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História Death Carnival - A carta - Parte I.


Escrita por: KuroNeko45

Notas do Autor


Primeiro capitulo aqui. o/
Tive que separar em duas partes! >.<
Obrigado por lerem.

Capítulo 2 - A carta - Parte I.


Fanfic / Fanfiction Death Carnival - A carta - Parte I.

12 de Outubro. 10:57 am.

Brian Storm, vinte e sete anos, cabelos negros e caídos sobre o rosto, olhos azuis e cheios de ódio. Sempre montado em sua motocicleta vagando pelas estradas friorentas daquela cidade, o Canadense não passava de um mero entregador de Pizza com nervos incontroláveis. Brian fazia parte de uma gangue e sempre apanhava quando era visto fazendo seu trabalho, taxado como traídor por estar prestando serviço por dinheiro. Porém só queria pagar sua faculdade. Ou talvez aquela seria uma de suas punições por ser tão impulsivo. 

Naquele dia, ele estava encarregado de mais uma entrega, agora em uma escola cuja uma das classes recebeu um vale brinde do dia 12 de Outubro. 

Dez caixas de Pizza para apenas uma classe. 

Excedeu-se o tempo de entrega.

Estacionando em frente a escola, os minutos já haviam acabado, a pizza no mínimo estava fria e dura. Mesmo assim, ele não desistiu. Empilhando todas as caixas de pizza em seus braços, Brian seguiu até a secretaria, sem se lembrar que sua motocicleta estava destravada. O tempo já havia excedido, não tinha como não agir com impulsividade. 

Seu nervosísmo aumentou quando foi obrigado a esperar ser atendido na secretaria. Uma das secretárias o fez assinar alguns papéis que foram motivo de três caixas caírem dolorosamente no chão. 

Amaldiçoando cada santo que ele conhecia, Brian recolheu as caixas que caíram e pôde adentrar a escola. Andando o mais rápido que conseguia, a entrega deveria ser feita a qualquer custo. Sem mencionar que já havia perdido três corridas naquela semana, somando todas as pizzas não entregues, o valor de quinhentos doláres era a média do salário que Brian perdeu no mês. 

Ofegante e explosivo a porta se abriu com um supetão e ele mostrava a cara lavada de atraso como se fosse um santo, mas a expressão de desaprovação da professora e, ainda mais, dos alunos, foi o motivo de seu constrangimento. 

— Está atrasado — reclamou a professora, se levantando de sua cadeira. 

— Qual é, professora? — se defendeu o rapaz, colocando as caixas na mesa. — Foram apenas vinte minutinhos...

O suspiro e indignação da professora se basearam em fatos, quando ela apontou para o relógio acima de sua cabeça. 

— Uma hora e meia parecem vinte minutinhos pra você, entregador? — desdenhou.

Brian mirou relógio, indignado. 

Porra! — reclamou ele, fazendo a classe tapar os ouvidos. 

Após ser expulso por proferir palavras sujas contra a professora, Brian caminhou até a porta de saída chutando tudo que encontrava pelo caminho. 

Mas ao olhar ao redor e ver que sua motocicleta foi incrívelmente roubada, o grito grave de ódio não foi suficiente para o acalmar. Os palavrões eram proferidos a cada passo enfervescente que ele foi obrigado a dar quando teve que cruzar a cidade inteira para voltar ao trabalho. 

Com certeza seria despedido. 

Seria Brian capaz de matar devido sua personalidade? Seu temperamento raivoso, seu ódio pela vida e sua falta de sorte eram elementos convincentes para alguém que comete um assassinato. A julgar pela sua personalidade, ele era um candidato forte. 

Ao voltar para a pizzaria, propício a deslocar seu joelho de tanto caminhar, Brian avistou seu chefe com uma expressão nada boa. O homem já o conhecia e não toleraria mais um de seus erros. 

— Está me dizendo que esqueceu a moto destrravada enquanto fazia uma das minhas entrregas e não te derram o dinheirro!? — Surtou o chefe com seu sotaque Italiano, logo após Brian explicar a situação.

— Ih, calma, chefia — ele revogou sua perda. — Minha moto foi levada, não pude fazer nada...

— Pois nón vai fazerr nada mesmo! — gritou o chefe xispando Brian. — Sem moto, sem entrregas, sem emprrego! Está demitido! Addio!

O chefe literalmente chutou Brian da Pizzaria até a calçada. O rapaz agora estava sem emprego, sem moto e sem dinheiro. 

Filho da puta... — murmurou ele quando se afastava do seu ex-local de trabalho.

Ele caminhou de volta. De volta para o pior lugar de todos, sua própria casa. Os passos contidos alongavam o caminho até o pandemônio. Seu lar era o pior de todos os lugares para se voltar naquela manhã. Com problemas com pai alcoólatra e a mãe doente, sua raiva aumentava cada vez mais, pelo sentimento de injustiça concentrado todo em cima de si mesmo. E para extravasar as latas de lixo se tornavam alvos facéis dos pés nervosos de Brian. 

Sentindo-se pequeno e vulnerável ele se escorou em uma grade de um pequeno parque, vendo as pequenas crianças brincando com as mães, os pais rindo e despreocupados. 

O bolso de sua jaqueta tremeu e ele tirou o celular vendo uma mensagem de sua namorada dizendo estar no trabalho e que não era para se preocupar com ela. Ele apenas guardou o celular no bolso novamente e ficou ali, vendo tudo. Aquela paisagem que nunca se tornaria real para ele. 


Quando voltou para casa, ao tentar abrir a porta, ele foi logo surpreendido por um homem que segurava o vômito descontrolado. Brian se desviou instantâneamente vendo aquela cena desprezível. Seu pai àquela hora já estava bêbado. O descontentamento foi misturado ao nojo de ver o gramado repleto de liquido expelido pela ingestão exagerada de alcoól. 

O rapaz ignorou. 

Adentrou sua casa simples e foi direto para o quarto de sua mãe, afastando uma coberta que serviu como tapa-porta, ele a via dormindo. Serena, como sempre. O pensamento de como ele reverteria aquela situação inundava sua mente só de ver o rosto cansado dela. 

Seus pensamentos cessaram quando Brian levou uma garrafada de vidro na cabeça. Seu pai estava louco. Um soco irrompeu do punho do bêbado acertando o rapaz diretamente no rosto, fazendo-o cair no chão.

— Seu chefe ligou... Ho...Hoje... — balbuciou o bêbado. — Você foi demitido de de... Novo? Não toma vergonha na cara, seu mo... moleque? 

— Não se intromete na minha vida! — gritou Brian, furioso. 

— Você não é ninguém, seu bicha! Vem aqui e me enfrenta se for homem... — afrontou o pai, ainda molenga.  

Brian ignorou os comentários do homem e se dirigiu ao seu quarto batendo a porta. 

Foi inevitável ele bater as costas na porta e deslizar até o chão, tentando conter a raiva que sentia naquele momento. O quarto com mil posters de bandas de rock, um tema Dark Metal e com guitarras nas paredes, era seu único refúgio mental. E socar aquele travesseiro aliviava o ódio pelo menos em vinte e cinco por cento. 

Raiva, desprezo, ódio. 

Tudo se esvaiu quando uma carta foi encontrada em sua cômoda. Uma carta que continha um convite. 

A confusão inundou a mente de Brian, mas a curiosidade foi maior. Ao ler o conteúdo sua expressão mudou. O convite foi recebido. 

Aquela seria a única desculpa para sair de casa naquele dia. 


[...]


Em um dos bares de Strippers mais cobiçados pelos homens do Canadá, o bar Devil Lady, lá estava ela, Emily Campbell, uma Stripper de vinte e seis anos, cabelos negros curtos nos ombros, olhos da mesma cor e deliniados, um corpo escultural e medido corretamente, apto para o trabalho que ela fazia.

Remexendo todas as partes de seu corpo naquele palco para seduzir os homens que visitavam o bar todos os dias, ela estava mais preocupada com o dinheiro que era colocado em suas partes íntimas. Quanto mais dinheiro, mais ela os seduzia. 

Uma mulher movida pela ganância. Movida pela cobiça. 

Todos os dias ela se vendia e mesmo comprometida, não deixava seu trabalho. 

— E aí, gatinha? — disse um de seus clientes, se aproximando da moça que fazia sua apresentação. — Quer que eu te pague uma bebida? 

Emily sorriu maliciosamente, escorregou na barra de ferro e se deitou a frente do homem, deixando seus grandes peitos a mostra. 

— Você pode pagar a bebida — ela disse, lambendo os lábios. — Mas "a outra coisa" pode deixar que eu pago...

A satisfação do homem se mostrou ao sorriso dele. Logo, ele tentou puxar Emily pelo braço, mas ela se soltou e fez que não com o dedo. Então, ela se ajoelhou no palco. 

— Quinhentos dólares: uma transa. É o contrato — informou ela, piscando. 

O cliente riu. 

— Você é uma prostitutazinha avarenta — ele comentou tirando sua carteira do bolso. 

— Eu tento... — Emily deu de ombros, ainda sorrindo com malícia. 

O dinheiro foi completamente retirado da carteira fazendo Emily arregalar os olhos de tão sedenta. Ao receber tanto dinheiro assim de vez ela não pode deixar de se sentir enaltecida. Então, embolou o dinheiro e o colocou na calcinha.

— Temos quartos na parte de trás do bar, se quiser a gente pode ir pra lá — convidou. 

O homem sorriu.

— Vou mostrar pra você, sua safada!  

Ao correrem até o quarto, a porta foi fechada com muita pressa, o cliente já não se aguentava. Emily o jogou na cama de casal e retirou o sutiã deixando-o de lado. O cliente sorria de prazer. 

Emily andou o quarto para pegar um preservativo no criado e estranhou algo em cima do mesmo. 

Uma carta escrita seu nome. 

Quem, em pleno século XXI, manda uma carta? Não podia ser coisa boa...

Ela abriu e leu o conteúdo.

Sua mente voltou ao passado e ela se chocou. 

— Gata, o que houve? — perguntou o cliente, confuso. 

— Preciso que você vá embora... — ela murmurou, com lágrimas nos olhos. 

— O que? 

— VAI! Vai embora, agora!! — Emily agora gritou, ainda chorando.

O cliente franziu o cenho, então logo abriu a porta e se retirou, sentindo a grosseria da Stripper. 

Emily lia cada palavra, como se fosse o ultimo dia de sua vida. 

A avareza, cobiça e ganância foram preenchidos pelo trauma. O conteúdo da carta a abalou. O convite foi recebido. 

— Que merda é essa...? 

[...]

Em uma das faculdades daquela cidade, alguns alunos estavam reunidos para planejarem alguma coisa contra aquele rapaz que chamavam de "O Nerd Esquisitão". Devido à sua inteligência incomum, muitos o taxavam como aberração, sabe-tudo e mais ainda como o maior medroso de todos os tempos. E isso era uma ótima condição para pregar uma peça nele, para ver a cara de medo que ele iria fazer desta vez. 

Mikhael Rogue, vinte e três anos, estudante de bio-engenharia, formado em fisíca-quântica e perito em armamento de guerra. O Nerd Esquisitão era alvo da maioria das piadas que propagavam naquela faculdade, pelo seu jeito esquisito de andar, seu casaco fedido, seus óculos estranhos e seu cabelo desgrenhado, ele tinha como característica mais abrangente seu medo irracional à tudo. Ele não se comunicava com as pessoas por medo, e seu maior terror era com certeza as cobras. Ao imaginar aqueles répteis rastejando já lhe davam calafrios em todas as partes do corpo. 

Mikhael se tornou solitário, desde que seu grande amor se mudou para sua terra natal. Ele tinha uma grande queda por uma Japonesa que foi embora mesmo sem se despedir. Deixando-o sozinho. 

E mesmo assim, naquele dia, os seus "colegas" não deixavam de arquejar um plano para fazer Mikhael chorar de medo. Logo após a aula terminar, um dos rapazes veio falar com ele: 

— Raphael!— comprimentou ele. — Sou eu, Victor, lembra? Como você tá, cara!?

— O nome é Mikhael — desdenhou o rapaz se levantando de seu assento, ajeitando os óculos no rosto. — Não que você se importe...

— Quê isso, cara? Olha, se liga: a gente vai entrar na sala secreta daqui a pouco pra ficar com umas meninas... — ele colocou o braço ao redor do pescoço de Mikhael. — E ouvi dizer que a Lizzy quer te pegar, cara... 

Victor apontou para um grupo de garotas bonitas e uma delas mordia os lábios para Mikhael, olhando-o de cima abaixo. 

O julgamento foi que ele estava tão triste de ter seu amor levado pelo destino que não acreditou no que estava acontecendo.

— É sério isso...? — ele perguntou, confuso. 

— É claro, cara! — Victor respondeu, sorrindo. — A gente vai pra lá daqui a cinco minutos, esteja lá... Ou vai ser chamado de baitola daqui pra frente.

O rapaz saiu de cena, conduzindo as garotas até a porta da sala. 

Mikhael ficou na hesitação por alguns momentos, porém sua ingenuidade o fez acreditar que aquele papo era real. Demonstrando um sorriso malicioso, ele logo se encheu de confiança, criando mil teorias em sua mente do porquê Lizzy queria beijá-lo. Logo, guardou todos seus materiais, colocou a bolsa nas costas e se dirigiu a porta, confiante. Sem pensar racionalmente. 

Atravessando o corredor, com o coração ansioso por um beijo, ou até mesmo uma transa, Mikhael seguia até a sala secreta, que na verdade, era apenas uma biblioteca não-utilizada. Ele se aproximou, estranhando a quietude. Então, abriu a porta e o breu se revelou, a sala estava escura e muito desencorajadora para ele querer entrar de uma vez, mas seu raciocínio de virgem o fez entender o clima. 

Então ele entrou. 

— Oi...? — chamou ele, no escuro. — Lizzy...? 

Os seus passos eram as únicas coisas que ele ouvia naquele momento. Os joelhos já tremendo e o medo a flor da pele. Ele ainda chamava por seus colegas. 

Entre passos na escuridão, ele apurava a visão para enxergar onde ia. Foi quando ouviu um barulho metálico vindo do fundo da sala, parecia uma barra de metal se chocando a outra. Mesmo sem poder, o barulho continuou, e mais uma vez, e de novo, e de novo... Seu coração já estava na garganta quando de repente o barulho metálico acabou. 

— Hã... Quem estiver aí, já pode sair — ele brincou tentando entrar na jogada. — Pessoal, por favor, apareçam! Por favor...

Um grito irrompeu de sua garganta quando escutou o estrondo da porta se fechando bruscamente atrás dele. Mikhael correu, tentando abrir a porta, mas ela estava trancada. A maçaneta prendia cada vez que ele a puxava. Alguém trancou por fora.

Seu esforço se cessou quando os gritos começaram, seus olhos se encheram de lágrimas e o medo aumentava cada vez mais. 

Ainda suplicando, ele foi surpreendido quando várias cobras foram jogadas em cima dele mesmo. Naquele momento seu coração disparou de medo, e o fez cair no chão perdendo os óculos, clamando para que eles tivessem piedade. Os gritos e o choro se misturaram ao forte cheiro de urina que molhava as calças de Mikhael...

Foi quando ele encontrou os óculos e percebeu que as cobras eram de mentira. Feitas de plástico. Aquilo não passava de uma brincadeira de mal gosto.

As luzes se acenderam e os malfeitores apareceram, gargalhando e tirando fotos do rosto vermelho e emaranhado de lágrimas de Mikhael e de sua calça molhada. 

— Eu sabia que você era medroso, mas não a ponto de molhar as calças! — Victor gargalhou ainda tirando fotos. 

Todos que estavam na sala riam da cara de Mikhael que estava sem reação. 

— Achou mesmo que alguém iria querer ficar com um esquisitão medroso igual a você? — comentou Lizzy, desprezando o garoto. 

Mikhael, diminuído até o ultimo átomo de carbono de seu corpo, logo apanhou sua mochila e deu um jeito de sair dali, ainda ouvindo os insultos. Empalado pelo medo, terror e a tristeza, ele caminhava pelas ruas com, pelo menos, uma jaqueta de frio para tapar o pequeno acidente na calça. 

Nunca mais voltaria. Seu medo era grande demais. O terror era maior.

Quando Mikhael adentrou o trailer que, na verdade, era sua casa, tratou logo de tirar aquelas calças fedidas e se dirigiu ao banheiro. 

Mas uma coisa lhe chamou atenção. 

Uma carta... Que estava em cima da pia da pequena cozinha, gravada com seu nome bem na frente. 

O medo aumentou ao ler o conteúdo da carta. O convite foi recebido. Um convite para um passado trágico.




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