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História Delegacia 614 - Gato e Rato


Escrita por: byunirie e heairtsjoy

Notas do Autor


oie, aqui é a lua e a loh. Mais uma quarta feira cheia de emoções para completar essa semana, estamos muito orgulhosas desse capítulo e estudamos bastante para ligar todos os pontos hehe

Loh: Peço desculpas por ainda não ter respondido os comentários, a minha vida tá meio atarefada, mas eu tenho lido cada um com muito amor, irei responder em breve

boa leitura!

Capítulo 2 - Gato e Rato


Fanfic / Fanfiction Delegacia 614 - Gato e Rato

DELEGACIA 614

capítulo 2

 

É obrigação de um investigador entrevistar suspeitos e testemunhas, cumprir mandados de prisão, busca e apreensão, além de fazer pesquisas e coletas, enquanto tenta solucionar inúmeros casos ao mesmo tempo. São profissionais comprometidos com a verdade, com a promessa de desvendar qualquer caso e trazer justiça para aqueles que não podiam mais, e que de alguma forma deixavam pistas para que suas mortes fossem vingadas.

Quando era novo, Baekhyun sempre assistia aos programas de assassinato que a TV aberta de sua casa oferecia. Perdia noites e mais noites tentando solucionar aqueles casos antigos juntamente aos profissionais do programa e desde então, soube o que queria para sua vida. Não foi um caminho fácil, por vezes ouviu que um ômega não conseguiria ser um investigador, um detetive, no entanto, nunca desistiu, mostrando que tinha o dom para aquilo e que seu senso de justiça era algo admirável.

Com o passar do tempo, seu nome já era bem conhecido e sentia orgulho de tudo que havia passado para chegar ali, mesmo que ainda tivesse uns que duvidassem de sua capacidade. Entrar na Delegacia 614 e provar o seu valor foi difícil e talvez fosse por isso que era tão arrogante, não queria e não iria deixar que ninguém passasse por cima de si, era forte o suficiente e bom o bastante para conseguir o que quisesse no meio em que escolheu trabalhar.

Andava pelos corredores da delegacia com a cabeça erguida e o sorriso de lado, sabendo que atraia todos os olhares por onde passava, e ao ver aquele par de olhos sobre si, tratou de aumentar o sorriso. Sabia que estar na equipe principal do caso do serial killer mexia com o orgulho de Chanyeol e bem, não podia negar que gostava bastante de ver o alfa um tanto fora de si.

Se aproximou do maior que cruzou os braços, encostado na viatura, a blusa social preta marcando os músculos que Baekhyun não se cansava de olhar discretamente, ou não. Naquele início de manhã nublado, a equipe especial foi dividida em três com o intuito de conseguirem mais pistas, além das que os antigos responsáveis pelo caso tinham.

O ômega não conseguiu conter o sorriso ao saber que estava junto a Chanyeol naquele dia e para falar a verdade, queria se aproveitar um pouco disso. Ainda em silêncio, entraram na viatura rumo ao necrotério, a melhor forma de analisar uma pista, era vê-la com os próprios olhos e Chanyeol sabia muito bem disso.

— Acha que vamos conseguir alguma coisa olhando o corpo? — Baekhyun quebrou o silêncio, encarando o maior com uma atenção que o Park julgava exagerada demais.

— Achei que soubesse que isso é padrão em casos de assassinato — O ômega sorriu com o corte do mais velho.

— Eu sei, contudo, estar com você nesse silêncio é extremamente desconfortável. Você me conhece, Park. Não sou de ficar calado — Deu de ombros vendo o maior revirar os olhos.

— Você fica mais bonito calado, Byun.

— Quer dizer que me acha bonito chefe? — Chanyeol apertou o volante, ignorando completamente a fala de seu subordinado, além da vontade de jogá-lo para fora do carro.

— Não posso ter certeza se encontraremos algo com o corpo, vamos ver se notamos algum outro padrão — Respondeu sério, parando em um sinal enquanto encarava o ruivo — Jongdae já está lá, espero que ao menos ele consiga algo para gente.

— Um dia você vai parar de fugir, Chanyeol — Baekhyun riu negando com a cabeça e voltou a encarar a estrada, sabendo que tinha o olhar do alfa sobre si — Sabe… não entra na minha cabeça que aqueles bastardos da 88 não conseguiram nada — Poucos carros frequentavam a rua, considerando que ainda estava amanhecendo, haviam decidido sair mais cedo para ter mais privacidade, apenas a polícia e Jongdae veriam o corpo, daquela forma poderiam ter uma liberdade maior.

— Sabe que precisa aprender a respeitar seus superiores, certo? Você ainda vai se meter em alguma encrenca e pode apostar que eu não vou ajudar.

— Meu sobrenome é encrenca, chefinho. Mas não, não devo nada aqueles merdas da 88 — Revirou os olhos — Se acham melhores por serem alfas, grande coisa, meu pau continua sendo maior que o deles.

— Byun!

— O que? — Riu com a expressão fechada do mais velho — Eu sou um ômega, Chanyeol. Por anos ouvi que não conseguiria realizar meus sonhos e olhe onde estamos agora — Deu de ombros observando a rua e as poucas pessoas que andavam pela mesma.

— Sua classificação não define sua capacidade.

— Bingo! Agora explica para seus amigos da 88.

— O importante é que a gente resolva o caso — O alfa foi categórico enquanto parava o carro em frente ao necrotério. Baekhyun ia abrir a porta para sair quando foi impedido pelo corpo forte de Chanyeol, que segurava a porta com força e o encarava sério. — Não misture trabalho com pessoal, Byun. Não quero ouvir piadinhas suas, isso é sério. Uma família quer respostas sobre a morte do filho.

Baekhyun levantou as mãos em rendição sem deixar de sorrir e o alfa revirou os olhos, voltando para seu lugar e deixando que o ômega saísse do carro para logo depois fazer o mesmo. Entraram na morgue com expressões sérias, atraindo olhares de outros médicos legistas que comentavam a presença daquela dupla inesperada.

Jongdae, o médico legista responsável pelo caso, estava debruçado na bancada segurando uma caneca lotada de café, as olheiras embaixo dos olhos indicando as noites mal dormidas, além da expressão claramente abatida. O beta observou os dois homens de preto, indicando suas posições na polícia e suspirou dando um sorriso cansado.

— Você ‘tá acabado, cara — O ômega comentou recebendo um olhar de repreensão do maior — O que?

— Adorável como sempre, Byun — Jongdae apontou para o próprio rosto — Isso tudo é parte do meu charme — Completou e voltou a beber seu café, dando as costas para os dois e seguindo por um longo corredor.

— Contestável, eu pelo menos gosto daqueles que aparentam ter uma boa noite de sono — Baekhyun deu de ombros recebendo uma gargalhada do Kim e um revirar de olhos de Chanyeol, enquanto seguiam para a última sala do corredor.

— O que tem pra gente Jongdae?

— Passei a noite inteira analisando o corpo e relendo a autópsia — O beta dizia enquanto tirava uma quentinha de perto do corpo coberto por um pano branco, alheio aos olhares estranhos da dupla — Não tenho o que incluir no documento — Completou se sentando em seu banco e entregando um papel para Chanyeol que pegou começando a ler. Olhou para Baekhyun que estava com uma cara de nojo — Que foi?

— Completamente contestável — Falou alto, mesmo que fossem apenas seus pensamentos sobre como o médico poderia agir tão tranquilamente quando havia um corpo ali. Negou com a cabeça — Então olhar o corpo é inútil? — Questionou se aproximando e tirando a coberta branca, encarando o cadáver com atenção.

— Não diria inútil — Jongdae deu de ombros bebendo mais um pouco do café, deixando a caneca de lado — O assassino não tinha um bom conhecimento de medicina, dá uma olhada... — Se levantou apontando para os cortes no corpo do ômega — Os cortes não tem precisão e foram feitos de qualquer forma.

— Fora o padrão, que já sabemos — Baekhyun suspirou e encarou Chanyeol que lhe entregava a autópsia para ler.

— Peles claras, cabelos vermelhos e ômegas — O médico disse cruzando os braços — A hora da morte é interessante, não sei o que os policiais da 88 falaram, mas não bate com a hora que o corpo foi encontrado.

Baekhyun levantou o olhar para o Kim e depois para Chanyeol que encarou o médico confuso. O alfa se aproximou do menor para olhar novamente o papel.

— Não faz sentido — O Park disse passando a mão pela boca pensativo.

— Claro que faz… ele não foi morto no galpão, só encontrado lá — O ômega olhava para a vítima com o coração apertado — Ele foi movido e se minha intuição estiver certa, duas vezes.

— De novo isso de intuição?

— Não acho que o Baek esteja errado — Jongdae deu de ombros.

— Pensa poste, ele foi sequestrado em algum lugar, morto e levado até o galpão. O serial killer queria que fosse encontrado — Baekhyun disse sério e Chanyeol conteve a vontade de socá-lo pelo apelido idiota — As outras vítimas, o que dá pra dizer?

Jongdae levantou um dedo e foi em direção aos armários que guardava todos os arquivos que recebia. Baekhyun continuou lendo a autópsia pensativo, quase como se fizesse cálculos mirabolantes sendo observado atentamente por Chanyeol, que tentava afastar o pensamento de como o ômega era bonito concentrado daquela forma.

— Bingo — O beta disse rindo entregando outras folhas para o Byun que pegou apressado.

— O tempo bate! — Baekhyun sorriu e encarou o Park que puxou os documentos da mão do mais novo — O que estava dizendo sobre minha intuição? — Questionou irônico fazendo Jongdae rir.

— Então a teoria é de que ele foi sequestrado em um lugar, morto em outro e levado até o galpão para ser desovado?

— É tempo o bastante pelo que indica — O legista deu de ombros — A hora de sua morte foi 00h30 e só encontraram o corpo às 6h, o que explica o estado do corpo quando chegou ao necrotério da 88.

— Tem a ficha dele?

— Tá aí, logo atrás — Chanyeol concordou lendo as informações do ômega.

— Kim Yunsun, 23 anos e estudante da Universidade de Incheon — O alfa disse em voz alta suspirando logo depois.

— Se ele é universitário, pela hora da morte, pode ser um aluno do período noturno — Baekhyun disse atraindo a atenção dos dois homens — Bom, acho que agora temos por onde começar oficialmente — Sorriu.

— Eu amo meu trabalho — Jongdae disse sorrindo e pegando uma maçã em sua bolsa, logo começando a comer. Baekhyun encarou o legista e logo depois o corpo da vítima, fazendo uma careta estranha e sendo acompanhado por Chanyeol — O que foi agora?

— Cara, você é muito estranho — O ômega disse com nojo e o beta fez um bico enquanto segurava a fruta.

— Não sou estranho… — Resmungou voltando a atenção ao seu alimento.

— Definitivamente estranho — O detetive sussurrou e olhou para Chanyeol que mantinha a cara de nojo.

— Dessa vez eu preciso concordar com você — Negou com a cabeça e colocou os documentos sobre a mesa do Kim — Obrigada pela atenção, Jongdae, se souber de algo, por favor, nos avise.

— E, por favor, que não seja na hora do almoço, lanche ou jantar — Forçou um sorriso seguindo o chefe para fora da sala do legista. Saíram do necrotério um ao lado do outro, ainda pensativos sobre as informações adquiridas — E agora, chefe?

— Vamos nos separar, assim podemos ver dois lugares ao mesmo tempo, e recolher mais provas — Falou encarando o céu e depois o Byun que apenas concordou — Vai apenas concordar?

— Já está sentindo falta das minhas falas marcantes? Tenho algumas piadas prontas se quiser, eu-

— Pra que eu fui falar — Reclamou passando a mão pelo rosto — Vou visitar a família dele e você fica com a universidade, ok? Seja lá o que descobrirmos, a gente se comunica antes de qualquer coisa, entendeu?

— Alto e claro, chefinho.

 

 

— Meu filho sempre foi um garoto tranquilo, Senhor Park — A mulher dizia baixinho, olhando para o porta retrato em mãos, finas lágrimas corriam por suas bochechas enquanto a ômega fechava os olhos com força apertando a foto do filho contra o peito.

— Ele era um dos melhores da turma. Fazia engenharia e dizia que iria nos orgulhar sendo um dos ômegas com emprego em uma área tão concorrida — A alfa disse abraçada a esposa, deixando leves carícias nas costas da companheira — Ele estava sempre estudando no quarto e tinha pouquíssimos amigos, ele... — A mulher fechou os olhos com força.

Chanyeol conseguia entender a dor que ambas sentiam. Haviam acabado de perder um filho e talvez não pudesse dizer com precisão o quanto doía, no entanto, definitivamente conseguia compreender. Era contra a ordem natural das coisas, enterrar os pais já era doloroso, contudo, enterrar um filho era ainda pior. Mesmo que estivesse um tanto quanto acostumado, o alfa nunca deixaria de sentir-se tão mal, aquela era, em sua opinião, a pior parte do trabalho.

— Sei o quanto é doloroso termos de falar disso, mas é necessário para que possamos conseguir pegar a pessoa que causou tanto mal — Ouviu a ômega suspirar concordando — Do que se lembram do dia do desaparecimento dele? Notaram algo estranho naquela semana? Alguém com quem o Yunsun tinha rivalidade?

— Foi como dissemos, senhor Park. Yunsun sempre foi um bom garoto, ele era calmo e pacífico demais.

— Por vezes tínhamos de lembrá-lo que a vida não era apenas estudar — A alfa disse vendo a esposa concordar — Na semana em que ele… — Respirou fundo antes de continuar — Ele estava feliz, tinha tirado as melhores notas e recebido elogios do professor.

— Lembro que até saímos para comemorar! Foi em uma terça, ele estava tão feliz, senhor Park — A ômega levou as mãos ao rosto, tentando controlar a vontade de chorar — Conhecemos até um amigo dele, o único que ele nos apresentou.

— Conseguem se lembrar do nome dele?

— Algo com Nam? — A alfa se questionou e negou com a cabeça — Era um colega de turma. Um beta. Eles saíram juntos esse dia, ficamos felizes por ele estar aos poucos se permitindo socializar.

— Sabem para onde foram?

— Infelizmente, não — A mulher suspirou — Não queríamos parecer caretas demais e confiávamos muito no nosso menino.

— Tudo bem — Chanyeol concordou. — Como era a rotina dele? Podem me dizer?

— Ele trabalhava durante o dia, aqui próximo de casa, com o meu irmão e fazia faculdade a noite — O alfa suspirou e lembrou-se do que Baekhyun havia dito, sentindo uma leve raiva pelo ruivo estar certo… de novo.

— Quais eram os horários dele? Ele costumava chegar muito tarde?

— Mmmh… bom, ele sempre chegava aqui por volta das 23h… 23h10 — A alfa concordou enquanto a companheira falava — Ligamos para a polícia por volta de 00h, quando ele não apareceu e nem atendeu às ligações.

Odiava admitir, mas aparentemente a intuição de Baekhyun estava mesmo certa. Suspirou enquanto ouvia o casal falar sobre a rotina do garoto, sentindo-se perdido por não conseguir tantas pistas, o garoto não era de sair, não tinha tantos amigos e vivia para os estudos, era quase impossível que alguém tivesse algo contra ele.

— Precisa de mais alguma coisa, senhor Park?

— Hm? Ah! Não, por enquanto é só isso — Chanyeol se levantou, sendo acompanhado pelas duas mulheres, que o guiaram até a porta — Eu sinto muito pela perda de vocês.

A alfa agradeceu baixinho e a ômega o segurou, o impedindo de sair. Chanyeol olhou para a mulher, que ainda chorava enquanto apertava sua mão com força — Por favor, senhor Park, pegue o culpado. Não permita que outros pais passem por isso, eles são só crianças… eles-

Ela se interrompeu com as lágrimas que caíam com mais força, logo sendo abraçada pela companheira, afinal, ambas compartilhavam aquela dor pela marca que a ômega possuía no pescoço.

— Não se preocupe, senhora Kim. Vou pegá-lo, e vou fazer com que ele pague — Chanyeol disse sério vendo a mulher concordar. Afastou-se em seguida e parou na calçada, encarando a viatura enquanto sentia a cabeça doer.

Era horrível toda aquela sensação de impotência, de não poder fazer nada para diminuir a dor da perda daquelas pessoas. Ainda tinha tanto chão pela frente e nem ao menos existia um norte, o que o deixava ainda mais frustrado com toda aquela situação. Passou a mão pelo rosto enquanto pegava o celular no bolso traseiro, discando o número do Byun e observando a vizinhança.

— Park.

— Você é um grande babaca — Disse um pouco irritado e logo ouviu a risada de Baekhyun — Ele só pode ter sido pego no caminho para casa. Odeio admitir, mas você estava certo.

— Eu sempre estou certo, já deveria ter se acostumado com isso — A ironia no tom de voz do ômega era irritante.

— Enfim, venha me encontrar, quero saber o que descobriu na universidade e talvez possamos refazer os passos do garoto ainda hoje — Chanyeol passou a mão pelos cabelos escuros — Acho que podemos tentar encontrar o local exato onde ele foi seques-

— Ér…

— O que, Baekhyun?

— Você sabe que não sou muito bom em obedecer ordens e eu acabei de encontrar um beco bem interessante aqui, Park.

— Puta que pariu! Eu não disse que deveríamos nos comunicar antes de qualquer coisa? — Chanyeol praticamente rosnou.

— Pode brigar comigo depois, vou te mandar a localização, mas estou indo até você, tenho algo que quero mostrar aos pais do garoto.

Chanyeol ouviu a ligação ser finalizada e apertou o celular em mãos, fechando os olhos com força e respirando fundo. Que os deuses lhe dessem paciência para encarar Byun Baekhyun ou então ele que seria preso por homicídio, não importava nada se o ômega tivesse uma boquinha deliciosa e uma bunda daquelas.

Minutos antes

Baekhyun descia as escadas da Universidade de Incheon completamente alheio ao seu redor. Sua expressão era séria e ao mesmo tempo, pensativa, mexia os dedos de forma frenética, como se fizesse cálculos mentalmente, o que de fato fazia. Ir até à faculdade da vítima havia sido de grande ajuda para entender o círculo social do garoto, no entanto, não conseguiu descobrir muito mais do que horários e amizades, o que ficou bem claro que o ômega morto não tinha.

Poderia muito bem se frustrar com a falta de informação, contudo, sempre era bom em resolver enigmas e charadas e foi só lembrar do documento de Jongdae que o ômega se animou.

Se tinha uma coisa que Byun Baekhyun era bom, além de ser detetive, era matemática. Um prazer oculto e que quase ninguém conhecia, era capaz de fazer as mais diversas contas mentalmente e sempre acertava os problemas e equações e para ele, aquilo era mais uma das muitas equações que havia feito durante toda sua juventude.

Conversar com os poucos colegas de classe foi bom, daquela forma soube que Yunsun nunca estendia seu tempo no espaço estudantil, saía pontualmente às 22h30 e seguia direto o caminho de casa. Baekhyun parou na entrada da faculdade, olhando para ambos os lados enquanto calculava em sua cabeça, franziu o cenho enquanto olhava para o relógio antes de pegar o caminho da direita, lembrava-se do endereço dos pais do garoto, e aquele era o caminho mais rápido, pelas suas contas, exatos quarenta minutos de caminhada.

Andava devagar, ainda fazendo contas até mesmo falando sozinho algumas vezes, alheio aos olhares estranhos que recebia das pessoas na rua — O horário da morte foi 00h30 e ele sai às 22h30, são duas horas… — Olhou em volta novamente e olhou o relógio — Trinta minutos até em casa… ele com certeza foi interceptado no caminho…

Suspirou e continuou andando, observando os estabelecimentos e carros parados pela rua, até mesmo encarava os postes com câmeras. Repassava todas as informações que tinha até aquele momento, o que não eram muitas, entretanto, agarrava-se a ideia de que o garoto tinha sumido naquele percurso, não tinha outro jeito. Era um dia de semana e ele tinha aula, se o ômega era tão certinho quanto os alunos e professores disseram, ele estava apenas seguindo seu caminho de casa.

Deu mais alguns passos passando por um beco mal iluminado, até mesmo para o horário daquela tarde ensolarada e parou, retrocedendo alguns passos encarando o beco. Mordeu o lábio pensativo e algo dentro de si o alertou, seu coração batia forte dentro do peito e Baekhyun nem ao menos pensou duas vezes antes de entrar naquela ruela.

Olhou para cima, o local não possuía nenhum tipo de iluminação, não havia câmeras e nem ao menos janelas dos prédios que ficavam ao lado. Olhou para o relógio novamente, descartando dois minutos e anotando mentalmente que havia levado dezoito minutos até chegar ali.

— Ele foi sequestrado às 22h48… — Murmurou para si mesmo, sentindo-se irritado. Eram só mais doze minutos, ele poderia estar vivo, por causa de doze minutos. Chutou com força uma lata de lixo que estava ao lado, o barulho ecoando por todo o beco.

Passou a mão pelos cabelos, pegando o celular com o intuito de ligar para Chanyeol quando um pequeno brilho no chão chamou sua atenção. Adentrou ainda mais a ruela, agachando-se no chão e vendo um pequeno pingente no formato de um lobo, olhou em volta novamente e então o barulho de seu celular se fez presente. Suspirou ao ver o nome do Park na tela, iria levar um esporro daqueles, mas o que poderia fazer, estava certo de qualquer forma.

— Park.

 

 

Chanyeol andava de um lado para o outro na calçada em frente a casa de Yunsun, olhava vez ou outra para o aparelho, contudo, não demorou dez minutos desde que havia desligado a chamada com Baekhyun, para que visse o ômega vindo em sua direção. A expressão séria enquanto se aproximava.

Queria gritar com o mais novo, dizer o quão imprudente ele havia sido, e faria isso, até mesmo abriu a boca para começar o sermão, porém, o menor levantou a mão em sua frente, mostrando um pingente entre seus dedos. Encarou o Byun, que ainda estava sério e suspirou, dando meia volta e seguindo em direção a porta dos pais da vítima novamente.

A alfa abriu a porta com a fisionomia confusa, encarando os dois policiais vestidos de preto, logo sua companheira apareceu atrás de si, ainda mais confusa que a esposa. Porque o chefe de polícia estaria ali novamente se havia acabado de sair? Só então perceberam a presença do ômega ao seu lado, que mesmo demonstrando compaixão, mantinha a expressão séria.

— Aconteceu algo, senhor Park? — A mulher sentia seu coração acelerado enquanto esperava uma resposta do alfa que olhou para o detetive antes de respondê-la.

— Esse é Byun Baekhyun, ele está comigo a frente do caso de seu filho — Dizia com calma e o ômega se curvou em respeito — Sei que estava com vocês ainda pouco, mas surgiu algo… — Encarou Baekhyun que concordou se aproximando um pouco mais e estendendo o objeto para as duas mulheres.

As duas arregalaram os olhos e a ômega pegou o objeto das mãos do detetive que suspirou, sabia que as duas tinham reconhecido o pequeno pingente. Olhou para Chanyeol que suspirou.

— Era do Yunsun! Eu me lembro, eu mesma dei para ele — A mulher dizia entre lágrimas, apertando o objeto contra o peito, sendo abraçada pela esposa.

— Encontramos no local onde ele foi pego — Baekhyun disse com certa dificuldade, odiando assistir toda a dor que as duas mulheres estavam sentindo. Amava mais do que tudo seu trabalho, entretanto, lidar com os familiares era demais para si, não era uma pessoa fria e quase sempre tomava as dores para si mesmo.

— Onde? Onde meu filho foi-

— Ele estava voltando para casa, era um bom garoto, senhora Kim — O ômega disse, ignorando a garganta fechada e abaixando a cabeça, deixando com que Chanyeol lidasse com aquilo. O alfa, mesmo que um pouco desorientado pela vulnerabilidade do ômega, se colocou à frente do mesmo.

— Eu prometi antes e vou prometer novamente, vamos pegar o responsável e fazê-lo pagar — Disse vendo o casal concordar antes de entrar.

Passou as mãos pelo rosto e encarou Baekhyun, que olhava para o chão, os olhos levemente avermelhados. Sentiu seu estômago afundar, o coração bater um pouco mais rápido e sentiu uma vontade súbita de abraçar o outro, quase como uma necessidade. Sem mais nem menos o garoto virou-se, indo para próximo do carro sendo seguido por Chanyeol.

— Doze minutos, Chanyeol! A merda de doze minutos e ele poderia estar em casa, com os pais! — Disse revoltado, encarando o alfa que não estava entendendo nada — Eu refiz o caminho dele, mais doze minutos e ele tinha chegado bem em casa!

— Sabe que não deveria ter feito isso sozinho, não é?

— E eu lá ligo pra isso? — Respondeu ríspido — Vamos voltar até o beco, impossível que nenhuma câmera ou caixa preta não tenha pego o assassino — Completou indo até o veículo, abrindo a porta do passageiro e tendo o braço segurado pelo alfa.

— Você precisa manter a calma, Byun.

— Não enche.

— Olha aqui — Puxou o ômega para si com força, fazendo com que ele o encarasse, os corpos grudados — Sei que toda essa situação é frustrante, você não é o único se sentindo incompetente, mas ainda trabalhamos em equipe e no nosso trabalho precisamos ter a merda da cabeça no lugar — Baekhyun observava a expressão séria do chefe, a sua sendo indecifrável — Então recomponha-se e faça o que faz de melhor para pararmos esse filho da puta. Se nossa cabeça não estiver no jogo, vamos ser tão ruins quanto os da 88, é isso que você quer?

O Byun nada disse, apenas puxou o braço afastando-se do maior e indo para o banco do passageiro, ignorando as borboletas no estômago e o coração um pouco mais acelerado que o normal.

 

 

A irritação o tomava gradativamente, não conseguia acreditar no quão despreocupado Baekhyun era. Começou a pensar no quanto ele havia sido imprudente indo até o local do sequestro sozinho, conhecia bem a personalidade independente e intuitiva do ômega, mas isso não significava que ele precisava se pôr em risco a cada nova investigação.

Contudo, tinha que admitir que a inteligência do Byun era muito diferente de qualquer outro detetive, novamente estava surpreso pelo pensamento rápido, as atitudes genuínas, a forma como ele deduziu e calculou cada passo com poucas pistas e instinto. Ele não possuía medo, tampouco hesitação quando o assunto era fazer o seu trabalho, não havia nada no mundo que o Byun amasse mais do que investigar e estar em campo. Chanyeol o admirava por isso, mas também havia uma parte sua que queria mais do que tudo que Baekhyun seguisse o plano, pelo menos uma única vez.

A raiva do outro ao seu lado já havia se dissipado porque ele cantava baixinho a música que tocava no rádio, os dedos tamborilavam no apoio do carro entre os dois.

O encarou pelo canto dos olhos, surpreso ao encontrar o ruivo com o olhar focado em si, voltou a observar a rua movimentada que estava repleta de carros, o trânsito intenso mesmo tarde da noite, pessoas voltando para casa em busca do descanso do lar ou prontos para curtir uma grande noite em Seul, era o que desejava fazer ao invés de estar estressado por um maníaco assassino, no entanto, precisava proteger sua cidade, sabia disso.

— Chefe, sabe no que eu tava pensando? — Sentiu as unhas levemente grandes acariciarem seu braço, a pele arrepiou-se pelo contato e virou o pescoço para encará-lo novamente, ele estava perto, mais próximo do que minutos antes, inclinado. Não respondeu, virando o rosto, mordendo os lábios e respirando fundo, tentando ignorá-lo, precisava se concentrar no tráfego — Eu realmente gostei de quando você me apertou naquele dia, no hospital, suas mãos pela minha bunda… quando eu penso nisso, me sinto quente.

Respirou fundo mais uma vez, se perguntando se havia jogado pedra na cruz para merecer tantos turbilhões de sensações em um único dia. Baekhyun era o único capaz de fazer seu humor mudar em segundos da água para o vinho.

Estacionou com brusquidão em frente a sede da polícia, voltando sua atenção verdadeiramente para o Byun, este que parecia esperar uma atitude sua. Queria puxar os cabelos vermelhos de forma rude e maltratar cada centímetro da boca alheia, até que ele estivesse sem falas. Contudo, lembrou-se da irritação e conduta do ômega durante a tarde, a forma como ele o excluiu e novamente, fez tudo sozinho. A indiferença parecia a melhor solução para alguém com o ego tão grande quanto o dele e focado neste pensamento, saiu do carro sem olhar para trás.

Entrou na delegacia 614 com uma raiva aparente, abrindo as portas de maneira rude e chamando a atenção de seus funcionários, poucos permaneciam presentes no horário noturno, mas ainda assim, haviam alguns, as equipes que estavam envolvidas no caso haviam passado o dia inteiro coletando pistas e esperava que eles houvessem se saído tão bem quanto eles dois.

— Na minha sala em cinco minutos — Seguiu seu caminho sem ligar para os burburinhos sobre estar enraivecido.

“Será que foi o Byun outra vez?”. Escutou alguém falar, sorriu em escárnio porque era óbvio que só havia uma pessoa capaz de irritar o alfa de maneira tão despretensiosa.

Entrou na própria sala, cansado, passou as mãos pelos cabelos negros os bagunçando, sentia um calor excessivo percorrer seu corpo ao se lembrar da cena de minutos atrás e a forma que o cheiro de Baekhyun ainda estava impregnado em seu nariz, ficar tão perto dele durante horas estava o afetando drasticamente.

Não conseguia mais se controlar ou disfarçar como fazia antes, quando estava ao lado do ômega tudo que mais desejava era afundar suas mãos em seu quadril largo e marcá-lo como queria, ver a tez branquinha manchada por suas próprias mãos, tomar seu corpo naquela viatura minúscula até que nenhuma gracinha pudesse escapar pelos lábios carregados de escárnio.

Nunca havia se sentido de tal forma. Entorpecido pelo desejo por alguém que o irritava constantemente. Queria acreditar que era apenas irritação.

Geralmente, não pegavam muitos casos juntos. Baekhyun era um intrometido de quinta e sempre jogava alguma gracinha quando se esbarravam pelos corredores, mas ser uma dupla e ficar o dia inteiro na presença um do outro, o aturar por tanto tempo daquela forma, era a primeira vez.

Havia algo em Baekhyun que era extremamente único. Não sabia dizer se era a forma como ele sorria debochado e enfrentava qualquer pessoa a sua frente, ou a sua coragem excessiva que desafiava até mesmo a mais pura adrenalina. O alfa ia dos céus até o inferno em questão de segundos quando estavam em operação de campo, tinha todos sob controle, em suas mãos, menos o Byun. Não podia controlá-lo e isso o assustava, porque temia não estar perto o suficiente quando realmente fosse preciso.

E ainda tinha suas curvas, as que desejava apertar até ouvir os lamúrios e gemidos do detetive, os músculos fortes e suaves eram atrativos porque marcavam o corpo esguio, além do cheiro, o mais diferente que já havia notado. Graças ao olfato mais apurado, por ser um alfa, o Park conseguia distinguir outras pessoas apenas pelo odor, muitas possuíam um cheiro doce ou cítrico, mas o ruivo cheirava a hortelã — era um aroma raro como o próprio dono e tão apetitoso quanto.

Seu lobo interior praguejava para refazer seus próprios passos e deixar o orgulho de lado, não seguia tanto seus instintos como fora ensinado, mas às vezes não conseguia se conter. Queria foder o Byun naquele carro, deleitar-se com sua lubrificação natural e levá-lo à loucura como nunca ninguém conseguiria. Queria ver o ômega implorar por seu pau e depois dar a ele exatamente o que ele queria.

Segundos antes de tentar se levantar, viu-se tendo a sua chance arrancada, como um mantra de que o tempo nunca é mutável. Nem mesmo para o chefe da delegacia.

Não precisou esperar nem mesmo cinco minutos para ter a sala cheia de policiais, os outros componentes da missão adentraram, inclusive, o ômega. Aguardou não tão pacientemente todos se sentarem, tendo o ruivo à sua direita enquanto Smith sentava à sua esquerda.

— Tiveram sorte hoje?

— Não tanto — Choi, o chefe da equipe D respondeu, eles eram responsáveis por revistar o galpão e as câmeras de segurança.

— Nós achamos uma coisa pequena, mas que pode fazer a diferença — Ree, a loira chefe da equipe A deu de ombros.

— Nós também achamos uma coisa — Baekhyun afirmou.

O esquadrão especial, Smith e Johnson haviam feito rondas durante o dia pelos três distritos, tentando notar qualquer anormalidade e proteger qualquer outra possível vítima. King e Jung haviam passado o dia ajudando Jongdae na autópsia do corpo tentando relacionar a causa da morte com as armas usadas para a tortura do pobre corpo.

Olhou para a mesa vazia e suspirou. — Quem analisou as pastas por último? Deveriam ter devolvido na minha mesa.

— Ah, eu deixei na minha mesa, eu pego — King respondeu, mas antes que pudesse se levantar da cadeira, Carter abriu a porta carregando-as consigo junto com um copo de cappuccino, relaxou um pouco contra a cadeira acolchoada, era viciado em café e todos os seus funcionários sabiam disso, estava realmente precisando de um.

— Já estava de saída e percebi que as pastas não estavam guardadas — Chanyeol sorriu, o estrangeiro era um dos melhores policiais da delegacia e era muito prestativo.

— Obrigado, King esqueceu de me devolver — Agradeceu quando ele deixou as pastas amarelas na mesa bem à sua frente, estendeu a mão com a intenção de pegar o copo de café, mas quando virou a cabeça para olhar, o mesmo já estava nas mãos do Byun.

Franziu o cenho recolhendo a mão rapidamente antes que alguém percebesse, mas obviamente seu gesto não passou despercebido pelos olhos rápidos de Baekhyun. Encarou o estrangeiro que havia se abaixado para falar no ouvido do ômega, os outros policiais estavam ocupados conversando entre si, mas o Park prestou atenção.

— Dia difícil, Byun? - O alfa perguntou, sorrindo amigável enquanto o detetive o encarava com um sorriso bonito demais para o gosto de Chanyeol.

— Todos são. Obrigado pelo café Carter, você é um verdadeiro exemplo de alfa — Revirou os olhos ao escutar a fala atravessada do ruivo.

— Vamos começar — Ditou, chamando a atenção de todos enquanto Carter desejava "boa noite" saindo pela porta logo depois.

Encarou Baekhyun que tinha um sorrisinho nos lábios finos enquanto bebericava o cappuccino — Equipe D, o que conseguiram para mim?

— As câmeras de vigilância perto do galpão estavam em manutenção, fomos atrás do governo, mas eles não autorizaram nada — Choi respondeu um pouco frustrado — Fora isso, achamos uma corda ensanguentada que não foi percebida antes no galpão onde a vítima foi encontrada, Jongdae está analisando.

Suspirou, foi como pensou, o assassino era alguém inteligente o suficiente para desligar as câmeras e se disfarçar, ou então ele tinha um cúmplice, ou então ele era alguém influente. Como a 88 poderia ter deixado algo assim passar? Conteve um rosnado antes de virar novamente para seus subordinados — Depois eu quero ver o resultado dos testes sobre a corda, pode ser que tenha alguma digital, apesar de ser improvável.

Todos assentiram, focados no que o chefe diria — Hoje eu conversei com os pais do último ômega atacado, não havia nada fora do comum, ele não tinha inimizade com ninguém, era um bom garoto, trabalhava e estudava — Suspirou — Baekhyun conte o que descobriu.

— Enquanto o chefinho descobria sobre a vida e costumes dele, eu refiz os passos dele na faculdade, também descobri que ele foi sequestrado em um beco em Incheon, a caminho de casa. Sem câmeras, escuro. Provavelmente depois foi levado para algum lugar onde foi torturado, morto e estuprado… — Suspirou — O corpo foi movido para o galpão em Seul, para despistar o local real onde o crime aconteceu — Baekhyun continuou.

— Provavelmente o local real da morte dele deve estar entre os dois — Johnson completou, sorrindo satisfeito — Você é muito bom, Baekhyun — O ômega sorriu ladino vendo Chanyeol revirar os olhos.

— Também achamos um pingente, mas pelo visto só tem significado sentimental — O ruivo completou e o Park concordou, fechando as pastas.

— O que encontramos foi curioso — Ree começou, pegando algumas fotos de uma pasta na qual segurava e estendendo-as para o Park que as pegou com o cenho franzido — Essa é a boate Ice Devil, localizada na cidade de Anyang e pelo que investigamos, quatro dos sete ômegas assassinados já frequentaram ela.

— Isso é sério? — Ergueu as sobrancelhas encarando o restante da equipe.

— Sim, o último ômega também esteve lá, uma semana antes de ser pego.

— Como vocês conseguiram isso? — Baekhyun perguntou ao seu lado, surpreso e animado.

— Nós estávamos olhando os últimos lugares frequentados pelos ômegas, pegamos as informações no banco de dados civis, as pulseiras de identidade oferecidas pela boate foram ativadas para compras de bebidas na casa — Ree explicou — Foi quando notamos essa pequena coincidência, o mais interessante é que nenhum familiar ou amigo sabia que as vítimas haviam ido lá.

— Isso explica porque as mães do Yunsun não falaram nada — Pensou alto olhando para Baekhyun que assentiu — Há uma frequência de visitas na boate?

— Alguns como a vítima número dois: Hoseok, frequentava assiduamente, mas a vítima número 7: Yunsun, só esteve lá uma vez, pelo menos de acordo com o banco de dados de pagamentos no nome dele, é claro — Ree esclareceu.

— Que garoto sortudo… resolveu sair da linha apenas uma vez e foi pego — Smith comentou jogando o corpo para trás.

— Então, esse merdinha geralmente procura suas vítimas na boate? — Baekhyun se questionou alto, então uma lâmpada acendeu na cabeça do ômega, logo sorrindo e encarando os parceiros de equipe — Sabem o que isso significa, amigos?

Seu sorriso aumentou ao ver as expressões dos presentes acompanharem a sua, até mesmo Park, que precisava concordar com a linha de pensamento do Byun — Já sabemos por onde vamos começar esse jogo de gato e rato.

Viu seus funcionários sorrirem entusiasmados em finalmente ter uma pista boa o suficiente para investigar.

— Podem ir para casa, bom trabalho hoje — Escutou vários cumprimentos de "boa noite, chefe." enquanto apenas retribuía com um sorriso gentil, viu o detetive se levantar e o encarou com os olhos semicerrados — Você não, Byun.

— Ih, vai levar bronca, Baek — Jung brincou enquanto saía do local.

O ruivo esperou todos os outros funcionários saírem da sala, enquanto brincava com o distintivo de polícia que pendia em seu peitoral, o enrolava nos dedos e depois soltava, sempre com o sorriso de lado nos lábios — Não é o suficiente ficar o dia inteiro do meu lado, Park?

— Quer dizer que você aceita café de estranhos, detetive? — Questionou, afastando a cadeira de rodinhas da mesa. Abriu alguns botões da própria camisa preta, se ajeitando na cadeira, as pernas abertas e o tronco mais relaxado. Viu a sombra de um sorriso beirar o rosto do Byun quando ele se levantou.

— Ciúmes? — Ergueu uma das sobrancelhas vendo o alfa bufar — Ele não é um estranho — Aos poucos o ruivo se aproximava, passando os dedos pela mesa de maneira despretensiosa, o lábio preso entre os dentes quando voltou a encarar Chanyeol — Ele é um bom alfa, além do mais, ele sempre me tratou muito bem.

Ergueu a sobrancelha quando Baekhyun sentou em cima da mesa, na sua frente, as pernas levemente afastadas enquanto olhava para o chefe da polícia de maneira intensa. Se aproximou, o som da cadeira se arrastando sendo o único audível naquele espaço de trabalho — Melhor do que eu?

— Com certeza… — Baekhyun afirmou devagar, perdendo a fala quando as mãos fortes de Chanyeol o tocaram na panturrilha. — … ele sabe como ser um cavalheiro.

Deslizou os dedos pelo tecido jeans apertado até eles chegarem na parte interna das coxas grossas do Byun, encarou o rosto rubro, percebendo que o ômega suspirava — Você não pareceu reclamar sobre cavalheirismo quando nos beijamos ontem.

Apertou com certa força a carne macia, quase grunhindo ao escutar Baekhyun soltar um gemido baixo de satisfação, espalmou as mãos por toda a coxa, largando um tapa fraco na lateral, viciado no som excitante do detetive tentando se controlar para não gemer e perder parte da próprio ego.

— Ontem foi uma exceção — Byun olhou em seus olhos, sorrindo arteiro com as próprias palavras.

Balançou a cabeça com a afronta dita pelo outro, mas se sentiu muito satisfeito quando o alfa se aproximou da borda da mesa, estava enlouquecendo.

— Quantas exceções você pode me dar?

Se inclinou, segurando as panturrilhas do Byun para se apoiar, abaixou o rosto até que sua bochecha estivesse perto das coxas fartas e então, as beijou, uma por uma. Ainda no tecido jeans, mas não fazia diferença, não quando uma ereção se formava bem perto do seu rosto, não quando seu pau pulsava quente dentro da calça preta.

Baekhyun tinha uma boca suja, sim, era verdade. Ele o irritava, o desobedecia, era irônico e muito chato. No entanto, ele ainda era o seu detetive, o melhor de Seul, o mais novo, o mais emotivo, o mais sensual.

Ele era os motivos de seus dias cheios, pensava nele até nos dias de folga, ele tomou sua mente lentamente, no início eram pensamentos corriqueiros sobre o trabalho, depois sobre a irritação que sentia, depois a preocupação exagerada que ele lhe causava e por último, a excitação e o coração disparado. Havia demorado dois anos para se descontrolar e não havia mais nada que pudesse impedi-lo de se perder naquela escuridão vermelha.

— Quantas você merecer, Chanyeol — O Byun tremeu em suas mãos, diante dos seus beijos, sentiu a mão dele acariciar seu queixo e o encarou.

Os lábios vermelhos e atrativos foi a primeira cena que capturou, depois desviou para os olhos castanhos, quentes como o cabelo cor de fogo, carregados de desejo e nenhuma insegurança.

Subiu a mão para a cintura, o acariciando, se aproximaram ao mesmo tempo, ansiando por testarem mais uma vez a forma que as bocas se encaixavam, o gosto um do outro, a química que fluía perfeitamente quando suas línguas estavam embebidas de desejo. E o fariam.

Se não fosse o faxineiro abrir a porta bruscamente — Opa, foi mal. Não sabia que você ficaria aqui até tão tarde, chefe.

Não respondeu, não se afastou, não tirou as mãos das coxas fartas do Byun, tudo que queria era poder ser dono do tempo. O único a tomar uma reação entre os dois foi o próprio detetive que respondeu o senhor de idade sem desviar os olhos dos seus, ainda envolvido na tensão que os tomava — Já estávamos de saída.

Continuaram se olhando por um tempo não contado, enquanto o faxineiro já havia entrado e se encontrava recolhendo os copos sujos de cima da mesa. Baekhyun pareceu acordar para a realidade, quando ouviu o barulho do homem mais próximo de ambos, empurrando a sua cadeira com os pés e descendo de cima da mesa.

Ele rodeou o assento, colocando as mãos nos ombros fortes do Park, abaixando-se até estar com os lábios colados no lóbulo da orelha do moreno — Você precisa descansar, chefinho. Amanhã temos uma festa para ir.

Sorriu pensando na missão do dia seguinte, obviamente, o detetive sempre estava um passo à sua frente. Sabia como ele havia deduzido que iriam para a boate no dia seguinte, não perguntaria pois já podia imaginar que receberia a resposta de sempre, intuição.

Um beijo singelo foi deixado no espaço desnudo de seu pescoço, segundos depois, ele se afastou. Ouviu o "boa noite" educado que ele deu para o senhor que limpava a sala e depois a porta bateu.

Respirou fundo mais uma vez, sentindo seu coração bater freneticamente, seu lobo animado com a expectativa de ver um Byun disfarçado no dia seguinte, seria a primeira vez que participariam de uma missão de reconhecimento juntos.

— Boa noite, Sr. Kim — Desejou enquanto sorria para o faxineiro que já trabalhava na delegacia há mais de dez anos.

Dirigiu automaticamente para casa, olhando a calmaria das ruas de Seul naquele horário, desejando em seu íntimo que pudesse se tornar ainda melhor para que sempre fosse assim, para que ninguém mais pudesse fazer mal a pessoas boas como Yusun, o vingaria, com toda a certeza.

 

 

A música clássica tocava ao fundo, fazendo com que relaxasse enquanto trabalhava minuciosamente com seus brinquedos. Terminava de lavar as tesouras e facas com o maior cuidado do mundo, nem mesmo resmungou quando um pequeno corte foi feito em seu dedo. Sorriu levando o sangue até os lábios e o sugando, achava incrível a afiação de seus instrumentos, a forma como alguém que se considera tão resistente pode ser feito em pedaços em apenas segundos.

Os estendeu sobre a bancada, enxugando com cuidado cada parte metálica que brilhava sob a luz. Deixou-as organizadas por favoritismo, por onde mais gostava de começar a sua brincadeira, guiou-se até a sacada abrindo a persiana e olhando a lua resplandecente no céu iluminado.

Era uma noite calma, com poucas nuvens e boa visibilidade, seu preferido provavelmente estaria em casa, dormindo em um sono profundo, alheio aos seus desejos tão reais.

O queria para si, apenas para si. Contudo, ele era inalcançável, por enquanto.

Teria que se contentar em preencher o seu grande vazio com lobos pequenos, os dias de caça estavam chegando e em seu jogo, o caçador sempre vencia.


Notas Finais


O capítulo 3 sairá em 15 dias! Dia 18/02; Loh está viajando então postaremos quando ela voltar.

Gostaram do capítulo? Já desconfiam de alguém? Comentem tudo postando no twitter usando #D614fanfic , queremos mesmo estar por dentro da suas teorias rs

Até o próximo!


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