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História Deep sea- Hope and Justice - Something's on my mind


Escrita por: Pooph

Notas do Autor


Boa leitura 🌺

Capítulo 18 - Something's on my mind


Fanfic / Fanfiction Deep sea- Hope and Justice - Something's on my mind

Ela não saberia dizer quando a vida se tornou tão caótica.

Quando os sorrisos viraram lágrimas, quando as boas memórias foram substituídas pelo luto e pela dor. Quando a palavra família se tornou mais dolorosa do que as piores torturas.

Ela não saberia dizer quando o glitter virou sangue, quando a vida virou um fardo.

Tudo o que sabia era que a dor em seu peito manchava sua alma como a aquarela manchava os seus desenhos de criança. E sabia que morreria sentindo isso.

Mila Sentinele jamais pensou poder estar em uma família feliz, jamais imaginou poder viver a vida calma que tanto desejava. Não importasse quantas noites dormisse, os pesadelos sempre voltavam, dia após dia.

O pesadelo de vê-los ajoelhados no chão, implorando pela vida da filha de apenas 12 anos, enquanto um homem cujo ela tanto confiava, segurava sua mão a dizendo que tudo ficaria bem. 

Lembrava-se das lágrimas de sua mãe, chamando pelo seu nome. Lembrava da voz de seu pai, implorando para que os deixassem ir. 

E de fato foram.

Mas ela ficou.

Segurando a mão do homem que seus pais disseram ser tão bom, ao lado dele, como se tudo o que importasse fosse a aprovação do mesmo homem que lhe roubou a vida. Ela o assistiu na televisão sendo homenageado e dias depois sendo preso.

Mas ele sempre voltava.

E conforme os dias passavam, ficava mais agressivo, mais apavorante. E o que antes era admiração, virou repulsa. Ela sentia nojo de o olhar, sentia nojo de seu cheiro, de sua voz, de suas atitudes. E sentia medo de estar para sempre presa a ele, mesmo sabendo que ele não a deixaria mesmo que morresse.

Sentia nojo de si mesma pelo o que fizera por ele. Pelo que fizera em nome dele. Sentia nojo de saber que ele era até então, sua única família.

E foi em seu nome, que Mila fizera aquilo que mudou sua vida para sempre. Em nome dele, ela cumprimentou Damian Wayne, em seu primeiro dia de aula. Em nome dele ela o acolheu como amigo, e foi acolhida de volta.

Em nome dele ela descobriu que amava Damian como jamais pensou ser possível. Em Damian ela encontrou seu porto seguro.

Ele a mostrou que ela tinha uma família.

Mila amou cada um dos Waynes, mesmo sabendo que jamais seria parte deles. Ela os amava sabendo que nem mesmo Damian os amava tanto.

Ela amava seus defeitos, amava tudo. Amava aquela casa, amava suas aparências, suas atitudes, seus sorrisos e suas lágrimas.

Quando viu Richard Grayson passar pelos corredores da escola, no primeiro dia de Damian, além da beleza ela viu um sorriso gentil. Sorriu de volta involuntariamente quando decidiu ir falar com ele.

"Damian é um garoto difícil de se enturmar, mas fico feliz que queira ser amiga dele Srta Sentinele, você parece o tipo de amizade que o faria bem".

Ela viu o desespero de Jon na fatídica sexta-feira em que sua vida mudou para sempre. Quando Jon falou "Os irmãos dele estão aqui" ela entendeu o que os irmãos de Damian eram para ele.

Mas ao ver os rostos preocupados de Jason e Bárbara, ela entendeu o que Damian era para eles. Bárbara arriscara o próprio nome e Jason a própria liberdade, apenas para livrar Damian de um problema. Algo que ninguém faria por ela.

E ao ser levada para a delegacia, viu o rosto tão belo de Bárbara, lhe dar um sorriso preocupado. Um sorriso que embora forçado, era acolhedor.

"Você parece uma garota muito inteligente Srta Sentinele, saiba que uma hora de prazer, não vale uma vida inteira de arrependimento". 

Jamais se imaginou vagando pelos corredores da gigante mansão Wayne, no dia em que conheceu Timothy Drake. Ele cantarolava enquanto fazia algo na cozinha, de forma adorável. Sabia que Damian e Tim não eram próximos e mesmo assim, não deixou de sorrir quando ele prendeu os cabelos bagunçados para o alto ao perceber sua presença.

"Você é amiga do Damian certo? Fico feliz que ele tenha feito amigos, não é alguém muito sociável".

Embora tenha visto Jason na noite de sexta-feira, não deixou de se assustar ao bater contra ele na rua. Se lembrava bem da risada que deixou escapar enquanto falava distraidamente com um homem ruivo.

"Não é muito bom garotas andarem sozinhas pelas ruas perigosas de Gotham, eu posso te dar uma carona se quiser".

 Ela sorria tentando entender como eles podiam ser tão iguais e diferentes ao mesmo tempo. Como podiam ter um sorriso tão esplêndido e contagiante, um sorriso que parecia acalma-la. Tentava entender como Damian parecia tão diferente sempre que o olhava.

Quando Damian sorriu para ela, pela primeira vez ela entendeu que não se tratava de suas personalidades, de suas aparências. Se tratava de um amor incondicional que um tinha pelo outro. 

Um amor que saia de seus corações, que contagiavam tudo ao redor. E que mesmo não assumindo, um fazia parte do outro. Eles eram como almas gêmeas, que cuidavam um do outro mesmo tentando não demonstrar que se importavam.

E apesar de tudo, havia silêncio.

Um silêncio doloroso entre os Waynes, pois algo faltava. E não apenas uma pessoa, não apenas Cassandra.

Mesmo Mila sabendo que Damian tinha uma profunda ligação com Cassandra, algo ainda falta. Uma parte essencial do quebra-cabeça, algo que tirava seu sono sempre que pensava a respeito.

Faltava uma verdade, um segredo, uma descoberta, um nome. Faltava um motivo.

Porque quando conheceu Bruce Wayne, ela notou. Não era o Bruce Wayne da televisão, o carismático bilionário que diziam ser, era o pesadelo de Damian, Tim, Jason, Dick e Bárbara.

Mila Sentinele podia reconhecer um psicopata apenas em segundos e Bruce Wayne definitivamente era um. Mas por que Bruce Wayne adotaria 5 crianças, se ele próprio é incapaz de sentir empatia por qualquer ser vivo?

Por que seus olhares eram tão frios? Por que seu silêncio era tão ameaçador? O que os Waynes escondiam afinal?

O que uma família perfeita era capaz de esconder e por que escondiam?

Era inevitável pensar a respeito. Já fazia mais de um dia que Damian e Jon deixaram Gotham, rumo a família materna de Damian.

Mila pensava deitada em sua cama, olhando para o teto branco de seu quarto, cuja a única luz era a fraca iluminação do sol da tarde, que entrava pela enorme janela. Tentava recordar se de algum momento em que Damian citara sua família materna.

E se a grande incógnita que perturba sua mente fosse o próprio Damian Wayne? Ela não sabia nem mesmo o nome da mãe de seu melhor amigo e isso a frustrava.

Mesmo que tivessem combinado de não falar sobre assuntos delicados, por que Damian escondia sua família materna? E o que sua própria mãe fizera para ser um assunto delicado.

"Fui criado pelo meu avô e minha mãe em um lar abusivo e isolado de tudo". Era a única coisa que ela sabia sobre a família materna de Damian.

Mas se foi criado em um lar abusivo, por que estava retornando para ele? E por que Damian não confiava nela o suficiente para conta-la o que precisava fazer no outro lado do mundo?

Muitas perguntas para nenhuma resposta.

"Qual era mesmo o nome do meio dele?" Perguntou a si mesma em sua mente, vasculhando sua memória em busca de respostas. Sabia que era um nome diferente, era árabe.

"Ei Al Ghul, passa a manteiga para cá" Falou Jason em uma das refeições que ela perticipou na mansão Wayne.

— Al Ghul... — Sussurrou para si, pegando seu notebook da mesinha de cabeceira ao seu lado. Sentou-se com o aparelho no colo e pesquisou.

Damian Al Ghul Wayne.

Passou os olhos pelos diversos links, matérias, blogs e em todos, apenas Damian Wayne era citado. Nada sobre seu nome do meio.

Damian Al Ghul.

Pesquisou, mas novamente não encontrou nada que relacionasse Damian e o sobrenome pelo qual Jason o chamará. Nem mesmo em sites biográficos o nome de sua mãe aparecia.

Família Al Ghul.

Um único link foi encontrado, um arquivo PDF onde a única coisa escrita era Ra's Al Ghul. Mila clicou sem hesitar, sendo surpreendida por um apito alto em eu notebook e uma página inteira branca, com a única escrita, Você não tem permissão para acessar esse arquivo.

Droga. — Falou revirando os olhos. Passou os dedos pelos cabelos, tentando pensar em uma solução. Se levantou se sua cama, prestes a ir até seu guarda-roupa quando seu telefone tocou. Era Damian.

— Boa tarde ser humano que não me mandou uma mensagem durante o vôo. — Falou manhosa.

Eu estava ocupado. 

— Eu imagino o que tanto dá para se ocupar durante uma viagem de avião. — Respondeu maliciosa, o tirando um suspiro de desaprovação.

— Estou brincando idiota. Já é noite aí?

 Sim.

— Aqui são cinco horas da tarde ainda, de qualquer forma... Como está sendo sua estádia na casa do seu avô? 

 Um desastre.

— Aliás, onde caralhos é a casa do seu avô? — Falou abrindo a porta do guarda-roupa.

Oriente médio, você não vai saber, é péssima em geografia. E não é uma casa, é um templo.

— Eu não sou péssima! Você que é bom em tudo. Um templo tipo aqueles de filme? Que tem um formato engraçado e um monte de gente vestidos iguais que fazem cumprimentos estranhos? — Falava enquanto tirava o fundo falso da última gaveta do guarda-roupa.

 Sim, igual os dos filmes. — Falou com certa desaprovação.

— Sou eu ou você tá parecendo extremamente estressado? 

 Esse lugar é pior do que eu me lembrava. 

Veja pelo lado bom, você vai poder dormir com Jon bem longe de Gotham, o único problema é que os quartos provavelmente não tem isolação acústica. — Falou com humor, tirando um laptop militar de dentro da gaveta, o peso a fez cambalear alguns passos para trás.

Não podemos dividir o mesmo quarto.

— Que merda. — Mila respondeu jogando o laptop em cima de sua cama, as molas da cama fizeram um barulho alto.

 O que você tá fazendo? — Damian questionou devido ao barulho.

— Limpando meu quarto... Sabe Damian, eu estou curiosa, qual é o nome do seu avô? — Falou despretensiosa enquanto ligava o dispositivo.

 Por que a pergunta?

— Só estou curiosa.

Combinamos de não falar sobre isso.

 Eu sei, mas você está na casa dele, e eu não sei quase nada sobre sua família materna, nem o nome da sua mãe.

Eu não faço perguntas sobre a sua família e você não faz sobre a minha.

— Você não faz por que não quer, se fizer eu respondo. Mas eu entendi, você nao quer falar sobre isso. — Disse pesquisando pelo mesmo site de antes.

 Agradeço. — Damian falou.

— Okay Damian desembucha, que aconteceu? — Falou com um tom preocupado.

Como eu disse esse lugar é pior do que eu me lembrava.

— Pior quanto? — Falou dando um sorriso disfarçado, ao encontrar o link que procurava. Clicou nele, dessa vez a redirecionando para uma página preta, onde a única coisa escrita era "insira sua chave de segurança".

 Muito. Eu me lembrava que eles eram ruins, mas parecem ainda pior, principalmente com Jon.

Você disse a eles que Jon é seu namorado? — Perguntou pensando em qual senha seu padrinho usaria.

 Sim, e não gostaram muito. Acho que não por Jon ser um garoto, mas por ele ser de fora e eu o trazer. — Damian suspirou no telefone, Mila entendeu que se tratava de muito mais. Quando Damian suspirava preferindo o silêncio, ela sabia que perguntar a respeito era como tocar em um machucado.

— É a primeira vez que vejo um americano sofrer xenofobia. Sinceramente Damian, você não deveria se importar tanto, me disse que é o chefe da família agora, você manda.

Não é bem assim que funciona. — Suspirou novamente. — Eu tenho que desligar, Mila.

— Ah, mas já? — Falhou manhosa. — Okay, Boa noite Damian, Un bacio nel tuo cuore.

— Boa noite Mila. — Falou seguido de um som encerrando a chamada. Mila suspirou cansada, sentia falta de Damian, sentia falta de reclamar sobre a vida com ele.

Também sentia a falta de Jon, dos seus abraços apertados e risada contagiante. Três semanas seriam o inferno para ela, precisava encontrar algo para se distrair, ou morreria de tédio.

Olhou na tela do computador novamente, pensando no porque o arquivo pedia uma senha e o que ele escondia de tão importante. Decidiu tentar a mesma senha que desbloqueava o laptop militar.

Il ballo della vita.

A pequena mensagem pedindo pela chave de segurança sumiu e o site passou a carregar. 

— Nem fodendo. — Falou com um sorriso incrédulo, ao perceber que seu chute havia funcionado. Mas para uma surpresa ainda maior, o arquivo revelou ser propriedade do governo.

Não era qualquer arquivo, uma logo muito conhecida por ela marcava em vermelho a primeira página do arquivo, as letras JL, também conhecidas como a logo da Liga Da Justiça.

Rolou o arquivo para baixo, lendo diversas palavras que afirmavam ser um arquivo confidencial secreto e de extrema importância política. Na terceira página, uma foto de um homem centralizada chamava a atenção, com o destaque logo acima da imagem Ficha criminal.

A foto mostrava um homem de pele morena, olhos verdes e marcantes, que mesmo sendo apenas uma foto, parecia poder olhar em seus olhos. Tinha um cabelo em um corte estranho, um sorriso macabro e vestes em tons esverdeados. E o que a chamou atenção eram de fato os ornamentos dourados, sendo braceletes, colares e muitos anéis.

Ra's Al Ghul.

Estado atual: Morto.

Ela continuou descendo o arquivo com rapidez, sem dar muita importância para o que tava escrito. Até onde sabia, eram descrições de mais de 50 páginas de crimes cometidos pelo homem.

Entre elas, a que mais a chamou atenção foi:

Fundador e líder do grupo de ninjas/assassinos mais perigosos do planeta, entre eles: Sar* L*****, Oliv** Q****,  Davi* C***, Lady Shiva (codinome), Cass***** C***, Edg** M********, Tali* A*****, Nys** A*****.

Os nomes censurados deixavam tudo ainda mais confuso, nada daquilo fazia sentido algum. Continuou passando as informações com rapidez até chegar ao fim da ficha, e ao início de uma descrição mais profunda sobre quem era esse homem.

Ra's Al Ghul.

Espécie: Humano.

Sexo: Masculino.

Afiliações: Liga dos assassinos, Liga das Sombras, Sociedade Secreta SV.

Associados familiares: Talia Al Ghul (Filha), Nyssa Al Ghul (Filha), último herdeiro Al Ghul (Desconhecido).

Habilidades: Nível intelectual avançado, combate corpo a corpo, esgrimista, alquimista e extensão de vida.

Estimativa de vida: Centenas de anos.

Estado atual: Morto.

Mila piscou confusa, sem entender uma palavra sequer do que lia. Não fazia idéia de quem era o tal de Ra's Al Ghul, e nem por que ele estava ligado com Damian. Na verdade ela não sabia e torcia para que não houvesse ligação alguma entre o homem da foto e Damian Wayne.

Ler que sua estimativa de vida fora de centenas de anos lhe causavam arrepios. Mesmo vivendo um mundo onde Aliens salvam o mundo e lunáticos fantasiados matam pessoas, ainda sim, alguém viver centenas de anos parecia tão irreal para ela, quanto a existência de uma organização secreta de ninjas

Nada daquilo fazia sentido e ela nem mesmo lembrava do porque estava lendo tudo aquilo, ou o que ela queria descobrir. Procurava por algo sobre Damian e acabou encontrando algo no qual ela sabia que não deveria se envolver.

Já tinha problemas demais e ter acesso a essas informações, a causavam a sensação de estar pondo uma mira em suas costas. 

Olhava as imagens de todas aquelas pessoas citadas e nada parecia fazer sentido algum. Talvez estivesse pesquisando pelo nome errado, talvez a memória de Jason chamando Damian pelo nome materno, fosse apenas uma confusão mental.

Ou talvez tivesse um motivo pelo qual Damian escondia a sua família materna. Talvez aquelas informações fossem verdade, mas ela se recusava a acreditar.

Quanto mais lia, mas a vontade de vomitar crescia, haviam tantas mortes, tantos nomes, tantas histórias encerradas por causa de um homem, que talvez fosse familiar de seu melhor amigo.

Finalmente chegou a uma página intrigante. O último herdeiro Al Ghul. Completamente em branco. Nem mesmo o seu nome estava escrito, como se algo tivesse apagado tudo, como se uma censura varresse qualquer informação sobre o herdeiro Al Ghul.

"E se Damian for o herdeiro Al Ghul?" Pensou consigo mesma, amaldiçoando-se própria por imaginar uma possibilidade como essa.

Damian era um garoto sensível, um menino incrível e doce. Era o seu melhor amigo e era incapaz de machucar uma mosca sequer. Era impossível que Damian fosse parente de um terrorista como o homem da foto.

Era impossível.

E era ainda mais impossível pensar que Damian poderia estar nesse exato momento, em um lugar cujo o nome era Liga dos Assassinos.

E se fosse, ele não esconderia isso dela, esconderia? E se Damian realmente fosse um assassino, ela saberia? Ou ele a mataria antes mesmo de ser capaz de questionar?

Mas no fundo ela sentia que era impossível. Engoliu em seco, prestes a fechar o arquivo, quando a tela do computador novamente escureceu por completo, junto de um som agudo e agoniante que a fez tampar os ouvidos.

Uma única mensagem apareceu na tela do dispositivo. Pare de pesquisar.

O computador desligou, fazendo um som ainda mais alto e de repente, um cheiro de queimado passou a sair de dentro do dispositivo.

— Não... Não... Não. — Repetiu aflita ao se dar conta de que o computador se recusava a ligar. Sentiu seu estômago embrulhar com a surra de informações.

Poderia vomitar a qualquer instante ao tentar entender o que havia acontecido, mas antes que pudesse formular uma teoria, ouviu o som de um carro no qual ela conhecia o suficiente para entender ser um problema.

— Droga. — Sussurrou sentindo seu coração bater contra o peito com força. Colocou o computador embaixo de seus travesseiros e jogou o cobertor por cima. Saiu da cama procurando por seus AirPods em sua penteadeira.

Os colocou com rapidez assim que os encontrou, e se sentou a frente do espelho de sua penteadeira, pegando alguns pincéis e maquiagens que encontrou para fingir estar se arrumando.

Ouviu os passos subindo as escadas, a cada passo, seu coração batia com mais força, sentia o enjôo a subir pela garganta, tentando ao máximo focar em manter o fingimento.

— Camila! — Chamou a voz masculina, no qual seria impossível não reconhecer. Um arrepio percorreu sua espinha ao finalmente ouvir a porta de seu quarto ranger e abrir em uma fresta.

— Não me ouviu chegar? — Ele falou em tom sério. Ela a olhou fingindo estar confusa, retirou um dos AirPods da orelha como se tivesse pela primeira vez notado a sua presença.

O corredor estava escuro, e a pequena fresta não era capaz de mostrá-lo, apenas a sua silhueta podia ser vista.

— Ah desculpa, eu estava ouvindo música. — Justificou calmamente.— Você normalmente vem no domingo e hoje é terça, aconteceu alguma coisa?

— Já te falei para não ouvir música alta nos fones, o jantar já vai ser servido, desça rápido. — Falou ríspido, dando as costas para ela e contando a descer. 

Assim que o som de seus passos se tornaram distantes e baixos, ela largou tudo que estava na mão em alívio. Levou as mãos para a testa, apoiando a cabeça e respirando ofegante.

Engoliu seco se levantando para enfim sair do quarto, rumo a sala de jantar. Descia as escadas ansiosa, passando os dedos pelo corrimão afim de disfarçar a ansiedade.

A sala de jantar estava escura, ela mal havia percebido o dia escurecer. A luz de fora estava acessa e na mesa, apenas ele estava sentado.

A luz iluminava atrás do homem, ele não parecia se incomodar com o escuro, graças a iluminação, novamente apenas a sua silhueta podia ser vista.

Mila sentou-se do outro lado da mesa, sentindo o perfume forte e caro dele impregnar em suas narinas. Aquele cheiro a causava nojo.

— Por que estava se arrumando? — Ele falou quebrando o silêncio, enquanto ela observava as empregadas colocarem pratos e talheres a sua frente.

— Para tirar fotos. 

— Não pode tirar fotos sem maquiagem? — Disse ríspido.

— É você quem me diz para manter a boa aparência. — Olhou para o prato a sua frente. — Bucatini all’amatriciana.

— É o seu favorito, achei que gostaria. Hoje é um dia de comemoração, Camila. — Falou levantando a taça de vinho até a boca.

— O que tem hoje?

— Tivemos um crescimento de 20% em lucro com o novo satélite lançado. Quem sabe possamos passar a Wayne Enterprises até o fim desse ano. — Falou com um sorriso vitorioso.

— Parabéns, Bruce Wayne deve estar se mordendo de raiva. — Respondeu desanimada.

— Com certeza. A única coisa que não entendo é porque não está com um sorriso no rosto Camila, não está feliz com a minha conquista?

— Claro que estou, eu só... — Começou a dizer, enquanto cutucava sua comida com o garfo.

— Sente falta do Wayne. — Respondeu com deboche. — Se eu soubesse que ele iria te estragar, nunca teria mandado você se aproximar daquele garoto.

— Ele não me estragou!

— Então por que você está agindo diferente da minha Camila? — Falou aumentando o tom de voz. — Eu sabia que estava cometendo um erro quando te coloquei do lado daquele viadinho.

— Você sabe que eu não gosto que me chame assim! É Mila! E não fala assim dele. — Respondeu ácida.

— Eu tomaria cuidado com o tom de voz que vocês usa comigo! Eu te chamo do que eu quiser, dês de que sou seu responsável!

— Você não é meu pai! — Falou irritada.

— Seu pai te abandonou, deveria me agradecer por te deixar viver na minha casa. — Disse de maneira fria. — É bom parar com essa rebeldia Camila Sentinele, ou dessa ver eu raspo a sua cabeça, assim você não gasta dinheiro com produtos de cabelo.

— Faz o que você quiser Alex. — Murmurou empurrando a cadeira com força. — Eu vou para o meu quarto.

— Está abusando da liberdade que te dou. Se der mais um passo, eu faço questão de cortar os freios do carro de seu amiguinho mikaelson de novo e dessa vez ele não escapa.

— Deixe-o em paz! Ele não tem nada haver com isso! — Gritou.

— Então volte a ser a minha Camila!

— Eu não sou sua propriedade! — Gritou ainda mais alto.

— Você é sim! E nem se queimar essa casa vai deixar de ser! O dia que você estiver livre de mim vai ser o dia que eu te enterrar no meu quintal! — Falou se levantando. Mila deu alguns passos para trás, conforme ele se aproximava.

— É mesmo ingrata igual o covarde do seu pai! Eu lhe dou tudo e você me trai no final, por um Waynezinho. Papa deve estar orgulhoso. — Rosnou para ela a puxando pelo braço. A luz agora era suficiente para vez o seu rosto.

As linhas de expressão marcadas em um rosto raivoso, os olhos profundos que a causavam arrepios, o hálito frio e voz grave. Uma combinação perfeita, para a fazer quase vomitar de nojo.

— Eu não te vi arrependida quando traiu suas corujinhas, não te vi arrependida quando mandei por uma bomba no carro da corte, não te vi arrependida quando encontrava informações para mim... Mas foi só Damian Wayne aparecer, que você quis fingir ser a garota boazinha! — Gritou em seu rosto, a jogando no chão. — O que você acha que é? Uma mocinha? Acha que está fazendo o bem?! Você é minha cúmplice, é tão criminosa quanto eu!

— Eu nunca vou ser igual a você! Eu tenho nojo de você! — Gritou de forma a fazer suas cordas vocais doerem.

— Nojo? — Falou com desdém, deixando uma risada debochada escapar. — Nojo Damian Wayne vai ter de você quando saber que você fez! Você acha que ele confia em você? Acha que ele se importa com você?

— Ele se importa! Eu sou a melhor amiga dele! — Falou sentindo algumas lágrimas quentes escaparem pelo canto dos olhos.

— Se ele confia tanto em você, por que nunca contou os segredinhos sujos dele e daquela família nojenta? — Disse a chamando atenção, ela o olhou confusa. — É, parece que ele não te contou, não é?

— Não te contou o que ele é, não te contou o que o namorado viadinho dele é. Não contou o que o pai é, ou os irmãos... Não contou o que a mãe dele é... — Sussurrou em seu ouvido, fazendo o olhos esverdeados de Mila tremerem assustados, tal como um gatinho de rua.

— Você sabe... O que ele é? — Ela Sussurrou de volta.

— Informações merecem ser conquistadas Camila, e você não merece nem o meu respeito. — Falou puxando seu cabelo, a forçando a chegar mais perto.

— Não vê que está sozinha agora? Não pode mais ir correndo para os braços dele... Ou você realmente acha que ele vai voltar?

— Ele vai!

— Não ele não vai. A irmã dele disse a mesma coisa não foi? E onde ela está agora Camila? Ele te abandonou! Igual aos seus pais! Mas eu estou aqui, sempre estive do seu lado, e você vira as costas para mim... — Falou apertando as bochechas dela com a mão esquerda, a impedindo de se afastar.

— Suas manipulações não funcionam mais comigo! — Falou com dificuldade.

— Ótimo! — Ele a soltou no chão com brutalidade. — Eu venho para uma comemoração com a minha afilhada, e tudo o que você faz é me deixar estressado em um dia que deveria ser ótimo! Mas tudo bem Camila, vamos fazer do seu jeito.

— Você quer liberdade, e eu quero que volte a me obedecer. Eu vou te dar mais uma missão e se você cumprir, está livre. — Falou indo até a mesa novamente.

— O que? — Mila falou se levantando.

— Estará livre! Para fugir para a Itália! Ou ir morar com o seu amiguinho Wayne! Fazer o que quiser, entendeu? — Disse colocando mais vinho na taça que antes bebera.

— Por que está dizendo isso?

— Por que eu cansei do seu draminha adolescente. Tudo que você faz é me irritar, então faça essa última coisa, e some da minha frente, entendeu?

— Está blefando. 

— Não, eu não estou. — Respondeu com um sorriso pequeno no rosto. — Agora coma, e se não estiver com fome, vai para o seu quarto e não se atreva a sair de lá!

Ela assentiu com a cabeça, ainda desnorteada com as palavras dele. Passou a andar rumo a escada, mas pouco antes de sair da sala de jantar, parou em frente a porta.

— Alex... — O chamou. — Eu preciso de um laptop militar novo.

— O que? O que aconteceu com o seu?

— Ele queimou.

— Vou ver o que posso fazer. — Disse ríspido, fazendo um sinal com a mão indicando para ela sair logo.

Mila andou rápido pelos corredores da casa e subiu correndo pelas escadas, sentindo lágrimas inundarem seus olhos e escorrerem pelo rosto. Correu para o seu quarto e se apressou em procurar pelo celular.

Ofegante ligou para um número, sentindo o peito doer imensamente. "O dia que você estiver livre de mim vai ser o dia que eu te enterrar no meu quintal!"

Oi Mila! O que aconteceu para me ligar essa hora? — A voz de Franklin saiu do celular a causando um alívio momentâneo.

— Ele vai me matar Frank... Ele vai me matar!

O que? Do que você está falando Mila?

— Lex Luthor vai me matar!






Notas Finais


Depois de um longo tempo, estou de volta!
Eu troquei de celular e acabei perdendo tudo o que eu tinha da DS, então tive que reescrever tudo de novo, mas enfim, vida que segue.
Espero que tenham gostado❤️❤️
Até a próxima ❤️❤️❤️


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