Kyungsoo passou o dia se arrastando entre os segundos e entre as repetições que sua mente fazia das últimas conversas com Jongin. Se lembrava a cada momento das mensagens trocadas e de como parecia natural que compartilhassem seu dia a dia, ele queria saber tudo sobre o outro e a sensação de que o sentimento era recíproco fazia aquilo ainda melhor. Queria gastar suas horas falando com ele, porque até mesmo o cansaço de um dia estressante de trabalho ficava de lado quando falava com o ômega, Jongin tinha essa maneira estranha de deixá-lo a vontade, de se fazer presente e necessário mesmo quando o alfa já acreditava ter se acostumado com a sua ausência. A verdade é que às vezes Kyungsoo se arrependia pelo tempo que tentou se convencer de que não o amava, mas no fundo achava que tudo aquilo havia sido necessário, não só pra ele, mas para o ômega também.
Foi doloroso ter Jongin longe, mas também foi realizador vê-lo voltar para si, não pela marca, não por achar que lhe devia algo, nem por aquele sentimento confuso inicial, foi bom vê-lo voltar porque o queria, assim como Kyungsoo também o queria e agora, que conseguia admitir isso, se sentia mais livre. Queria tanto aquele ômega, que mal conseguia conter o nervosismo em vê-lo novamente.
Sorriu em frente ao espelho do quarto se achando um bobo, nunca imaginou que fosse passar por isso novamente, pelas borboletas no estômago, a ansiedade do encontro, a vontade de ver o rosto do outro, de saber como ele estaria, escutar sua voz presencialmente, tudo isso o preenchia pouco a pouco e o fazia desejar que os minutos corressem mais rápido.
— Quem te viu, quem te vê, Kyungsoo — escutou a voz de Sehun e revirou os olhos, antes de sorrir para o filho que havia entrado no quarto.
— As vezes eu me pergunto se você se lembra que ainda sou seu pai — reclamou, um falso ar de repreensão pairando entre eles, morrendo no sorriso que compartilhavam pelo espelho.
— Você me sustenta, não tem como esquecer disso — brincou, se aproximando do pai para ajeitar a gola da camisa do mais velho — não acredito que vocês demoraram tanto pra me contar.
— Eu não sabia se podia ainda — começou incerto — acho que contar para alguém era admitir que talvez não dê certo sabe, que essa possibilidade existe.
Sehun suspirou, encarando o pai, ele havia mudado, assim como Jongin. Se fosse parar pra pensar, todos eles haviam mudado um pouco.
— Também existe a possibilidade que vocês dêem certo — falou animador e viu o mais velho sorrir.
Kyungsoo se virou e encarou o filho por algum tempo, era incrível o quanto ele se parecia com mãe e como assim como ela, parecia saber o que dizer e o que fazer quando o mais velho perdia um pouco o rumo, foi Sehun que o abriu os olhos quando necessário, foi ele quem o convenceu a uma terapia e também sempre foi ele que o manteve de pé, era seu orgulho e sua pequena fonte de alegria.
— Eu amo você, meu filho — acabou murmurando pegando o alfa mais novo de surpresa.
— Melhor guardar o romantismo para outro momento — brincou, meio envergonhado e Kyungsoo riu mais abertamente, o puxando para um abraço.
— Eu amo você e tenho muito orgulho da pessoa que você se tornou, acho que às vezes não falo isso com tanta frequência quanto deveria, mas você precisa saber o quanto eu sou feliz pela existência que você é filho — confessou e foi abraçado com força.
— Eu te amo, pai — Sehun falou baixinho, quase como uma confissão, não irá admitir o quando era bom escutar aquilo, foi pego de surpresa e se sentia completamente vulnerável, ainda assim, feliz — Agora chega disso, você tem um encontro e eu uma tonelada de séries pra por em dia.
— Não vai sair com o Baekhyun hoje?
— Com quem você acha que eu vou ver essas séries todas? — Brincou, se afastando do pai em direção a porta — Pai, seja feliz e faça o meu amigo feliz — pediu antes de sair de uma vez do quarto.
— É o que eu mais quero — o alfa ainda murmurou, mesmo que Sehun já tivesse saído.
***
De todos os cenários que Jongin imaginou para aquele encontro, estar totalmente calmo nunca havia sido uma opção, mas indo contra tudo que sua mente havia fantasiado, ali estava ele, completamente feliz e confortável com a presença do outro. Óbvio que havia ficado nervoso de início, quando olhou da janela de seu pequeno apartamento e viu Kyungsoo parado lá em baixo encostado ao carro, sentiu suas pernas tremerem um pouco e uma vontade absurda de trocar novamente as roupas, que já haviam sido trocadas pelo menos umas dez vezes, como se nada que vestisse fosse bom o suficiente ou passasse a ideia certa, mesmo que ele não soubesse dizer qual era a ideia que gostaria de passar.
Levou pouco tempo para que o nervosismo se perdesse, talvez tenha acontecido no momento em que Kyungsoo o deu boa noite com aquele sorriso pequeno e tímido que fez seu coração falhar uma batida, ou quando emendaram em uma conversa animada assim que entraram no carro. pra ser bem sincero, Jongin não esperava aquilo, mas nunca esteve tão contente por algo sair totalmente fora do planejado, agora ali, enquanto Kyungsoo provava a sobremesa depois de jantarem, ele se permitiu encarar o alfa e pensar a respeito de toda aquela situação.
— O que foi? — Kyungsoo perguntou curioso ao perceber o ômega o encarando — tem algo no meu rosto? — perguntou meio afoito enquanto levava o guardanapo à boca, o deixando de lado assim que viu Jongin negar.
— É só que… — O mais novo parou, sentindo as bochechas esquentarem, será que ele pareceria bobo falando sobre aquilo? desviou o olhar do alfa a sua frente, mas acabou voltando a encará-lo quando a mão dele alcançou a sua sobre a mesa, em um carinho leve e reconfortante.
— Algo errado? alguma coisa te incomodou? — Kyungsoo perguntou incerto e viu Jongin negar e suspirar mais uma vez, o rosto meio vermelho enquanto tentava manter contato visual.
— Eu achei que seria diferente — começou, se apressando em continuar antes que o alfa entendesse algo errado — não achei que fosse ser tão natural nos dois juntos, eu gosto disso, gosto da forma como a gente se dá bem e como tudo parece normal.
— Eu também gosto — Kyungsoo confirmou fazendo o ômega olha-lo — eu gosto de você, Jongin e estar com você é o que eu mais quero, acho que é normal a gente querer tá perto de quem gosta, não é? — perguntou.
Jongin apenas assentiu falhando miseravelmente em conter um sorriso, seu peito parecia explodir em um milhão de fogos de artifício, deveria ser um crime a forma como aquele alfa mexia com ele, a forma que ele o olhava e o jeito que o travava agora. Aquele Kyungsoo que o amava de volta, havia sido algo que em dado momento, acreditou nunca poder ter e agora, contra todas as possibilidades que sua mente havia criado, estavam ali, transbordando reciprocidade.
Terminaram o jantar em um silêncio confortável e quando saíram do restaurante e Kyungsoo segurou sua mão o puxando para caminharem um pouco pelo parque iluminado ali perto, Jongin apenas se deixou levar. Eles conversaram, os dedos entrelaçados como se fosse algo que faziam sempre, transmitia um calor gostoso e mesmo quando saíram dali, depois de mais algumas conversas e um sorvete, Jongin era capaz de sentir esse calor irradiando pelo seu corpo, então, quando Kyungsoo parou em frente ao seu prédio e lhe sorriu doce, Jongin se inclinou para ele, puxando sua a mão e a encaixando na sua novamente, sentindo a sensação gostosa das palmas se tocando.
— Você não vai me beijar antes de ir? — perguntou, rindo um pouco da leve surpresa que preencheu a expressão do alfa por alguns segundos, antes de se desfazer em um sorriso.
O alfa se aproximou um pouco mais, o nariz roçando de leve contra o seu, preenchendo-o com uma ansiedade premeditada. Jongin mordeu o lábio inferior de leve, desejando que aquele curto espaço entre suas bocas desaparecesse e poderia jurar que o alfa sorriu mínimo diante de sua ação. Quais reclamar, mas antes que pudesse falar algo, Kyungsoo uniu seus lábios em um toque suave, pouco a pouco impondo pressão até que o beijo se aprofundasse por completo o deixando completamente mole.
Kyungsoo sentia vontade de continuar naquele beijo para sempre, os rostos colados, o cheiro do ômega preenchendo seus sentidos e sua mão firme contra a pele quente da nuca dele, mas se afastou quando escutou o primeiro suspiro de Jongin. Deixou alguns selares sobre a boca alheia, prolongando o máximo possível aquele momento e depois espalhou mais alguns beijinhos pelo rosto do ômega que sorriu tímido.
— Eu quis tanto te beijar a noite inteira — confessou, como se aquilo fosse um segredo.
— Você pode me beijar mais vezes se quiser — Jongin falou se inclinando para selar os lábios do alfa que sorriu — boa noite, Kyungsoo.
— Boa noite, Jongin — Se despediu, observando enquanto o ômega saia do carro e entrava no prédio — Droga, Jongin, eu realmente não me vejo mais sem estar com você.
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