História Dear Lemon Boy - Explosive Heart - 08

O tempo passava como um corredor. Perdia suas calorias e não ligava para mais nenhum outro competidor. Me deixava para trás, naquele quarto escuro com um ruivo ao meu lado me agarrando como se nada mais pudesse nos separar. Eu o olhava vez ou outra, as vezes confortado com sua visão, e outras, nervoso pelo mesmo motivo. Não conseguia de todo modo dormir, e enquanto isso meu amigo e também namorado dormia calmamente.  

  Na minha mente, muitas coisas travavam discussões, todas longas e sem muito motivo, querendo um espaço de razão, enquanto a fantasia predominava toda aquela região. Eu olhava então para a porta e mordiscando meus lábios tentava sorrateiramente puxar o braço alheio para fora de sua cintura, me levantando com cuidado para não o acordar, caminhando devagar até a porta amadeirada, abrindo esta e caminhando até o banheiro do final do corredor, me trancando neste.  

  Olhava para meu rosto, passava minhas mãos por todo meu rosto e só conseguia ficar cada vez com mais raiva, agachava na frente da pia e batia diversas vezes minha testa no mármore, tudo isso numa falha tentativa de tirar da minha mente os pensamentos invasivos que me causavam insônia. Era um exato desespero, me levantava e me agachava várias vezes, até que minhas pernas cedessem e acabasse me sentando no chão mesmo, sentindo o sono, começar a chegar.  

  Sem controlar muito, o maldito do dito me fizera despencar num sono. Minha mente, maldita seja também, me fizerá sonhar com aquilo que eu evitava pensar tempinho atrás.  

DREAM BAKUGOU: 

Corria desesperadamente, não sabia se de felicidade, de medo ou de emoção. Mas corria sem parar, sendo seguido por alguém, que sempre que virava o rosto, a mesma também virava. E de repente, todo o chão havia se tornado nada além de poeira cósmica, me levando num passeio sem gravidade para as mãos de alguém que eu não conhecia. Até que fechasse com força meus olhos e me deparasse com seus braços me cercando num abraço, a voz tranquila e forte, acariciando meus cabelos.  

- Se acalme, Kat - falava gravemente em meus ouvidos, com sua respiração comprometida, enquanto apertava meu corpo com força. - Você precisa se relaxar mais, amor.  

Não respondia, talvez não tivesse mais este dom, só via o que estava trás dos ombros alheios que se mexiam diversas vezes frente e trás, enquanto abafadamente escutava sons estranhos, ruídos, semelhantes a gemidos, e junto destes, mais apertos vindos do ruivo. Até que, não visse mais nada. 

DREAM BAKUGOU END. 

Alguém batia freneticamente na porta, uma merda de estrondo forte que fazia meus olhos arderem e minhas orbes se moverem com minhas pálpebras ainda as cobrindo. Aquele infernal barulho continuou batucando na minha cabeça, até que me forçasse abrir os olhos e levantasse, caçando com as mãos a maçaneta, puxando esta e destrancando por dentro. 

- Que é merda? - Falei com os olhos ainda pesados, apoiando meu corpo na porta enquanto queimava um olhar sobre mim. 

- Você tem noção que dormiu no meu banheiro? - Falou em alto Kirishima, me fazendo levar a mão para sua boca, tampando esta. 

- Porra, tabom, qual a merda do problema? 

- Achei que quisesse dormir comigo!!! seria mais confortável. - Parecia chateado. Odiava ver o mesmo assim, ainda mais quando sabia que eu estava errado, sendo que o mesmo teve problemas na noite passada com sua família. 

- Desculpe.. - Meu corpo tombou para frente, estava com meus musculos doloridos e nada que eu fizesse ia mudar isso. Então apenas deitei no peito alheio, fechando meus olhos e voltando a cochilar. 

Sentiu o corpo alheio lhe tomando em colo, sendo levado para algum lugar que eu não poderia dizer qual. Meus olhos continuavam fechados mas parecia que a luz os invadia com força, incomodando e dando sensação de ardência, até que eu estivesse sentado num canto gelado, abrindo meus olhos para poder me localizar. 

- querido, pensávamos que acordava cedo - Falou Emma, com o caldo em mãos, o erguendo em minha direção como se fosse uma oferta. 

- eu não estou muito acostumado a dormir fora... 

Aceitei o caldo e o derramei sobre as panquecas que ainda produziam fumaça por conta da sua temperatura, suspirando e então começando a comer devagar cada pedaço daquela delícia, muitas vezes fechando meus olhos por apreciação, mordendo meus lábios com como parecia irreal o gosto que tinham aqueles doces. Passei a tomar suco, e outra maravilha conheci. 

- Do que é? - perguntei de boca cheia, entupindo a mesma cada vez mais. 

- É feito de banana, mamão, maçã, morango, beterrada, amendoim, mel, xarope de guaraná e aveia. - Hesitei em voltar a beber, mas que dane-se o gosto era fantástico, tomei mais longos goles e repeti. - Um suco turbinado, é o favorito de Eijirou. 

- Pensei que fosse Morango - Falei por cima da mesma, olhando para o menino ruivo que começou a coçar a nuca, talvez constrangido com a situação. - Falei que era - respondi antes mesmo de ouvir Kirishima, começando a assistir este tentando explicar para sua mãe que tomava o turbinado para malhar mas amava morango. 

Era uma família engraçada de ver, não era nada próxima da minha que vivia nos socos e cochichos, estavam sempre conversando ou demonstrando afeto, e vinha dai talvez todo o carinho que Eijirou tinha. Não consegui desviar meu olhar deste desde então, ele era adorável, e suas expressões sempre melhoravam a cada palavra que falava. Até que, olhasse para mim e sorriso, aquele maldito sorriso pontiagudo que tanto fazia meu coração palpitar, me fazendo xinga-lo pessoalmente e mentalmente o agradecer. 

A manhã acabou sendo assim, cheia de amor e interação, da parte deles é claro. Eu sempre achava meios de me safar, e foi até que bom. Depois, na hora de ir para casa fiquei pensando nisso tão frequentemente que esqueci de zoar meus pais, e creio que estes também esqueceram de me perturbar, já que ambos, abraçados, vieram até mim e apenas sorriram, estavam estranhos, mais do que o normal digo. Nunca foram assim e a mudança repentina me assustava, entrei em meu quarto e larguei minha bolsa em qualquer canto dali, abrindo meu armário e tirando dali minha antiga fantasia de All Might, observando esta atentamente e então me recordando de Midoriya. 

Sentia um aperto em mim, um tipo de dor diferente. E esta dor não me deixou deitar em paz, então, peguei meu celular e rapidamente selecionei o bate-papo de Deku, tirando uma foto da roupa e mandando para este. 

Bakugan@@; 
Ei, seu merda. Olha o que eu achei   14:05
 

Deku de merda: 
  Hahaha, Kacchan, se lembrou de mim??  14:05

estou tão feliz  14:06

Bakugan@@; 
Seu fodido, é claro que não  14:07
Só achei que iria gostar de ver  14:07

Deku de merda: 
estou feliz que tenha lembrado mim ainda assim  14:08

Bakugan@@; 
Foda-se  14:09

Saí da conversa com o menino de cabelos esverdeados já irado com suas ditas, vendo que este ja mandava um trilhão mais de mensagens, sorrindo com toda a alegria e desespero alheio, Deku era seu melhor amigo, esperava o dia certo para dizer isso, mas não seria agora. Entrou então na conversa de Kirishima, vendo que este lhe havia enviado uma foto fazendo coração com uma das mãos. 

Cabelo De Merda: 
anexo; legenda: COMPLETE MEU CORAÇÃO, BRO  13:40
BRO!  13:50
BROOOOOO!    14:00

Bakugan@@; 
Caralho?? 14:11 
Você é chato para caralho.  14:12
anexo; foto dando dedo: legenda:  MORRA. 14:15

Cabelo De Merda: 
Apesar de ser mal comigo, eu sempre vou te amar, bro  14:11
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA  14:15
KAT VOCÊ É TÃO LINDO  14:15
SOU TÃO SORTUDO, EU JÁ BEIJEI ESTÁ PESSOA FABULOSA  14:16 
surtei.  14:16

Bakugan@@; 
idiota.  14:16