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História Deixe que nosso amor os mate! - Pendurada no Purgatório


Escrita por: FresadelaLuna

Capítulo 22 - Pendurada no Purgatório


Fanfic / Fanfiction Deixe que nosso amor os mate! - Pendurada no Purgatório

“Pelas vidas que eu tirei, estou indo para o inferno
Pelas leis que eu quebrei, estou indo para o inferno
Pelo amor que eu odiei, estou indo ao inferno
Pelas mentiras que eu contei, estou indo ao inferno
Pela a maneira que eu sou condescente nunca estendo a mão
Minha arrogância está fazendo a minha cabeça se enterrar na areia
Pelas almas que eu abandonei, eu vou para o inferno
Casada com o demônio, você pode ouvir os sinos de casamento”

 

 

Eu me encostei ao lado de um bar aos pedaços, com cheiro de álcool e drogas. Dava para ouvir o som dos disparos vindo de dentro, e soou como uma ópera, ao menos para alguém que gosta de ópera. Era vibrante, e os risos que vinham de dentro, melhor ainda.

Bud e Lou mastigavam a pele de um homem desacordado a minha frente, enquanto eu esperava o Sr. C terminar de se divertir. Não lembro a quanto tempo eu estava com eles, já se passaram semanas e isso era incrível!

- Ah, Pudinzinho, nossos bebês crescem tão rápido! - sorri assim que o vi surgir na porta, secando a testa suada com o peito repleto de sangue.

- Os suplementos funcionam, estão grandes.

- Estão como o papai. - pisquei, puxando as correntes da coleira para trás, trazendo os focinhos ensanguentados para perto de mim.

O som das sirenes tomaram minha atenção rapidamente, e eu sorri para meu Pudinzinho, andando até ele.

- Pode continuar, amorzinho, vou cuidar deles, huh? - beijando o seu nariz, levei Bud e Lou comigo em direção a rua escura a poucos metros do bar.

Por sorte, as sirenes vinham de um único carro policial, e ele parou bem a minha frente, os faróis reluzentes e o logo do GCPD no capô. Dois policiais saíram de dentro do automóvel, olhando para mim com um ar enaltecedor.

- Ah, você de novo, palhacinha? - perguntou um deles, se aproximando de mim - Qual é o problema do Coringa domar essa menina? - disse ao outro, que vinha atrás de você.

- Vocês sabem, eu gosto de ser livre. - pisquei.

Ambos ergueram suas armas, apontando em minha direção, só então notaram, em meio aos sons das correntes, as risadas que vieram atrás de mim.

- Meu Deus o que é isso? - perguntou o segundo policial, olhando com espanto para o sangue que babava dos dentes de Bud e Lou.

- Ah, esses? - trouxe-os para a frente - São só meus bebês.

Sorrindo, soltei as correntes, vendo-os avançar contra o primeiro policial, enquanto eu, me desviando de um tiro, enrosquei minhas pernas na cintura do segundo, segurando seu queixo para cima, impulsionando meu corpo para frente, até que ele caiu de costas contra o capô e eu soquei sua cabeça sucessivamente contra o metal, ouvindo os gritos de dor do homem atrás de mim, enquanto o barulho dos ossos se partindo e carne mastigada parecia música.

 

Conforme fui tentando abrir os olhos, o vulto negro sobre mim pareceu embranquecer aos poucos, criando uma forma estranha de borrões e sorrisos.

- Sr. C…? - minha voz saiu abafada.

Senti que algo caía em mim, gélido, pegajoso, e escorria por todo o meu corpo, estatelando nas tábuas a poucos centímetros de mim, enquanto meus pés ficavam suspensos no ar, sentindo o vento quente que vinha de baixo.

- Huh?

- Eu… tive um sonho tão ruim...

- Mesmo doçura? Conte-me mais.

Aos poucos, tentei mexer meus braços, mas não conseguia, eles estavam acima da minha cabeça, presos, completamente adormecidos, meus dedos nem ao menos pareciam funcionar. A visão, por sua vez, continuava embaçada, se ajeitando aos poucos, como a lente de uma câmera recém utilizada, ainda assim, tampada por algumas camadas vermelhas que deixavam as miragens assustadoras.

- Você me enforcou com uma corrente e…

- Qual? - se aproximou sorridente - Essa aqui?

Meu coração acelerou assim que ele chacoalhou o metal em meus braços, mostrando as correntes grossas e pesadas que era ligadas ao ferro acima da minha cabeça.

Não era um sonho!

Pequenos rosnar começaram a surgir em meio a escuridão, de início pensei serem uivos, mas depois, conforme meus ouvidos foram tomando seus sentidos novamente, pude notar que eram risadas estrondosas. Correntes se sacudiam e unhas arranhavam o metal, mas isso não era eu. Meus braços estavam dormentes demais para conseguir se movimentar de algum modo.

- Sabe Harley, depois que tudo isso aconteceu… Bem… Não é algo que se possa controlar, é o instinto humano, aquela coisa meio pegajosa que sentimos em nosso âmago como se fosse explodir! Claro que não a culpo, mas não quer dizer que eu não vá te castigar pelo que fez… Logo, então, notei o quão feia você é, porque você reconhece, certo? Ninguém é totalmente bonito. Mas você é tanto por dentro quanto por fora. Então tive a brilhante ideia - andou à minha frente, de um lado para o outro, encenando um homem pensante - Porque não fazer com que ela fique bonita, ao menos por fora, de novo? Ia ser trabalhoso, sempre é, meus planos sempre contém uma dose de mão de obra, como você mesma sabe. No entanto, foi o que eu fiz! De início, pensei que eu deveria deixar as peles cozinhando e colocar em você, costurar uma às outras e criar um molde perfeito de toda a sua carcaça, engrossar as carnes com a intenção de nem ao menos sentir o calor do seu corpo, mas naaaaah, é muito… Conveniente!

Cutucou o meu rosto, mas eu não senti nada.

- Vai amar o que eu fiz com você.

- Meu rosto!!! - gritei - O QUE VOCÊ FEZ COM O MEU ROSTO???

Ele riu, ajeitando a carne grudada em meu abdômen.

- Nada, docinho, apenas te ensinando boas maneiras. Não é assim que começa? Quando crianças fazem algo de errado, o certo é o responsável torturá-lo com correntes para que ele aprenda que o que fez, foi errado. Não sendo muito chato, mas você parece falar demais… O que me lembra… Ah! - ergueu o indicador para o alto - Tenho mais um presente para a minha princesa traidora!

Ele sumiu novamente pela escuridão, como se fosse um fantasma.O pânico me envolvia, mas não podia temê-lo. Senhor C é como um animal, ele gosta de ultrapassar seu espaço pessoal, ele sente o cheiro do medo, não posso deixar, não posso…

Chacoalhei a cabeça, e então a massa de carne branca caiu na tábua, enrugada, desenhada desastrosamente com azul e rosa no contorno dos olhos que ainda eram cobertos por sangue. Tentei chacoalhar o resto do meu corpo, mas nada se desprendia. Por Deus! Eu ainda tinha meu rosto! Que alívio...

- Lembra-se dos nossos filhotes? - indagou - O que você disse? “Eles crescem tão rápido”…

Os vultos anteriores tomaram forma assim que as correntes foram soltas da escuridão. Bud e Lou babavam, se aproximando devagar, prontos para o ataque.

- Não! - gritei - O que você fez com eles? Meus bebês...

- Esteróides, litros de esteróides. Dizem que usar muitos medicamentos causa impotência, mas eles parecem bem melhores agora… E um pouco de raiva… Proposital, claro. Ah, não se espante com a magreza, em troca disso ganharam músculos em lugares estranhos, aliás, os treinei bem, mas os deixei sem comida pelo tempo em que esteve fora, você sabe, em toda essa confusão. E que maneira mais gentil de apresentar a mãe deles, de volta ao lar, se não com um banquete?

Estremeci.

- Senhoras e Senhores que bom que esperaram por isso durante esse tempo em que nossa atração principal desmaiou. Um inconveniente, admito, mas todos serão remunerados caso não gostem do Gran Finale! - riu - Nossa preferida terá que fazer uma decisão bem difícil agora, mas pensem bem, será um espetáculo!

Pude ouvir risadas e gargalhadas surgirem as sombras.

- Ela é tão gozada! - ria um.

- Parece com medo, ha-ha-ha, ela não percebe que é brincadeira? - disse outro.

- Quero ver, me deixe ver! - berrou um terceiro.

- COMAM! - gritou o Sr. C.

No mesmo instante Bud e Lou pularam em minha direção, mordendo a carne grudada a minhas pernas e abdômen, cravando seus dentes perfeitamente afiados (eu os afiei com lixas durante 5 horas seguidas) em meus calcanhares, fazendo-me gritar.

- Não, não… NÃO! - berrei.

Chutei Lou para longe, e esperei que Bud avançasse em minha direção para que eu erguesse minhas pernas e ele caísse no abismo abaixo de mim.

- Me perdoem, docinhos... - disse eu, sentindo meus olhos ardendo.

Lou fez o mesmo que Bud, e eu o deixei cair do mesmo modo, impulsionando meu corpo para cima, chutando as travas das correntes, no teto, com força, estourando o aço. Meu queixo bateu contra a tábua e minhas unhas foram cobertas por farpas assim que agarrei a madeira, a dormência rapidamente se esvaiu, enquanto eu continuava pendida para dentro do abismo. Meus dentes doíam de uma forma descomunal enquanto me esforçava para me erguer e não ouvir as risadas de dor de Bud e Lou.



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