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História DeH; A Lenda do Ladino Cinzento - Sobreviver não é viver.


Escrita por: yuriPsouza

Capítulo 2 - Sobreviver não é viver.


O dia que a Montanha caiu vinha para assombrar os sonhos de Mydeth todas as noites.

Desta vez não foi diferente.

O homem de 52 ciclos de idade acordou de seu sono sentindo-se exausto. Já não era mais o jovem ladrão que um dia havia sido, e sua condição de vida não era das melhores. Nos ciclos passados, na lembrança em sua mente, ele sabia; a Montanha Magmun havia caído no Ciclo 4213 da Terceira Era. Era do Sacro-Império Magmun. Aquela era já havia acabado agora. Estavam na Quarta Era. A Era do Ouro, ciclo 4. Mais de quarenta ciclos haviam se passado desde aquele dia, e tudo ainda era fresco em sua memória como se tivesse sido ontem.

Se virou esticando a mão para entrelaçar seus dedos nos cabelos… mas não havia ninguém ao seu lado.

— Yndrah. — Chamou por sua mulher ao ver que ela não estava ali.

Yndrah era dois ciclos mais nova que Mydeth, tinha 50 de idade, e apenas nove quando Arcaia perdeu a batalha contra os Kognar. E você não estava com ela quando aconteceu. Mydeth nunca se perdoaria por aquilo. Em vez de proteger Yndrah, ele estava ocupado demais mijando nas próprias calças, amedrontado demais para agir.

Havia muitas coisas que queria mudar na sua vida, queria mudar tanto, mas não podia. Tinha apenas que aceitar o que aconteceu, aprender a lidar com aquilo, e seguir em frente.

Ele se levantou e deixou a choupana construída em madeira ao redor dos alicerces de uma construção de pedra do Vilarejo de Tohnar. Após a queda da montanha e a estranha explosão, foi difícil reerguer o Vilarejo, de modo que desistiram e se instalaram apenas acima dos destroços, sendo assim não importava para onde olhasse, mesmo quarenta ciclos depois da desgraça, se via desolação nas ruínas.

Os passos de Mydeth eram secos e levantavam pequenas nuvens de poeira no chão de terra batida, deixando para trás um rastro de pegadas fracas que era apagado com o menor dos ventos. Do lado de fora da choupana a lua ainda brilhava, mesmo com os tons alaranjados despontando no horizonte. Já vai amanhecer. Ele percebeu.

Era um homem franzino, de aparência fraca, mas ágil e resistente. Cresceu comendo restos e pouco, então como teria tido corpo melhor que aquele? No entanto, trabalhou arduamente todos os dias, fosse o trabalho qual fosse!

Podia ver na beirada da vila a cratera que levava para o âmago da ilha. Tempos atrás ali ficava o sopé de uma montanha grandiosa, mas não mais. Agora tudo que havia ficado era a lembrança.

Mydeth procurou Yndrah com os olhos, mas não a encontrou. Maldição, mulher, de novo? Praguejou revirando os olhos torcendo para estar errado sobre o que Yndrah fazia fora aquela hora. Mydeth lançou um último olhar para a cratera se perguntando por quanto ciclos mais sobreviveriam eles sem Arcaia.

Todos de Tohnar concordavam que sem Arcaia o mundo acabaria. Tohnar quase acabou, por certo, mas o mundo além deles… O mundo além deles parecia progredir. Qual o problema de vocês? Sua deusa morreu! Deveriam estar todos temerosos.

Era como se os Reis Dragões tivessem realmente conseguido provar aquela heresia. Seria Arcaia uma falsa-deusa? Mydeth tinha, vez ou outra, esses pensamentos, mas tão depressa eles vinham, depressa partiam. Se assim fosse, ela não teria salvado a todos nós quando a montanha explodiu!

Mesmo depois da guerra dos 30 ciclos, depois que o Rei Vaxyus derrotou Arcaia e morreu no processo, depois de seu filho, Orlaf, deixar a Ilha Magmun junto do exército do dragão, depois do abandono e do desgoverno, mesmo depois disto tudo, a guerra não acabou. Para o vilarejo a guerra nunca acabou. Só mudou de face.

Ele cresceu sua mocidade no meio de desolação, assistindo o caos reinar. Por vezes governos surgiram no vilarejo, por vezes elegeram governantes, por vezes governantes foram depostos em golpes, assassinados, e por vezes eles recomeçaram. Mas nem uma única vez um Rei forte e justo surgiu. Os Kognar tomaram para si toda uma ilha, mataram a Deusa e foram embora sem nunca se preocupar com todas as vidas que destruíram e destruiriam no processo. Mydeth viu em primeira mão, participou daquela degradação dos costumes.

Ele fazia parte de uma sociedade que florescia rumo ao crescimento. Podia ser órfão, mas sua vida tinha um plano. Ele se juntaria aos patrulheiros quando crescesse, aplicaria a lei de Arcaia, a lei puritana, seria um bom homem e teria Yndrah ao seu lado como esposa, e eles viveriam bem, viveriam juntos, felizes. Então tudo mudou.

Mydeth precisou conciliar sua nova realidade, a realidade de todos, com o novo e desconhecido mundo. Era hora de deixar para trás o sistema de Arcaia, porque eles tentaram, várias vezes, mas não dava certo!

Sem a Deusa para os guiar o caminho era de trevas, e nas trevas eles sucumbiram, tropeçavam, e o abismo estava tão perto… era difícil não cair.

Mydeth não se orgulhava disto, mas fez o necessário. Se tivesse que refazer, assim refaria. Cada vez que roubou, roubou por necessidade. Yndrah era sua esposa, sua protegida, eles cresceram juntos, se apaixonaram, e nunca se separaram, e ela era boa. Para Mydeth, Yndrah era a única coisa boa naquela terra amaldiçoada pelos dragões. Entre tanta maldade e pecado era Yndrah a luz que o guiava, que o mantinha em pé. Se não tivesse ela a seu lado, ele mesmo já teria encerrado a própria vida como muitos fizeram!

Yndrah nunca aceitou roubar, nunca aceitou se dobrar ante aqueles costumes e deixar os valores que Arcaia cultivou por tantos ciclos se perderem. E para manter Yndrah na luz, Mydeth teve de abraçar as trevas pelos dois.

Viviam como mendigos, mas não eram os únicos. Todo o povo do vilarejo havia abraçado aquele novo e estranho estilo de vida. Eles haviam esperado pela vinda das nações aliadas de Arcaia nos primeiros ciclos após a queda da montanha; não aconteceu. Depois tentaram se reconstruir sozinhos; não funcionou. Os dragões haviam quebrado todos eles, e era impossível remendar os cacos. Então aprenderam todos a viver dos restos, a serem resto!

Foi assim que uma sociedade improdutiva teve início, lentamente perdendo não apenas dinheiro, lavouras, criação de gado… lentamente o vilarejo perdeu o próprio cerne que define um povo como uma sociedade. Lentamente foram decaindo à criminalidade. Não demorou para que roubos começassem, primeiro por opulência, mas então os trabalhos honestos sumiam e quando a barriga grita era necessário alimentá-la. E então mais roubos quando a estação fria chegava e o vizinho tinha dois casacos. Invasões quando alguém construía um teto sob as ruínas de qualquer casa, pequenas plantações pilhadas na madrugada e na manhã os pobres fazendeiros iam fazer justiça com as próprias mãos enchendo de sangue inocente as ruas, pois quem poderia culpar a fome pelo roubo? Mas o fazendeiro também precisava comer no fim do dia!

As leis morriam assim como o povo, e roubar para sobreviver se tornou uma ação perdoável, comum e praticada por todos. Para evitar ser roubado não se possuía nada além do necessário, não se plantava mais que fosse comer, não se tinha luxo para não criar interesses. E quando acidentes aconteciam, quando chuvas vinham, ou secas, ou frio, a fome apertava, e pessoas morriam sem comer ou congeladas na noite.

Mydeth não era bom de números, mas previa que em breve o destruído Vilarejo de Tohnar seria apenas ocupado por esqueletos. Yndrah quem havia dito aquilo, ela lhe fez crer que eles caminhavam para a destruição total, tal como era profetizado pelas bocas dos mais velhos que acreditavam que aquele era o fim do mundo.

Certa vez Yndrah havia até mesmo engravidado, como acontecia vez ou outra com as mulheres dali. Mydeth não se lembrava de dias mais felizes. Até acontecer…

Havia ido até a floresta pegar raízes, ou então teria que roubar algo dos vizinhos para Yndrah comer. Quando retornou com as raízes encontrou sua esposa a chorar, abraçada com algo malformado no chão. Sangue por todos os lados. Um aborto, Mydeth pensou. Mas ela lhe contou que dois homens vieram e tentaram a estuprar, ela pediu que não pelo bebe, e eles pisassem em sua barriga até que aconteceu. Estupros não eram incomuns. Ao olhos da maioria era como um roubo, vinham e levavam da mulher a honradez. Deixavam vergonha e humilhação, e alimentavam-se de prazer no processo. Yndrah já havia sofrido sua cota de estupros em vida assim como todas as mulheres e até alguns homens do vilarejo, mas aquela vez…

Imperdoável.

Mydeth caçou os culpados, e matou cada um deles, incluindo os amigos que encobriram os crimes dos verdadeiros estupradores. Foram sete mortos. Ele queimou cada um deles e jogou as cinzas para a cratera da Montanha, amaldiçoando-os eternamente. E depois disto ficou conhecido como O Cinza entre todos, e todos o temiam e assim não mexiam mais com ele ou com Yndrah.

Depois disto ele se tornou conhecido.

Depois disto Mydeth conheceu A Guilda. Fazia apenas dez ciclos, e ele já tinha ouvido falar deste grupo, mas agora, depois de se provar com tal ação, a Guilda tomou interesse nele.

Foi feito protegido dos ladrões mais temíveis do vilarejo, e ninguém nunca mais lhe roubou. Ganhou uma casa feita com toras de madeira para manter fora o vento, e um telhado de palha para manter fora a chuva. Conheceu pessoas influentes, grandes ladrões, temíveis ladrões.

E a vida melhorou. Melhorou às custas dos outros enquanto a relação dele com Yndrah piorava dia após dia. Ela reprovava sua ação, se juntar a Guilda era, para Yndrah, um movimento ganancioso e não necessário. Eles viviam antes, e viveriam depois. O telhado, as paredes, as comidas, tudo isso era opulência quando ninguém possuía nada do gênero. Era errado, mas Mydeth queria dar para Yndrah o melhor, então continuou ali, na Guilda, dia após dia, ciclo após ciclo.

Mydeth foi encontrar a esposa já quando a lua havia sumido do céu e o sol despontava.

Yndrah voltava por uma viela paralela a via principal do vilarejo, usava suas roupas comuns, puídas, e por cima se cobria com uma manta grossa da cabeça aos joelhos feita com lã de uma das ovelhas selvagens que caçavam ao norte, próximo aos limites do vilarejo.

— Aonde você estava? — Mydeth perguntou, sua voz era cansada, não cansaço físico, mas cansado daquilo tudo. — De novo nessas reuniões infrutíferas…

— Não estava fazendo nada. É Xylha, achou que ia parir, mas não é tempo ainda. — Yndrah disse, mas eles haviam crescido juntos. Mydeth sabia ver quando sua amada mentia. Sabia ver, e odiava isso. Odiava saber que ela mentia para ele. Eu sei aonde está, minha querida. E ele também sabia que Yndrah sabia, mas não confiava em lhe contar porque sabia o tipo de resposta que receberia.

— Não vão atravessar a floresta. É bobagem, é infantilidade! — Mydeth cortou o assunto. A esposa se reunia com um grupo de insurgentes que planejava deixar o vilarejo pelo Leste, atravessar a Floresta Tohnesa, e sair em Garfh. Era loucura e idiotice e resultaria apenas em morte.

— Já disse que estava com Xylha. Pergunte ao marido dela, se assim desejar. E infantilidade é os abusos que vocês…

— Garantir ordem não é abuso…

— Ordem? Pelo menos além da floresta teremos um futuro melhor. — Yndrah olhou ao redor quando elevou a voz. Ela havia acabado de admitir, mesmo que por impulso — Vou fingir que você não disse isso, e voltarei para a choupana. Deveria fazer o mesmo! — Ela se virou para sair andando, mas Mydeth não havia acabado.

— O futuro melhor fica na Vila Do Lago, para Oeste. — Disse, segurando-a pelo braço.

— Seria ótimo se não fossemos forçadas a pagar para atravessar para Oeste. — Yndrah disse, nervosa, olhando para Mydeth. — Se sua guilda se importasse mesmo com essas pessoas deixaria que todas fossem para Oeste em segurança… melhor, faria a proteção de todos nós no caminho!

Mydeth engoliu em seco, soltou o braço de Yndrah, e respirando pensou em uma resposta, disse, calmo;

— A Guilda precisa cuidar do povo remanescente, pois nem todos quererão ir, não é o ideal, mas é o melhor…

— Eles são canalhas, ladrões abusivos que roubam com consentimento daqueles que roubam para entregar a eles de volta, e nunca o fazem. Não vê, não há mais de quem roubar. Não há mais o que roubar para pagar a passagem para Oeste. Não há mais!

Mydeth se calou.

Ele trabalhava com a Guilda, por vezes fazia a fiscalização da passagem para o Oeste. Era um caminho seguro contornando a cratera da montanha até o lago que havia se formado do outro lado, havia tesouros, peixes e abundância lá, apenas 12 dias de caminhada e estariam salvos. Mas para passar a guilda exigia uma taxa para que deixassem o Vilarejo de Tohnar sem levar do vilarejo as já escassas riquezas do lugar. Uma forma de manter o vilarejo com certo poder econômico, mesmo que isso não fosse verdade.

Era verdade em certa forma. Toda vez que alguém pretendia viajar para o Oeste, essa pessoa começava dezenas de roubos menores para juntar um montante de bens que fosse suficiente para pagar o pedágio instaurado na passagem segura para o Oeste. E como o Vilarejo nada produzia, apenas consumia, se tornava cada vez mais difícil encontrar bens cabíveis de pagamento para a travessia. Lentamente pagar se tornava impossível, já que ninguém ousava roubar a Guilda e a Guilda possuía quase todos os bens comercializáveis já sob sua proteção.

A Guilda deveria garantir que todo esse tesouro retornasse ao vilarejo de alguma forma, mas então o que acontecia? Mydeth sabia, era necessário roubar da Guilda, era assim que as coisas funcionavam, roubo atrás de roubo. Mas quem ousaria roubar da Guilda? E assim um monopólio surgia e a pobreza se intensificava e o sonho de fugir para o Oeste se tornava apenas isso; um sonho. E ai vinha a ideia estapafúrdia de fugir para o Leste.

— As pessoas precisam se organizar, se roubarem a Guilda…

— Chega de roubar, Mydeth. Não viverei mais assim. Chega, por Arcaia sob nossos pés, chega! Não vou deixar que roube por mim uma vez mais, e não vou deixar que continue a extorquir as pessoas que buscam atravessar. É errado! Pelo amor que tens por mim, viveremos como cães o resto de nossos dias?

Eles sabiam o que eram cães, pois haviam vivido na época de Arcaia, quando havia esbanjo. Mas as crianças mais novas apenas conheciam as histórias. Todos os cachorros haviam sido executados quando a fome havia apertado nas estações mais frias.

— E o que não é errado esses dias? — Ele perguntou. Mydeth pareceu se zangar, odiava discutir com Yndrah, mas ela tinha se tornado cada vez mais obstinada nos últimos tempos. Então ele decidiu colocar um basta naquilo, mesmo que não verdadeiro — Se forem atravessar a floresta, então que o façam, Yndrah. Morram nessa tentativa vazia. Mas não levarão com vocês nada! Nem ferramentas, armas, ferro, sementes, alimentos ou água. Nada! Se levarem, serei obrigado a avisar a guilda! Uma fuga dessas levando tudo que temos… demoramos quarenta ciclos para organizar a guilda de um jeito que as coisas funcionem, se vocês fizerem isso vão destruir o vilarejo. Vão nos destruir!

Yndrah então se aproximou e segurou o rosto de Mydeth pelas bochechas em suas mãos macias.

— Meu querido Mydeth, não construíram nada em quarenta ciclos. Continuamos na mesma desgraça que quando éramos crianças. Você só ocupou um lugar melhor, mas a desgraça é a mesma para quem está fora da sua preciosa Guilda. Vamos embora, e vamos levar tudo conosco. — Algo no âmago de Mydeth o fez notar que quando ela disse “conosco” não se referia aos dois, mas sim aos insurgentes, Mydeth estando ou não com eles. Yndrah olhou ao redor, então em um engasgo soltou uma meia-risada. — Nada pode ser pior que esse lugar. E se irmos embora significa o fim desse lugar, o fim da guilda, o fim desse tormento… então não vê? Nós somos a salvação! E se a Guilda quer tanto as ferramentas, as sementes e as armas… A Guilda vai ter que fazer como sempre faz, vai ter que nos roubar!

— Mesmo que eu não fale, mesmo que vocês fujam… — Ele não falaria, sabia o que significaria falar, e temia por Yndrah. — A floresta matará todos, os animais… os caminhos tortuosos, as plantas venenosas…

— Então morreremos lutando por algo pelo qual valha a pena morrer, e não de fome esperando a volta de um rei deicida que pode muito bem nos escravizar ou de uma deusa que claramente está morta e jamais retornará. — Ela então abraçou Mydeth, suspirando. — Pelo amor que tem por mim, venha conosco, Mydeth. Você é melhor do que isso. Nós somos melhores do que isso. O que Arcaia diria de seu povo?

Mydeth sentiu o coração de Yndrah batendo junto ao seu. Sentiu a respiração dela ao seu lado, abraçando-a de volta.

Ele viveu naquele mundo, aprendeu a respeitar sua funcionalidade rudimentar, era imperfeito, mas era funcional. Enquanto um roubasse do outro, tudo continuaria funcionando, tudo sempre voltaria ao que era e eles coexistiriam. Era um ciclo cruel, mas que funcionava, e quebrar aquilo era injusto com todos que demoraram tanto para tornar tal visão realidade.

Se não fosse os roubos e o sistema erguido nas ruínas de Tohnar todos eles já teriam morrido e Tohnar seria vazia. A pergunta que Mydeth se fazia agora, porém, é que talvez isso seja melhor. Talvez não valha a pena lutar por Tohnar. Não mais.

Era isso que Yndrah significava. Yndrah e o grupo de insurgentes que ela comandava, pessoas de almas honestas, puras, que podiam desestabilizar tudo. Podiam colocar o sistema em risco. Pessoas que aspiravam por mudança. E mudança nunca é bem-vista.

— Não posso. — Mydeth soltou-se do abraço de Yndrah.

— Não faça isso. — Ela pediu quando Mydeth recuou. — Se o fizer estará matando não apenas a mim. Estará matando a esperança. Estará traindo a própria lembrança de Arcaia e o que a Deusa significa.

— Não. — Mydeth disse para sua amada. — Você vai nos matar todos!

E com isso se virou e saiu andando dali com um destino claro. A Guilda. Precisava alertar todos. Precisa frustrar os planos de Yndrah. Já havia deixado aquela fantasia ir longe demais. Mudar não era bom. Mudar significava desastres, teria consequências, e poderia acabar com todos eles.

Mydeth queria um amanhã melhor, mas aquele não era o caminho. Não podia ser! A guilda presava pela vida, mesmo que infeliz. Yndrah prezava pela felicidade, mesmo que custasse a vida.

Mydeth só ainda não havia notado que só vive quem está feliz. Infeliz as pessoas sobrevivem. E sobrevivem apenas para lutar, para lutar pela oportunidade de mesmo que por pouco tempo encontrarem felicidade. Mesmo que esta busca lhes custe a própria vida!

E por isso que Yndrah não desistiria, independente do preço a pagar no final.



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