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História Death note: o livro da morte - O novo começo


Escrita por: SorenK

Capítulo 6 - O novo começo


Fanfic / Fanfiction Death note: o livro da morte - O novo começo

O novo começo
     Depois do quartel, William entrou para a polícia e se tornou delegado administrativo. Nesse período, seu pai tinha se aposentado. Com sua independência financeira, ele comprou uma casa em outra cidade e foi morar lá. Passando alguns anos, Parker pagou uma passagem para que Clare fosse morar com ele. Sua antiga cidade permaneceu sob vigilância, só que menos pesada. Aos poucos, o kira se tornou uma lenda, atraindo grupos e seitas que se reuniam para cultuá-lo em segredo. Livros e documentários foram feitos a respeito do caso, mas ninguém, até então, sabia o que realmente tinha acontecido.

Com uma vida mais tranquila, William pode se preparar para voltar a agir. Ele e Clare estavam mais velhos, e a convivência fez com que eles se suportassem, até porque estavam presos ao segredo que guardavam. Enquanto estava no quartel, Parker descobriu que o presidente desejava iniciar uma guerra no oriente, em busca de petróleo barato. Sem saber, as ações dele acabaram impedindo que o presidente iniciasse uma guerra. Mais velho, William não acreditava mais em um Estado provedor da moralidade, pois ele mesmo, o Estado, estava corrompido. Sendo assim, Parker deveria dobrar todo o poder que ele tinha. Com um bom salário, não era necessário que Clare trabalhasse, o que ajudava na descrição dos dois. Quanto menos contato eles tivessem, seria melhor. Porém, toda vez que tinham que interagir, eles o faziam para não levantar suspeitas. Clare era encarregada de criar planos de ações para William, e o que ela tinha criado seguia os seguintes passos:
1. Ameaçar o presidente para tê-lo sob controle.
2. Ter acesso a dados secretos.
3. Iniciar um Estado de sítio.
4. Propor, através do presidente, um bloco internacional que estivesse sob o controle do kira.

Além dessa função, ela ficava testando receitas e tirando fotos por aí com a câmera que Parker lhe deu. Clare sentia muita falta de sua mãe, e matava essa saudade através de correspondências. Certo dia, enquanto estava sozinha em casa, a moça ouviu um gemido que vinha do lado de sua casa. Ela se levantou da cadeira e foi conferir. Cautelosa, espiou pela janela, notando uma mulher agachada perto da parede da casa. Clare desceu e foi ter com a mulher. Ela deu a volta e seguiu em direção a moça, que se manteve parada. Clare se aproximou, e de frente pra ela, perguntou:

- Olá, você está bem?

A mulher limpou o rosto e se levantou com calma. Ela parecia assustada, mas ao ver Clare, se sentiu mais segura. A mulher estava trêmula e aparentemente fraca.

- Me desculpe invadir a sua propriedade. Eu não faria isso se tivesse escolha.- disse a mulher.

Ao se aproximar dela, Clare percebeu que ela estava com ferimentos na boca e nos olhos. Era uma visão desagradável.

- O que aconteceu com você? Você está ferida.- indagou Clare.

A intrusa começou a soluçar na tentativa de responder. Algumas lágrimas escorriam sobre seu rosto.

- Acho que você merece uma explicação- disse a mulher- Até porque eu invadi a sua propriedade...

A moça levou alguns segundos mas conseguiu desabafar:

- Meu marido me bateu. 

Clare a abraçou e a guiou para dentro. Lá, ela deu banho na mulher, a vestiu e lhe deu de comer. A invasora estava com um pouco de dificuldades graças aos ferimentos mas comeu tudo. Ao terminar ela agradeceu e voltou a chorar. Clare se aproximou mais uma vez e a abraçou.

- Você não precisa se culpar, isso não é culpa sua.- disse Clare.

Não demorou muito, e a mulher dormiu no sofá. Clare a cobriu com um cobertor e ficou ali planejando o que faria até Parker chegar. Impaciente, ela foi para o quarto e ligou para ele. Mesmo um pouco ocupado, William atendeu, pois sabia que Clare não ligaria se não fosse urgente. Ele atendeu e perguntou:

- O que aconteceu?

- Encontrei uma mulher do lado da casa, parece que ela foi agredida pelo marido.- respondeu ela.

- O que?- perguntou ele surpreso- Você tem certeza? Não é seguro abrir a porta da nossa casa para qualquer pessoa, ainda mais para alguém que invadiu a nossa casa.

- A mulher está toda roxa, Parker. O que você queria que eu fizesse? Além disso, ela pode ser útil a nós. Faz tempo que você não usa o livro, você pode estrear com o marido dela ou prendê-lo. Fica ao seu critério.

Com a mão na cabeça, Parker finalizou:

- Ok. Vejo isso quando eu chegar. Enquanto isso, cuidado. Até.

Clare se despediu, colocou o telefone no gancho e saiu do quarto. Ela voltou para a sala onde a mulher estava e ficou ali, observando ela dormir. Não durou muito e alguém bateu na porta. Desconfiada, Clare caminhou silenciosamente até ela e espiou pelo olho mágico. Do outro lado, estava um homem a qual ela nunca tinha visto, e ele parecia impaciente. Clare abriu um pouco a porta e perguntou o que ele queria. Então o homem respondeu:

- Perdoe-me atrapalhar o seu sossego. É que a minha mulher sumiu e alguns vizinhos me disseram que a viram entrar em sua propriedade. Por acaso a senhora não a viu?

De forma séria, Clare negou ter visto e completou:

- Caso eu a veja por aí, te aviso. Agora eu peço licença porque estou um pouco ocupada. Até mais.

O homem viu a porta se fechar e não ficou muito satisfeito. Algo lhe dizia que a sua mulher estava naquela casa. Sendo assim, ele decidiu observar tudo o que acontecia de sua casa. Ele também pagou um vizinho para informá-lo enquanto ele trabalhava. Clare sabia que ele seria um problema. Então, quando Parker chegou, ela o chamou para conversar no quarto. A mulher ainda estava dormindo na sala e nem percebeu nada.

- O que você tem para me contar?- perguntou Parker preocupado.

- O marido da vizinha veio aqui hoje. Certamente ele voltará, então temos que ficar atentos.- respondeu Clare.

Parker estava exausto e a única coisa que ele conseguiu fazer foi respirar fundo e focar no nada.

- Eu sei o quanto você quer ajudá-la, Clare. Mas não podemos perder o nosso foco e nos envolver nos problemas da vizinhança, ou em breve vão desconfiar.- disse ele.

Clare sabia que ele tinha razão, então moderou o tom para falar, no intuito de fazê-lo entender.

- Sei muito bem o que você quer dizer, Parker- afirmou ela - Mas infelizmente ela veio até a nossa casa e eu simplesmente não poderia mandá-la ir. Podemos resolver isso de forma fácil, você é da polícia agora. Amanhã podemos levá-la até a delegacia para que ela preste uma queixa contra o agressor.

Parker se deitou em sua cama e, pela primeira vez se deu conta de como Clare era diferente das pessoas que ele convivia. Ele ficou olhando para ela, pensando em como ela, apesar de tudo, mantinha boa parte de sua ingenuidade. Talvez fosse a hora de ceder um pouco e fazer o que ela pedia. William concordou com o plano, o que deixou Clare totalmente surpresa. Ela sabia o quanto ele gostava de fazer as coisas de sua maneira, então aquela atitude era totalmente inesperada. Sendo assim, ela só pode agradecer. Parker colocou a mão no bolso e tirou um certa quantia em dinheiro e entregou para Clare. Segundo ele, aquele dinheiro era pra comprar o que fosse necessário para a hóspede. Vendo que Parker dormiria, Clare o pegou pela mão e o levantou para que ambos fossem para a sala, pois ela pediria uma pizza. William aceitou e foi com ela. Na sala, ele pode conhecer a hóspede, que se demonstrou bastante tímida e desconfortável com a situação. Parker até tentou se simpático, mas como estava com sono, ele não falou muito. Então coube a Clare conduzir a conversa.

- Eu estava conversando com o meu marido e acho que seja importante você entrar com uma denúncia. Nós te levamos até a delegacia.- disse Clare.

A mulher tentou não ser rude, mas protestou:

- Me desculpem. Sei que querem ajudar. E agradeço muito pelo que já fizeram por mim, só que meu marido é perigoso. Talvez o processo demore, e eu fique a mercê dele. Eu também ainda não tenho um lugar para ir, e não quero abusar da boa vontade de vocês.

Clare olhou para Parker buscando a aprovação dele, e após receber sua confirmação, ela disse a mulher:

- Enquanto a isso, você não precisa se preocupar. Durante todo o processo, você pode continuar aqui.

A mulher não relutou e aceitou a proposta, até porque ela não tinha muitas escolhas. Quando a pizza chegou, a conversa tomou um rumo mais descontraído. A mulher parecia mais leve e solta.

- Então, me conte mais um pouco sobre você, se quiser. Ainda não sabemos nem o seu nome.- disse Clare.
Um pouco sem jeito, a mulher se anunciou:

- Peço desculpas por não me apresentar. É que o momento era tão incomum que eu acabei esquecendo dos bons modos. Me chamo Karen Denpsen, e eu sou contadora.

Clare se mostrou surpresa e quis saber mais sobre a profissão dela:

- Sério? Onde você trabalha?

A mulher desviou o olhar e focou no chão, em um sinal de vergonha. Parecia que ela ainda não sabia lidar com aquele assunto.

- Bem...eu fui demitida a pouco tempo. Infelizmente eu venho sofrendo com uma crise de ansiedade, e por isso precisei fazer um tratamento. Eles não poderiam esperar por muito tempo. Eu fiquei péssima, me sentindo uma inútil.

Aquela fala deixou Clare se sentindo mal, e para alterar o clima negativo, ela tentou motivar Karen.

- Isso não durará para sempre, Karen. Em breve você estará trabalhando de novo e conduzindo a sua vida como deseja. Pode contar conosco.

Karen deu um sorriso tímido e agradeceu. A pizza estava muito boa e eles continuaram comendo. Quando terminaram, Parker ajudou Clare a limpar tudo e preparar o local que Karen dormiria. William subiu para o quarto, enquanto que Clare foi para o escritório fazer algumas pesquisas. Ela queria muito obter respostas sobre o livro e os antigos usuários, então começou a fazer várias buscas sobre livros com aquelas propriedades. Nessas buscas, ela achou um livro escrito por um historiador que continham relatos de um membro da igreja católica. Nesses escritos, haviam menções à caça às bruxas em um vilarejo na Europa. A caça se iniciou depois que dois homens foram encontrados mortos sem nenhuma marca de ferimento. Sendo assim, este ocorrido foi entendido como uma ação do demônio. Após muitas investigações, uma mulher, que supostamente usava um livro para invocar o diabo, foi pega. No tribunal, ela alegou que era inocente e que só estava fazendo aquilo para trazer o filho de volta à vida, após ele ter sido morto pela peste. A dona foi condenada e queimada na fogueira. Sem dúvidas, aquela parecia muito com a história contada por Katherine. O livro, pelo que se soube, não foi achado. Clare já tinha lido sobre obras usados em magias para trazer mortos à vida, e estes exemplares eram livros de necromancia. Intrigada, Clare foi até o cofre onde Parker guardava o livro da morte e o abriu. Ela o pegou e levou até onde ela estava lendo. Lá, Clare folheou suas páginas até achar os primeiros nomes escritos. E eram estes: Borislav e Nicolau. Posterior a esses nomes, estava um outro nome, só que agora feminino: Anastásia. Clare focou nele e o leu em voz alta. Quando ela o fez, acabou adormecendo. Em seu sonho, viu um lugar ao qual não conhecia, um lugar semelhante aos dos filmes sobre cavaleiros e dragões. Clare via tudo como se estivesse lá, mas não conseguia interagir com nada. Ela não podia controlar os seus passos, sendo arrastada contra a sua vontade. Acabando em uma casa humilde, se deparou com uma mãe que chorava pela morte de seu filho. A mulher gritava:

- Meu filho não! Meu filho não!

Mesmo sem entender, Clare ficou com pena da mulher. Ao tentar tocá-la, ela não teve sucesso. A senhora parou de chorar e limpou suas lágrimas. Ela parecia decidida a fazer algo. Deixando o seu filho no quarto, ela adentrou em uma densa floresta. No meio dela havia uma antiga cabana com trapos e coisas velhas. Atônita, ela bateu algumas vezes na porta, até que teve uma resposta. A porta se abriu, revelando a figura de um homem velho e barbudo, vestido com trapos e cheirando mal. Sua barba era branca e suja. Ele parecia saber o motivo da dona estar ali, então após coçar a sua barba, ele falou:

- Entre, eu estava esperando por você.

A mulher entrou meio desconfiada, olhando para cada canto da sala. Alguns da vila já tinham ouvido falar sobre um velho que morava em uma cabana na floresta, mas ninguém realmente havia se encontrado com ele ou entrado em sua casa. Caminhando atrás do velho, a mulher perguntou:

- O senhor poderá me ajudar? Depois que nos encontramos naquele dia, tuas palavras me encheram de esperança. Serias tu um sábio homem, como existem vários em minha comunidade?

O velho se virou e sorriu, negando com a cabeça. Então ele disse:

- Posso ajudar-te, estimada senhora. Tenho conhecimento de como seu povo é perseguido e culpado por desastres que não são responsáveis. Porém, não sou como nenhum dos seus sábios. Carrego comigo saberes mais antigos, muito mais antigos do que aqueles encontrados nos seus livros ou em seu conhecimento oral. E através desse conhecimento, te ajudarei.

A mulher, que estava nervosa, ficou mais aliviada. Aquele velho se assemelhava muito com seu avô, ao qual ela perdeu quando tinha seis anos. O velho mexeu em suas coisas e encontrou um livro. Ele abriu este livro e começou a explicar:

- Através deste livro, você poderá trazer seu filho de volta. Será apenas necessário uma troca equivalente, um bode por expiação.

O livro era chamativo e bonito. Talvez fosse um livro escrito por um homem bastante sábio. Ainda que estivesse desesperada, a ideia de fazer uma troca era totalmente impensável para ela. Vendo que a dona queria recuar, o velho disse:

- Sei que tu se incomodas em tirar a vida do inocente, mas há quem, entre vós, faz pouco merecer por sua vida. Entre os que vivem em sua vila, existem aqueles que odeiam o seu povo e o classificam como hereges, mesmo que a vossa fé seja autêntica. Desta forma, além de salvar a vida do seu filho, tu trarás justiça aos que sofrem com tamanha opressão. Após este ocorrido, certamente eles os temerão e pensarão duas vezes até infringirem a vós todo tipo de atrocidade.

Aceitando aquelas palavras, a dona pegou o livro e seguiu todas as instruções do velho. Quando chegou em casa, ela pegou uma pena e escreveu o nome do cobrador de impostos, o mesmo que havia espalhado calúnias sobre seu povo. No mesmo tempo, uma doença caiu sobre o homem, e depois de muita febre, ele morreu. Depois de dois dias, a notícia da morte daquele homem se espalhou, para a frustração dela. Nada do que o velho tinha dito havia acontecido. Seu filho, que já começava a feder, ainda estava morto. Antes que ela pensasse em se livrar do livro, o velho apareceu na porta da mulher. Segundo ele, existia algo que precisava ser dito. Como o filho dela era puro, era necessário oferecer também uma vida pura, para que houvesse uma troca equivalente, pois a vida de um pecador pouco valia diante da vida de uma criança, dizia ele. Concordando, ela escolheu uma nova vítima, agora entre o seu próprio povo. Sabendo que a filha do vizinho lutava contra a mesma doença que seu filho havia contraído, ela a escolheu como alvo. E assim como ocorreu com o cobrador de impostos, a menina morreu. Todavia, aquela morte não trouxe o menino morto de volta. Insatisfeita, ela escondeu o livro e decidiu enterrar o seu filho. Como não podia fazer isso sozinha, chamou por um vizinho, que sem ela saber, fazia pequenos furtos. Aquele momento foi propício para ele que, esperando um momento certo, acabou ficando sozinho na casa, onde pode fazer buscas. E nessas buscas, ele acabou encontrando o livro, percebendo que os nomes dos mortos estavam escritos ali. Sem exitar, ele levou o livro para as autoridades, que logo foram até a casa da mulher com a intenção de averiguar a denúncia. Sem poder se defender, a dona acabou em um tribunal, onde foi condenado por bruxaria. Aquele fato foi crucial para o aumento da opressão e perseguição daquele povoado. A imagem final era assustadora, pois o próprio velho escrevia o nome da mulher no livro maldito. Anastásia era o nome dela. Clare se assustou mais ainda quando Parker a cutucou, tentando acordá-la para levá-la até o quarto, pois ela tinha dormido no escritório. Clare resolveu não falar nada naquele momento, mas seguiu até o quarto, onde deitou na cama e dormiu.

De manhã cedo, os três acordaram e foram à delegacia para prestar queixas contra o marido de Karen. Na volta, Clare a convidou para ir ao mercado, no intuito de comprar ingredientes para o almoço. Porém, Karen recusou graças ao medo que tinha de encontrar com o seu marido. Entendendo a situação, Clare não insistiu e foi sozinha. Enquanto estava solitária, Karen tirou um comunicador do bolso e disse:

- Estou sozinha agora. Vou aproveitar para espalhar algumas câmeras, Luck.

Karen espalhou pequenas câmeras por toda a casa e deu um relatório de tudo o que tinha visto ali. Por algum tempo, Luck não perdeu a desconfiança que tinha de Clare e Parker. A morte de Jimmy, ainda que inexplicável, estava com as marcas de Parker, pois Luck sabia que Jimmy iria atrás do suspeito, para vigiá-lo de perto. Todas as perícias diziam que Jimmy faleceu engasgado de tanto comer chocolate. Luck não esperava sentir por aquela morte, pois ele já havia presenciado várias. A mudança de Clare para a casa de Parker tornava tudo mais estranho. Tudo o que o agente precisava era de provas.

No mercado, Clare escolhia os ingredientes para o almoço. Ela também pensava em algo que a incomodava, que era o fato dela ter dado o livro para o Parker. Ao fazer isso, ela o condenou em uma missão praticamente suicida. Enquanto caminhava pelos setores, um homem a vigiava e dava todas as atualizações para Karen. O mesmo era feito a respeito de Parker. Então, Karen se sentia mais segura para procurar alguma prova. Se eles estavam envolvidos com todas aquelas mortes, deveria existir algo que comprovasse. Karen procurou no quarto e também no escritório, onde percebeu a existência do cofre. Sem a senha, ela não poderia saber o que poderia estar ali. Sendo assim, ela informou aos outros.

Do trabalho, Parker via todas as movimentações de Karen através das câmeras que ele tinha instalado na casa antes de Clare ir morar com ele. William já estava desconfiado de Karen, mas agora ele tinha um motivo real. Quando Clare estava perto de chegar, Karen correu para a sala onde ficou esperando, lendo uma revista. Clare chegou com algumas bolsas e Karen ofereceu ajuda. Ambas foram para a cozinha e começaram a preparar o almoço. Durante esse tempo, dois homens armados e encapuzados invadiram a casa e renderam as duas. Claro que eles conheciam Karen, mas fingiram não conhecer. A moça também atuou para que parecesse surpresa e com medo. Os homens logo foram para o escritório e arrombaram o cofre, achando apenas uma certa quantia em dinheiro e sua declaração. Insatisfeitos, eles levaram a Clare para ser interrogada. Nesse processo, ela sofreu algumas torturas mas não revelou nada comprometedor. Parker estava com o livro e não fez nada porque aquilo poderia ser a prova direta, então permitiu que ela fosse levada. No entanto, ele já estava começando a planejar algo, pois aquilo não ficaria assim. Quando ele voltou para casa, Clare já estava lá. Karen anunciou que a esposa de Parker estava sozinha no quarto, como preferiu ficar. Parker agradeceu, fingindo não saber de nada e subiu para o quarto. No momento em que ele abriu a porta, viu Clare deitada e chorando. Ele se aproximou e a abraçou, tentando acalmá-la. A moça estava visivelmente abalada, mas tinha forças para dizer que não havia dito nada. Parker ficou furioso e Clare nunca tinha o visto daquela forma. Ele desceu para preparar um chá para Clare e começou a preparar um plano. Enquanto pensava, a morte apareceu em forma de uma velha senhora. Parker ficou satisfeito com aquela aparição, pois sabia que precisaria mais que tudo da morte naquele momento. Agora, ele havia aprendido a ser frio e pensar com a cabeça tranquila. Não valia mais a pena sair chutando tudo ou se lamentar por nada ter dado certo. A morte sorriu para ele e disse:

- Teu desejo de morte são como cheiro suave para mim.

- Talvez seja porque eu já morri faz tempo.- respondeu Parker.

Os dois ficaram ali durante um tempo, conversando sobre como Parker deveria agir. Depois que o chá ficou pronto. Parker o levou até Clare. Naquela noite, ela dormiu abraçada com o rapaz, pois aquilo era o único jeito dela dormir mais tranquila. Clare não descansou bem, e toda hora acordava com o mínimo de barulho, achando que aqueles homens viriam para pegá-la novamente. Mas quando isso acontecia, Parker estava ali e a lembrava de sua presença.

De manhã, ele ligou para o trabalho e explicou que não iria trabalhar porque alguns ladrões haviam invadido a sua casa, deixando a sua mulher traumatizada. William deixou que Clare dormisse até acordar ao meio dia, com uma forte dor de cabeça. Parker pegou um comprimido e levou para ela junto com o café. Clare agradeceu e o tomou, experimentando cada iguaria exposta. Ela jamais tinha sido acordada assim, e achava uma pena ser em um momento tão ruim como aquele. Ela não conseguiu comer muito e logo voltou a chorar.

- Não podemos ficar mais aqui, Parker. É perigoso. Ontem eles me pegaram, mas amanhã pode ser você. Temos que sair logo dessa casa.

Parker concordou e disse:

- Não se preocupe, eu já tomei todas as providências. Sinto muito por não ter conseguido te proteger. Você poderia ter ficado com a sua mãe, mas escolheu vir comigo. Eu deveria ter feito mais.

Clare olhou para Parker e notou algo diferente nele. Ela nunca o viu chorar, mas mesmo não chorando, ele parecia estar chorando por dentro. Depois de voltar do exército, Parker ficou mais sério e mais fechado. Ele quase não sorria mais. Clare achou aquele momento propício e se desculpou:

- Não... Eu que sinto muito. Se eu não tivesse colocado o livro em sua vida, não estaríamos aqui hoje. Eu poderia ter resistido sozinha.
Parker nunca tinha pensado naquilo, mas agora que o fato foi mostrado, ele não sentia raiva dela. Pelo contrário. Se não fosse pelo livro, ele nunca teria conhecido Clare, pessoa que sabia o que ele sentia e carregava. William se sentou na cama e disse:

- Não se lamente. O que está feito, está feito. E eu não tenho raiva de você. Na verdade, sinto respeito.
Ao ouvir aquilo, os olhos de Clare ficaram arregalados, pois ela sabia que Parker sempre foi muito orgulhoso e nunca faria aquilo que estava fazendo. Parker continuou:

- Apesar de coisas ruins terem acontecido com nós dois, nenhuma delas conseguiu mudar o que você é. Enquanto a mim, não posso dizer o mesmo. Você é uma pessoa que faz a vida valer a pena.

Clare chorou muito mais e o abraçou. Saindo dali, Parker arrumou suas malas e as colocou no carro, e depois voltou para mostrar para Clare como Karen estava envolvida em tudo aquilo. Clare ficou chocada e com muita raiva. No final, a desconfiança dele estava certa. Então, ele pediu que Clare visse o nome dela, para que ele pudesse escrevê-lo no livro, pois com ela viva, os dois não poderiam fugir. Clare concordou e pediu pra chamar Karen. Quando ela entrou no quarto, pode ver o verdadeiro nome dela, e sem que ela soubesse, teve uma conversa tímida para distraí-la. Após alguns minutos, Parker pediu que Karen descesse para que Clare pudesse descansar. Karen desceu e deixou os dois ali. William tirou uma folha do bolso e escreveu o nome dela, dando algumas descrições sobre sua morte. Lá em baixo, Karen se sentiu um pouco mal com aquela situação. Era possível que os dois fossem inocentes e ela pudesse ter contribuído para tal injustiça. Essa era a pior parte do seu trabalho, o que a fazia lembrar de sua mãe, que o odiava. Ela dizia que sempre desejou que a filha fosse médica para salvar vidas, e não que fosse alguém que as tirasse. Por mais que Karen tentasse explicar, sua mãe nunca aceitou sua profissão. A distância entre as duas também a deixava bastante angustiada. Porém, sua angústia começou a crescer e a casa a começou incômoda-la. Sem ao menos pensar em nada, ela deixou o local sem olhar para trás. Quando pisou na rua, ela correu o mais rápido que pode, sem nenhuma direção em mente. Não notando, Karen acabou entrando na frente de um carro e foi atropelada. O impacto foi tão forte que a jogou longe, a matando na hora. Aproveitando aquele momento, Parker pegou Clare e fugiu de carro para uma casa no campo, lugar que ele havia comprado. A casa estava toda mobiliada e eles só precisaram chegar e guardar o que tinham colocado nas malas.

A morte da Karen logo chegou aos ouvidos de Luck e outros agentes. Sem dúvidas, aquelas mortes estranhas tinham uma ligação com aqueles dois. Na nova casa, Parker se sentou na varanda onde conseguia ver uma bela vista. Por mais tranquilo que fosse o local, William não conseguia calar o caos que havia dentro dele. Imagens do passado o atormentava, principalmente as do período em que esteve no quartel. Em missões, Parker pode presenciar os seus companheiros cometendo atos totalmente imorais e proibidos em sua nação, como vender drogas para a população no qual eles estava fazendo uma ação militar estrangeira; como também o sexo com menores, que eram obrigados a se prostituírem. Aquela total contradição deixou Parker profundamente perturbado, porque não existia explicação para o Estado que aplicava uma lei dentro de seus pais, permitir aquelas coisas em outros países. Eles já não eram mais referências morais, já não poderiam restaurar aquilo que, talvez, nunca existiu. Todo o objetivo de Parker tinha caído em um imenso vazio de sentido. Ele também se lembrou da morte de O'bryan, e como escreveu uma carta para ele antes de adicionar o nome dele no livro. O'bryan acabou achando que aquela carta era uma declaração anônimo de alguém do seu trabalho, devido ao conteúdo, e a passou de mão em mão para ver se identificavam a letra. A morte de Jimmy, que ocorreu um pouco depois de sua missão acabar, também vinha em sua mente. Enquanto estava em missão, Parker matou alguns guerrilheiros com armas. Para ele, aquilo era totalmente diferente do que matar através do livro. Vendo que não se livraria fácil daquelas imagens, ele entrou e pegou o livro, que estava guardado em uma das malas. Depois, ele pegou com Clare todo aquele plano. Com ele em mãos, o rapaz foi para uma sala, onde começou a planejar tudo com enorme cuidado. Como precisava de alguém próximo ao presidente, ele buscou pelo contato de sua porta-voz oficial: Suzan Sperb. Não foi fácil, pois ele teve que buscar entre todos os seus contatos, perguntando de um em um. Sendo assim, ele pode aproveitar para justificar suas próximas faltas, que ocorreriam graças ao tratamento que sua mulher iniciaria. Parker forjou um atestado médico e enviou por e-mail, tranquilizando seus superiores. Ele sabia que poderia haver um infiltrado entre seu grupo de trabalho, então tomou cuidado para não ser localizado. Obtendo o número de Suzan, ele disse que teria um trabalho para ela, e que ela deveria fazer, antes que algo de ruim acontecesse com ela. Suzan não acreditou e desligou o telefone, achando que era um trote. Por causa disso, Parker começou a levantar informações sobre a porta-voz, descobrindo que ela morava com sua irmã, que estava desempregada, e com o seu sobrinho. Parker escreveu o nome da irmã de Suzan no livro e ordenou que ela deixasse um bilhete, para que Suzan soubesse que estava em suas mãos. Suzan teve pouco tempo para oferecer luto a sua irmã, pois temia pela vida do sobrinho. Então, como fora ordenado, ela foi até a capital, onde estava o presidente, e deixou o recado com ele. No início, ele não acreditou, mas como Suzan, que tinha um e-mail para se comunicar com Parker, ou Kira, como ele se identificava no e-mail, passou informações ao William sobre a vida do presidente. Desta vez, a vítima foi a mãe do presidente, que sem poder fazer nada, se viu nas mãos do Kira. Ele também temia por suas duas filhas e mulher, e desta forma, decidiu colaborar, até porque não poderia fugir.

Faltavam duas semanas para a reunião geral com os dez principais países do mundo, e nessa reunião seriam abordados planos para solidificar a paz no mundo. Como combinado, o presidente foi para a reunião como porta-voz do Kira, e apresentou lá a proposta do Kira para a paz do mundo. Assim como foi com os outros, os líderes mundiais debocharam da proposta do presidente, mas logo viram que todos ali estavam nas mãos de um assassino desconhecido. Depois que o presidente sinalizou o perigo de morte que pairava sobre todos os que estavam na sala, um dos presidentes escreveu em um papel e morreu logo em seguida. A mensagem estava de acordo com o que o primeiro presidente dizia. Naquele momento, Parker já tinha tudo o que precisava saber sobre qualquer presidente presente na sala, pois pediu informações sigilosas ao presidente de seu país. Todo o mundo estava em risco, porque o assassino, além de matar, também era capaz de controlar as suas vítimas. Com a pessoa certa, um botão errado poderia ser apertado, liberando várias ogivas nucleares. Sem alternativa, o acordo foi assinado e todos os países estavam subjugados por uma corte superior, presidida por Kira. O controle não foi total, pois muitos ainda tentavam descobrir quem era o culpado por tudo. Para mantê-los ocupados, Parker matava diversas pessoas por dia, em diversos países, o que prejudicava toda e qualquer investigação. O número de mortos começou a prejudicar a economia mundial e ajudar na propagação de doenças graves. O pavor e pânico tomou o mundo, de maneira que todos foram tomados por medo e pavor. Chegou em um momento em que Parker já não tinha mais tanto cuidado em ser pego. Para falar a verdade, parecia que era isso que ele desejava. O seu jogo já não o agradava e não fazia sentido algum. Assistindo a forma como ele parecia se destruir, Clare tentou impedi-lo, mas teve pouco êxito. Até que, em um certo dia, Parker entrou em colapso e caiu tremendo no chão. Clare se aprontou para socorrê-lo e cuidou dele da forma como pode, mas como ele não parecia melhorar, ela resolveu pegar o carro e sair para comprar alguns remédios ou buscar ajuda. A viagem demorou, pois a casa deles ficava longe da cidade mais próxima. Chegando lá, Clare entrou em uma farmácia e comprou alguns remédios para os sintomas que Parker sentia. Como já havia algum tempo que eles tinham sumido, foram espalhados alguns cartazes em vários lugares para achá-los. E foi através de uma câmera na farmácia que o reconhecimento facial de Clare foi efetuado.

A equipe de Luck estava na busca e partiu para a cidade. Sem nenhum endereço, a opção foi fazer uma busca em todas as casas. Sem sucesso, uma busca via satélite também ocorreu, e graças a ela, eles descobriram uma casa na floresta, onde foram investigar. Nesse momento, por causa dos cuidados de Clare, Parker já apresentava sinais de melhora. A patrulha investigou toda a floresta até encontrar a casa. Quando eles bateram na porta, Parker fez um sinal para Clare, pedindo que ela o seguisse. Os dois seguiram até uma abertura secreta que ficava na biblioteca. A abertura foi elaborada por Parker para qualquer emergência. Clare desceu e olhou para William, esperando que ele fosse junto. Mas ele fez outro sinal para que ela continuasse. Sem se opor, Clare se escondeu dentro da sala secreta. Ainda na biblioteca, Parker teve um plano ousado: ele escreveu uma carta como se estivesse se despedindo de alguém. Do lado de fora, os homens informavam que iriam invadir a casa. Sem tempo, Parker deixou o livro aberto na página da mensagem em cima de uma mesa e se juntou a Clare. Os homens arrombaram a porta e começaram a vasculhar cada canto da casa. Enquanto isso, Parker e Clare continuavam quietos dentro da sala secreta. Ao chegarem na biblioteca, os homens do esquadrão acharam o livro e ficaram intrigados com a mensagem. No entanto, ao tocarem nele, uma figura terrível apareceu na frente deles. Um dos soldados pirou e começou a atirar contra a morte, que os rodeava. Os outros fizeram o mesmo, e no final, todos estavam mortos no chão. Depois de se certificarem que não havia mais perigo algum, os dois saíram e pegaram o livro que estava no chão. A cena era terrível, de modo que Clare desviou o olhar. Sendo guiada por Parker, os dois foram para a garagem e entraram no carro. Eles precisavam de algum lugar seguro para ir. Só que Parker não tinha nada em mente. Então, ele teve a ideia de procurar por um banco para poder fazer um saque de seu dinheiro que estava guardado. De lá, eles foram para um pequeno hotel em uma cidade próxima. William deixou a Clare no quarto e disse:

- Tenho que fazer algo antes mas eu voltarei para ficar com você.

Antes dele sair, Clare o beijou e pediu que ele voltasse logo. Parker seguiu para o centro da cidade próxima e entrou em uma lanchonete. Com o pouco dinheiro que tinha, ele comprou um lanche para comer. Enquanto comia, ele começou a lembrar que Clare trabalhou em uma lanchonete, no passado. A partir desse pensamento, ele começou a questionar se a sua vida realmente foi boa. Por mais importante que fosse tudo aquilo que aconteceu com ele, algo que raramente aconteceu na história, Parker não estava satisfeito. Ele se sentia triste por não estar feliz e empolgado com tudo o que tinha realizado. Um homem, quase só, conseguiu colocar vários governos em sua mão. Na TV da lanchonete, noticiava a morte de um famoso cartunista e depois dizia o quanto o índice dos crimes tinham caído. O presidente realizou um pronunciamento, dizendo que todos estavam sob um novo governo e que qualquer crime não seria tolerado, ocasionando na morte de quem o cometesse. Os especialistas diziam que a queda na criminalidade tinha a ver com o pronunciamento e com a propagação da política do medo. Por outro lado, uma onda de punitivismo se espalhou. As pessoas estavam denunciando umas as outras sobre qualquer aspecto de delito. A estabilidade pretendida por Parker não viria tão cedo. E pra falar a verdade, ele já não estava tão preocupado com isso, pois pensava em como Clare sairia de tudo aquilo.

Na casa da floresta, Luck pode recuperar as câmeras que estavam acopladas nos soldados enviados por ele, podendo ver que Clare e Parker realmente estiveram ali. Mas o que mais chamava a sua atenção, era o fato dos soldados terem se atacado após tocarem no livro. Luck seguiu sozinho e continuou procurando. Ao retornar para o hotel onde Clare estava, William trouxe um lanche que havia comprado na lanchonete. O que mais a deixava aliviada era o fato dele estar ali. Depois de comer, Clare começou a dizer:

- Parker, talvez seja a hora de você perceber que isso foi longe demais. Não há mais propósito nisso tudo.

De forma paciente, Parker perguntou:

- E o que você acha que devemos fazer? Nos entregar? Acho que é tarde até para isso, Clare. Eu tenho uma última cartada e ela dará um fim em tudo isso.

Curiosa, Clare se aproximou dele e questionou:

- E que carta na manga é essa? Poderia me contar? Você sabe como ninguém que estamos juntos nisso, se tivermos que pagar por tudo isso juntos, eu aceito. A única coisa que eu quero é viver em paz contigo.

Parker se levantou e respirou fundo, pois sabia que nada daquilo aconteceria, e pior, o livro poderia cair na mão do presidente. Então Parker disse:

- Se eles nos pegarem, nós seremos executados na cadeira elétrica ou condenados à pena perpétua. Se eles descobrirem sobre o poder deste livro, imagina o que poderão fazer, imagina quantas guerras poderão causar e vencer. Só eu posso evitar isso.

Clare achava que algo em Parker havia mudado, e se de fato isso não fosse real, ela acreditava que poderia mudá-lo. Novamente em seu carro, que funcionava como um QG, Luck passou a analisar qualquer vestígio de Parker ou Clare pelas cidades próximas, usando imagens de câmeras ou avisos. Para ser mais eficaz, ele pediu que fossem espalhados avisos sobre os dois e de como estavam sendo procurados. Assim, a população poderia denunciá-los aos vê-los. Seu oponente, o Parker, sabia que não poderia parar essa caçada, ainda que ameaçasse o presidente. Outros logo viriam. Depois de uma hora, os anúncios de busca pelos dois começaram a passar na TV, rádio e em veículos digitais. Logo, os donos do hotel entenderam que Parker estava ali. Sem perder tempo, a polícia foi chamada e o esquadrão tático fechou e cercou todo o local. Não havia escapatória. Em um auto-falante, um policial começou a pedir que Parker se entregasse. Clare entrou em pânico ao ouvir a mensagem, mas Parker conseguiu acalmá-la. Ele precisava bolar um plano para escapar dali. Os policiais já estavam na porta, afirmando que entrariam. Sem escolha, William pegou uma caneta em seu bolso e escreveu no livro. Clare tentou saber, mas não teve ideia do que ele tinha escrito. Como fora avisado, os policiais arrombaram a porta e renderam os dois, que pouco puderam fazer. A polícia os escoltou até o lado de fora, onde estavam algumas viaturas. Luck tinha acabado de chegar e ostentava um olhar orgulhoso. Finalmente ele tinha capturado aqueles que ele sempre apostou como culpados. Ainda que ele não pudesse ligar as outras mortes aos dois, ele tinha o ocorrido na casa. Um dos policiais algemou Parker e o levou até uma viatura. Clare, que estava sendo segurada por outro policial, seguia para uma viatura um pouco distante da de Parker. Quando ela foi posta dentro do carro, se virou para poder olhar para o carro onde estava Parker e, de repente, um caminhão desgovernado aparece na estrada e acaba se chocando com o carro onde Parker estava. O caminhão veio já virando, e a queda espalhou o combustível que ele transportava. Parker morreu na hora, assim como os policiais. Clare, ao ver tudo aquilo, gritou pelo nome de Parker, inutilmente. O carro onde ele estava começou a pegar fogo e ele começou a se alastrar pelo chão. Alguns carros começaram a ser envolvidos pela chama. Antes que o carro de Clare fosse alcançado, os policiais que estavam nele ficaram tão desesperados que saíram, pois não havia como dar a partida, já que outros carros bloqueavam. Sozinha, Clare só conseguiu gritar de medo, até que Luck foi até o carro onde ela estava e a salvou. Ele portava o livro que fora entregue por um policial. Antes que o fogo tomasse tudo, eles deixaram o local. O calor já era insuportável, quando alguns carros começaram a explodir. Luck levou Clare para longe, ao lado de uma árvore, onde ela pode se sentar e descansar. Ela estava em choque e apenas tremia.

- Você está bem?- perguntava Luck, sem obter nenhuma resposta. 

Vendo que o livro estava na mão dele, Clare lembrou do que Parker tinha dito sobre o perigo do livro. Então ela chamou por Katherine, que se manifestou na frente de Luck. Assustado, ele deixou o livro cair no chão, após bater em retirada. Clare pegou o livro e fugiu o mais rápido que pode. Ela correu até achar um galpão vazio. A moça passou por dentro dele e teve acesso ao outro lado da rua. Não satisfeita, ela continuou correndo, até chegar em uma casa que tinha uma casa na árvore. Subindo pela escadinha, ela descansou na casa. Quando lembrou que Parker tinha morrido, Clare chorou. Ainda mais por entender que ele havia se sacrificado para salvá-la. A jovem mulher pegou o livro e o abriu, encontrando uma mensagem que dizia:
 

"Clare, talvez eu já esteja morto quando você encontrar essa carta que escrevi no dia 7. Não se culpe pela minha morte, mas continue vivendo pelo caminho que você escolheu, pois o meu caminho já foi traçado. Sinto não poder mais continuar caminhando com você, até porque, em certo momento, eu achei que fosse ficar com você e ter uma família. Imaginei nós dois com a nossa filha. Eu gostaria de ter sido alguém que meu pai nunca foi, gostaria de ter arrumado todos os meus erros antes. Mas agora não há tempo. Você mudou a forma como vejo o mundo, porque acabou se tornando o meu mundo. Descobri comigo mesmo que tudo o que eu fiz era um reflexo da minha tristeza, e desejo de acabar com a minha própria vida. Desisti do meu modo de mudar o mundo e acredito que pessoas como você podem fazer isso melhor do que vários exércitos ou qualquer Estado carrasco. Porque quando lembramos uns aos outros a respeito da compaixão, percebemos que não estamos sozinhos e que não precisamos disputar uns contra os outros. Te amo muito! De seu amigo: Parker."

Naquele momento, a morte apareceu, como quem quisesse consolá-la. Em sua forma que costumava se apresentar a Clare, ela foi repreendida.

- Sei que é você, morte. Não precisa me consolar, me confortando como no passado.- disse Clare.

A morte aproximou e se posicionou ao lado dela e disse:

- O que pensa em fazer agora?

Clare fechou o livro, limpou suas lágrimas e respondeu:

- Pretendo fazer o que acho ser certo: vou me entregar para a polícia.

Em uma última tentativa de ser agradável, a morte disse:

- Se você quiser, eu posso apagar todas as memórias que você tem sobre o livro, assim você pode viver tranquilamente.

Clare balançou a cabeça, negando, pois ela tinha outros planos.

- Por mais doloroso que seja, preciso dessas memórias. Elas me ajudarão caso uma situação semelhante ocorra.- falou ela.

A morte sorriu e lamentou não poder escrever o nome dela no livro, pois Clare fez com que a irmã de Parker escrevesse o nome dela três vezes errado no livro, anulando o poder dele. Clare se levantou e olhou para fora da casa, podendo observar o pôr do sol. Ela saiu dali e se entregou para a polícia. No mesmo momento, ela foi presa até ser julgada.

Na cadeia, ela descobriu que estava grávida. No julgamento, ela acabou sendo absolvida, pois as provas apresentadas não foram o suficiente para convencer o tribunal. Fora da prisão, ela retornou para a casa de sua mãe, onde descobriu que Parker havia deixado uma boa quantia para as duas. Com esse dinheiro, Clare comprou a lanchonete onde trabalhou e viveu através dos lucros que ela dava. Eles foram o suficiente para criar a sua filha Catherine, sem precisar recorrer aos avós dela.

Quando Catherine fez três anos. Clare pôs fogo no livro, se livrando de uma vez daquele passado incômodo, agora que a morte não poderia escrever seu nome nele. Todos os sábados, ela levava flores até o túmulo de William, que foi posto no cemitério da cidade graças ao pedido dos pais dele. Toda a história de que Parker fosse o Kira acabou virando balela, e nem a sua família ou os outros acreditavam mais nisso. Clare não se casou mais e decidiu se dedicar na criação de sua filha e na administração da lanchonete. Certo dia, quando o local estava para fechar, Luck apareceu. Ele estava um pouco diferente, mas ela o reconheceu. Um pouco sem graça, ele sorriu e disse:

- Foi difícil te achar aqui. Mas fico feliz que tenha acabado bem.

Apesar de tudo, Clare o tratou bem e perguntou:

- Você gostaria de comer algo?

Aproveitando o momento, Luck pediu o que sempre pedia quando ia para o local. Tinha algo que o incomodava, então ele aproveitou para eliminar aquilo, e sentado de frente para Clare, enquanto comida, ele explicou:

- Acho que você merece uma explicação. Depois que eu saí sem dizer nada, você deve ter pensado que nunca significou nada pra mim, mas significou.

- Tudo bem- disse Clare- Se nada disso não tivesse acontecido, talvez eu não teria Catherine hoje. Foi lamentável, mas não há nada que podemos mudar.

- Talvez haja.- afirmou Luck.

Ele se levantou da cadeira e disse:

- Não foi só pra isso que vim aqui.

Clare também se levantou e questionou:

- Então por que veio?

- Eu vim porque alguns meses atrás um homem solitário morreu de forma misteriosa. E essa já é a sétima morte semelhante no Estado vizinho. Estou aqui para pedir a sua ajuda e evitar que tudo se repita. Aceita me ajudar?

Clare gelou mas sabia que não poderia negar. No fundo, ela desejava compensar tudo o que ajudou a fazer. Então, ela apertou a mão de Luck e aceitou a ajudar. Depois disso, ela foi para casa, onde foi recebida por sua filha. Clare a beijou e disse:

- Que bom te ver de novo, minha filha querida.
 

Fim.

 


Notas Finais


Obrigado por ter acompanhado este enredo!


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