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História Death.Time.Love - Aquele Sorriso


Escrita por: fercarol03

Capítulo 14 - Aquele Sorriso


Os primeiros raios de sol despertaram Draco que, inacreditavelmente, havia tido uma longa e boa noite de sono pela primeira vez em muito tempo. O homem abriu os olhos lentamente, em um primeiro momento se sobressaltando, confuso com a cama desconhecida, depois deixou o corpo relaxar lembrando-se do dia anterior.

Hermione ainda estava adormecida, deitada sobre seu ombro esquerdo, de frente para Draco. A noite de sono havia levado as bochechas rosadas causadas pela febre do dia anterior e agora a jovem parecia serena e tranquila enquanto repousava. Ainda assim, Draco levou sua mão até o rosto da jovem e a deixou ali por alguns segundos, testando sua temperatura. A febre parecia ter definitivamente cessado.

Draco sorriu enquanto encarava o rosto da jovem, sua mão ainda pousada na sua bochecha. Os cabelos castanhos formavam cachos em volta de sua cabeça, alguns fios caindo em seu rosto, pescoço e colo. Era uma visão bonita, ele admitia. 

O dia seria, novamente, de muito frio. Havia nevado durante todo o dia anterior e a madrugada, porém, nas primeiras horas da manhã o sol arriscava-se a escapar de trás das nuvens. A luz que entrava pela janela lateral iluminava parcialmente o quarto pela fresta de cortina que não havia sido fechada direito, ao chegar até a cama, os raios de sol atingiam as costas da garota, formando uma aura ao seu redor. Draco sorriu com a visão, puxando o travesseiro para se acomodar melhor.

Não se deu conta do tempo passando enquanto ele continuava observando a esposa, mas não sentiu a menor vontade de se levantar e dar início às atividades do dia. Sentia-se confortável naquela situação, coberto até a cintura pela coberta, abraçado ao travesseiro macio, encarando a jovem adormecida em sua cama. Havia uma força estranha que o impedia de levantar, um magnetismo que o puxava contra o colchão, sua consciência de que era um desperdício levantar enquanto Hermione continuava dormindo.

Draco sacudiu a cabeça com seus pensamentos e rolou, ficando de barriga para cima. O homem coçou os olhos com as pontas dos dedos. Não era mais um adolescente e, portanto, já não era um jovem ingênuo que acreditava em um amor piedoso para as almas sofridas. Tinha consciência de suas ações e também de seus sentimentos. E, por ter consciência de seu ser, sabia que Hermione o via exatamente como era: um homem estranho, decadente, que havia aparecido em sua vida de uma forma esquisita e com quem estava presa até a morte. Em sua ânsia por ajudá-la e cumprir sua promessa, acabou a condenando a uma vida ao seu lado. Ela não ousava dizer nada, é claro. Ela era gentil demais, educada demais para lhe mostrar sua insatisfação. 

Hermione era uma das mais belas jovens que já havia visto e era natural que se sentisse atraído por ela. Além disso, ela era surpreendentemente agradável e doce, absurdamente inteligente e habilidosa em tudo o que se propunha a fazer. Apesar de seu passado triste, ela não se permitia abater, sempre carregando um sorriso no rosto.

Aquele sorriso…

Hermione, que fora despertada pela movimentação de Draco, começava a se mexer. A jovem rolou na cama, esticando todo seu corpo para se espreguiçar e então voltou a se colocar de lado, só então abrindo os olhos e encarando o marido. A jovem deu um sorriso fraco, ainda sonolento, e Draco não pode evitar lhe sorrir em resposta, colocando-se sobre o ombro também para ficar de frente para ela.

-Bom dia! -Ele falou impressionando-se por sua voz ainda estar rouca. -Dormiu melhor essa noite?

Hermione não falou nada. Piscou os olhos demoradamente e seu sorriso se alargou. Draco sentiu seu peito se aquecer, seu próprio sorriso tornou-se mais largo. Aquele sorriso… aquele sorriso que tinha o mesmo poder de dez sóis e aquecia-lhe todo o corpo. Ele não pode evitar tocar seu rosto, o dedo polegar fazendo o contorno dos lábios finos da jovem. Hermione fechou os olhos com o toque, sentindo calor emanar do exato ponto em que o marido encostava. 

-Sinto muito por te acordar. -Ele sussurrou ainda olhando seus lábios. Hermione sacudiu a cabeça.

-Já estava na hora. Acordou já faz muito tempo?

-Eu sou um homem velho, acordo com as galinhas. -Draco deu um sorriso de canto e a jovem franziu a testa.

-Você não é velho. Você é apenas seis anos mais velho do que eu.

-Sete, na verdade. -Draco deu um sorriso triste. -Sou um velho derrotado.

-Draco, você ainda nem chegou aos trinta. -Hermione revirou os olhos, divertida. 

-Ainda assim, eu pareço uma fruta murcha perto de você. -Ele deu uma risada fraca vendo a careta da jovem. -Está se sentindo melhor?

-Sim, meu corpo ainda está um pouco dolorido, mas não pareço estar com febre. -Hermione suspirou. -Obrigada por passar a noite e cuidar de mim.

-Você precisava de mim. -Draco deu de ombros e Hermione deu um sorriso triste.

Ela deveria saber, é verdade. Durante todo aquele tempo, Draco havia se mostrado um completo cavalheiro que jamais deixaria uma menina desconhecida desamparada e muito menos iria se negar a ajudar a esposa caso ela precisasse. Mas no fim, era só isso. 

Malfoy havia deixado muito claro que o casamento dos dois era a forma que ele encontrara de cumprir a promessa feita a um soldado morto, que, coincidentemente ou não, era o então noivo de Hermione. Em um mundo normal, se as coisas fossem da forma como deveriam ser, Draco jamais teria olhado para ela: uma jovem de família pobre, sem grandes habilidades e feitos, completamente comum. Hermione desapareceria em meio a uma multidão, sem nada que chamasse a atenção para si.

Hermione já pensara naquilo um milhão de vezes. Não havia novidade e também não era ingênua para confundir seu papel na vida do marido, mas ainda assim… Não conseguiu conter a frustração e decepção e também não entendeu porque se sentia daquela maneira. 

Draco franziu a testa percebendo que a esposa havia ficado distante de repente, parecendo perdida em meio a pensamentos. Sentiu seu coração se apertar ao notar que havia notas de dor no olhar da jovem.

-Hermione… -chamou, atraindo a atenção da esposa para si. -Está tudo bem? 

Hermione forçou um sorriso e ficou óbvio que, apesar de sorrir, ela havia ficado triste por algum motivo. A jovem assentiu levemente e se sentou em um pulo, anunciando que iria se arrumar no banheiro. Hermione pegou uma muda de roupas e saiu do quarto pela porta lateral, enquanto Draco tratava de se trocar rapidamente no quarto que haviam dividido. Quando terminaram, desceram juntos para tomar café da manhã.

Dobby parecia entusiasmado. A mesa havia voltado a ficar cheia e Hermione via uma variação absurda de chás e sucos que nunca tinha visto antes. Quando Hermione perguntou o que era toda aquela comida, Dobby tratou de dizer rapidamente que eram sucos e chás de frutas da estação e se adiantou a perguntar se os senhores haviam dormido bem. Draco ergueu uma sobrancelha para o elfo enquanto se servia com café, mas logo voltou sua atenção para Hermione.

-Pensei que poderíamos treinar algum feitiço enquanto eu estiver em casa, o que acha? -Draco falou lembrando-se do motivo principal de sua licença. Seu tom de repente tornou-se sombrio.

-Acho ótimo. Gina está quase ganhando bebê, então acho prudente que ela não faça tantas viagens agora.

-Sim, acredito que nas próximas semanas já tenhamos o choro de um novo Potter por aí. -Draco sorriu bebericando seu café. -O baile desse ano vai ser animado.

-Que baile?

-O baile de inverno da Armada. -Draco explicou. -No último fim de semana de inverno, a Armada sempre faz um baile. Tradicionalmente era uma comemoração por ter sobrevivido ao longo inverno, hoje em dia é mais uma confraternização entre os membros.

-Entendi. 

Após o café, Draco e Hermione se trancaram no escritório do homem onde praticaram alguns feitiços. Malfoy se impressionou ao perceber que Hermione já dominava a maior parte dos feitiços básicos e teve que admitir que Gina havia feito um excelente trabalho. Partiu então para os feitiços de nível médio e ficou contente ao perceber que Hermione já havia lido sobre a maioria. A jovem era brilhante. Gostaria que ela tivesse tido a oportunidade de estudar magia desde criança, pois certamente ela seria uma bruxa maravilhosa.

Um longo tempo se passou até que Dobby viesse avisar que o almoço estava servido. O elfo parecia um tanto tímido, sua batida na porta fora fraca, como se temesse interromper algo. Draco, assim como no café da manhã, ergueu uma sobrancelha para o elfo. Dobby serviu seus senhores e, agitando os dedos rapidamente, tratou-se de fazer um pedido.

-Senhores, será que Dobby, Winky e Monstro poderiam ter a noite de folga? -Ele disse nervosamente, quase como se arrependesse no momento em que falou.

-Os três? -Draco ergueu uma sobrancelha. -O que vocês estão planejando?

-Bom, é que… o senhor sabe, ainda não tiramos nossa folga quinzenal. Nós gostaríamos de sair depois de servir o jantar para os senhores. -Dobby fitou seus próprios pés e Hermione sorriu solenemente.

-Tudo bem, Dobby. -A jovem sorriu para o marido que parecia dividido entre achar graça e se sentir incomodado pela audácia do elfo. -Eu mesma posso fazer o jantar hoje.

-Mas senhora… -Dobby piscou os olhos verdes e mordeu a ponta dos dedos. -Dobby mudou de ideia, nós não precisamos de folga…

-Dobby, eu mesma farei o jantar! -Hermione repetiu. -Vocês podem sair quando quiser. 

-Senhora…

-Vamos, Dobby! Agora já é tarde demais. -Draco sorriu maliciosamente para o elfo. -Não quero ver a cara de vocês aqui essa noite.

-Mas a missão de Dobby…

-Eu estarei em casa o tempo todo. -Draco revirou os olhos, divertido. -Vocês podem ter um dia de folga.

-Obrigada, senhores! Dobby promete que amanhã terá o melhor jantar que essa casa já viu! -E com isso, e antes que Hermione e Draco pudessem protestar, o elfo já havia voltado para a cozinha. 

-Isso explica o porquê de toda essa comida. -Draco riu erguendo as sobrancelhas para as diversas travessas cheias.

-Eu não sabia que os elfos tinham um dia de folga. Eles nunca estiveram fora desde que eu cheguei.

-Bem, meu acordo com eles é um tanto torto. -Draco deu de ombros. -Essa era a residência fixa de meus pais até a morte deles anos atrás. Depois da guerra, eu decidi me mudar para cá e imagine a minha surpresa ao perceber que os três elfos continuavam aqui esperando por alguém.

-Eles não foram embora? Isso é horrível!

-Como eu disse, meus pais eram bruxos muito tradicionais e Dobby e os outros eram seus servos. Dobby foi designado para cuidar de mim e de minha falecida esposa, mas, depois do que aconteceu, ele acabou voltando para a residência principal. Meus pais acabaram morrendo e eu esqueci completamente o assunto. Quando eu me mudei para cá, eu não queria a companhia de ninguém depois de tudo o que havia acontecido, por isso dei uma meia a cada um. Eu achei que estava fazendo algo bom, achei que todos sairiam ganhando, mas Dobby começou a se jogar nas paredes dizendo que havia sido um elfo mal e por isso estava sendo mandado embora.

-Pobrezinho!

-Por esse motivo eu acabei contratando os três novamente por algumas moedas de ouro e em troca eles iriam cuidar da casa. Hoje em dia eles não são mais servos da família Malfoy, mas sim funcionários. -Draco sacudiu a cabeça. -Imagino que o motivo para eles não terem pedido o dia de folga antes foi você.

-Eu?

-Sim, você sabe o que aconteceu no passado e Dobby ainda se sente culpado por não ter conseguido cumprir o seu dever. Imagino que ele tenha decidido que não poderia falhar outra vez.

-Se eu soubesse, teria dado folga antes para eles. É um absurdo! 

-Eu duvido que ele aceitaria. Dobby coloca o dever em primeiro lugar, ele deve ter tomado coragem pois percebeu que eu ficaria em casa por algum tempo e imaginou que você ficaria segura.

-Entendo. Ainda assim…

-Bom, espero que eles aproveitem a noite de folga. -Malfoy sorriu calmamente, voltando a sua comida.

(...)

Hermione girava pela cozinha atrás dos utensílios e mantimentos de seu desejo. Dobby raramente permitia que ela ficasse na cozinha, por isso não tinha certeza de onde ficavam as coisas que precisava. Duvidava seriamente que conseguiria fazer uma refeição do mesmo padrão que Dobby e os demais faziam todos os dias, porém havia dado sua palavra que faria o jantar naquela noite. Na casa dos pais, Hermione sempre ajudava a mãe nas atividades domésticas e cozinhar não era diferente, mas nunca havia feito algo muito elaborado.

Por fim, decidiu que iria fazer algo simples, que havia feito inúmeras vezes, mas que sabia que seria uma refeição honesta e quente para a noite gelada. Decidiu que faria um ensopado cremoso de carne e legumes e, para isso, já havia colocado os ingredientes no fogo. Agora, se concentrava em fazer as torradas com alho de acompanhamento. Havia até mesmo arriscado um chocolate quente para a sobremesa que imaginou que seria agradável para tomar em frente a lareira.

Draco colocou a mesa enquanto Hermione dava os últimos toques no ensopado e transferia as torradas para um prato. Por fim, jantaram tranquilamente. Malfoy ergueu as sobrancelhas surpreso ao provar a comida e assentiu em aprovação. 

-É mais simples do que você está acostumado. -Hermione ergueu os ombros provando a comida.

-Está delicioso. -Draco sorriu do outro lado da mesa.

Após o jantar, Hermione voltou para a cozinha para servir duas canecas de chocolate quente. Na volta, entregou uma para Draco e se sentou na poltrona vazia em frente a lareira. Por um longo momento ficou apenas olhando as chamas bruxuleantes, deixando a cabeça apoiada no encosto da cadeira.

Não era tola, sabia que o marido a observava, mas não disse nada. Outra noite se aproximava e dessa vez provavelmente estaria sozinha. Seu corpo se encolheu com o pensamento da enorme cama gelada que a esperava.

Draco observava o rosto da esposa. Ele notava a forma como as chamas da lareira refletiam em seu rosto, iluminando seus olhos e lhe dando um tom grave. O homem percebeu que os olhos dela tinham o mesmo tom de dor que havia percebido naquela manhã. Draco se mexeu desconfortavelmente em sua poltrona e bebeu um longo gole de seu chocolate quente, depois colocou a xícara no aparador ao seu lado.

-Um galeão por seus pensamentos. -Falou dando um sorriso, atraindo finalmente a atenção da jovem. Hermione sorriu de forma fraca e sacudiu a cabeça.

-Estava distraída, pensando em nada específico.

Draco ficou em silêncio enquanto Hermione levava sua caneca até os lábios. Era claro que alguma coisa havia lhe incomodado durante todo o dia, mas dificilmente a jovem iria fazer uma reclamação a respeito. Infelizmente, Hermione não era do tipo que verbaliza suas queixas. 

-Eu fiz algo que a incomodou? -A voz de Draco não era mais do que um sussurro. A jovem arregalou os olhos. -Eu te incomodei durante a noite?

-É claro que não. -Hermione franziu a testa. -Eu dormi muito bem. Talvez… Você tenha se incomodado comigo.

-Eu? - Draco ergueu uma sobrancelha. -Eu tive uma ótima noite.

-Sim, mas poderia ter dormido melhor se não fosse por mim. Você precisou ficar ao meu lado, pois eu estava doente. -Hermione fitou sua caneca em seu colo. Draco ficou em silêncio tentando entender o que ela dizia -Eu sinto muito.

-Hermione… -Chamou apertando os lábios. -Se eu tive uma ótima noite de sono, foi justamente por sua causa.

Hermione lhe olhou surpresa. Draco tinha uma sobrancelha levantada parecendo um tanto irritado e um tanto incrédulo. Hermione sorriu fraco compreendendo que aquilo fazia parte da generosidade do marido. 

-Está tudo bem, Draco. Você já fez muito por mim e eu sei que não sou sua esposa por sua escolha. Em um mundo ideal talvez você nem me conhecesse.

Hermione não disse mais nada porque sentia que seria incapaz. Um nó havia se formado na boca de seu estômago e de repente havia se tornado difícil engolir ou controlar sua voz. Malfoy ficou em silêncio por alguns segundos, piscando lentamente os olhos com a testa franzida. Quando decidiu falar, sua voz tinha um tom de irritação.

-Você tá maluca?! 

Hermione arregalou os olhos muito surpresa. Draco se levantou abruptamente e caminhou até ela, se ajoelhando no chão a sua frente, uma mão apoiada no joelho da menina.

-Em um mundo ideal, Hermione, minha vida talvez fosse muito mais entediante e sem graça. Em um mundo ideal talvez você não precisasse se casar com um velho decadente e fosse muito mais feliz. Mas, por favor, não menospreze a sua presença em minha vida e nem nosso casamento.

-Draco, você não tem que…

-Essa é a beleza da coisa. -Ele sorriu de canto, pegando as mãos de Hermione entre as suas. -Eu não preciso, mas eu quero. Eu quero cuidar de você.

Hermione piscou os olhos rapidamente, talvez tentando afastar uma onda de lágrimas que apareciam repentinamente. A jovem apertou as mãos do marido que seguravam as suas. 

-Obrigada.

-Eu não faço nada disso por obrigação. -Draco engoliu em seco, sacudindo a cabeça. Lentamente, para a surpresa de Hermione, Draco repousou sua cabeça no colo da jovem. 

Ele hesitou por um instante, perguntando-se se deveria ou não ir adiante com o que tinha de dizer. Por fim, a ansiedade lhe venceu, a seriedade do momento, os sentimentos de Hermione exigiam que ele falasse o que deveria ter dito na noite anterior, quando Hermione falou que não havia conseguido dormir.

 -Eu também não consegui dormir naquela noite quando voltamos para casa.

Hermione parou de respirar arregalando os olhos. Draco deve ter percebido, pois ele deu um sorriso de canto, um sorriso triste e fraco com o rosto ainda apoiado em suas pernas.

-Eu passei a noite toda tentando achar uma desculpa para bater em sua porta. Foi a morte para mim ter que dormir em outra cama tendo você tão perto.

-Por que você não…

-Imagine como seria patético se eu a acordasse apenas para dizer que eu não conseguia dormir.

-Eu acho que não ligaria… -Draco suspirou erguendo a cabeça e encontrando os olhos castanhos. Ele sorriu.

-Eu vou ser mais sincero com você, Hermione, do que eu jamais fui. Quando nos casamos eu realmente não estava procurando por uma esposa. Na melhor das hipóteses eu achei que nós nos suportaríamos, mas… Eu não quero mais ignorar o que eu estou sentindo. Eu não sei para onde nós vamos caminhar e nem sei o que será da nossa vida, mas eu… 

Draco fez uma pausa sem saber ao certo como continuar. Ele não costumava dizer como se sentia, não costumava ter conversas francas sobre sentimentos e desejos, mas agora percebia como aquilo era importante. Como era necessário que Hermione soubesse exatamente o que se passava em sua cabeça e coração, pois seu silêncio a incomodava.

Hermione, talvez percebendo sua falta de palavras, lhe afastou por um instante, escorregando de sua poltrona e se ajoelhando no chão, ficando frente a frente com o marido. Draco ergueu os olhos para o seu rosto e, em um impulso, ele ergueu uma mão, tocando a bochecha da jovem.

-Eu quero cuidar de você. -Ele repetiu em um sussurro. -Eu quero ficar com você, eu quero tocá-la e segurá-la, eu quero abraçá-la e, sim, eu quero dormir todos os dias ao seu lado e também acordar.

Draco a segurou pela cintura, a trazendo para mais perto. Seus olhos que sempre pareciam com duas pedras de gelo pareciam derreter lentamente, seu rosto iluminado pelo fogo da lareira. Hermione sentiu o coração falhar uma batida, algo parecia se remexer dentro de si. A jovem abriu a boca para dizer algo, mas sua voz não saiu. Draco sorriu, tombando a cabeça, seu polegar passeando suavemente pelos lábios entreabertos da esposa.

Hermione de repente se sentiu tonta. Seria possível que ainda não tivesse se recuperado totalmente do resfriado? Mas nada tinha a ver com sua enfermidade do dia anterior. Nunca viu um resfriado causar formigamento no estômago e, com certeza, jamais havia se sentindo tão quente, apesar da febre.

Como se pudesse ler os pensamentos da esposa, o sorriso de Draco se alargou. Ele a puxou para si, colando suas testas enquanto fechava os olhos. A mão que antes estava no rosto da menina, viajou por sua pele, descendo pela bochecha, mandíbula, pescoço e nuca, até que os dedos se enrolaram nos fios de cabelo daquele lugar.

Hermione sentia que todo o ar de seus pulmões haviam sido sugados. Seus braços se ergueram  lentamente, segurando o tronco do marido de forma incerta. Quando finalmente puxou novamente o ar, quase deixando um soluço escapar, percebeu que ele usava a colônia que ela havia lhe dado de natal. Hermione deixou um som surpreso deixar seus lábios.

Draco movimentou a cabeça lentamente, apenas o suficiente para que a ponta de seu nariz tocasse suavemente a ponta do nariz de Hermione, tirando da jovem um sorriso. Aquele sorriso…

Novamente Draco sentiu como se uma força externa o puxasse até Hermione, como se fosse atraído por um imã. E, como se já não pudesse resistir, como se a força externa fosse muito mais forte do que ele, Draco a beijou. Levou quase um minuto até que compreendesse o que havia feito e estava pronto para se afastar quando sentiu a mão de Hermione pousar em sua bochecha em um carinho.

Aquele pequeno ato de aceitação de Hermione era tudo o que ele queria, era exatamente o que ele precisava. Draco tocou os lábios da esposa com a ponta da língua timidamente, como se testasse suas reações. Quando a jovem entreabriu os lábios, ele não hesitou antes de aprofundar o beijo, sentindo todo o seu corpo se incendiar.

Hermione suspirou e deixou um gemido escapar, sentindo que o braço de Draco que segurava sua cintura a puxou para mais perto. A jovem deixou que suas mãos passeassem pelo corpo do marido, subindo pelo peito firme, depois viajando por suas costas, apertando sua pele e sentindo seus músculos. 

Draco gemeu e, sem deixar de beijá-la, inclinou-se para trás e só então Hermione se lembrou de onde estavam: de joelhos na sala de estar, em frente a lareira crepitante. O homem, porém, não deu a ela muito tempo para raciocinar, enquanto se sentava no chão e a puxava novamente para si, fazendo-a se sentar em seu colo de frente para o seu corpo.

As mãos do homem viajaram pelo corpo da esposa, primeiro a segurando pelo quadril, depois subindo lentamente por sua cintura, sentindo o tecido de suas vestes contra a ponta de seus dedos, chegando por fim a lateral dos seios, dando um aperto leve e tirando outro gemido de Hermione. As mãos de Draco voltaram para seu quadril. 

Ele sugou o lábio inferior da jovem por um segundo e depois desceu para o queixo da jovem, lhe dando um beijo e uma mordida, descendo novamente em direção ao pescoço, beijando e lambendo toda a sua pele. Hermione jogou a cabeça para trás dando mais espaço para Draco explorar. Ele apertou o quadril da jovem, dessa vez a puxando em sua direção fazendo com que seus corpos roçassem de forma enlouquecedora. Draco gemeu, quase completamente consumido por seu desejo, mas percebeu que Hermione se encolheu, surpresa e talvez… um pouco assustada?

Então Draco se lembrou que, muito provavelmente, Hermione era tão pura quanto a neve que caía do lado de fora. Duvidava que a mãe ou quem quer que fosse a tivesse instruído  de forma adequada sobre o que acontecia entre um marido e sua esposa e talvez ela não soubesse o que esperar. Um tanto frustrado, Draco admitiu que em sua situação atual não poderia fazer com que a experiência fosse prazerosa para ela como certamente seria para ele. Draco suspirou antes de relaxar, um sorriso preguiçoso, mas contente em seus lábios, e abraçou a cintura da jovem, apoiando seu queixo no ombro dela. 

-Eu vou cuidar de você. -Draco sussurrou, seus lábios tocando com leveza a orelha de Hermione. -Eu quero… Eu gosto de ter você em minha vida. 

Hermione sorriu verdadeiramente feliz. Seu peito ainda subindo e descendo mostrando que sua respiração ainda estava irregular pelo que havia acabado de acontecer. Ela beijou carinhosamente o ombro do marido. Draco sorriu, dessa vez seu sorriso era divertido enquanto ele se afastava um pouco para olhá-la.

-Amanhã pedirei para Dobby levar suas coisas para o meu quarto. Não vai escapar tão fácil de mim.

-Eu não quero escapar. -Hermione riu e o sorriso de Draco se alargou, aquele sorriso contente que era tão difícil de vê-lo usar.

Naquela noite, entretanto, enquanto Hermione dormia tranquilamente em seus braços, a cabeça apoiada no peito do marido, Draco continuava sorrindo. Um sorriso satisfeito e genuíno enquanto ele observava o rosto da esposa. Draco demorou a dormir naquela noite, mas dessa vez não porque se sentia sozinho, mas sim porque percebeu que estava feliz pela primeira vez em muito tempo.

 


Notas Finais


Alô, foi aqui que pediram um beijos? hahahahahahaha
Galera, sábado tem mais um capítulo!
Comentem, por favor!


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