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História Delicada - O tal desejo


Escrita por: Azumy_18

Capítulo 54 - O tal desejo


Fanfic / Fanfiction Delicada - O tal desejo

[...] Aquele dia estava cada vez melhor [...]
                                                               Anna

Eu nem vi o tempo passar, já estava tudo escuro, Stuart foi embora há meia hora, e a ultima pessoa estava indo agora, só faltava eu. Suspirei de cansaço, minhas costas estavam doendo de tanto está sentada, pelo menos hoje eu não teria ensaio de balé, iria direto para minha casa e para minha adorável cama. Desliguei meu computador e peguei minha bolsa na gaveta. Involuntariamente eu olhei para o lado, para o escritório de Gabe, e a luz passava por debaixo da porta, ele ainda estava trabalhando. É melhor eu ir embora antes que ele descubra que estamos sozinhos no andar. Eu apressei o passo para o elevador e apertei o botão. Não tinha tanta gente no prédio, por que estava demorando tanto? De repente escutei uma porta se fechando, todo meu corpo ficou eletrificado. Droga. Apertei incessantemente o botão:
- Vamos! Vamos! Vamos! – Eu estava começando a ficar apreensiva. Por favor, suba logo. Esse prédio tinha que ser tão alto?! Eu senti sua mão arrastando sobre meu quadril, prendi a respiração e seu toque me enviou choques de prazer.
- Anna – Seu nariz fuçou meu cabelo inalando seu cheiro.
- Não... Gabe... – Com uma suave pressão eu recostei minha costa em seu peito. Minhas mãos estavam tremendo, minha bolsa ameaçava cair no chão. Sua boca tocou a pele sensível do meu pescoço, me fazendo fechar os olhos.
- Eu sinto sua falta – Sussurrou perto do meu ouvido. Segurei sua mão sobre minha cintura com a intenção de tira- La dali, mas simplesmente não fiz nada, deixei ali, incapaz de me mover.
- Por favor, Gabe... Eu quero ir... Embora – Seus lábios continuaram com sua tortura e eu podia sentir que estava fraquejando. Sua outra mão arrastou sobre meu rosto e o virou lentamente para o lado, logo senti seu beijo em minha bochecha e no canto da minha boca. – Gabe – Saiu como um sussurro quase inaudível.
- Eu sinto tanto a sua falta princesa – Seu perfume estava me inebriando. Meu Deus, como eu amava esse homem. Meu corpo foi virando sozinho. Traidor. Eu queria resistir, mas assim que vi seus intensos olhos azuis mandei tudo para os ares. Minha bolsa caiu e sua boca se encaixou a minha. Ele me prendeu contra seu peito musculoso e intensificou o beijo, sua língua pediu passagem ultrapassando a barreira dos meus dentes e se enroscando a minha, quente e ávida por seu contato. Minhas pernas estavam bambas, me agarrei em seus ombros para não cair, seu braço em volta de mim ficou mais firme.
- Gabe... O que... Está... Fazendo? – Mal conseguia falar com seus lábios pressionados contra o meus.
- Ferindo um pouco mais meu coração – Ele me beijou como se estivesse faminto por mim, por meus toques, meus lábios, tudo. Não conseguia puxar o ar direito, estávamos nos dedicando exclusivamente a matar a saudade. Mas sua resposta não me deixou quieta, e o fato de ter respondido com tristeza, me desanimou ainda mais.
- Espera... – Eu afastei minha boca e toquei seus lábios para que não avançasse.
- Por favor, Anna.
- Se te faz tão mal, por que me beijou?
- Porque eu sei que mesmo fazendo isso você não vai voltar para mim. Te beijar é ao mesmo tempo uma tortura e um momento de paz.
- Então não devia...

- Eu devia ser mais persistente em tentar fazer você me perdoar, eu queria poder obriga- La a me aceitar de volta, mas sei que isso só pioraria as coisas, e eu sou apaixonado demais por você para fazer isso. – Ele tocou meu rosto com suavidade olhando atentamente cada traço – Eu odeio cada maldito dia em que acordo e percebo que você não está comigo, vir para a empresa pode ser estressante, mas é o único lugar em posso te ver e ate mesmo falar com você, nem que seja assunto de trabalho. – De repente o barulho da porta do elevador cortou o ar. Eu olhei para trás e não vi ninguém, ele não me deixou ir.
- Devemos ir
- Você não sente minha falta?

Eu olhei diretamente para seus olhos azuis tristonhos, abri a boca para responder, mas nada saiu, eu não conseguia formular uma resposta coerente, todo o meu corpo tremia com sua presença, eu senti cada uma das minhas terminações nervosas responder ao seu toque, meu corpo queria o Gabe, foi moldado por ele, entregue a ele e jamais aceitaria outro homem. Mas meu orgulho falava mais alto que meu coração. Lágrimas começaram a se formar em meus olhos, eu não desviei minha atenção dele e todos os meus sentimentos estavam martelando fortemente em meu peito me impedindo de respirar:
- Sinto a cada segundo
- Então por que continuamos separados?
- Você sabe muito bem, me traiu.
- Não, eu não traí –
Ele recostou sua testa na minha – Eu não teria coragem.
- Eu vi vocês dois se beijando e deitados no sofá.
- Eu tentei me afastar, mas ela me puxou e me prendeu, quando consegui me soltar você apareceu.
- Chega, eu não quero mais escutar, isso é doloroso
- Você pode fazer essa dor passar, me aceite de volta.
- Ahh... Não... Por favor, eu quero ir embora.
- Olhe para mim
- Não... –
Eu tentei empurrar seus braços, mas minha força era mínima.
- Olhe para mim – Ele tocou meu rosto e no mesmo instante parei de me debater e olhei para seus olhos – Você me quer, e eu quero você, dá para ver que essa distancia só nos machuca. Vamos dar um fim nisso, volte para mim.
- Por favor, me deixa ir – Tentei novamente empurrar seus braços - Por favor, Gabe.
Seus braços ficaram tensos e ate sua respiração mais pesada, e então me soltou:
- Tudo bem, se quiser ir, pode ir. – Ele me encarou com seriedade, e eu não entendi sua reação tão repentina. Cambaleei para trás e apertei o botão chamando o elevador – Mas tem uma coisa.
Voltei a encara- lo:
- O que?
- Quero que me mostre que não me quer mais, que não me deseja
- O que? –
Minha pergunta saiu em um sussurro surpreso.
- Demonstre que não me quer, que não pensa mais em mim, nos meus beijos, nas minhas carícias, meus toques – Aquilo era golpe baixo, eu podia sentir meu corpo reacendendo seu fogo querendo se unir ao de Gabe. Me recostei contra a parede ao lado do elevador e fiquei parada respirando pela boca ouvindo sua voz rouca, e sentindo- o mesmo sem me tocar. Ele deu um passo em minha direção e eu me afastei batendo a costa contra a parede – Diga que não quer mais meu corpo, se perder nele, sentir minhas mãos viajando por suas curvas, se perdendo entre suas pernas, fazendo sua pele se arrepiar.
Eu engoli em seco. Sim, eu quero tudo isso, tudo a que tenho direito sendo sua namorada, eu queria que ele fizesse exatamente tudo que estava me descrevendo agora, me perder em seus braços, sentir seu corpo sobre o meu, queria que fizesse muitas coisas comigo. Como eu estava sentindo falta de suas carícias, de tudo que se relaciona a ele. Eu não conseguia mais puxar ar pelo nariz, minha boca assumiu essa função, o andar era climatizado, mas eu sentia calor e gotas de suor começavam a se formar em minha testa. Quanto mais Gabe falava mais eu sentia meu corpo responder. Fechei os punhos contra a parede arranhando- a, e esse gesto não passou despercebido por ele:
- Viu só?! Nem você está aguentando. Sente tanto desejo quanto eu. Deixe eu saciar esse desejo, você sabe que somente eu posso fazer isso. – Meu peito subia e descia pesadamente, era como se eu estivesse correndo e precisasse de fôlego. De repente a porta do elevador se abriu e sem pensar me joguei para dentro ficando no canto. Que ótimo, um espaço confinador e vários andares ate chegar ao térreo. Novamente as portas se fecharam e lá estávamos os dois, eu sentia seu olhar, mas eu continuava mirando no chão. Eu estava com tanto calor, podia sentir meu rosto vermelho. Era eu ou o espaço estava ficando cada vez menor? Eu soltei o ar e comecei a me abanar usando a camisa, mas de nada adiantou, continuava quente. Olhei para a numeração dos andares no painel, e só tínhamos descido três andares. Que ótimo, o elevador parecia conspirar contra mim. Por um segundo eu me atrevi a olhar para Gabe, e seus intensos olhos azuis estavam tentando ver minha alma, seu sorriso de canto fez as borboletas em meu estômago baterem as asas loucamente. Eu abri ligeiramente a boca para tentar dizer algo, mas não tive tempo de pensar em uma palavra, Gabe se lançou para frente, agarrou minha mão e me puxou de encontro contra seu peito e sem esperar me beijou com ferocidade. Gabe enterrou uma mão por entre meus cabelos segurando minha cabeça, e a outra acariciou minhas curvas ate chegar a minha bunda. Gemi contra seus lábios quando me apertou, acho que minhas pernas estavam virando geleia, meus braços estavam presos contra nossos peitos, eu agarrava as lapelas de seu paletó como uma boia salva vidas, mas mesmo que eu quisesse não conseguiria me afastar, ele me tinha sob seu total controle. Sua língua dançava um ritmo envolvente com a minha, causando calor, contrastando com o aço frio ao qual minha costa bateu. Gabe colocou seu joelho entre minhas pernas e me ergueu deixando na ponta do pé, ou melhor, do sapato:
- Gabe... Você...
- Eu quero você Anna, estou enlouquecendo. Estamos a quase duas semanas separados, é o meu limite, eu não aguento mais ficar sem você. Princesa, volte para mim. –
Ele sugou meu ar, eu não conseguia responder, pois sua boca não desgrudava da minha, sua barba arranhava meu rosto e eu podia sentir meu descontrole cada vez maior. Eu tinha de faze- lo parar, isso não estava certo, ainda estávamos no prédio, e a qualquer momento as portas se abririam nos liberando para o mundo lá fora, mas eu não tinha força de vontade, eu estava com saudade do beijo de Gabe, da forma como me pegava, como acariciava meu corpo, mordia meu lábio e insinuava sua língua para encontrar a minha. Meu coração estava batendo tão rápido que se não fosse por nossas respirações pesadas e meus gemidos, podia ser escutado auto e bom som. Gabe parecia está me devorando, ele só me beijava tão arduamente assim quando fazíamos amor, se deixava levar por seus instintos primitivos. Eu gemi quando sua mão apertou meu quadril, era o nosso sinal para ir adiante. Arrastei minhas unhas para seu pescoço deixando uma trilha em sua pele exposta, no curto momento que se afastou para respirar, nós nos olhamos no mesmo momento, e o que vi foi todo o meu amor em uma piscina azul profunda e quis me afogar, beber toda essa paixão. – Venha comigo.
- Com você?... Eu...
De repente o som invadiu o local e as portas se abriram, e no mesmo segundo Gabe se afastou de mim como se eu estivesse pegando, o que de fato acontecia internamente. Um homem entrou, e para nossa sorte ele estava concentrado em seu celular, e não nos viu, e ainda não tínhamos chegado no térreo. Eu o conhecia, era um dos homens de confiança que trabalhavam diretamente com Ryan Lencastre. Que ótimo. Eu abaixei minha cabeça para que não visse a prova do crime em meu rosto, lábios vermelhos e inchados, rosto corado e possivelmente cabelo desgrenhado. Gabe também estava com a boca vermelha, mas sua barba cobria todo o resto da evidência, sortudo:
- Oh! Boa noite Gabe
- Boa noite Josh. Saindo tarde hoje.
- Pois é. O senhor Lencastre me deixou uma série de trabalhos para concluir.
- Como sempre o trabalho vem antes da sua vida fora daqui
- Err... É... Eu não tenho muitas coisas para fazer fora da empresa, então...
- Eu entendo.
- Oh! Me perdoe, boa noite senhorita –
Que merda, eu estava rezando para que não me notasse. Levantei a cabeça rapidamente e o cumprimentei.
- Boa noite senhor.
Novamente as portas se abriram e agora no térreo, ele abriu espaço e eu praticamente saí correndo, apenas acenei um tchau e apressei o passo. Eu precisava fugir dali o quanto antes:
- Anna espera
Não dei ouvidos e continuei andando, o ar gelado da noite resfriou meu rosto quando passei pelas portas automáticas. Tive tempo apenas de puxar ar para meus pulmões e continuar minha corrida:
- Espera, por favor.
- Não
- Que droga, pare. –
Sua voz estava muito perto, ia me alcançar, então eu parei. – Anna, nós precisamos conversar sobre o que acabou de acontecer.
Eu me virei para encara- Lo:
- Aquilo foi um erro, eu não devia ter me deixado levar assim.
- Você só deixou porque queria muito, assim como eu. –
Ele tocou meus braços – Vamos ser honestos, nós ainda nos desejamos, isso o que você sente está te consumindo, e sabe que somente eu posso saciar sua vontade, e acontece o mesmo comigo por você. Por favor, Anna chega disso, vamos esquecer o que aconteceu, queremos ficar juntos, não adianta negar, você me mostrou o quanto gosta de mim, e agora, sua pele está arrepiada apenas com meu toque.
- Eu não vou mentir, eu quero você, muito, ainda é cedo demais para esquecer esse sentimento, mas eu não consigo confiar em você.
- Então deixe que pouco a pouco eu recupere sua confiança.
- Eu não sei, ainda estou muito magoada com o que aconteceu, não sei se acreditaria em suas palavras.
- Eu nunca menti sobre meus sentimentos, nunca. O raio pode cair na minha cabeça se eu estiver mentindo
- Para Gabe... Eu... Eu vou embora. Está tarde.
- Eu te dou uma carona
- Não, eu prefiro ir a pé.
- Mas o estúdio é longe
- Hoje não tenho ensaio, vou para casa. –
Me virei para ir embora, mas ele segurou minha mão.
- Por favor, eu só vou te levar para casa, se preferir, não digo uma palavra durante todo o caminho.
- Ah... Não... Eu quero ir sozinha.
- Anna...
- Gabe eu estou confusa, eu não sei o que pensar sobre tudo isso, não quero embaralhar ainda mais minha cabeça. Eu preciso pensar em tudo isso, pois estou mais perdida do que nunca. Se eu me deixasse levar por minhas vontades eu já estaria em seus braços há muito tempo.

- Então.
- Mas e quanto ao meu orgulho? O que eu faço com ele?  Não ligo?! E ao amor próprio? Também finjo que não existe?
- Eu sei o quanto a machuquei
- Sim, machucou, bastante. Eu me senti descartada, alguém que não valia muita coisa.
- Isso não é verdade, você vale muito.
- Eu sei disso, mas naquele momento vendo você e aquela mulher agarrados no sofá, eu me senti um lixo. E eu fiz a pior de todas as comparações, que comparada a Amanda eu não passava de uma garotinha medrosa, que por não ter todos os atributos que ela tem, você foi procura- La.
- Não...
- Eu sei muito bem o tipo de mulher com quem você costuma sair. Vanessa e Sophia são os tipos ideais, lindas, exuberantes, com um corpo maravilhoso e bem esculpido. Olha só para mim, sou pequena, magra, frágil, comparada as minhas irmãs eu sou um galho fino de árvore.
- Para com isso, não se deprecie desse jeito. Você não é nada disso, você é linda, sensual, tem um corpo incrível de dar inveja às outras mulheres, eu amo você por inteira. E jamais deveria ter se comparado a Amanda, você é perfeita, é única, tão diferente dela.
- Sim, eu sei disso, ate porque se você estivesse comprometido com alguém eu jamais me aproximaria, ou daria algum tipo de sinal para que avançasse. Eu respeito quem sou e aos outros.
- Eu tenho certeza disso, e por isso você é tão especial, e eu te respeito muito. Por favor, eu só quero mais uma chance.
- Eu não sei, ainda me sinto insegura.
- Uma chance, é tudo o que eu peço.
- Eu não posso te dar uma resposta agora, eu preciso de tempo para pensar, e eu quero que me dê espaço, tudo está confuso e não to mais suportando isso.
- Eu... Tudo bem.
Eu apenas concordei com um aceno de cabeça, estava louca para chegar em casa e me enrolar na cama:
- Eu vou para casa
- Eu te levo
- Não, vou sozinha. –
Eu vi um taxi se aproximando e fiz sinal para que parasse. Não disse mais nada, apenas entrei no carro e fui embora. Eu finalmente podia respirar.

Quando entrei em casa senti o cheiro de carne assada, mas não senti fome, havia perdido todo e qualquer apetite. De repente um lindo rapaz de cabelos negros, corpo magro e atlético e com brilhantes olhos azuis veio me cumprimentar:
- Oi Anna, estávamos te esperando. – Ele me abraçou. O que era bastante incomum, já que era um habito dos brasileiros cumprimentar os outros com um abraço.
- Oi Peter, o que estão fazendo?
- Vanessa está cozinhando comida brasileira, disse que eu ia adorar.
- Ah! Vai sim, é ótima. Aposto que são comidas típicas da nossa cidade. Nosso estado é conhecido por ter um prato farto e completo.
- Eu já percebi, tem tanta comida ali que dá para dividir com o prédio.
- Há! Há! Há! Aposto que sim. –
Pendurei meu casaco e tirei os sapatos – E como estão os planos para sua viagem?
- Tudo em ordem, mas não sei como Sophia vai reagir quando chegar a hora, e isso me magoa, eu gosto dela, muito, e se o motivo dessa viagem não fosse importante eu jamais a deixaria.
- Eu entendo, e ela também. Sophi jamais pediria para você desistir, é o seu sonho.
- Eu sei disso, por isso a adoro.
- Ela tenta parecer durona, mas tem um coração mole.

- Há! Há! Você sabe melhor do que ninguém. Eu vou sentir sua falta, e das loucuras que sua irmã faz que deixa minha vida mais animada.
- Também vou sentir sua falta, Sophi se tornou mais séria com você Há! Há! É um feito histórico. –
Nós dois rimos – Eu vou tomar banho e trocar de roupa, depois me junto a vocês.
- Tudo bem
– Ele se afastou voltando para a cozinha e fui para o meu quarto. Eu gostava das reuniões em família, mas hoje, eu só queria que o dia acabasse logo. Assim que entrei vi uma caixinha de presente em cima da minha cama. O que é isso? Será que era uma data importante e eu passei batido? Sentei na cama e peguei a caixa.
- Deixaram na recepção para você – Olhei para cima e Vanessa estava na soleira da porta.
- Você sabe o que é?
- Não, é para você, então não abri.
Eu desembrulhei com curiosidade e fiquei encantada com o que vi. Era uma caixinha de música. Vanessa se aproximou para ver melhor. Eu suspendi a tampa e uma pequena bailarina levantou girando a som da música do quebra nozes:
- É a música que vou dançar na apresentação.
- É linda. Quem te mandou?
- Eu não sei – Virei a caixa e procurei entre o embrulho algum cartão ou dedicatória, mas não tinha nada – Não tem nome. Aqui só diz “Para Anna Lonergan”.
- Hmm! É um admirador
- Não seja boba, talvez seja do estúdio, alguém de lá, madame Celine quem sabe.
- Pode ser. Venha, tome banho e vá para a cozinha para jantar.
- Tá – Respondi ainda olhando para a caixinha de música. Minha irmã saiu do quarto e levantei a tampa, novamente a bailarina ficou de pé e começou a girar. Era um presente lindo e simbólico. Quem me mandou?

                                                                                          Gabe

Eu tinha que parar com o hábito de beber todas as noites, logo se tornaria um vício, por sorte Will me impedia de terminar uma garrafa e me mandava ir para o quarto como se eu fosse uma criança e ele meu pai. Eu fazia de tudo para esquecer minha dor e falta que Anna me fazia. Essa situação tinha de acabar, eu precisava te- La de volta na minha vida.
Quando cheguei a Lencastre fui direto para o último andar, precisava conversar com Ryan. Sua secretária já estava me esperando, então fui direto para sua sala. Dei duas batidas e entrei:
- Ryan?
- Oh! Bom dia Gabe, entre.
- Bom dia – Entrei e fechei a porta. Andei ate a cadeira em frente a sua mesa e sentei – O que houve ontem? Você disse que queria falar comigo, mas quando cheguei aqui sua secretária avisou que tinha saído. Até o Will me acompanhou.
- Arg! Desculpe, tive um imprevisto de ultima hora, não deu tempo de avisar a você.
- Tudo bem, mas o que queria falar? – Ele me explicou sobre um novo projeto que apareceu, um serviço que outra empresa estava pedindo a Lencastre, o de sempre, uma perspectiva, novas ideias, custos, etc. Eu dei minha opinião sobre alguns pontos, e li rapidamente o que estava escrito no documento.
- Você não parece muito bem meu amigo, o que aconteceu?
- Hunf! Qual o motivo da minha tristeza há dias?
- Anna – Ele respondeu com um sorriso irônico. – O que houve? Brigaram de novo?
- Não diria que foi uma briga, foi mais um ato desesperado da minha parte de tentar mostrar a ela que ainda me quer.
- Nossa.
- Eu estou ficando sem soluções, não sei mais o que fazer, por uns minutos Anna se entrega a mim, se deixar levar, mas depois parece que o orgulho bate forte na cabeça e se distancia de mim.
- Eu entendo, também não sei o que posso dizer a você, acho que todos os truques que conheço para conquistar uma mulher eu repassei a você
- Eu sei, e obrigado. Ela me pediu tempo para pensar.
- Isso é bom, é ótimo na verdade. Significa que ela está cogitando te dar uma nova chance.
- Mas ate quando vou ter de esperar?
- Isso não tem como eu saber, mas você precisa ter paciência, nenhuma mulher gosta de ser pressionada, elas agem de acordo com os sentimentos.
- Ah! Eu estou em um estresse total, minha vida está um inferno.
- Fique calmo, logo tudo vai se resolver.
- Eu queria ter todo esse otimismo – Eu suspirei pesadamente e repassei toda a conversa que tive com Anna ontem, e não encontrei muitos pontos positivos. Eu estava sentindo uma leve dor de cabeça, precisava parar de pensar um pouco, me distrair. – Então, ainda continua sonhando com a tal mulher misteriosa?
- Sim, muito mais agora do que antes.
- Como assim?
- Há uns dias os sonhos intercalavam os dias, às vezes eu sonhava outras não, mas desde a semana passada, ou melhor, desde a sexta eu tenho sonhado frequentemente, e é mais longo, mais detalhado e expressivo. Ela conversa comigo, conta detalhes da minha vida que só eu sei, fala algumas coisas sobre a vida dela, sobre nós dois.
- Não mostrou mais nada do rosto?
- Não, continua embaçado, exceto pela boca.
- E o cabelo?
- Nada, está sempre encoberto pelo reflexo do sol, é frustrante.
- Tem ido à terapia?
- Sim, ele acha que é uma espécie de sinal, um aviso que alguém importante pode aparecer em minha vida. Também cogitou a hipótese de não ser de fato uma mulher, mas apenas a mensageira de uma boa notícia.
- E o que acha?
- Eu tenho certeza que é uma mulher, alguém de carne e osso, não é uma figura ilustrativa.
- Até eu estou curioso para saber quem é essa mulher misteriosa.
- Ah! Isso é horrível, a mulher dos meus sonhos que eu não faço ideia de quem seja.
- Há! Há! Espero que descubra logo. Oh! E por falar em mulher dos sonhos, você não sabe quem foi falar comigo ontem.
- Quem?
- A outra irmã da Anna, a Vanessa.
- Vanessa? Ela está aqui em Nova York? – Eu sabia que isso ia despertar o interesse de Ryan, ele estava louco para contrata- La.
- Sim
- E o que veio fazer aqui?
- Falar sobre a irmã, saber o meu lado da história.
- E aí?
- Ela é de fato tudo o que Anna disse, é bastante interessante, focada, educada e super inteligente. Por incrível que pareça, não me julgou nem nada, pelo contrário, ate disse que iria me ajudar a reconquistar Anna.
- Sério? Há! Há! Nossa.
- Cá entre nós, ela é belíssima, fiquei de queixo caído quando a vi.
- É tão bonita assim?
- Bonita é apelido, ela é a mistura perfeita da Anna e da Sophia. Há! Há! Há! Você tinha que ver a cara do Will, ele ficou babando, disse que estava apaixonado, não parou de falar dela.
- Caramba, agora fiquei curioso. Você não tem noção do quanto ela acrescentaria na minha equipe, pessoas com o currículo e a capacidade igual a dela são quase impossíveis de se achar.
- Eu sabia que ia ficar interessado, ontem eu ia contar, mas você saiu.
- Droga. Eu quero muito conhecer essa Vanessa, acho que aceitaria qualquer exigência que me pedisse se aceitasse trabalhar para mim.
- Há! Há! Você vai correr o risco de se apaixonar, ela é o estilo mulher fatal.
- Não, eu não me envolvo com funcionárias, sabe disso.
- Vai mudar essa regra em dois tempos se a ver. Eu estou falando ela é linda, e pelo o que percebi, não é do tipo que deixa nada para depois ou leva desaforo para casa.
- E esses são os melhores funcionários.
- Há! Há! Há! Estou avisando, você pode cair no canto da sereia.
- Ah! Qual é Gabe, eu sei muito bem separar o trabalho da vida pessoal.
- Há! Há! Há! Quem sabe não é ela a mulher dos seus sonhos. – Dei de ombros, era uma hipótese maluca, mas eu queria atormentar um pouco meu amigo.
- Hunf! Não diga besteira.
- Ué. Você não já viu a boca dela nos sonhos?! Veja se a Vanessa tem a mesma boca, já é algo para te ajudar.
- Eu... Ela... – Ele ficou sem fala. Milagre. – Não, esqueça. Eu preciso conhecer ela pessoalmente, fazer essa proposta, essa é uma chance de ouro.
- Pode falar com a Anna, talvez ajude. Mas oh, ela veio só de passagem, está voltando essa semana para o Brasil.
- Então preciso ser rápido.
- Sim. Se ela topar trabalhar aqui eu vou fazer uma aposta, quanto tempo você resisti ao charme de Vanessa Lonergan.
- Vai se ferrar Gabe.
- Há! Há! Há! As mulheres Lonergan são fatais, vai por mim, eu sou a prova viva.
- Você não tem trabalho não? Eu tenho, um monte deles.
- Há! Há! Há! Tudo bem já estou indo. – Levantei da cadeira e virei de costas – Sua mulher dos sonhos pode está tão perto.
- Tchau Gabe – Eu saí da sala rindo. Ryan nunca vai mudar, e seu trabalho ainda o matará. Eu realmente queria que essa tal mulher aparecesse, quem sabe assim ele vive um pouco além dessas paredes de vidro.  

  

 

Continua...


Notas Finais


Desculpe a demora gente, muita coisa para fazer na semana. Mas está aqui, aproveitem.

Bjsss


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