afastando dela, caminhando em direção a porta do consultório. Não queria possuir mais repulsa do que já obtinha...
Havia preparado uma surpresa para Di Angelo quando a noite caísse, e desta vez, nada nos atrapalharia.
NICO DI ANGELO
Li e reli várias vezes a mensagem no papel, recusei-me a acreditar que Reyna dissesse a verdade, mas de qualquer forma, perguntaria a Will sobre seu desaparecimento.
{...}
Já era tarde, quando escutei batidas leves na porta de meu chalé, estava enrolado em mantas quentes, a qual me repreenderam quando pensei em atender, uma sombra se fez na janela, levando em conta que eu mal me mexera, as cortinas foram afastadas e uma silhueta masculina se formou. Um sorriso veio de encontro aos meus lábios, ao vê-lo ser iluminado pelas velas em cima da escrivaninha. O cabelo loiro ardia em chamas, os olhos azuis brilhavam, enquanto seu corpo era marcado pelas roupas que vestia, engoli a seco, levando o tecido cobrindo-me a boca.
Ele se aproximou, prostrou-se de joelhos ao pé da cama, os dedos quentes deslizaram por meu queixo, meus olhos foram se fechando, ao aproveitar da sensação, o calor foi aumentando, conforme seu peitoral recobriu o meu, seus lábios selaram-me rapidamente, produzindo um suspiro de minha parte, ao afastar.
“O que faz aqui¿” perguntei, quase em um sussurro.
“Passei o dia todo sem ver-te...estava com saudades” sua boca distribuiu selinhos em meu pescoço, fazendo com que eu não conseguisse me concentrar.
“O-o que houve¿” gaguejei, ao sentir da excitação.
“Quer mesmo ouvir sobre meus pacientes¿” ele parou com os toques, fazendo-me recobrar a consciência. Estava em completo transe com o loiro, por mais que me lembrasse da carta, nada daquilo importava no momento. Eu só queria-o, por inteiro, dentro de mim. “Foi o que eu pensei...” ele soltou um riso fraco.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.