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História December - Chapter One - All The Time


Escrita por: HaruEunHae

Notas do Autor


Olá!
Voltei, dessa vez com uma Double-Shot que escrevi em um surto de inspiração essa madrugada!
É uma história meio depressiva, mas é bem profunda e gostei de escrevê-la ^^'
Minha inspiração veio da música "Back To December", da Taylor Swift, então já sabem ♥
Depois de reler para dar uma revisada, vi que também dá muito certo com Still You, da nossa amada dupla, então deixarei essas duas músicas recomendadas :D

Por enquanto é só, até lá embaixo~! ♥

Capítulo 1 - Chapter One - All The Time


Fanfic / Fanfiction December - Chapter One - All The Time

Quase um ano. Faz quase um ano que não ponho meus pés nessa cidade, e consigo ver que praticamente nada mudou desde então. A neve continua a cobrir as ruas e as pessoas continuam cuidando de suas próprias vidas. Não preciso de muito para conseguir encontrar o motivo que me fez retornar para Goyang. Dirijo até o meu destino e estaciono próximo ao local. Da janela do carro consigo enxergar ele dentro da biblioteca central. Ele continua com os cabelos levemente dourados e minuciosamente despenteados. Vejo quando algo chama sua atenção lá dentro e ele se afasta do balcão. Era justamente o que eu precisava. Sinto meu coração acelerar e tento me acalmar antes de fazer o que preciso. Saio do carro, trancando-o e atravesso a rua com passos lentos, com o frio do inverno, há pouco movimento na cidade.

Entro na biblioteca tentando fazer o menor barulho possível. Olho para os lados e suspiro aliviado ao notar que o local se encontra vazio. Ando a passos largos até o balcão onde vejo um livro repousado, e tenho certeza de que é o livro que o loiro lia há minutos atrás. Suspiro e tiro um envelope de dentro do meu sobretudo, o deixando perto do livro e endereçado a ele. Ouço alguns barulhos de passos se aproximando e me retiro do local o mais rápido possível, entrando rapidamente em meu carro e saindo dali em direção ao apartamento que eu possuía naquela cidade.

Estacionei meu carro na garagem e desci com minha bagagem e algumas sacolas com mantimentos. Subi até meu andar e destranquei a porta, encontrando-o do mesmo modo que eu havia deixado, um pouco mais limpo e arrumado apenas, devido à limpeza que havia pedido dias antes. Deixei as compras na cozinha e me dirigi até meu quarto, jogando minhas malas de qualquer jeito no chão próximo ao guarda-roupas. Tirei meu sobretudo e pensei em tomar um banho para afastar a friagem, mas simplesmente me sentei em minha cama e comecei a reviver cada momento ao lado da pessoa que sempre me fez feliz.

Eu podia ter falado com ele minutos atrás, não podia? Balancei a cabeça e ri sarcástico. O que você espera Lee Donghae? Que ele simplesmente te receba de braços abertos depois de tudo o que você fez? O máximo que eu realmente podia ter feito eu fiz. Não queria invadir sua vida novamente sem seu prévio consentimento. Me deitei na cama do jeito que estava e fechei meus olhos, tentando diminuir a dor que se apoderava de meu coração aos poucos. Eu estava em um estado catatônico. Todas as lembranças passavam por mim e me atingiam em cheio, fazendo com que eu me odiasse pela milésima vez em meus poucos mais de 24 anos de idade. Os minutos se tornaram horas e quando dei por mim meu celular vibrava ao meu lado, mostrando que já se passava das 18h da noite.

Se ele aceitasse meu convite, eu tinha pouco mais de 2 horas para me deixar apresentável. Caminhei até o banheiro me despindo e quando me olhei no espelho, eu quis me bater. Faziam meses que eu não dormia direito, o que resultou em um rosto praticamente sem cor, magro e com profundas olheiras. Respirei fundo e tomei um banho quente, tentando melhorar meu humor e ter pensamentos positivos, mas, uma vez que você sabe que é inútil criar esperanças, esses pensamentos simplesmente são nulos. Enquanto me trocava, buscando uma roupa quente, confortável e que fosse apresentável, lembrei da carta que havia deixado para ele mais cedo. O que será que ele pensou?

Olá, Hyukjae.

Sei que é muito repentino e que eu provavelmente sou a última pessoa que você deseja ver novamente na face da terra. É meio trágico, depois de tudo, não? Enfim, queria te avisar que estou de volta na cidade, preciso resolver algumas coisas, e dependendo do resultado das mesmas eu ficarei ou irei embora definitivamente, e gostaria de poder me encontrar com você pessoalmente. Eu poderia simplesmente ir até o seu trabalho (como fiz entregando essa carta), e falar com você, mas quero respeitar seu espaço e te dar a escolha de se encontrar comigo ou não. Sei que você não gosta de se sentir pressionado, então acho que isso é o mínimo que posso fazer. Caso decida me ver, estarei em meu apartamento, apareça por lá umas 20h30, estarei te esperando.

~DH

Balancei a cabeça terminando de dar um jeito em meu cabelo e uns tapinhas em minhas bochechas, tentando fazer com que a cor voltasse ao meu rosto. O quão ridículo eu podia ser? Já tinha atingido o fundo do poço há meses atrás, e agora isso. Sei que é tudo culpa minha, e que eu mereço muito mais do que eu tenho passado, mas até onde o ser humano é capaz de ir? Respirei fundo pegando meu celular em cima da cama e me dirigindo até a cozinha. Será que era bom eu tentar cozinhar alguma coisa? Será que ele viria? Valeria a pena eu fazer um jantar para nós dois ou simplesmente comer qualquer coisa e esperar? Suspirei. A quem eu estava querendo enganar? Ele não viria. Dei meia volta saindo da cozinha. Não estava com fome mesmo. Me dirigi até a sacada da sala e me sentei na poltrona lá presente, me cobrindo com uma manta que havia pego no sofá.

A noite estava linda. Estava fria, mas o céu permanecia limpo e com estrelas. Sorri amargurado me lembrando de quantas vezes nós ficamos ali, quietos, apenas apreciando a companhia um do outro e das estrelas acima de nós. Fiquei ali incontáveis minutos, e quando dei por mim, já se passavam das 20h40. Suspirei e senti meus olhos marejarem. Óbvio que ele não viria. Não existia ninguém mais pontual do que Hyukjae, e 10 minutos de atraso já me confirmava o inevitável: eu era a última pessoa que ele desejava ver. Me levantei e voltei para a cozinha, deixando a manta no sofá no caminho. Fiz um chocolate quente e apaguei as luzes.

Me dirigi até a sala e me sentei no sofá, novamente enrolado na manta e bebendo devagar o chocolate. Estava completamente no escuro, sentindo as lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto e me fazendo sentir o gosto amargo do meu sofrimento. As lágrimas já haviam secado e o chocolate esfriado quando ouvi leves batidas em minha porta. Olhei assustado pelo barulho repentino, e quando olhei em meu celular, eram 21h15. Não podia ser ele, podia? Ele nunca se atrasa. Levantei e abri a porta, encontrando-o ali parado. Meus olhos encontraram os seus e eu conseguia ver claramente as dúvidas que percorriam por eles. Sem saber o que fazer, eu simplesmente dei passagem e ele entrou. Fechei a porta atrás de mim, e respirei fundo, buscando as palavras que haviam sumido.

— O-oi... Pode se sentar, vou acender as luzes. - me virei indo até o interruptor e acendendo as luzes da sala. Quando me virei o mesmo já estava sentado em meu sofá, olhando para algum ponto que não fosse a mim. Suspirei e me encaminhei até onde estava sentado no sofá, pegando a xícara em cima da mesinha de centro e indo até a cozinha, falando no caminho. - Você aceita um chocolate quente? Não tenho nada melhor, não fiz janta…

— Aceito sim, obrigada. - sua voz estava controlada.

Respirei fundo fazendo mais chocolate e depositando em duas xícaras. Voltei para a sala e entreguei uma para ele, que a aceitou sem me olhar nos olhos, apenas se curvando levemente e agradecendo. Me sentei no sofá de frente para ele e bebemos o chocolate em silêncio por alguns minutos.

— Então… Fico feliz que tenha vindo me ver… - ele ficou em silêncio, novamente apenas assentindo e mantendo seus olhos longe dos meus. Respirei fundo - Como vai sua vida? E sua família? Faz tempo que não os vejo.

— Está a mesma coisa, como você pôde ver, continuo na biblioteca. - ouvi seu suspiro e ele continuou - E estão todos bem também, obrigada por perguntar. Sua mãe, está bem?

— Está sim, continua em Mokpo como sempre. - ele olhava para a xícara como se ela fosse o bem mais precioso de sua vida e ele precisasse guardar cada detalhe da mesma. - Vejo que você está bem, e parece mais ocupado do que nunca. - ele apenas sorriu sem graça e assentiu novamente com a cabeça. Eu já não sabia mais sobre o que falar. - O clima aqui continua bem frio né?

— Uhum… E você, continua cantando por aí? - sorri com a pergunta.

— De vez em quando aparecem alguns lugares que gostam da minha música, sabe como é… - ele assentiu novamente e permaneceu em silêncio, tomando o chocolate quente.

Era óbvio que ele estava com a guarda mais alta do que nunca. Depois de tudo, eu não podia pedir que ele se comportasse como antes. Respirei fundo tentando compreender. Afinal, eu sabia que a mágoa que ele tinha era muito alta, então porque diabos ele resolveu aparecer aqui com quase uma hora de atraso? Eu já estava conformado que ele não viria e que todas as possibilidades não passavam de ilusões em minha cabeça. Depois de tudo o que passamos, eu não merecia sequer que ele me olhasse, e ele estava fazendo isso com muito empenho.

Era compreensível, uma vez que a última vez que nos vimos, eu simplesmente havia feito a pior escolha da minha vida. Ele havia preparado tudo, até rosas ele havia me comprado, e a única coisa que eu fiz, foi deixá-las lá para morrerem, juntamente com o amor que ele sentia por mim. Saí dos meus devaneios quando escutei o mesmo tossindo e se levantando. Rapidamente me levantei e ele me estendeu a xícara. A peguei e a apoiei na mesinha juntamente com a minha. Ele havia terminado seu chocolate, e pela sua postura, seu tempo ali também havia acabado.

— Já está tarde, preciso ir embora. - ele olhava para os próprios pés.

— Tudo bem… - o segui até a porta e abri para ele, que saiu e pareceu perdido por alguns minutos. - Obrigada por ter vindo. - ele finalmente olhou nos meus olhos e disse baixo.

— Obrigada pelo convite. Espero que consiga resolver seus problemas… - desviou novamente o olhar e se dirigiu até o elevador. Respirei fundo e quase o chamei de volta quando o mesmo entrou e desceu. Eu tinha que respeitar sua vontade.

Fechei a porta, trancando-a e apaguei as luzes novamente. Me sentei no sofá me enrolando na manta de novo e fiquei ali sentado, pensando em tudo. Meus olhos estavam vidrados nas xícaras pousadas em cima da mesinha e pensava em tudo o que tinha acontecido. Como eu pude ser tão cego? Em que momento da minha vida eu achei que algo seria mais importante do que Hyukjae para mim? Em que momento eu consegui ser cego ao ponto de perder o que me era mais importante?

Aquele dezembro permanece em minha mente, e nada do que eu faça faz com que ele suma ou que eu me arrependa menos das minhas decisões. Todas as noites, durante meses eu tenho voltado naquele mês e tentado entender o que se passava na minha cabeça. Por que eu tinha que ter decidido ir embora para seguir com a minha vida, sendo que a eu a tinha ali em minhas mãos? Hyukjae era e ainda é a minha vida. Eu não precisava de nada além dele, mas eu fui burro o suficiente para não ver isso e jogar tudo pro alto. As lágrimas corriam soltas pelo meu rosto, e o gosto amargo permanecia na minha boca. Enfiei meu rosto entre os meus joelhos e gritei. Eu estava desesperado, não sabia mais o que fazer, e se gritar ajudasse a sair um pouco desses sentimentos de mim, eu morreria gritando. Meu coração doía tanto, e estava tão apertado que eu comecei a sufocar. Eu tinha que fazer aqueles sentimentos saírem de mim, pelo menos um pouco que fosse.

Me levantei e fui até meu quarto, voltando com meu violão, meu caderno de composições e um lápis. Me sentei no chão, e apoiei o caderno na mesinha de centro, afastando um pouco as xícaras do caminho e o abri em uma página em branco. Coloquei o violão em meu colo e comecei a dedilhar algumas notas, pensando em tudo o que aconteceu e tentando compor alguma música. As palavras começaram a sair de mim como se transbordassem de meu ser, eu estava pela primeira vez dando forma aos meus sentimentos e deixando que eles saíssem por aquelas palavras mal rabiscadas naquele velho caderno. E assim eu passei a madrugada. Me senti exausto, e pela primeira vez em meses eu estava completamente vazio, sem sentimentos dentro de mim. Olhei pela porta de vidro da varanda e vi os primeiros raios solares despontarem no horizonte e me levantei, caminhando até meu quarto e me jogando na cama do jeito que estava, adormecendo em seguida.

 

 

Acordei quando já havia passado a hora do almoço e me espreguicei. Faziam muitos meses que eu não apagava tão pesadamente. A verdade é que minha mente estava sempre funcionando, fazendo com que eu não dormisse, tendo milhares de pensamentos, mas ontem, após colocar todos eles no papel, ela havia conseguido se esvaziar levemente. Respirei fundo tomando coragem para levantar e fui até o banheiro tomar um banho. Após me trocar e colocar uma roupa quente, decidi ir comer alguma coisa, uma vez que estava me sentindo fraco. Tranquei o apartamento e saí a pé mesmo, procurando algum lugar para comer, já que nenhum estabelecimento servia almoço aquela hora.

Parei em uma cafeteria e pedi um capuccino e um queijo quente. Era o melhor que eu poderia comer agora. Estava esperando o pedido quando vi que Sungmin e Kyuhyun entravam no local. Tentei abaixar a cabeça e disfarçar, esperando que eles não me vissem, mas foi inútil. Kyuhyun já havia me reconhecido e se dirigia até a mesa em que eu estava.

— Donghae!    É você mesmo? - ele me cumprimentava alegre e Sungmin vinha atrás de si, me estudando minuciosamente. Eu entendia seu comportamento, ele era um dos amigos mais próximos de Hyukjae, e com certeza sabia de tudo o que eu havia causado.

— Olá Kyuhyun, Sungmin. - me curvei levemente os cumprimentando.

— Olá Donghae, como vai? - ouvi Sungmin e suspirei.

— Estou bem, na medida do possível, e vocês? - sorri tentando transparecer que estava bem, quando desviei meus olhos para as mãos de ambos, que estavam entrelaçadas. Eles namoravam, e sempre apoiaram eu e Hyukjae a manter nossas cabeças erguidas perante a sociedade.

— Estamos bem também! Está de volta na cidade ou só de passagem? - Kyuhyun perguntou e eu por um momento não soube o que responder.

— Er… Eu ainda não sei, vim tentar resolver algumas coisas, mas acho que não existe mais nada para ser resolvido por aqui… Provavelmente irei embora de vez no fim de semana, ou assim que eu conseguir ajeitar os papéis de venda do meu apartamento. - respirei fundo, pela primeira vez notando o que eu deveria começar a fazer.

— Vai vender seu apartamento? - Sungmin me perguntou assustado.

— Sim… Não tenho mais nada que me faça manter ele aqui. Na verdade estou pensando em me mudar para Londres ou algo assim.

— Uau! Que mudança cara… - Kyuhyun comentou e Sungmin apenas me olhava daquele jeito que estava me analisando. - Você ainda canta? - assenti com a cabeça e ele continuou - Que legal! Hey, hoje é sexta, que tal ir lá no bar e cantar um pouco? Estamos com a agenda meio livre, dá pra te encaixar se você quiser, o cachê melhorou no último ano, e eu não aceito não como resposta!

Olhei de olhos arregalados para os dois, e vi que Sungmin encarava Kyuhyun como se não tivesse gostado da ideia. Eu não podia culpá-lo. Sei o quanto fiz com que seu amigo sofresse. Para não deixar Kyuhyun sem graça e nem fazer com que os dois brigassem por isso, decidi que daria a resposta depois, pois tinha alguns compromissos de noite. Ele não pareceu acreditar muito, mas vi um alívio percorrer os olhos de Sungmin. Os dois se despediram indo para uma mesa mais ao fundo no café e assim que me pedido chegou, pedi para embrulhar para viagem, não estava mais no clima de continuar ali. Saí da cafeteria com o pacote em mãos e voltei para meu apartamento.

Sentei no chão novamente, perto da mesinha e me pus a comer devagar enquanto olhava um programa qualquer que passava na televisão. Depois de terminar de comer, permaneci ali, com as costas apoiadas no sofá a pensar em tudo o que eu estava passando. Será que realmente seria uma boa ideia vender o apartamento e me mudar da Coreia? Eu não tinha muita certeza. A distância poderia me ajudar a superar Hyukjae? Eu duvidava. Andei sem rumo por várias cidades, até voltei para Mokpo por um tempo, e nada o apagou do meu coração. Colocar alguns milhares de quilômetros a mais nisso com certeza não ajudaria. Meus olhos pousaram no caderno, e me lembrei da canção que havia composto horas atrás.

Peguei o caderno e me pus a ler aquelas palavras. Decidi compor uma melodia mais completa em cima daquelas letras. Após algumas horas, eu tinha a música feita. Melodia e letra. Mostrando todos os mais profundos sentimentos que meu coração guardava há tantos meses. Respirei fundo e me dei conta de que eu não tinha mais vida. Minha vida era Hyukjae, e nada do que eu fizesse para tentar superar isso daria certo. A menos que eu não possuísse mais vida. Suspirei e sorri amargamente. O que aconteceu com o Donghae cheio de vida que eu era? Ah sim, eu havia matado-o junto com o amor que Hyukjae sentia por mim. Então o que eu era? Nada além de uma casca vazia. E qual o sentido de uma casca vazia continuar sobrevivendo desse modo? Olhei para a sacada e o crepúsculo já caía sobre a cidade. Os poucos raios do sol frio de inverno já iam embora, assim como a vida que eu estava levando até aquele momento.

Me levantei decidido e caminhei até o banheiro. Tirei minha roupa, ficando apenas de boxer e peguei uma navalha que usava para fazer a barba perto da pia. Liguei o chuveiro e entrei no box. Me sentei no chão e passei a navalha sobre meu pulso. Um corte preciso e fundo. O sangue já escorria pelo ralo do box, levando parte da minha dor. Joguei a navalha no chão. Fiz apenas um corte, queria que fosse demorado, queria ter tempo de lembrar dos melhores dias da minha vida e de como Hyukjae era uma pessoa maravilhosa. As lágrimas escorriam livres pelo meu rosto e eu comecei a cantar a canção que havia terminado a pouco, sentindo todos meus músculos se retorcerem em dor e solidão.

Após alguns minutos ouvi meu celular tocando no quarto e sai do meu estado catatônico. Olhei para o lado e o sangue ainda saía do meu pulso cortado. Respirei fundo e tentei me levantar. Ainda tinha forças, então caminhei até o quarto, sem me importar com a água ou sangue. Olhei o numero na tela do celular e era desconhecido. Estranhei e atendi, ouvindo barulhos no fundo da ligação.

— Alô? - minha voz soava fraca até pra mim.

— Alô, Donghae? - não reconheci a voz.

— Sim, sou eu. Quem fala?

— É o Sungmin, tudo bem? Eu liguei para falar que realmente temos um tempinho livre aqui na agenda do bar, você não quer vir?

Olhei para o meu pulso pingando sangue e lembrei da canção que eu compus para Hyukjae. Respirei fundo e segurei o pulso cortado com a mão, tentando parar o sangramento.

— Olha Sungmin, eu sei que você não está feliz com essa ideia e que só está agradando o Kyuhyun, mas se não for pedir muito, e nem incomodar, eu tenho um último pedido pra você. Eu preciso cantar uma música só. - respirei fundo - Eu sei que não mereço nada, mas eu preciso disso, é a última coisa que vou fazer.- ouvi um suspiro baixo do outro lado da linha e logo sua voz se fez presente.

— Venha. O palco é todo seu. Percebi que você não estava bem mais cedo, e se isso vai fazer seu coração se acalmar, venha.

— Obrigado Sungmin, em uma hora estarei aí.

— Estaremos esperando. - e desligou a ligação.

Respirei fundo e fui até o banheiro novamente. Desliguei o chuveiro e peguei a caixinha de primeiros-socorros que eu mantinha no banheiro. Peguei alguns esparadrapos e fiz pontos falsos no corte. Sabia que aquilo não ia durar muito, mas devia ser o necessário para ir até o bar, cantar e vir embora para terminar o que eu havia começado. Após terminar os pontos falsos, enrolei uma faixa em volta do pulso e fui procurar algo para vestir. Estava simples, mas sabia que estava apresentável. Afinal, seria minha última apresentação, exatamente no bar onde tudo havia começado. Peguei meu violão na sala, arranquei a folha do caderno onde estava a composição e a guardei no bolso da minha jaqueta. Peguei as chaves do carro e dirigi até o bar.

Ao chegar lá, notei que o mesmo estava relativamente cheio e me incomodei um pouco. Já passava das 21h quando adentrei o local e me dirigi até o bar, onde eu sabia que Kyuhyun e Sungmin ficavam. Parei rápido ao ver uma cabeleira loira sentado de costas pra mim e dei meia volta, saindo de perto dali. Droga. Não era pra ele estar ali. Vi que ele conversava com Sungmin, e quando o mesmo me avistou eu fiz sinal para que ele não falasse para Hyukjae que eu estava ali. Ele compreendeu e chamou o Kyuhyun para que fosse até mim. Eu estava em pânico. Não queria que Hyukjae me visse cantar pela última vez. Na verdade, não queria que ele notasse que eu não estava bem, eu queria que ele fosse feliz, e que vivesse sua vida plenamente, do modo que ele merecia. Eu teria que ser forte e sair dali. Quando Kyuhyun se aproximou, eu estava prestes a dizer que tinha um compromisso que havia esquecido e que precisava ir, mas o mesmo apenas me puxou para trás do palco, onde ficava o camarim.

— Nem pense em ir embora.

— Kyuhyun, surgiu um compro…

— Não surgiu nada que eu sei. Sungmin conversou comigo, e eu já sabia de toda a história. Não se preocupe, Hyukjae veio apenas trazer uns documentos para Sungmin e já estava de saída. - ele suspirou e me olhou ternamente - Sei que o que vai cantar aqui é muito importante, e por mais que eu ache que Hyukjae deveria estar presente, não irei me intrometer.

— Como você sabe? - eu estava estático.

— Eu te conheço desde criança Donghae, seus olhos dizem tudo sem você precisar abrir a boca. - suspirou - Só não quero que você faça nenhuma besteira. Cante o que tiver que cantar, e amanhã nós conversamos melhor sobre tudo isso, ok? - apenas assenti com a cabeça me sentindo envergonhado - Você entra em 10 minutos, fighting!

Respirei fundo vendo Kyuhyun sair da salinha e tentei me acalmar. Ok, Hyukjae não estaria presente, o que já era um alívio. Senti meu pulso arder e peguei uma garrafinha de água que tinha ali, tentando manter a calma e a concentração. Ouvi quando Kyuhyun chamou meu nome no palco e subi, levando meu velho violão comigo. Me sentei no banco central do palco, apoiei o violão em minhas pernas e ajeitei o microfone na minha altura. A luz estava diretamente no meu rosto, fazendo com que eu quase não enxergasse as pessoas ali dentro. Tossi para limpar a garganta e comecei.

— Boa noite. Meu nome é Donghae. Infelizmente não irei animar a noite de vocês hoje, e irei cantar apenas uma música, mas se ela tocar o coração de alguém aqui hoje, já terá valido a pena. Obrigada. - me curvei levemente e comecei a dedilhar os dedos no violão, soltando aquela melodia.


Estou tão feliz que você arranjou tempo para me ver
Como vai a vida, me diga, como vai a sua família?
Eu não os vejo faz um tempo
Você esteve bem, mais ocupado do que nunca
Nós jogamos conversa fora, trabalho e o clima

Sua guarda está alta, e eu sei por quê
Porque a última vez que você me viu
Ainda está queimada no fundo da sua mente
Você me deu rosas e eu as deixei lá para morrerem

Então esse sou eu engolindo meu orgulho
Em pé na sua frente dizendo que sinto muito por aquela noite
E eu volto para dezembro todo o tempo
Acontece que a liberdade não é nada além de sentir sua falta
Desejando ter percebido o que eu tinha quando você era meu
E eu volto para dezembro, dou meia volta
E faço tudo ficar bem
Eu volto para dezembro todo o tempo

Esses dias eu não tenho dormido
Fico acordado lembrando de como eu fui embora
Quando o seu aniversário passou eu não te liguei
Então eu penso no verão, todas as lindas vezes
Que eu vi você rindo do lado do passageiro
E percebi que eu te amei no outono

E então veio o frio com os dias escuros
Quando o medo invadiu a minha mente
Você me deu todo o seu amor e tudo que eu te dei foi um adeus

Então esse sou eu engolindo meu orgulho
Em pé na sua frente dizendo que sinto muito por aquela noite
E eu volto para dezembro todo o tempo
Acontece que a liberdade não é nada além de sentir sua falta
Desejando ter percebido o que eu tinha quando você era meu
E eu volto para dezembro, dou meia volta
E mudo minha própria mente
Eu volto para dezembro todo o tempo

Eu sinto falta da sua pele pálida, do seu doce sorriso
Tão bom para mim, tão certo
E como você me segurou em seus braços aquela noite de setembro
A primeira vez que você me viu chorar
Talvez isso seja apenas um pensamento bobo
Provavelmente um sonho estúpido
Mas se nos amássemos novamente, eu juro que te amaria certo
Eu voltaria no tempo e mudaria tudo, mas não posso
Então se a sua porta estiver trancada, eu entendo...

Mas esse sou eu engolindo meu orgulho
Em pé na sua frente dizendo que sinto muito por aquela noite
E eu volto para dezembro
Acontece que a liberdade não é nada além de sentir sua falta
Desejando ter percebido o que eu tinha quando você era meu
E eu volto para dezembro, dou meia volta
E faço tudo ficar bem
E eu volto a dezembro, dou meia volta
E mudo de ideia
Eu volto para dezembro todo o tempo
Todo o tempo...

Enquanto eu cantava eu sentia as lágrimas escorrendo livremente pelo meu rosto, e pela primeira vez na vida, não tive vergonha de chorar na frente de outras pessoas. Apesar do choro dolorido que tomava conta da minha alma, eu me forcei a cantar cada letra daquela música da forma mais perfeita que me era possível, e quando a música foi acabando, e eu abri meus olhos para cantar a última frase, a luz em mim diminuiu e eu vi seus olhos vermelhos me fitando do fundo do bar. Senti meus pés perderem o chão.

— Hyuk… - sussurrei e senti tudo girar.

Eu estava caindo, estava tudo rodando e a última coisa que eu me lembro antes de cair na escuridão, eram dos seus olhos preocupados me fitando enquanto ele me chamava.

 

 


Notas Finais


Então, o que acharam até agora? Comentem!
Dependendo da aceitação de vocês, amanhã mesmo já posto o final ^^'
Ah! Decidi dividir a história em dois capítulos pra não ficar muito cansativo :D

Também gostaria de agradecer a todos os que favoritaram minha OS, obrigada pelo carinho! ♥


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