História Dear Lemon Boy - Você percebe que está azedo?

Ver Izuku me deixou em choque, ainda mais com o bicolor. Por um momento pensei que fosse soltar tudo para fora, que diria o quão eu estava indignado e amedrontado, que eu não concordava mas queria ter seguido apenas para ficar com o menino. Mas percebi que não. Não, simplesmente não. Eu não conseguia, eu não falava, eu não gesticulava, eu não processava e não fazia mais nada além de ficar paralisado. 

Então basicamente tudo aquilo que eu arrumei no quarto foi bagunçado pelo meu nervosismo, no caso pelos meus braços descontrolados. Eu não conseguia simplesmente ficar imóvel, eu me deitava na cama e esfregava meu rosto no travesseiro, eu girava e me mexia na cama, a ponto de cair da mesma e fazer todos os meus equipamentos de treino caírem por conta do estrondo. Foi uma grande algazarra e por este motivo eu acabei machucando meu pé. Me levantei com a dificuldade e tratei meu pé torcido e com hematoma, assim indo dormir por conta do remédio que me dava sonolência. 

Eu esperava que no dia seguinte tudo fosse sonho, mas a verdade é que minha mente era um breu naquele momento, meus sonhos eram vagos e eu nem mesmo me lembrei do que estava acontecendo no mesmo. Eu não estava feliz quando me arrumei e não mudei minha face quando precisei sair do quarto mesmo que mancando para ir a aula. Eu estava um lixo, eu não havia tomado um banho descente, apenas havia jogado uma água no corpo, escovado os dentes e me arrumado, eu havia esquecido de perfume, de desodorante, de arrumar o cabelo que estava molhado e embaraçado. Eu não estava atraente. 

- Hey, Kirishima - Me chamou Bakugou que me viu saindo do quarto na mesma hora que o mesmo. 

- Ola, bro - Falei com os olhos entre-abertos e os lábios manchados. 

- Você está horrível, não deveria ter se arrumado melhor? Olhe isso - O menino parou na minha frente e ajeitou minha gravata e os botões da minha camiseta, colocando meu blazer de maneira certa sobre meus ombros. - Parecia um zumbi e seu rosto está assustador, peça uma base para Ochako. 

- Certo. - Apenas concordei, estava mais preocupado em falar o que queria para o mesmo. - Bakugou.. - O chamei e o vi olhar para mim, mas perder o foco quando o mesmo avistou o casal Tododeku, esquecendo qualquer boa conduta e agarrando meu rosto, me deixando um beijo sufocante, enquanto me prensava na parede. No primeiro instante eu fiquei de olhos abertos tentando entender a situação, mas logo estava lhe retribuindo e fechando meus olhos. 

- KIRISHIMA, kACCHAN - Chamou animado Izuku, o mesmo não parecia nada com o dia atrás, ele estava mais feliz e mais radiante, dava para perceber até o aumento da irritação de Bakugou a ver aquilo. - Se resolveram? 

- O que, seu merda? - Ele olhou para o menino de cabelos esverdeados, me largando e me deixando de canto. 

- Kirishima disse que haviam brigado. - Ele pareceu confuso e eu nem podia olhar mais, meu coração desmoronava mais uma vez, eu me sentia terrível. 

- A, isto, sim. Sabe como é, nos amamos demais e acabamos brigando. - Ele estava dando desculpas novamente, e eu havia feito o mesmo no dia anterior, eu não podia o achar menor do que eu, eu já estava semelhante a um criminoso. 

- Fico feliz por vocês, Kirishima parecia realmente chateado, não o faça mal em Kacchan. - Izuku era um bom amigo, ele continuava me defendendo de coisas que ele não sabia e isso era até bom, mas eu quem estava deixando e não podia simplesmente envolver todos nesta minha bagunça. 

- Kirishima é um bebêzão, não é amor?  - Levantei meu rosto, eu estava ainda mais indignado. Eu olhava para os lados e via todos com seus amores, cada um de uma forma diferente. Todoroki abraçado de lado com Izuku enquanto introduzia Kacchan, Ochako conversando com alguém no telefone, Jirou empolgada ao lado de Momo, Kaminari com Mineta cantando diversas meninas e milhares de outras maneiras de amar e dizer amor, e porque eu amo Katsuki eu não posso deixar o mesmo se tornar alguém que eu detesto. 

- ESCUTEM AQUI. - Me reuni em forças do subconsciente. - EU NÃO SOU UM BEBÊ, KATSUKI. SOU UM CARA QUE AMA VOCÊ MESMO QUE VOCÊ FAÇA O QUE QUEIRA SEMPRE. EU ESTOU SUPORTANDO ISSO POR VOCÊ, MAS NÃO DA, EU NÃO POSSO DEIXAR QUE CONTINUE SENDO ESTE TRASTE, É PIOR QUE MERDA, VOCÊ DEIXOU DE SER MEU PRÍNCIPE ENCANTADO NO EXATO MOMENTO EM QUE ME BEIJOU POR VINGANÇA E NÃO POR AMOR. E TODOROKI, EU NÃO NAMORO COM KATSUKI BAKUGOU, EU BEM QUERIA, NA VERDADE PASSEI ESSA SEMANA PLANEJANDO O CONQUISTAR JÁ QUE NOS ÚLTIMOS MESES EU ESTIVE SENDO VISTO POR ELE COMO UM AMIGO OU UM IRMÃO EM QUE ELE PODE DESCONTAR SOCOS FORTES PORQUE SIMPLESMENTE TEM UMA CAMADA PROTETORA. MAS JÁ DEU. EU ME CANSEI DE TE AMAR, KATSUKI. - Eu não podia ter sido mais claro, eu não podia ter falado mais bobagem. Eu estava arrependido, mas também estava orgulhoso. 

Eu sai rápido, não quis dar tempo deles rirem na minha frente ou brigarem por minhas palavras. Eu queria estudar, queria descansar e apenas seguir meu fluxo. Eu não iria mais dar estas mancadas comigo mesmo, eu iria me valorizar mais, era uma promessa para mim mesmo. Eu caminhei a aula determinado, vendo Iida esperando por todos como um recepcionista faria, me dando seus bons dias adoráveis e me introduzindo na aula de hoje. Dentro da sala já estava formado meu grupinho. Kaminari brincando de equilibrista, colocando um lápis em seus beiços em formato de bico, Mina encima da Mesa de Kaminari, Sero ao lado, inclinado contando certamente mais uma de suas notícias bizarras e enfim eu, que chegava perto cada vez mais. 

- ORA ORA, se não é o namorado de aluguel - Mina disse alto, brincando, levantando da mesa e vindo me abraçar. - Vai ficar tudo bem, pitico. 

- Que? Vocês já sabem? - Estava meio indignado, mas era óbvio que isso aconteceria, eu não deveria esperar menos. 

- Jirou escutou seus gritos e a ultrasonic gravou tudinho. Olhe isso. - Mostrou seu celular para mim, por incrível que parecesse já tinha visto no Herotube. - Estão todos comentando sobre sua sexualidade, meninão.

- Mas pode deixar que a gente te protege - Sero chegou perto também, me entregando um óculos de sol maneiro. - Aqui, para te ajudar a esquecer do moreno. 

- Como isso vai funcionar? 

- Coloca cara, você nem testou. - Eu segui sua instrução e então coloquei. 

- E agora? 

- Aperta o botãozinho da esquerda. - Eu o fiz, e estranho. Automaticamente começou a reproduzir algo nas lentes do óculos, o que foi bem impressionante. - Maneiro né? Eu pedi para a Mei fazer, já tem um tempão. Era para mim, mas fica para você por uma semana. 

- Cara, você é show!!! - Eu tirei os óculos e lhe abracei, tentando retribuir o carinho que o mesmo estava me dando todo aquele tempo. 

- Kiri, é um dos nosso não se esqueça. - Denki falou sério por um tempo mas logo estava se preocupando com seu lápis. 

Nossa diversão durou bem menos do que eu esperava, pois Katsuki havia aparecido e com isso todos foram para seus lugares e estranhamente todos o encararam mais do que me encararam. Ele parecia estar sendo odiado de longe, mais do quer normalmente e isso me preocupou, porém eu estava magoado demais para simplesmente ir atrás do mesmo e falar com si. 

Não falar foi pior que qualquer outra coisa. Minha mente se perdia em perguntas como: "Tudo bem? Você está me odiando? Eu posso me redimir com você? Quer conversar? Gosta de música rock n' roll? eu sinto muito, podemos recomeçar? Eu não quis dizer que te amo, você entende, era como amigo né. Você entende né?". Perguntas retóricas que eu não teria resposta, as perguntas que eu mais necessitava saber. Naquela hora, Física parecia fazer sentido, pelo menos mais do que tudo aquilo que eu estava vivenciando. Parecia tudo tão mal contado, ou uma brincadeira de péssimo gosto feita pelo guardião das histórias de vida. 

Eu estava me afundando, e era até irônico sentir algo que foi provocado por si mesmo. Na minha playlist só tocava emo músicas, ou rock depressivo, sem contar os punks como Green Day, que só me tensionava mais. Eu não queria admitir, mas já não estava animado nem mesmo para treinar. E então, creep parecia encaixar perfeitamente no meu perfil do Facehero: "Mas eu sou uma aberração; Eu sou um esquisitão; Que diabos estou fazendo aqui?; Eu não pertenço a este lugar; Eu não ligo se isso machuca; Eu quero ter o controle; Eu quero um corpo perfeito; Eu quero uma alma perfeita; Eu quero que você perceba; Quando eu não estiver por perto; Que você é especial pra caralho."

Eu poderia pegar dicas com Tokoyami para me tornar realmente das trevas como o mesmo, mas acho que nossas questões eram divergentes, sem contar que na verdade o menino pássaro era legal para caramba e mais divertido do que aparentava. Eu deveria ficar animado pelos meus amigos que não iriam desistir de mim. Eu estava me convencendo disso aos poucos, eu sei que irá demorar ainda assim. 

- Kirishima - A voz feminina vinda de trás me causou surpresa e me fez parar, mas foi contagiante poder escuta-lá. 

- Olá, Tsuyu - Sorri de canto para a chegada da mesma.

- Tsu, Kirishima-kun - Eu ri, ela sempre estava preparada para corrigir, ela sim provava que queria ser próxima de alguém. - Kiri-san, suas mães ainda vendem bolinhos? 

- Sim, está interessada? Eu me virei totalmente para a mesma, tirando as mãos dos bolsos e os fones do ouvido. 

- Sim, eu queria um bolinho para comemorar o aniversário do meu irmão, ele não sabe de nada que programamos por isso a mamãe não conseguirá fazer em casa, kero. - Seu indicador foi rapidamente para perto deu lábio inferior, mostrando sua feição fofa de sempre. 

- se for este o caso, então é de graça para você. Eu tenho muito o que te agradecer ainda. - A menina parecia confusa, mas não contestou muito, apenas sorriu e me deu um abraço. 

- Obrigado, Kiri-kun. 

- Que nada, Tsu-chan. 

A menina sapo foi pulando por ai, enquanto acompanhava a menina invisível por ai, ambas calmas e conversantes, sem aparentarem ter problemas, sem mostrarem saber de tudo que eu já havia feito naquele corredor naquela mesma manhã. Eu não me estressei mais, fiquei gastando meu tempo com meus amigos, incluindo Mina, na verdade principalmente ela. Todos na escola já sabiam que Mina havia sido meu primeiro amor, e meu meio de percepção, foi com ela que eu percebi que gostava de homens, eu tenho muito o que fazer para a recompensar, por isso sempre estarei ao seu lado, como prometido. 

- Vai, Começa. - Voltamos a estaca zero. Lá está ela. Deitada na cama com as pernas para cima apoiadas na parede e a cabeça deitada na borda da cama, enquanto eu estou sentado no chão, apenas quicando uma bolinha sem parar. 

- O que? 

- O que rolou de verdade. 

- Eu vou resumir em - Falei e a mesma riu, me dando um tapa nos ombros. - Então, ele veio com aquele complexo de superioridade dele, queria diminuir o Izuku então queria me usar como meio de competição quando descobrimos sobre o relacionamento de Todoroki com Izuku. 

- Eles são fofos juntos. 

- Eles são né? - Eu corei e agarrei meu corpo, deixando a bolinha de canto, eu me lembro de ter visto os dois abraçado e aquilo me deixava muito alegre, era estranho a explosão de alegria que sentia, mas era boa. 

- Continua, menino. 

- Ok, enfim, Ele me beijou, foi meu primeiro né, pensa em como fiquei doidão. Mas ai, caí na real. Eu sou uma ferramente para o Bakugou, nosso segundo beijo foi um desastre, e eu acabei soltando tudo quando ele me chamou de amor. Eu não sei porque isso mexou comigo, mas mexeu. 

- Perdeu a chance de beijar o moreno por isso? 

- Sei que parece estranho. Mas partiu meu coração. Eu não quero ter um falso namoro com uma pessoa que falsamente me ama, eu quero que ele me sinta como eu sinto ele. Sacou?

- Acho que sim.

Mina ainda não entendia, mas eu também não, e apesar de frustante, era minha vida.