História Dear Ômega - Quatro

Sehun se alongou enquanto caminhava ao lado de Jongin em direção a sua sala do cursinho, seu cio havia acabado e agora ele se sentia completamente destruído, era a primeira vez que o passava sozinho e dopado, antes costumava ficar com uma das meninas do colégio, algo como uma troca de favores entre amigos, já que Jihyun assim como ele odiava a ideia de se dopar e tinha duas mães de mentes abertas sobre o assunto, assim como Kyungsoo que nunca o impusera que se dopasse.

Na época nenhum dos dois tinha idade para os supressores, já que os especialistas diziam que mesmo os cios começando entre quinze e dezesseis anos, só aos dezoito seu sistema reprodutivo estaria maduro o suficiente para que pudessem tomar os inibidores sem que os afetasse de forma negativa e que o mais aconselhável eram os remédios para doping que Sehun não suportava, sempre via o estado que Jongin ficava, completamente exausto após o período, já que o ômega era obrigado a se dopar.

— Achei que você já estivesse tomando os inibidores. — Jongin questionou, vendo o amigo se alongar mais um pouco, haviam se passado três dias desde toda aquela confusão com Beom e a namorada, três dias desde que havia visto Kyungsoo.

— E eu tô, tanto que não foi realmente um cio, sabe? — Perguntou, vendo o amigo o olhar confuso. — Assim, meu cio normal geralmente duraria dois dias e nesse foi apenas um, só o dia que a gente tinha marcado e meu pai foi te buscar.

— Mas Hunnie, você só está voltando hoje. — Jongin voltou a falar, tentando entender porque o amigo demorou tanto para voltar para as aulas.

— Então, meu pai achou melhor eu ficar em casa os dois dias e ontem o Kyungsoo acabou me levando ao médico, mesmo ele me explicando por cima, achou que seria melhor que um especialista me explicasse. — Comentou e parou ao ver o ômega rir. — Que foi?

— É engraçado você chamando o seu pai de Kyungsoo.

— Ah, isso é coisa do Suho, ele sempre me dizia pra chamar o pai assim pra poder provocar. — Explicou vendo o ômega o olhar confuso. — Então, o nome dele mesmo é Junmyeon e ele é tipo um tio? Ele é amigo do meu pai tem anos, se conheceram na faculdade ou algo assim, mas ele só voltou para o país um ano atrás, eles iam ser sócios no escritório mas segundo meu pai, Suho odiava direito mesmo se formando nisso e agora ele prefere viver como produtor musical, já que música sempre foi a paixão dele mesmo que não quisesse cantar.

— Okay, muita informação, mas acho que entendi. — Jongin respondeu, meio incerto se deveria se render a curiosidade ou não, mas se rendendo no fim. — Ele e o seu pai são muito próximos ne? — Perguntou, vendo Sehun rir e o olhar com aquela cara que ele fazia quando tinha uma grande fofoca, como as vezes em que ele descobria os casinhos secretos dos alunos do cursinho.

— Próximos? Jong, eu tenho certeza absoluta de que eles se pegam, na brotheragem. — Comentou fazendo aspas com os dedos, rindo da própria fala em seguida. — Eu acho que ele é o mais próximo que meu pai chegou de um relacionamento depois da minha mãe.

Jongin abaixou o olhar, sorrindo minimamente para disfarçar a sensação de tristeza que de repente o preencheu, Kyungsoo tinha alguém, óbvio que ele tinha e esse alguém não ele, nunca seria. Balançou a cabeça afastando os pensamentos e decidiu mudar de assunto.

— Você disse que foi ao médico, o que ele disse? — perguntou, um pouco curioso já que também havia começado com os supressores.

— Então, ele disse que eu deveria ter começado a tomar antes, porque leva alguns meses pro organismo se adaptar e tudo mais.

— Você tava tomando há quanto tempo?

— Um mês e meio eu acho, quase dois.

— Será que eu também vou sentir algo Hunnie? — Perguntou preocupado. — Eu tô tomando faz dois meses e meio já e meu cio é pra vim em duas semanas, vão ser três meses de supressor, será que vou sentir algo?

— Olha, ele disse que com três meses já tá estabilizado, que só seria arriscado estar com um parceiro ou parceira no cio, porque daí parece que os feromônios acabam afetando o corpo e desencadeando um estado semelhante ao cio, mas que depois de seis meses já fica tudo certo e o corpo tá cem por cento adaptado.  — Explicou, vendo o ômega o olhando atentamente.

— Então acho que tudo bem, afinal as chances de eu tá com alguém daqui até lá são zero mesmo. — Brincou, vendo o amigo revirar os olhos.

— Você não tá com alguém porque não quer, acha que eu não vi a Jieun te dando mole, aquela alfa arrasta um bonde por você e ela é bem legal.

Jongin ia responder o amigo mas se assustou ao ter seu corpo empurrado de forma bruta, quando alguém passou entre ele e Sehun, escutou a voz grave murmurar um “puta” enquanto se desequilibrava e caia no chão.

— Você tá ficando cego, Beom. — Sehun gritou irritado, chamando atenção das pessoas no corredor enquanto ajudava Jongin a se levantar.

— E o que eu deveria ver, esse ômega rejeitado ou o projeto de alfa que você é? — Respondeu irônico, encarando Jongin que já estava de pé e segurava Sehun por um dos braços.

— Deixa Hunnie, ele só quer confusão, eu tô bem, só vamos embora logo. — Pediu, vendo o amigo o encarar, mas quando se viraram para ir embora, Beom voltou a falar.

— Tá vendo ai, ele mesmo já sabe que não tem valor nenhum.

Jongin se encolheu, sabia que os poucos alunos que estavam no corredor o encaravam e queria apenas sumir, não era um cidade grande e muitos dos alunos ali estudaram no mesmo colégio que ele, alguns ainda deveriam se lembrar dos rumores sobre sua mãe e como ela não o queria. A mão que segurava o braço de Sehun apertou com mais força, chamando a atenção do alfa que sentiu o sangue ferver quando viu o melhor amigo com os olhos cheios de lagrimas. Sehun se soltou de Jongin indo até Beom e o puxando pela gola da camisa, o outro alfa sorria em desafio.

— Porque não procura alguém da sua casta pra brigar Beom, ou atormentar ômegas indefesos é um esporte de família? — Sehun provocou vendo o sorriso no rosto do outro se desfazer, não gostava de provocar alguém, muito menos usando a família para isso, sabia que o irmão do garoto cumpriu pena por perseguir uma ex namorada, não queria chegar aquele ponto, mas não aguentava mais o ver atormentado Jongin.

Jongin olhou de Sehun para Beom, sentia o clima pesar com os alfas liberando seus presenças, era quase uma disputa, mal conseguia respirar direito com a quantidade de hormônios hostis que começavam a se espalhar, queria sair dali, queria gritar para que parassem, mas não conseguia dizer nem mesmo uma palavra, ainda viu Misook se aproximar, tentando acalmar Beom que agora já segurava Sehun da mesma forma, pela gola.

— Vocês poderiam parar com essa cena, por favor. - Uma voz suave, mas firme, soou entre os presentes, fazendo aquele clima de dissipar em questão de segundos. Todos ao redor pararam para encarar o alfa mais velho e os alunos no corredor começaram a entrar em suas salas assim que receberam um olhar dele.

Baekhyun não era fã de discussões, em outro momento talvez não se metesse, mas ali ele não era apenas uma pessoa de passagem, era professor, aqueles provavelmente seriam seus novos alunos em alguma turma, ele não poderia simplesmente ignorar, suspirou, observando os alfas se afastarem e uma ômega se agarrar ao braço de um deles, enquanto tentava o acalmar e se acalmar liberando seu cheiro, uma ômega marcada provavelmente.

— Vocês poderiam controlar esses hormônios, estão fazendo mal para o ômega. — Falou, apontando para Jongin que agradeceu mentalmente. — E você — Apontou para Beom. — Sua ômega parece bastante afetada, você deveria saber que em uma marca recente ômegas sentem muito mais os sentimentos de seu alfa, então o mínimo seria você se controlar para o bem dela, já que mesmo que ela não seja afetada pela presença hostil, ainda é afetada pela sua raiva. — Falou sincero, vendo o alfa dar de ombros e se afastar, com a ômega encolhida ao seu lado.

— Não acredito que o Beom marcou a Misook. — Sehun murmurou descrente, enquanto puxava Jongin para os seus braços e se desculpava baixinho, passando algum conforto para o ômega. — Acho que tenho um pouco de pena dela.  Continuou mas logo desviou o olhar para o outro alfa que ainda estava em pé ali, em silencio o observando. — A propósito, muito obrigado. — Agradeceu se separando do ômega.

— Um alfa agradecendo por outro ter se metido no meio da sua discussão? — Baekhyun brincou, ainda que achasse aquilo estranho. — Você não deveria estar dizendo que é capaz de defender seu ômega sozinho e que não precisa da ajuda de ninguém? — Continuou em tom descontraído, arrancando um sorriso de Jongin, que finalmente parecia mais tranquilo, e uma careta de Sehun. — Ah, eu sou Baekhyun, novo professor de Biologia daqui.

— Eu sou Jongin, e esse é o Sehun e ele não é meu alfa. — Jongin explicou o mal entendido, o alfa assentindo ao seu lado, como que para garantir que o outro entenderia. — Apesar de ser um alfa muito bom. — Continuou, vendo Sehun corar pelo elogio.

Baekhyun se perdeu por uns segundos observado a face corada do outro alfa, ele tinha um rosto bonito, e umas reações muito fofas para um alfa, riu de si mesmo ao ter aquele pensamento, afinal, quem era ele pra julgar uma pessoa pela aparência ou forma de agir quando até pouco tempo atrás ele mesmo era tido como um alfa dócil demais? Se despediu dos garotos se afastando aos poucos para entrar na sala e tentando limpar a imagem de um Sehun tímido da sua mente.

— É apenas outro alfa Baekhyun, só outro alfa e um aluno. — Murmurou para si mesmo entrando na sala e dando bom dia aos presentes antes de iniciar a aula.