''Eu te amo''
O sol entrava no quarto enquanto Úrsula permanecia imóvel em sua cama, só percebeu que já era manhã quando bateram em sua porta.
- Ursa? Já levantou? - Valentina já entrava no quarto. Úrsula saiu de seu transe e sentou na cama olhando a amiga. - Teve algum pesadelo?
- Nem consegui dormir. - Úrsula recebeu um olhar preocupado de Valentina. - Minha cabeça ta muito cheia.
- Vamos esvaziar essa cabecinha. - Bagunçou os cabelos da amiga. - Levanta que nós já vamos.
- Já vamos? Para onde? - Indagou confusa. - Como para onde, guria? Eu te disse ontem que eu marquei uma consulta para você.
- Mas ainda com essa história! Eu não vou e ponto. - Úrsula se levantou e cruzou os braços, Valentina arqueou as sobrancelhas diante da atitude.
- Só lamento, pois você vai sim. - A menina já caminhava para a saída.
- Valentina.
- Vou dar um tempo para você se arrumar, quando eu voltar esteja pronta. - Úrsula ouviu a porta se fechando.
Ela suspirou e caminhou frustada para o banheiro, sabia que teria que ir de qualquer jeito à consulta, nem que fosse amarrada. A persistência de Valentina vencia qualquer um. Enquanto entrava no debaixo do chuveiro, se lembrou quando conheceu a amiga. Já fazia sete anos e Valentina não havia mudado em nada, continuava com o mesmo rosto bonito, o cabelo escuro e longo, a cara emburrada e a sensação de estar certa em tudo.
Quando finalmente saiu do banho, colocou a primeira roupa que viu e saiu do quarto antes que a amiga viesse lhe arrastar pelos cabelos.
- Aha! - Valentina se levantou do sofá e pegou as chaves. - Achei que você tinha morrido já tava indo arrombar a porta. - Gargalhou. - Vem, vamos.
- Ha ha ha. - Úrsula fechou a cara e seguiu a amiga.
O estômago de Úrsula estava cada vez mais embrulhado.
- Chegamos! - Uma empolgada Valentina anunciou antes de se deparar com uma enjoada Úrsula - Meu deus, você ta bem? - Olhou preocupada para a amiga.
Úrsula respirou fundo e fechou os olhos. Assim que sentiu uma mão gelada em seu rosto, seu coração começou a palpitar.
- Ursa? - Quando abriu os olhos, ela encontrou os grandes olhos castanhos de sua amiga à encarando preocupada.
- Vou ficar bem, vamos.
''Eu nunca vou esquecer o que ele fez'' pensava Úrsula. O futuro que queria construir com Arthur foram destruídos quando ela soube dos assassinatos. Desejava que tudo fosse um pesadelo, um dos seus malditos pesadelos.
- Vai ficar tudo bem. - Valentina ofereceu sua mão que Úrsula prontamente aceitou.
Seus pesadelos eram sempre iguais, eram lembranças destorcidas do dia em que descobriu o autor dos assassinatos de suas colegas de classe. A diferença entre o real e o pesadelo era Arthur aparecer em sua casa contando como faria de Úrsula sua próxima vítima. Era isso todos os dias por (até o momento) cinco anos.
- Como foi? - Perguntou Valentina.
- Até que foi bom, eu estou me sentindo mais leve sabe? - Ela sorriu para amiga - Obrigada.
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