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História Death note: o livro da morte - Os agentes


Escrita por: SorenK

Capítulo 4 - Os agentes


Fanfic / Fanfiction Death note: o livro da morte - Os agentes

Os agentes
     Longe dali, em uma casa desconhecida, um celular tocava sem parar. Sem muita pressa, o agente Luck pegou em cima da mesa do computador, conferindo o número que estava ligando e depois atendeu.

- Alô, agente Luck?- dizia q voz do outro lado da linha.

Um longo bocejo é solto por Luck, que não estava nada animado com a ligação.

- Ah, é você, Jimmy?- perguntou Luck.

Bravo com a menção de seu nome, Jimmy protestou:

- Eu já falei que não era pra você me chamar por esse nome! Quantas vezes terei que dizer?

Luck coçou os olhos, que por sinal, estavam cheios de olheiras por causa das noites de insônia. Ele estava cansado e não sabia muito bem o horário. Sendo assim, conferiu no relógio do seu computador.

- São seis e meia da manhã, Jimmy. O que você quer?- perguntou Luck.
Jimmy desistiu de tentar fazê-lo parar e contou logo o que tinha pra dizer.

- O chefe me ligou, ele quer que você investigue um novo caso de morte naquela cidadezinha. Parece que dessa vez um assaltante morreu de um possível infarto. Os laudos não estão muito confiantes nessa hipótese, mas é a que se aproxima mais.
Luck havia sido direcionado para investigar estranhas mortes na pequena cidade onde Parker morava. O caso não era nada simples, então o chamaram. Luck era conhecido por sua aparência estranha e sorte por desvendar casos complexos, e foi por isso que ele recebeu tal apelido. Jimmy era um novato que foi colocado para ajudá-lo. A agência estava certa de que Luck poderia passar sua experiência para o jovem, mesmo não sendo velho.

- Tudo bem. Me passe o endereço da delegacia por sms, é que eu posso esquecer.- completou Luck.

Depois de falar o que precisava, Luck desligou o celular e notou a bagunça que estava o seu quarto. Devido a sua profissão, ele comia muita besteira. Sua dieta era baseada em doces, comida chinesa e fast foods. Sua mesa estava cheia de pacotes vazios. Então, ele os jogou no chão para poder achar a sua credencial. Com ela em mãos, Luck foi de carro até a delegacia da cidade. Ele estava residindo em uma casa não muito longe pois já vinha investigando algumas mortes estranhas. Como aquela era mais uma, seu chefe concluiu que o assassino poderia ser o mesmo. Luck considerava que aquelas mortes poderiam ser causadas por um veneno que não deixava vestígios. O agente gostava de desafios, e aceitar o caso não foi um problema para ele.

Na delegacia, ele conversou com o chefe do departamento, descobrindo que o ladrão havia sido preso por um policial chamado Russell Parker. O meliante, em questão, não apresentava nenhum quadro de hipertensão ou qualquer problema vascular. Suas calorias não estavam altas, e poucas coisas poderiam explicar aquela morte. Luck pegou uma ficha completa do ladrão e uma ficha do policial Russell. De volta ao carro, ele leu cada uma das fichas e não conseguiu encontrar nada que ligasse aquela morte à morte de garota do Evans. O policial era sim um suspeito, e tinha que ser investigado com cuidado. Aquele tipo de veneno poderia estar sendo comercializado pela cidade, e Russell pode ter comprado, assim como o assassino da garota dos Evans. A morte do ladrão poderia ter sido um ato de vingança, já que ele tinha assaltado o carro da mulher do policial. Estava tudo muito solto para que ele chegasse a uma teoria. Seu chefe acharia tudo aquilo uma loucura. Desta forma, era preciso investigar mais. Luck voltou para onde estava hospedado e buscou por mais informações sobre o policial, descobrindo que ele tinha um filho chamado William Parker e uma filha chamada Maggie Parker, fora o nome de sua mulher, Jane Parker. Também não havia nada sobre qualquer infração cometida por Russell. Ele estava na polícia durante 18 anos e já tinha um certo respeito. Seria muito insensatez cometer qualquer atitude ilícita que manchasse a sua história. Porém, essa pequena probabilidade não poderia ser ignorada. Enquanto investigava, Luck pegou o celular e ligou para Jimmy.

- Olá, Jimmy.- disse ele quando o outro agente atendeu.

Jimmy ficou mais uma vez irritado, só que se segurou.

- O que houve, Luck?- perguntou Jimmy.

- Estou puxando algumas informações sobre os policiais envolvidas na prisão do assaltante morto, então não posso dar conta de outra coisa. Sendo assim, eu queria que você fizesse esse favor para mim. Pode ser?

Jimmy sabia que a concentração de Luck era importante para a resolução de qualquer caso, então não demorou em aceitar. Ele também estava no caso e resolvê-lo poderia lhe dar créditos.

- O que você quer que eu faça?- perguntou Jimmy.

- Quero que você vá até a casa dos Evans e tente descobrir algo novo sobre a morte da garota e do homem. Talvez tenham deixado algo passar.

O caso dos Evans já havia sido considerado por muitos como encerrado. A moça, segundo diziam os papéis, tinha morrido por causa de um infarto, enquanto que o padrasto tinha cometido suicídio. Todavia, Luck achava que o caso foi tratado com descaso para encobrir alguém importante, talvez o chefe do departamento de polícia. A cidade era pequena e nessas localidades não era difícil bancar o monarca. Jimmy desconfiava da mesma coisa, justamente por ouvir isso de Luck. Para ele, a teoria do colega fazia muito sentido. Sendo assim, ele foi até a casa dos Evans. Jimmy também não estava hospedado longe. Sua localização era suficientemente boa para não ser rastreado e suficientemente boa para não ter que perder horas de viagem. Ele levou menos de uma hora pra chegar na casa dos Evans. O endereço estava na ficha que havia recebido, só que a imagem da casa não parecia muito com a da foto. A casa dos Evans estava mais velha, sem manutenção, quase como uma casa assombrada. Jimmy saiu do carro e foi até a porta da casa. Para a sua sorte, a ela possuía campainha, porque Jimmy odiava ter que bater. Ele tocou a campainha umas duas vezes, até que foi recebido pela senhora Evans. A senhora Evans não parecia ser simpática. Seus olhos transpareciam sua amargura, seu cabelo grisalho indicava que ela não se cuidava muito. Com uma voz nada amigável, ela perguntou:

- Em que posso ajudá-lo?

Jimmy mostrou sua credencial e disse:

- Sou um investigador, me chamo Jimmy Sanders e vim aqui para fazer algumas perguntas sobre o caso dos Evans. Adianto que se não quiser colaborar, poderei entender que quer atrapalhar a investigação.

A senhora Evans arregalou os olhos e o convidou para entrar na mesma hora. Lá dentro, ela perguntou se ele aceitava um café, mas como café deixava Jimmy com azia, ele não aceitou. Ela pediu que ele se sentasse em uma poltrona da sala e se sentou de frente para ele.

- Então, sr. Jimmy, não quero que pense que desejo atrapalhar com as investigações, tanto que da última vez, eu disse tudo o que sabia para a polícia.

- Acredito em você, senhora Evans.- disse Jimmy- Eu só preciso que responda algumas perguntas.

- Ok. Pode perguntar.- disse a mulher.

Jimmy pegou alguns papéis que estavam em sua pasta e começou a falar:

- A senhora poderia confirmar que, no dia 3 de outubro, de 2006, a senhorita Katherine teve um ataque cardíaco e morreu nesta casa?

- Sim.- respondeu a senhora Evans.

- Poderia me dizer onde e com quem ela estava durante o ocorrido?

A mulher, sem hesitar, respondeu:

- Ela estava no quarto, com a minha filha, a Clare.

Enquanto ela dizia, Jimmy fazia riscos em seu papel. Aquilo, no primeiro momento, deixou a senhora Evans um pouco incomodada, só que ela acabou se acostumando.

- Poderia me confirmar, também, que no dia 1 de janeiro, de 2007, seu marido, Franklin Evans, se suicidou?
Judith Evans apenas confirmou com a cabeça.

- Poderia me dizer se seu marido dava algum indício de depressão?- continuou Jimmy.

- Não, sr. Jimmy. Meu marido era uma pessoa comum. Ele só tinha alguns problemas com a minha filha. Você sabe? A minha filha nunca aceitou muito bem o fato do pai ter morrido. Então os dois tinham alguns desentendimentos, às vezes. Só que não era nada demais.

- Posso falar com a sua filha?- indagou Jimmy.

A mulher confirmou com a cabeça e subiu para chamar a sua filha. Depois de alguns minutos, ela e Clare desceram as escadas. Quando Clare se aproximou, Jimmy se levantou e estendeu a mão para cumprimenta-la, pois via que ela estava tensa. A tensão poderia atrapalhar na hora de dar detalhes importantes. Clare apertou a mão dele e se sentou ao lado de sua mãe.

- Olá, senhorita Clare. Eu sou o investigador Jimmy e preciso fazer algumas perguntas. Espero que não se importante. 
Clare olhou para a sua mãe, não entendendo muito bem o que estava acontecendo, e voltou a olhar para Jimmy. Ela já tinha respondido a vários questionários sobre o ocorrido. Mais um era apenas mais um meio de  reviver todo aquele inferno novamente.

- Eu não entendo- disse a moça - Eu já disse várias vezes o que eu sabia para a polícia.

- Se acalme- a tranquilizou Jimmy - É bem provável que depois de mim, ninguém vá mais mexer no caso. Sei o quanto é difícil para as duas, mas é que nós precisamos continuar com o trabalho.

Clare estava tensa. Se eles descobrissem o que ela fez, certamente a mandariam para a prisão. A moça tinha alguns planos e não poderia esperar por tempo indeterminado. Então ela disse para si mesma que não teria como ninguém provar nada.

- Tudo bem. O que deseja saber?- perguntou ela.

- Bom, a sua mãe me disse que você não se dava bem com o seu padrasto. É verdade?

- Sim- respondeu Clare - Ele não era o meu pai e não deveria agir como tal. Só que nos tolerávamos por causa da minha mãe. Eu prometi a ela que faria tudo dar certo. Infelizmente ele acabou se suicidando depois da morte da minha prima.

Jimmy fez mais alguns riscos e continuou:

- Era do conhecimento de vocês que a Katherine tinha algum problema de saúde? Pelo que consta, ela não era da cidade, só estava fazendo uma visita.

- Não sabíamos- negou Clare.

Satisfeito, Jimmy guardou as suas coisas e disse que iria. Judith o acompanhou até a porta e o viu partir de carro. Depois que ele foi, ela entrou um pouco brava, dizendo:

- Eu falei que não era pra você deixar aquele livro sair daqui, Clare.

Em sua defesa, Clare explicou:

- O livro é responsabilidade daquele rapaz agora. Tudo o que acontecer daqui pra frente é culpa dele. Agora se me permite, eu vou voltar para o meu quarto.
Já estava quase na hora do almoço e Jimmy estava com fome, então ele marcou de comer em uma lanchonete com Luck. Ele chegou primeiro e escolheu uma mesa para esperar por Luck. A garçonete se aproximou e perguntou o que ele iria pedir. Sem pressa, ele pediu uma xícara de chá sem açúcar. No passado, Jimmy teve problemas com uma compulsão por doces. Ele chegou a comer 7 caixas de chocolate em um dia, ficando muito enjoado depois. Porém, agora ele parecia estar curado. Alguns meses de tratamento pareciam ter sido eficazes. Após alguns minutos, Luck entrou na lanchonete e ficou procurando por Jimmy. Quando o viu, Jimmy acenou e o convidou para se sentar com ele. Luck estava descabelado e com uma blusa cinza com um pássaro azul estampado. Muito crítico com isso, Jimmy não deixou de fazer um comentário quando Luck se sentou junto a ele.

- Nossa, Luck... você está a cada dia pior. Deveria ter mais um pouco de higiene.

Luck olhou para as suas roupas e deu de ombros. Desde que passou a morar sozinho, o agente começou a viver como uma criança despreocupada. Jimmy chamou a garçonete e pediu um sanduíche de salmão e mais uma xícara de chá. Enquanto anotava o pedido dele, ela esperava que Luck se decidisse. Ele olhava para o cardápio e não tinha muita ideia do que pedir. Jimmy o apressou e ele acabou pedindo uma torta de morango e um milk-shake de morango. Mais uma vez, Jimmy não conseguiu ficar calado. A garçonete se retirou e deixou os dois ali.

- Caramba, Luck. Você só come besteira o dia inteiro.

Luck deu de ombros mais uma vez e explicou:

- Qual é? Eu passei boa parte da minha vida em um orfanato, e a comida de lá não era nada boa. Depois que o sr. Rick me adotou, ele não deixava eu comer nenhum doce. Agora eu preciso aproveitar.

Tentando ser discreto, Luck perguntou como havia sido na casa dos Evans. Para a decepção de ambos, seu companheiro não conseguiu nenhuma informação nova das que tinham sido recolhidas. Os dois investigadores estavam basicamente no escuro. A garçonete voltou com os lanches e os deixou na mesa. Os dois comeram como se fosse a última comida do mundo. O lugar era famoso pela comida e os investigadores puderam entender o motivo. Enquanto comiam, Clare entrou na lanchonete e se dirigiu ao balcão. Ela notou que Jimmy estava ali mas fingiu que não tinha visto. Ao vê-la, Jimmy fez um sinal com os olhos e cochichou que aquela era a senhorita Evans. Luck olhou discretamente e voltou a comer. A garota ficou ali durante uns cinco minutos até sair com um papel na mão. Satisfeitos depois de comerem, os investigadores pagaram a conta e deixaram uma gorjeta para a garçonete. Ambos tinham muito trabalho para fazer. Na frente da lanchonete, Luck combinou que ficaria de olho nos Parkers, enquanto que Jimmy deveria ficar de olho na garota dos Evans. E assim foi feito. Luck pegou o seu carro e passou na rua do Russell Parker. Ele pegou muitos dados sobre o policial usando um programa que tinha. As informações que tinha sobre Russell não eram nada negativas. Depois de passar pela rua, Luck parou com o carro na esquina e ficou observando. Ele queria conhecer bem o horário dos Parkers.

No primeiro dia, ele descobriu que os Parkers não eram muito de sair de casa. A mãe levava a filha na escola e depois trazia. E durante o final da tarde, o marido chegava. Luck precisava de uma observação melhor, então ficou ali no outro dia desde cedo, pegando o momento em que o Russell saia para trabalhar e o William ia para a escola. Nada na rotina deles parecia ser suspeita. Luck conseguiu o histórico de William e descobriu que ele era um bom aluno e sem nenhuma advertência. Talvez a resposta estivesse em outro lugar. Com isso em mente, ele conferiu o número de pessoas que haviam sido roubadas pelos ladrões, mas nada nelas parecia errado. Posteriormente, ele conferiu os registros de crimes, descobrindo que delitos iguais tinham sido cometidos há 50 anos atrás. 10 vítimas foram achadas na mesma condição e nenhuma explicação foi encontrada. O suspeito, na época, era uma senhora que morava onde os Evans habitavam atualmente. Só que não existia nenhuma prova concreta, além de brigas com algumas das vítimas. Se os crimes eram antigos, não tinha como ligá-los aos suspeitos. O problema é que eles possuíam um período de tempo muito grande entre eles. Ou seja, não poderiam ser efetuados pela mesma pessoa, e se fossem, o culpado já seria velho. O próximo passo que Luck deu foi pesquisar por todas as pessoas velhas que tinham algum registro na polícia. Dessas pessoas, ele encontrou 4, só que três já haviam falecido. O único idoso com as características que batiam era o sr. Kane, cujo o movimento das pernas fora perdido em um acidente. Luck reuniu algumas informações sobre ele e descobriu que ele não saia muito de casa e vivia por causa de uma pensão que recebia de sua antiga empresa.

Do outro lado da investigação, Jimmy descobriu que Clare não trabalhava, mas havia ocupado um cargo como secretária em uma escola primária da cidade. A sr. Evans sustentava as duas com uma pensão que recebia por causa da morte do seu primeiro marido. Clare não tinha nenhum registro de crimes ou nome ligado à problemas locais. Jimmy estava muito focado, principalmente por estar treinando com Luck. Toda aquela ansiedade o deixava com vontade de comer doces, mas ele resistia. Em compensação, Jimmy tomava muito chá sem açúcar, o que o deixava muito ativo. Desconfiando da aparição do investigador, Clare encontrou o endereço da rede social de Parker e enviou uma mensagem para ele, onde deixava seu número. Possuindo o número de Clare, Parker fez uma ligação de seu quarto. O celular da moça estava em sua cama e ela não demorou para atender. Ao atender, Clare disse: 

- Alô, Parker?

- Sim, sou eu. O que você quer falar comigo? - perguntou Parker.
Clare estava aflita e deixou isso visível.

- Escuta. Hoje, mais cedo, um investigador veio aqui fazer algumas perguntas. 

- E o que tem?- interrompeu Parker.

- Apenas ouça.- protestou Clare.

- Já tem basicamente um ano desde que o meu padrasto morreu e dois anos desde que a minha prima morreu. Quando tudo aconteceu, eles enviaram gente da polícia aqui para investigar tudo. Minha mãe disse que a polícia achava que os crimes eram semelhantes a outros ocorridos há anos atrás. No caso do meu padrasto, eles tiveram uma certa desconfiança da minha mãe, só que não conseguiram provar nada contra ela. Ambos os casos foram deixados de lado como os ocorridos do passado. Só que parece que o caso foi reaberto depois da morte do ladrão do mercado. Toda a cidade já sabe.

Clare respirou fundo e continuou.

- Quando eu fui na lanchonete pedir um emprego, eu encontrei o investigador junto com um outro cara. Talvez ele seja investigador também. Então devemos ficar atentos, devemos ter cautela. 

- Pera, pera, pera.- disse Parker - Você está dizendo que houveram outras mortes iguais no passado? Isso quer dizer que o livro foi usado antes.

Um pouco irritada, Clare chamou a atenção de Parker:

- Você não está entendendo. Se você continuar matando, vão desconfiar. As mortes basicamente ocorreram todas dentro da cidade, e isso deixa evidente que a causa ou o culpado está aqui.

Parker não estava prestando muita atenção em Clare. Em sua mente, ele pensava sobre a identidade do outro usuário. Se ele estivesse vivo, seria mais um perigo porque poderia entregá-lo à polícia. Quando se deu conta, ouviu a Clare perguntar:

- Você está entendendo? Está entendendo?
Para disfarçar, Parker respondeu que sim. A conversa não prosseguiu pois a mãe da jovem chegou no quarto e a fez desligar o celular.

- Você estava falando com ele, não é?- perguntou a mãe de Clare.

- Não vai adiantar eu mentir. Você sabe que eu não tenho amigos.

A mãe de Clare olhou para o chão e balançou a cabeça. A sua vontade era de chorar mas se conteve. Clare se aproximou e a puxou para que se sentasse na cama. Sua intenção era tranquilizar sua mãe. Então ela disse:

- Não precisa se preocupar, mãe. Tudo vai dar certo.

A mãe dela queria acreditar mas não conseguiu. Sua única saída em mente era deixar a cidade, só que precisava convencer a filha. Olhando para Clare; ela disse:

- Vamos deixar essa cidade, filha. Vamos deixar tudo isso para trás. Essa cidade só nos faz mal, só nos lembra coisas ruins.
Clare olhou bem fundo nos olhos de sua mãe e respondeu:

- Não podemos deixar a cidade, mãe. Aquele garoto sabe sobre mim, ele sabe o meu nome. Se eu deixar a cidade sem dizer, ele me matará. Sou a única que sabe que ele é o portador do livro.

A mãe de Clare segurou nas mãos dela e suplicou:

- Você pode dizer a ele, filha. Diga a ele que não quer mais e que não o denunciará. Vamos!
Clare relutou, como se tivesse algo para dizer e que não fora dito.

- Não posso, mãe. Nada nos garante que ele acreditará em mim. Além do mais, o problema não é o rapaz, é a morte. Mesmo se ele acreditar em mim, ela o instigará. Ela sabe persuadir, sabe enganar. Seu desejo é apenas destruir. Se eu sair daqui, ela cumprirá o que me prometeu. Foi só eu me afastar do livro que ela me fez entrar no jogo dela novamente. Tenho uma dívida com ela, e se eu não pagar, ela vai tirar a minha vida.

Angustiada com a notícia, a mãe de Clare a abraçou e começou a chorar. A jovem não se conteve e chorou também. Ainda no quarto, Parker começou a buscar na internet sobre os assassinatos do passado. Não havia muitas notícias, apenas três sites que exibiam  matérias antigas de jornais e comentavam sobre o caso. Para a sua surpresa, o outro usuário também morou na mesma casa que Clare, o que significava que o livro ficou guardado lá até ela achar. Durante a pesquisa, a morte se materializou na forma de Clare, o que assustou Parker um pouco, porque ela apareceu de repente. Ela olhava curiosa para o computador, como alguém que planeja algo. A atenção de Parker logo se direcionou para ela que questionou seus pensamentos: 

- O que você está planejando?- perguntou Parker.
Ainda olhando para a tela, ela respondeu: 

- Me recordo de cada usuário do livro e seus objetivos nunca são iguais, a não ser por terminarem sempre em mim. Eu já fui cultuada como uma deusa por entenderem a minha importância. Sem mim, a vida não seria possível. É por causa da morte de algumas células que o corpo toma forma. Mas muitos só conseguem me enxergar como um mal. 

É claro que ela não estava pensando naquilo, apenas disse para despistar Parker. Ainda no computador, Parker lembrou da forma estranha como Clare chamava a morte e decidiu pedir uma explicação sobre o assunto.

- Por que a Clare te chama de Katherine?- indagou Parker.
A morte se posicionou atrás do computador do jovem e começou a explicar:

- A morte é muito traumática para algumas pessoas. Quando a prima de Clare morreu, eu tomei seu lugar. Eu sabia tudo sobre Katherine, conseguia reproduzir tudo, até a sua voz. Aquilo trouxe um certo conforto para Clare e foi útil para que ela não ficasse louca e entregasse o livro.

A lembrança de Clare trouxe preocupações para Parker. Ele tinha que se preocupar com aquele investigador, com a própria Clare e com um possível outro usuário. O rapaz sabia que deveria fazer algo. Portanto, ele resolveu tomar uma atitude. Parker começou a busca por listas de procurados de outros Estados, reunindo alguns nomes em um pequeno bloco. Com 20 nomes em sua posse e a imagem de cada indivíduo, o jovem iniciou a matança. Ele foi escrevendo o nome de cada procurado no livro. Logo uma sensação boa tomou seu corpo. Era como se a injustiça estivesse sendo corrigida. Ele pensava nos inúmeros sofrimentos ao qual aqueles criminosos impuseram aos inocentes. Todavia, esse sofrimento estava sendo retribuído. Quando ele escrevia cada nome, era como se a própria morte o possuísse. Apesar da aparência, eram apenas o seus desejos e sua personalidade que estavam sendo enaltecidas. Seguidamente, Parker se levantou da cadeira e desceu para queimar o papel e depois molhar o rosto no banheiro. Sua mãe estava na sala vendo TV quando ela chamou por seu nome. Ao chegar, Parker a viu  apontar para a tela, como quem quisesse mostrar desesperadamente algo. O apresentador informava que várias mortes em outros Estados haviam sido registradas em pouco tempo e que ambos os mortos eram criminosos. Sua mãe estava de costas e não viu a satisfação no rosto do filho. Finalmente o mundo estava conhecendo a justiça, pensava Parker. No entanto, para camuflar o que sentia, Parker se mostrou surpreso e um pouco aflito. Ele até se sentou ao lado de sua mãe e conversou sobre o assunto.

Longe dali, o celular de Luck tocava. Era Jimmy anunciando o ocorrido. Aquela informação poderia mudar todo o ruma da investigação, pois um assassino não poderia matar tantas pessoas em vários lugares em um prazo curto de tempo. Talvez elas tivessem feito o uso de alguma droga que ocasionou nos ataques cardíacos, e Luck conhecia algumas. Só que não fazia sentido todos os mortos resolverem usar tal droga no mesmo tempo. Elas não pareciam ser de nenhuma seita maluca, dessas que combinam a morte. A única opção era pedir aos informantes que identificassem qualquer substância parecida nos mortos. Em pouco tempo, Clare ficou sabendo da notícia, e ela viu que não poderia confiar em Parker. Seu nervosismo a deixava inquieta, e ela andava de um lado para o outro dentro do quarto. Aquela morte poderia chamar a atenção dos investigadores e tirá-los da cidade, ou poderiam evidenciar que eles estavam envolvidos. Sem poder esperar por mais tempo, Clare ligou para Parker exigindo explicações. Parker não gostou do tom que ela usou e logo retrucou:

- Você precisa moderar o seu tom, garota. Eu não sou o seu subordinado. 

- Tudo bem.- disse Clare colocando a mão em sua cabeça.

- Eu só estou nervosa - explicou ela - Até porque eu também estou envolvida nisso. 

- Tenha calma.- tranquilizou o jovem.

- Aqueles caras não podem nos incriminar. Além do mais, eu fiz isso para tirá-los da cidade. Os mortos eram criminosos. 

Após alguns minutos de conversa, Clare se acalmou. Dias depois, ao contrário do que esperavam, Luck decidiu ficar na cidade até receber mais notícias sobre os casos, o que levariam algumas semanas. Durante esse período, ele pretendia invadir o modem da casa de Russell para conseguir algumas informações.

William começou a fazer aulas de tiro nos fins de semana, onde conheceu a instrutora Rosane Lenz. Rosene era uma linda mulher e o seu jeito logo intimidou Parker. Rosene explicou que ele passaria por um teste psicológico, depois faria a aula teórica e prática. Russell ficou em uma outra sala enquanto Rosene conduziu Parker até a sala da psicóloga. Lá, Parker recebeu alguns questionamentos que o deixaram meio desconfortável. A psicóloga fez indagações sobre como ele lidava com a família e se a relação deles era boa. Parker até que se saiu bem. Passando por mais alguns testes, Parker chegou até as aulas teóricas. Sua sala tinha 10 alunos, e a maioria era composta por homens. Assim como na escola, Parker se manteve em seu canto. Ele não era muito de socializar mas falava o que era necessário. Aos poucos, ele se tornou o destaque da sala, e boa parte do seu desempenho era atribuído ao seu pai. Por outro lado, o jovem se esforçou bastante e sentia que estava conquistando a confiança de seu pai a cada momento. Agora, ele já o tratava de forma melhor. Quando as aulas práticas começaram, Parker já tinha uma noção, pois foi treinar tiros com o seu pai em uma floresta aos arredores da cidade. Aquele lugar era conhecido por causa de uma morte trágica. Algumas aulas se passaram e o jovem conseguiu a sua licença para poder portar uma arma. Para comemorar, seu pai o levou de carro da polícia para beber em um bar e jogar um pouco de sinuca. Russell era muito bom no jogo e ganhou Parker com facilidade. Finalmente ele sabia que o filho poderia substituí-lo. O policial havia perdido as esperanças no filho em algum momento da vida. Aquele tempo serviu para os dois colocarem a conversa em dia, conversa esta que acabou chegando em Clare, pois Russell revelou que a sua mãe tinha contado tudo. O pai de Parker até deu uma força para o filho mas o advertiu para os perigos de gravidez. Então ele sugeriu que Parker usasse camisinha quando fosse transar com Clare. Sem jeito, o jovem acatou a ideia mas mudou logo de assunto. Ao voltar para casa, os dois encontram a Clare. Jane os avisou que ela estava ali faz um bom tempo. As duas bateram um bom papo e puderam se conhecer melhor. Jane até já estava gostando dela. Quando a viu, Parker aproveitou para fazer mais um dos seus teatros para impressionar o pai. Ele foi até a garota e a beijou. Clare se sentiu incomodada com o beijo mas não tentou nada para não ficar um clima estranho. Tudo o que os pais de Parker queriam saber era se os dois já estavam namorando. Enquanto Parker dizia que sim, Clare dizia que os dois ainda estavam se conhecendo. Os pais de Parker encheram a garota de perguntas e depois deixaram os dois ficarem mais à vontade. Parker convidou Clare para ir até o seu quarto e os dois foram. Chegando lá, Clare começou a brigar com ele por causa do beijo.

- O que achou que estava fazendo?- perguntou ela.

Sem entender do que se tratava, Parker fez uma cara de quem não estava entendendo e sentou em sua cama. Clare então explicou o motivo de sua raiva:

- Não quero que toque em mim nunca mais. Me ouviu?- consentiu Parker- Não temos nada e eu nem penso em ter nada com você. A única coisa que nos liga é esse livro. Então é bom você se comportar, porque eu não serei tão calma da próxima vez. 

Evitando qualquer tipo de briga, Parker apenas concordou. Ele tinha coisas mais importantes para pensar. Só que ele tinha algumas dúvidas sobre Clare e as usou para provocá-la.

- Você já beijou um cara? Já transou com alguém?- perguntou o jovem de forma irônica.
Clare ficou envergonhada e seu rosto se avermelhou. Ela não costumava conversar sobre essas coisas com ninguém e resolveu que deveria continuar assim.

- Não é da sua conta, Parker.- respondeu ela.
Parker se sentou em sua cadeira e começou a mexer no computador. Ele queria saber o que estava acontecendo no mundo e em suas redes digitais. Enquanto ele mexia, Clare se colocou um pouco atrás dele, para saber o que ele estava fazendo. Incomodado, ele avisou:

- Você não precisa bancar a minha babá. Sério. Eu nem sou tão mais novo do que você. Você tem 21,22? Além do mais, eu ainda nem sei o motivo de você estar aqui.
Clare se afastou um pouco e explicou:

- Aquele cara não saiu da cidade como você previa. Talvez ele esteja desconfiado de alguém da cidade. Não tenho certeza.
Aquela notícia pegou Parker de surpresa. Ele realmente acreditava que seu plano daria certo. Uma pequena frustração veio até ele. O rapaz já começava a considerar acabar com o investigador, pois ele poderia atrapalhar tudo. Parker não poderia continuar com o plano da cadeia, e ele não sabia se poderia contar com Clare, pois ela parecia não estar tão interessada em usar os poderes do livro.
Ele se virou para Clare e indagou:

- Você pegou o nome dele? Você pode fazer isso por causa dos seus olhos, não é?
Clare sabia o nome do investigador, mas negou ter aquela informação. Ela não queria revelar o nome porque sabia que Parker poderia matá-lo. Matar um inocente era um ideia desprezível para ela. Vendo que ela não iria colaborar, Parker se levantou e olhou bem nos olhos dela e disse:

- Parece que você não entendeu nada, não é? Se aquele cara descobrir algo sobre nós, ele nos mandará para a cadeia. Você quer que isso aconteça? Quer perder a sua vida? Quer ficar sem ver a sua mãe? Você precisa estar preparada para fazer isso quando for preciso, ou toda sua vida será tirada de você.

Não era bem Parker que estava dizendo aquelas coisas, pois ele estava sendo inspirado pela morte. Clare não notou isso e se sentiu totalmente abalada com aquelas palavras. Uma mistura de emoções deixaram a garota instável. Imagens começaram a passear por sua mente e a possibilidade de decepcionar a sua mãe era angustiante para ela. No final de tudo, talvez o seu padrasto tivesse alguma razão quando dizia que ela seria uma decepção. Clare derramou uma lágrima e logo a limpou. Era difícil confessar para si mesma, mas Clare não pretendia perder tudo. Só de pensar no estrago que faria na vida de sua mãe, ela sentia uma grande angústia. Então, consentindo com Parker, ela disse:

- Eu entendo - limpando sua lágrima.
Parker balançou a cabeça, demonstrando aprovação e continuou olhando nos olhos dela.

- Prometa para mim que você vai escrever o nome dele, caso a situação fique ruim. Eu não tenho a imagem desse investigador em minha mente, muito menos tenho os seus olhos para obter o nome dele, caso eu o veja. 
Enquanto dizia isso, uma ideia surgiu na mente do jovem. Ele não sabia como ainda não tinha pensado nisso.

- Você pode ver quanto tempo de vida a pessoa tem, não é?- perguntou Parker.
Clare apenas acenou com a cabeça, confirmando. Ele se virou e se viu tentando para saber quando seria a sua morte. Ele se virou e perguntou:

- Você já deve saber quando morrerá, não é? Você pode saber quanto tempo falta para mim?
Clare olhou para cima de sua própria cabeça e acabou percebendo que não conseguia ver o nome do rapaz e nem seu tempo de vida. O mesmo ocorria quando ela tentava ver seu próprio nome e tempo de existência. Saber o dia em que ela ou a sua mãe morreria estava fora de qualquer cogitação. Parker se manteve pressionando, mas Clare relutou e achou uma explicação satisfatória:

-Não consigo ver quanto tempo te resta, assim como também não posso ver o meu. Além disso, acho que não seja uma boa ideia, Parker. Saber o dia em que morremos põe uma contagem regressiva sobre nós, atrapalhando o nosso raciocínio. Se você souber em que dia morrerá, poderá perder a calma e agir de forma precipitada.

Parker concordou e não tocou mais no assunto. Sem ter mais o que fazer ali, Clare resolveu ir. Parker estava cansado por causa do dia que teve, e não foi contrário. A garota se despediu dos pais dele e saiu com Parker. William queria manter a aparência de que estavam juntos e a levou até em casa. Quando chegou, Clare avisou a sua mãe, que estava na sala. A garota foi até a cozinha e preparou um sanduíche. Por um minuto, toda aquela perturbação deixou Clare. Apesar de ter lembranças ruins daquela casa, ela também tinha boas, e eram elas que a faziam se sentir segura. Clare colocou o seu sanduíche em um prato de porcelana e foi até a sala. Sua mãe estava deitada dormindo no sofá velho, enquanto a TV estava ligada em um programa qualquer. Clare desligou a TV e ficou ali olhando para a sua mãe. Ela a amava muito, e a visão de sua mãe lhe arrancou um sorriso. 



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