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História (De)floramento - Ultimo Amanhecer


Escrita por: NecMizu

Notas do Autor


Oie... Eu dei outra sumida, mas esta aqui, o novo capítulo. Espero que gostem.

Capítulo 12 - Ultimo Amanhecer


Eu já estou de saco cheio, para ser sincera… Eu não aguento mais toda essa piada que fazem comigo… Eu… Eu não estou muito mais afim de ficar acordado, e acho que parte disso é o que me auxiliou algumas vezes quando encontrava-me aqui. Mas eu não sei ao certo… Eu ultimamente não tenho me importado muito mais… Quem eu quero enganar? Eu me importo sim, eu me importo muito e eu realmente estou desesperado para alguém me socorrer, coisa que, quanto mais penso, mais impossível parece. Essa fantasma miserável vai fazer o que agora? Me estuprar um pouco mais? Ah… Eu não quero mais disso, eu não aguento mais… Eu não quero ter que sentir aquele sêmen grudando na minha garganta; não quero mais sentir meu ânus abrir mais e mais e ser violentamente esfolado como parece acontecer quando algo daquele tamanho entra ali… Só me deixe em paz, por favor… Eu estava pagando de durona até agora, mas não, eu não sou durona, eu sou um fracote e eu quero que você me deixe em paz, por favor… Ah, saco. Não importa o quanto eu fique pensando nisso, e não importa o quanto eu brigue por isso, toda vez que eu apago eu caio aqui… E toda vez que eu acordo aqui, eu ou fico ameaçada de vida ou ameaçado sexualmente… De todo modo…

Eu não gosto de estar aqui, e só quero acordar. Porque essa imbecil esta nua afinal? Eu nem sei porque de eu fazer um questionamento tão obvio, é claro que ela quer me usar, como de costume.

E lá vem ela, passo a passo até ajoelhar-se ao meu lado e colocar aquela mãozinha nojenta dela em meu rosto…

-Porque treme tanto? - não é obvio sua vaca? - Passarinho parece sofrer…

-Me deixa ir… - murmurei, tentando afastar-me da mão dela, em vão -

-Ah, Mary, Mary, você é tão tolinha. Você sabe que você gosta daqui…

-Não gosto… - vou vomitar… -

-Sim você gosta…

Não…

Eu… Eu acho que ela abusou de mim mais um pouco… Eu não tenho muita certeza… Honestamente, eu acho que já cheguei no estado catatônico e não importava-me com nada. Quer dizer, eu digo que não me importo, mas no fundo no fundo, me importo sim, em especial levando em conta o fato de que meu rabo fica todo doido depois… Minha cabeça continua me matando e eu já não sei quanto tempo eu estou presa aqui, mas eu consigo lembrar de algo. Eu, desde que me tranquei no meu quarto, tenho medo de usar banheiros públicos… É… Eu tenho, eu apenas…Ignorei? É… Foi… Ignorei durante longo tempo esse medo… Porque eu tenho medo de banheiro publico? O que aconteceu pra eu desgostar deles? Será que é o simples fato de ser público e várias pessoas usarem? Ou será por serem sempre sujos? Ah… Que importa isso? Eu me lembro… Nas primeiras vezes que estive aqui tinha a opção de entrar no banheiro da escola...É… Eu recusei...Porque? Porque eu fiz isso?

-Passarinho…

Saco.

-Passarinho não encolhe-te ai…

-Me deixa morrer…

-Não seja tolinha, Mary…

E com isso eu apaguei de novo. Quando acordei… Eu… Tava solto? Ela… Me soltou? Eu não estava mais preso a parede, estava atirado no chão, e mesmo no escuro, podia distinguir o que tinha do lado da minha cabeça, um vaso sanitário… Ao menos era limpo… Já o chão… O chão é parte daquela maldita textura de ferrugem que havia nos corredores da escola… Não… Eu… Eu to no banheiro da escola? Sem tempo para pensar demais.

Ergui-me, e cambaleando. Um dos meus passos foi em falso e eu quase despenquei, salvo porém, por apoiar-me no vaso ao meu lado… Meu rabo dói, e algo frio esta escorrendo pelas minhas pernas… Eu sei o que é, mas vou fingir que não sei… Minha cabeça dói… Saco… Eu vou sair daqui… Cambaleante, fui até a porta da cabine onde eu me encontrava… Puta merda… Minha maldita cabeça… Esticando minha mão, pude finalmente empurrar a porta de metal que escondia o resto do local, e ao faze-lo, foi quando eu pude ver o resto do banheiro. Havia uma série de pias no lado oposto ao meu, e também havia uns dois ou três mictórios ao meu lado, o que significa que, esse é provavelmente o banheiro masculino, e digo provavelmente pois não sei como as pessoas tem usado mictórios hoje em dia… Um deles virou peça de arte, então acho que as pessoas tem estado relativamente mais abertas com as praticidades que eles podem ser aplicados… Maldita seja minha cabeça… E pra melhorar, porque da tremedeira…

-Não… - porque eu estou falando sozinho? - Não…

Sim… Ah sim…

Eu lembro de tudo agora…

Foi… Foi bem aqui…

-Ele não é bonitinho? - dizia uma menina, a qual a aparência não posso me lembrar, mas do ângulo que eu tinha, podia ver a calcinha dela por debaixo da saia -

-É claro que é! - respondia entre risos a outra garota, usando o mesmo uniforme – Olha como se veste, olha como se porta… É bonitinho, mas um tremendo pervertido!

-Eu não sei quanto ao bonitinho… - dizia um dos garotos ao meu redor, o que estava empurrando-me contra a parede e segurando meus braços para trás – Esta mais para bonitinha…

-Então que tal nós ensinarmos pra garotinha a razão de mulheres não entrarem no banheiro masculino? - dizia em tom de gozação a primeira garota -

Foi quando uma das garotas e outro garoto abaixaram minhas calças, e eu tentei me debater em vão.

-Q-que vocês estão fazendo?! N-não! Socorro! - eu berrei, mas só tive resposta de uma serie de risos e gozações, combinados com o som de fotos pelos celulares que estavam apontados pra mim-

Eu nem via mais as faces das pessoas ao meu redor, eu só via suas silhuetas aquele dia, e parte dessas cobertas pelos uniformes da escola…

-Agora eu me lembro… - murmurei, enquanto encarava para o local onde não havia ferrugem na parede, um local que, ao aproximar-me, pude constatar que tinha formato de gente – Foi aqui…

Sim, foi aqui que eu fui estuprada no ensino médio… Eu não me recordo quando foi… Acho que foi no primeiro ou segundo ano… Os valentões e valentonas que pegavam no meu pé por eu as vezes ir para a escola com o uniforme feminino e no geral ser parecido demais com as garotas resolveram invadir o banheiro quando eu havia entrado e foram um pouco longe demais daquela vez… Sim… Foi a partir dai que Mary deixou de ser um mero apelido e se tornou algo… É… Foi aqui, naquele dia quando todo mundo pode me montar ou montar em mim contra minha vontade… E foi a partir desse dia com todas as fotos e vídeos, puderam usar-me até o final do ensino médio… Usar-me e humilhar-me… Eu obedecia, pois não queria que isso fosse a público, mas no fim do dia, teve vezes que pessoas pagaram para me usar, mesmo do lado de fora da escola, normalmente nos banheiros públicos… Eu só pude encarar aquela mancha não enferrujada que tinha o formato de quando pressionaram-me contra a parede, entre os mictórios… Os garotos me usaram de pé… E agora, olhando para baixo, posso notar um mesmo padrão no chão, onde uma figura humana deitada se encontra desenhada pelas partes não enferrujadas… A parte onde as garotas daquele dia me pressionaram e me usaram… Minha cabeça dói e minha tremedeira voltou… Agora eu me lembro de tudo… Foi por isso que tudo isso aconteceu… Foi por isso que eu fui pro quarto… E foi por isso que eu não sou mais só o Noah… Eu sou Mary também… A vadia da sala 2…

Vomitei. Ali mesmo. Nua e tremendo sem parar, apertei meus olhos e reclinei-me sobre o desenho no chão, colocando tudo que eu não tinha para fora. Quando terminei, eu só podia sentir as lágrimas quentes em meus olhos, escorrendo e caindo nos meus pés parcialmente cobertos em meus próprios fluidos estomacais.

-Ahh… - eu gemi, erguendo a cabeça para olhar o espelho quebrado e imundo ao meu lado esquerdo – D-droga…

Eu esfreguei os olhos enquanto soluçava. Eu me lembro agora… Eu me lembro… Era pra isso que eu caia nessa droga de lugar? Foi pra isso que eu precisei ser estuprado tanto? Será que a fantasma estava fazendo alguma técnica de intervenção radical do outro mundo? Pois eu não posso negar que violentar uma vítima de estupro não seja um modo extremo de intervenção… Eu… Eu bloquei tudo… Mas acho que no fundo eu nunca havia me esquecido… Eu só fingia que não acontecia… Eu não sei… Eu só quero sair daqui. Foi cambaleando que eu me arrastei para fora do banheiro, e foi parando no corredor escuro e com o escuro infinito ao meu redor que eu fui atravessando o chão enferrujado. A cada passo eu lembrava e escutava aquelas palavras que tanto magoavam-me o tempo todo por parte de alguns alunos que eu passava, tentando parecer a garota mais normal do mundo.

-Ah, aquela ali é a Mary? - perguntou uma garota baixinho a colega dela, entre risinhos -

-Ah, é sim… - respondia a outra, igualmente baixo e igualmente rindo – É a putinha da sala 2. Olha as fotos que eu recebi dela… Ela não tem o menor senso de pudor.

-E pra piorar, é uma mulher de tromba. - dizia em retorno, e estouravam ambas em uma serie de risos que nem se preocupavam em esconder mais -

-Veja só, é o Noah… - dizia um garoto, gesticulando a cabeça em minha direção, e não se preocupando em soar muito baixo – A puta da sala 2…

-Fala baixo! - resmungava seu colega, claramente irritado com a falta de bom tom do colega – Eu vou ter minha vez com ele hoje, não é pra ficar espalhando ai, vai que alguém denuncia o que fazem com ele.

-E se denunciarem? - provocava o outro, já longe demais pra eu escutar, enquanto apertava meu rosto entre as mãos, fingindo um espirro, mas no fundo, escondendo minhas lágrimas -

Todos eles tinham razão: denunciem e eu fico marcada para sempre com as fotos e vídeos indo a público, não denunciem e eu vou continuar tendo de visitar o banheiro todo dia por uma série de minutos durante o intervalo. Ah… Foi assim por um ano ou mais, não lembro bem a conta, mas foi nesse período que Noah deu lugar para Mary… Eu ainda tinha amigos, mas nunca contei pra eles sobre isso, e na maioria dos casos eu não ficava com eles muito tempo no intervalo, pois os intervalos eram hora para saciar os outros as minhas custas… Eu saia com eles com maior frequência, e quando não saia com eles, saia com meus cafetões e cafetinas pra satisfazer clientes da escola ou de outras ou sabe-se quem lá estava disposto a pagá-los. Todos abusaram de mim… E eu… Eu já não sabia mais o que sentir em determinado ponto…

Quando finalmente cheguei na entrada da escola, eu abri a porta e cai na cidade coberta de névoa uma vez mais… Não estava sozinha, ou com monstros, como antes… Estava agora com uma série de garotos e garotas em uniformes. Alguns eu podia ver as feições, outros eram apenas silhuetas. Cada um desses cuidando de sua vida, as vezes conversando, as vezes sumindo no horizonte conforme afastavam-se da escola… Eu estava nua… Mas eu me sentia assim toda vez que estava na escola, então o fato de estar nu não alterava muito minha angustia. Quando desci os degraus e fiquei parado uma vez mais, reparei como uma das figuras aproximou-se de mim… Uma garota pelo modo como andava, e eu só pude reparar que ela era uma das silhuetas, e não as pessoas com aparência que as vezes estavam aqui e ali. Parando de frente para mim, a mesma apenas deixava o sorriso a mostra, que revelava-se como um longo risco branco.

-Ei, Noah… - a figura dizia, conforme a boca abria, eu só pude ver um banco sem fim naquela figura toda negra. Uma boa analogia é que, enquanto a vagabunda da fantasma era branca com pontos negros, essa figura era negra com pontos brancos -

Eu apenas respondi.

-S-sim? - gaguejei, já começando a chorar e abaixar minha cabeça… Eu tinha a sensação estranha de deja vu -

Ela ergueu um celular e eu fitei a tela que se apresentava para mim. Era uma foto minha, completamente nua e coberto em sêmen, suor e meu rosto borrado com rímel.

-Lembre-se… - ela continuou, sua voz ecoando com a malícia que eu aprendi a experimentar quando era usado – Você é meu para sempre… Entendido?

Eu engoli o choro e esfreguei meus olhos… Estranhamente, eu senti-me vazio. Mas também me lembrei perfeitamente do dia, tanto que a figura negra deu lugar para uma garota de pele pálida, olhos azuis celestes e cabelos castanhos bem claros. Naquele dia ela não estava sozinha… Havia um garoto e uma garota, cada um de seu lado, ambos fazendo parte do círculo dessa manipuladora que era a Mei. Eu me lembro como eu com a mão livre apertei de leve o vestido do uniforme feminino que eu usava naquele dia, e também me lembro que não era só o vazio que eu sentia… Eu sentia uma série de coisas, mas apenas mantive a cabeça baixo e disse baixinho em resposta.

-Pode deixar… - e após dois segundos eu complementei – Vou ser uma boa gatinha…

E foi nesse momento que eu acordei. Minha cabeça doia, meu corpo tremia, eu estava atirado em minha cama uma vez mais no quarto escuro e a TV estava ligada em algum seriado. Meus olhos ardiam, minha cabeça martelava e meu corpo parecia pesar o triplo… Não com pouco angustia, eu levantei-me, caminhando sem jeito até o banheiro… Eu vou tomar um banho… Eu retirei a roupa que eu usava, e deixei jogada em qualquer canto. Alguém viria pegar depois, como sempre, ou eu deixaria no corredor para ser pega, como ocorria vez por outra… Pela iluminação, era de manhã… Me surpreende meu irmão não ter vindo me acordar, mas isso é irrelevante, honestamente… Parando na pia, encarei o espelho que vivia coberto com uma toalha e o mero pensar em encarar-me fez com que eu me lembrasse de dias atrás, quando eu desci as escadas e vi-me no espelho, começando a ter um ataque de nervos… Esticando minha mão, eu abri a gaveta e puxei de dentro um barbeador descartável… Eu me surpreendo como consegui manter um desses, acho que meus pais pensaram que era impossível se machucar com um desses… Encarando-o por um tempo com meus olhos doloridos, ergui o outro braço e repousei-o na mesa da pia, pulso virado para cima. Devagar, aproximei o barbeador, e encostei a lamina o melhor que pude, já sabendo bem o que faria… Hesitei… E desisti… Afastando-o tão lentamente quanto o aproximei, e por fim, guardei-o… Talvez mais tarde… Fui até a banheira e abri a água quente, que produziu uma nuvem de vapor no meio da escuridão, esta sendo parcialmente iluminada pelos raios que atravessam a cortina da única janela do banheiro. Quando estava cheia o suficiente, com cuidado entrei, pois sabia que no estado arrasado que eu estava eu podia escorregar fácil… A água era boa… Boa demais… Tão boa que acho que adormeci, pois acordei quando ela já havia esfriado um pouco. Meu corpo havia melhorado, mas eu virei minha cabeça e apenas pude ver, de onde estava, que no quarto, uma figura completamente branca estava parada, no meio caminho entre a cama e a porta, e voltada na minha direção, certamente encarando-me… Eu já não fiquei com medo, eu apenas sai mecanicamente e sequei-me com uma toalha que havia lá… Estava mais que na hora disso tudo acabar.

Seco, eu caminhei muito calmamente até ficar na frente dela, que, diferentemente de mim, estava vestida. Atrás dela estava meu armário. Eu ainda sentia-me exausta, mas murmurei pra ela.

-Deixe eu me vestir, por favor…

Fiquei surpreso quando ela se afastou silenciosamente, e nisso eu pude me vestir. Como de costume, não coloquei roupa de baixo, mas coloquei uma camisola branca com estampa de borboletas azuis enorme, junto com uma longa meia-calça negra. Devidamente vestido, sentei-me de frente para ela, mas não sentia-me… Completo… Peguei o novo celular que ganhei de meu irmão, e acho que isso foi o suficiente, pois eu finalmente pude falar com ela.

-Porque? - era tudo que eu queria saber – Porque de tudo isso?

-Mary, meu querido passarinho… Seja honesto contigo mesmo…

-Quando eu estava no ensino médio, eu sofria muito bullying por ser trap… - as palavras apenas saiam, e minha interlocutora, continuava sorrindo – Certo dia… Eu fui estuprado no banheiro… Dai pra frente, por causa de chantagem, eu virei um tipo de escravo sexual de meus valentões e valentonas…

-Mas não é só isso, minha pequena Mary…

-Eu… - gaguejei, mas continuei, apertando minhas mãos entre minhas pernas e com os sintomas voltando a atacar – Eu… Eu passei então todo o ensino médio sendo usada… Ch-chegou um ponto em q… Que…

Ela esticou as mãos, tomando meu rosto, ela ergueu-o e fez-me fitar os olhos negros dela, seu sorriso igualmente negro me assombrando.

-Seja honesto, passarinho…

-Eu… Eu comecei a gostar… - eu não queria aceitar isso, mas era a verdade – Me doia muito, mas uma parte de mim… Começou a gostar… E foi no fim do ensino médio que eu vim aqui… Eu vim aqui e tranquei-me… Pois eu tinha medo das pessoas… E medo de mim próprio…

Sim… Eu acho que deve ter alguma condição clínica pra isso, mas em termos curtos, eu era a típica heroína dos eroges com estupro: fui tão violentado que eu comecei a gostar… Dizer isso me fez sentir-me do mesmo modo que eu me sentia quando eu sai do ensino médio… Mas isso logo passou, pois em seguida, eu fiquei em um longo silêncio.

-Bom passarinho… - ela disse, soltando meu rosto e erguendo-se outra vez. Após alguns segundos sem dizer nada, eu ergui meu rosto para fitá-la – E quem, por ventura, sou eu, minha pequena Mary?

Eu sorri fracamente e sacudi a cabeça negativamente, eu tudo se encaixou finalmente.

-Você sou eu. - falei de uma vez – E eu… Sou Mary…

E foi nisso que minha amiga fantasmagórica apenas rio de leve e virou-se, caminhando em direção ao banheiro, até sair de meu campo de visão. Eu havia abaixado minha cabeça uma vez mais, mas quando resolvi olhar na direção do banheiro, ela não estava mais ali… Se ela iria sumir pra sempre ou não, isso não me importa, pois eu apenas finalmente havia deixado meu subconsciente dizer o que queria dizer, e eu finalmente, acho que compreendi.

Meu celular vibrou.

Olhando-o, eu pude ver bem o número que, mesmo não salvo na agenda deste novo celular, eu sabia bem qual era, pois eu aprendi a memorizá-lo desde o ensino médio. Atendendo-o, apenas respondi como sempre respondia a minha dona.

-Alô? É… É a Mary…

Quando eu terminei de jogar meu MMO, já era final da manhã quase, eu desci as escadas nas mesmas roupas que estava usando desde aquele banho e avistei meu irmão na sala. Estava assistindo a televisão de lá, deitado sem importar-se muito no sofá. Eu caminhei até a frente dele e ele logo notou-me.

-Hm? Ah, bom dia Noah… - ele disse – Você esta bem? Você tá muito pálido…

-Maninho… - eu disse baixo, sorrindo de leve – Você… Me leva pra fazer compras hoje?

A expressão de surpresa no rosto de meu irmão teria sido a mesma que eu teria feito alguns dias atrás.

-C-claro! - ele disse, sentando-se rapidamente, o que me fez dar alguns passos para trás e sentir-me um pouco intimidado – Va-vamos almoçar fora também… Pena que papai e mamãe não estão aqui para ir conosco…

-Tudo bem… - eu murmurei -

Poucos minutos depois, eu estava agarrado no braço do meu irmão enquanto iamos de loja em loja. Eu vesti-me com um vestido azul claro e um chapéu de palha, e optei por umas sapatilhas. Nós almoçamos numa pizzaria, e ficamos passeando pela tarde toda, eu agarrando seu braço, o que deve ter deixado uma imagem estranha na cabeça de alguns, mas ele não ligou, e se ele não ligava, eu não ligava. Enchi-me de livros, roupas, maquiagem e alguns acessórios… Quando a noite chegou, eu quis passar por um parque, quando virei-me para meu irmão/mula de carga e falei sem graça.

-E-eu quero ir no banheiro…

-Tudo bem, vamos então…

-Não! - falei um pouco mais alto do que eu planejava, assustando a nós dois – E-eu posso ir sozinha… - olhei-o de canto – Por favor…

Acho que ele ficou preocupado de deixar alguém que ficou em seu quarto por um longo tempo andar sozinho por um parque a noite, mas creio que ele contrariar-me iria mudar aquela situação maravilhosa que se apresentou.

-T-tudo bem… - ele disse baixo, apontando para um banco ao nosso lado – Eu vou estar aqui… Okay? E se precisar, não importa onde esteja, pode gritar por mim que eu vou correndo.

-Ta…

E com isso eu afastei-me a passos rápidos… Meu querido irmão… Sempre cuidando de mim… Aquele parque, era atrás da minha escola. Aproveitando que afastei-me dele, eu fui a passos rápidos até a minha escola, e virando a esquina, eu já tinha visão da figura solitária na rua quase deserta da escola. Eu aproximei-me e lá estava a mesma garota de cabelos castanhos, olhos azuis e pele clara, usando chinelos azuis, uma shortezinho jeans e uma camisa regada branca que por pouco não deixava os seios pularem para fora, e pelo jeito, sem sutiã. Quando eu cheguei no campo de visão dela, a mesma virou-se para mim e sorriu do mesmo jeito malicioso de um ou dois anos atrás.

-Hm? Mary? - ela rio de leve, conforme eu parava de cabeça baixa encolhendo os ombros – É você mesmo? Uau…

-S-sim… - disse baixo – Sou eu Mei…

-Caham… - ela parecia irritar-se um pouco -

-Per-perdão… - corrigi-me – Sou eu, senhorita Mei…

-Bem melhor… - ela pareceu contente, levando uma mão até meu queixo e erguendo meu rosto, fitando-me por debaixo da aba do chapéu de palha – Você é mesmo uma princesinha não é seu travequinho? Não imaginei que você iria ser tão simples vir aqui, mas, já que você esta aqui, vamos aos negócios? - apenas fiz um sinal positivo com a cabeça – Pois bem então… Eu vou abrir um negócio próprio… E preciso de minha gatinha safada uma vez mais para começá-lo… Entendido?

-Sim… - respondi baixo -

-Ótimo… Vamos deixar isso claro então…

Soltando meu rosto, ela puxou a mochila preta que ela carregava, abrindo-a, retirou uma coleira com uma plaquinha em forma de coração. Ela colocou em meu pescoço, e pude ver com um leve esforço que escrito estava meu novo nome, Mary. Afastando as mãos, ela colocou as mãos na cintura e já virava-se de costas, esperando que eu seguisse-a.

-Perfeito, uma coleira pra gatinha safada que vive escapando. Vamos? Vou te levar para o bordéuzinho que abri na minha casa e talvez arrumemos um clientinho hoje.

-Meu irmão… - disse baixo, apertando meu vestido com as mãos -

-Foda-se seu irmão. - ela disse, voltando a ficar de frente para mim e me encarando com aquele ar de chefona que ela tinha comigo a muito tempo – Manda uma ligação pra ele, ou sei lá. Mas vamos andando…

-Ta… - eu respondi, seguindo-a conforme ela ia se afastando da escola -

-Mas então, - ela disse, virando-se e me fitando quando estavamos prestes a atravessar a rua e eu estava pegando meu celular do bolso do vestido – está feliz de voltar pra mim? Sua putinha de tromba.

Eu abaixei a cabeça, mas logo erguia-a outra vez e apenas encarei-a, com um sorriso fraco e já atravessando a rua para seja lá onde eu iria ter que começar a ser usado daqui para a frente.

-S-sim senhorita Mei… Muito…

Eu finalmente compreendi, depois de todo esse tempo: eu só servia para ser usado e mal tratada… Eu era uma flor que foi violada a muito tempo, e estava agora condenada a isso… Eu… Eu aprendi a gostar de meu destino… E para os momentos de desespero… Bem… Nada que uma navalha em meus pulsos não possa resolver…

Sim… Eu sou Mary… E… E-eu estou feliz…

Sim… Eu estou...


Notas Finais


Bem, o fato de este ser o ultimo capitulo não significa que eu não possa voltar na estória e mexer nisso e naquilo.
Eu ainda creio que posso melhorar a digitação e posso até reescrever algumas partes... Mas não tão cedo.
Espero que quem leu até aqui tenha gostado, e quem sabe eu possa continuar essa estória (o que já adianto, é improvável).
Anyway... Agora posso tentar me focar nas outras estórias que fiz e estão incompletas.
De todo modo, obrigadinho por tudo, huhu


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