História Deeper than the Ocean - Capítulo 15 - Desespero, areia e apartamentos

Hyunjin não queria entrar naquele salão, não queria ser aquele que daria a notícia aos reis. Ele tinha ficado sabendo dos gritos ouvidos no corredor do quarto do casal, sabia que eles não estavam em uma boa época do relacionamento. Sabia também que o rei mais velho estava uma pilha de nervos, que qualquer um na direção dele sofreria por algo que não era responsável, mas também sabia que não havia ninguém melhor que ele pra dar aquela informação.

– Tinham que sumir logo agora, não é? - disse baixinho, só para si mesmo, pensando nos dois amigos desaparecidos.

Chegou na frente das grandes portas brancas com desenhos em dourado e abriu-as com as duas mãos.

– Com licença, altezas? - colocou a cabeça por entre elas e viu os dois olharem pra ele dos tronos, cada um com o corpo virado para o lado oposto ao que estava o outro. "Parecem duas crianças birrentas" pensou o moreno, rindo internamente.

– O que foi, Hwang? - perguntou o ruivo, vendo o mais novo entrando e fechando as portas atrás dele, mas não indo muito longe delas.

– Eu... Sinto em informar, mas... Seus filhos sumiram – falou rápido e logo em seguida fechou os olhos, esperando pelo pior.

– COMO ASSIM SUMIRAM??? - é, nada de novo vindo do rei dos mares.

– Parece que foi enquanto todos os guardas estavam resolvendo uma briga entre dois tubarões guarda no quarto andar, Majestade.

– Hyun, me diga que vocês já têm ideia de pra onde eles foram – suplicou o rei mais novo, levantando do trono, seguido de seu marido.

– Nenhuma, Alteza. Foram e não deixaram rastros – suspirou fundo ao ver os olhos do mais velho mergulharem em uma tristeza profunda, tinha certeza que ele chorava.

– QUERO TODAS AS TROPAS ATRÁS DELES! ACIONE TODOS OS QUARTÉIS, DE TODOS OS SETE MARES! QUERO MEUS FILHOS AQUI O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL - Viu o loiro concordar, logo saindo da sala.

Se antes o Bang já estava irritado, agora ele estava explodindo. Claro, ainda estava irritado com eles pelo que tinha acontecido, mas também se preocupava e muito com seus filhos. Olhou pro marido, vendo-o tremer levemente, então foi em direção a ele, passando as mãos pelos ombros tensos dele, este que logo virou para si e o abraçou forte, sendo possível ver que ele chorava pelos espasmos e soluços que soltava. Podiam estar brigados, mas essa situação pedia que eles esquecessem isso no momento.

– Chan... N-nossos filhos... - chorou mais alto ainda no ombro do ruivo, que também soltou algumas lágrimas silenciosas.

– Não se preocupe, vamos encontrá-los, eu prometo – apertou o moreno em seus braços.

[...]

– Hããã... Lix? - teve a atenção do mais novo, que estava sentado numa pedra perto da água - Será que poderia olhar pro outro lado? - disse o mais velho, enquanto desabotoava as calças, já sem a camiseta.

– Por quê? - questionou o outro, deitando um pouco a cabeça para o lado.

– Eu... Não me sinto confortável com você olhando - coçou a nuca, vendo o outro resmungar baixinho e virar pro outro lado na pedra.

– Pode olhar pra mim se quiser, Know-Hyung – disse um Jisung com as mãos nas calças, também já sem camiseta.

– Passo – ele estava sentado no chão de pedras, mas não hesitou em virar de costas pro mais novo.

Jisung só deu de ombros e continuou a tirar a calça, tirando a boxer, assim como o Seo, mas logo colocando a calça de novo.

– Pronto, Lix. Pode virar – disse o menor, com as calças pretas já de volta em seu corpo. Ele viu o loiro virando de volta e olhando pro seu corpo, fazendo cara feia ao notar que realmente não conseguiria ver o outro sem aquelas roupas pretas, mas ainda feliz por poder ver o peitoral e abdômen desnudos do outro. Mordeu o lábio inferior com a visão dos bíceps muito bem trabalhados, dos seis gominhos bem destacados e com a pele branquinha e totalmente marcável.

– Acho que as minhas vão ficar melhor no Felix. Bin-Hyung, você dá as suas para o Know-Hyung – disse o Han, segurando sua camiseta amarela nas mãos e olhando dela para o Lee mais novo – Aqui, Felix – entregou ela e a boxer azul escura que usava para o outro, viu ele pegando e olhando estranho pra elas - Você tem que passar suas pernas nesses buracos aí - apontou pra boxer e fez gestos com todo o corpo, mostrando pro outro como faria aquilo.

– Aqui, essas são as suas – disse Changbin ao dar sua camiseta cinza escuro e a boxer preta para o mais velho de todos ali.

O primeiro a tentar foi o loiro, que, na pedra mesmo, tentou pôr a boxer, nesse momento Changbin olhou pra cima, fingindo que não via ele abrir as pernas ali, e Jisung tapou os olhos, em respeito, principalmente, ao loiro, mas também ao amigo. Quando ele terminou de pôr a dele, levantou para ver como tinha ficado, virando de um lado para o outro e olhando para sua bunda.

– Ficou bom? – perguntou pro Seo, que tinha vidrado na bunda redondinha e delineada por aquele tecido fino do mais novo.

– Com certeza – respondeu ele.

– Olha o respeito, Seo. Não ache que só porque estamos aqui em cima que vou deixar de vigiar vocês - disse Minho, que tinha levantado e também se agachava para pôr a dele. Mas antes que concluísse o trabalho, sentiu o olhar do Han queimando em si – Jisung, será que dá pra parar de me encarar e virar pra lá? - só escutou resmungos vindos do outro e revirou os olhos, logo sorrindo em seguida. Gostou bastante da informação que seu corpo era atraente pra ele, mas não iria externalizar isso, nem o fato de que tinha gostado bastante de ver o menor sem camiseta – Ficou meio apertada.

– Claro, você tem mais bunda que o Changbin – riu maldoso Jisung, recebendo um revirar de olhos do menor dali.

– Agora as camisetas – disse o Seo.

– Precisamos mesmo? Não estou acostumado a ter algo cobrindo meu peito – disse Felix, fazendo biquinho pro menor em sua frente, na tentativa de convencê-lo.

– Infelizmente, sim, Lix. Nossa sociedade não aceita muito bem gente andando seminu fora da praia por aí - riu da cara de desgosto do outro. Acompanhou ele tentando pôr a camiseta amarela de Jisung e não conseguindo, rindo logo em seguida – Deixa eu te ajudar – se aproximou dele e pediu para que ele levantasse os braços, teve que ficar nas pontas dos pés para alcançar os braços dele, mas nada demais. Passou o tecido pelos braços dele, logo ajeitando ele no corpo do outro, vendo que não passava muito do início das coxas dele – Ficou meio curto...

– Sua vez, Hyung – disse Jisung, chegando perto do outro, na intenção de ajudá-lo.

– Eu consigo sozinho – disse o moreno, tentando passar os braços e a cabeça por aquele tecido escuro, falhando miseravelmente ao prender a cabeça lá dentro. Só ouviu a risada contida do outro.

– Vem, deixa eu te ajudar – o Han se aproximou do outro, ajudando-o a tirar de novo a camiseta e depois colocando certo nele, arrumando no corpo dele depois. A dele tinha ficado mais longa que a de Felix, já que era de um modelo mais longo – Viu? Não doeu nada. Você poderia pedir mais ajuda às vezes, sabe? Não precisa fazer tudo sozinho – segurou os braços do outro, olhando nos olhos dele agora, pelo menos eles não tinham mudado, ainda eram azul escuro quase preto. Sorriu ao ver o biquinho nos lábios finos e vermelhinhos do outro.

– Podemos ir agora? - pediu o loiro, com pressa.

– Claro. Já consegue andar sozinho? - perguntou o Seo, vendo o mais novo concordar com a cabeça e levantar, ficando perfeitamente em pé sozinho. Esperou Minho levantar e segurou a mão do Lee mais novo, indo em direção a fenda entre as pedras, passando por ela logo em seguida, saindo na praia. Olhou pra trás a tempo de ver os olhos verdes do outro brilharem ao enxergar a praia e os prédios ao fundo, juntamente a rua.

– Wow... - disse o loiro. Ele começou a andar pra frente e rodar ao mesmo tempo, olhando tudo que podia. Foi desde a praia, vendo várias pessoas na areia e no mar, até a cidade mais à frente. Se encantou com as enormes construções ao fundo, mas também com a rua perto da areia, com todos aqueles carros e pessoas andando de um lado para o outro.

O mesmo pode-se dizer de Minho, que quando saiu de lá, atrás de Jisung, ficou embasbacado com tudo o que viu. Ele nunca tinha ficado muito perto da costa, quem dirá ver o que estava vendo.

– Nada mau, não é? - zombou o Han ao seu lado.

– É... Incrível... - suspirou o mais velho, vendo todas aquelas cores e formas, recebendo muita informação de uma única vez.

– Aonde vamos agora? - perguntou o loiro, olhando animado pro moreno que segurava sua mão.

– Meu apartamento é o mais perto e vocês precisam de mais roupas, então... - deu de ombros, mudando o olhar dos prédios para o mais alto ao seu lado – Pra minha casa.

– Vou ver sua casa, Binnie? - questionou animado o outro, recebendo um sorriso maravilhoso do menor, que estava encantado pela animação do loiro.

– Vai, mas não se anima muito não. Não é lá essas coisas – disse ele, começando a andar em direção a areia, já que ainda estavam numa parte coberta por pequenas pedras. Foi puxando o mais alto enquanto andava, até que alcançaram a areia, sentindo o outro estancar no lugar – Felix? O que foi? Algo errado?

O loiro estava de olhos arregalados e parado no mesmo lugar, sem se mover, mas logo olhou pra baixo, vendo aquela areia fofinha entre seus pés.

– Minho!! Vem aqui! - gritou ele pro irmão, que estava ainda nas pedras com o Han, logo sendo atendido pelo mais velho, que foi imediatamente em sua direção.

–O que foi? - perguntou, mas também parou assim que sentiu a areia quentinha nas suas solas.

Jisung foi até ele, preocupado pelo outro estar sem reação. Quando alcançou ele e conseguiu olhar em seus olhos, viu eles brilhando e um sorriso lindo na boca dele.

– Isso é tão gostoso! - disse ele, mexendo os dedos na areia fina e fofinha, fazendo ela entrar cada vez mais entre eles.

– É tão quentinho! - disse agora Felix, ficando de joelhos no chão, passando as mãos pela areia fofa.

– Não me assustem assim de novo! - disse Changbin passando a mão no rosto, tinha ficado seriamente preocupado com os dois, mas logo sentiu isso passar ao ver o quão feliz Felix estava brincando com a areia.

Eles ficaram ali um pouco, com os dois príncipes sentados no chão e brincando com a areia seca. Era fofo ver dois adultos brincando tão alegremente com algo tão simples como areia do mar.

– E agora? Vamos? - perguntou o menor, vendo eles levantarem e começarem a andar para a rua.

Quando chegaram na calçada, os dois universitários deram seus calçados para os outros dois, dizendo que, como o pé deles ainda não tinha se acostumado com superfícies ásperas, eles poderiam se machucar mais facilmente. Então foram em direção ao apartamento do menor, sendo encarados por algumas pessoas no meio do caminho, já que não era comum na Coréia ver pessoas seminuas no meio da rua, nem se fosse uma cidade praieira. Felix e Jisung inclusive fizeram cara feia para um grupo de meninas que passou perto deles e ficou olhando para o peitoral de Changbin e as pernas de Minho, mas nada demais.

Agora, em frente ao prédio do Seo, eles entraram logo na portaria, recebendo olhares feios do porteiro e da mulher que conversava com ele, que Changbin reconheceu como a velha chata do quinto andar. Foram até o elevador, que já estava esperando aberto por eles.

– Por que estamos indo pra esse cubículo? Não me diga que aí é sua casa – falou Minho, estranhando o espaço diminuto da caixa de metal.

– Não - disse o menor, rindo da cara que Minho fazia para o elevador – Isso daqui se chama elevador e serve pra nos levar até o meu apartamento. Vem, vamos entrar – puxou pela mão o loiro, que olhava curioso, e viu Minho e Jisung entrarem. Quando já estavam todos lá dentro, ele apertou o botão do sétimo andar, fazendo as portas se fecharem. Não conseguiu não rir quando ele começou a subir e os dois irmãos agarraram a pessoa mais próxima, no caso, Felix lhe agarrou e Minho agarrou Jisung. Quando as portas abriram, o Lee mais velho foi o primeiro a sair, indo pra parede de frente pro elevador.

– Não gostei disso – disse, olhando torto pra caixa de metal a sua frente.

– Da próxima vez usamos as escadas então - disse Jisung, achando muita graça do medo do outro. Changbin foi na frente, indo até o apartamento com o número 0325 na porta e abrindo ela com as chaves que pegou no bolso da calça.

– Bem vindos a minha humilde casinha – disse ele, depois de entrar e dar espaço pros outros três entrarem.

– Que frase brega – resmungou Jisung, já indo em direção ao sofá marrom claro na sala, se jogando ali quando teve a chance.

Não era um espaço grande, eu diria mediano, com uma sala e cozinha conjugada e um corredor que levava ao quarto e ao banheiro. A decoração era simples, na sala nada além de um sofá, uma TV de tela plana de tamanho médio, um painel marrom para ela com umas duas prateleiras embaixo e a sacada com persianas pretas na parede contrária a cozinha, tirando a parede da TV, que era preta, todas as outras eram brancas. Já na cozinha, que era separada levemente da sala por um balcão de mármore preto, havia uma mesa de madeira envernizada de quatro lugares, os armários brancos com bege, aparentemente planejados, uma pia, um fogão, uma geladeira e um micro-ondas. Já o resto do apartamento, eles não conseguiam ver dali. Felix tinha gostado, bom, não que ele entendesse pra que metade daquelas coisas servissem, mas gostou. Era simples, mas aconchegante, perfeito para um universitário.

– Gostou? - perguntou Changbin, olhando esperançoso pro outro. Não tinha ideia do porquê estava ansioso pela resposta do mais alto.

– Gostei... Gostei muito... - disse ele, sorrindo pro moreno ao seu lado, que retribuiu o sorriso.

– Hyung, vem aqui, senta – Jisung chamou pelo mais velho dali, que simplesmente foi, logo sentando no sofá, não percebendo que sentava em cima do controle da TV. Ele se assustou quando o aparelho a sua frente ligou e pessoas aleatórias passaram a falar na sua frente. Até o Lee mais novo tinha se assustado e dado um pulinho no lugar – Calma, é só a TV.

– É, tem bastante coisa pra vocês verem aqui – disse o Seo, puxando Felix pra sentar consigo no sofá, ao lado dos outros dois.