Capítulo 2
Seus olhos.
Creio que não ter controle dos próprios pensamentos seja demasiado torturante. Tome como exemplo a mim mesma, pobre coitada que revirava na cama com o travesseiro no rosto. O motivo? Era até fútil, e por isso me irritava tanto. Era um homem a razão de estar quase enlouquecendo tentando tira-lo da cabeça e aquele maldito olhar que me cativou desde a primeira vez. E como um feitiço tomou conta das minhas reações, meus sentimentos e pensamentos. Era muita petulância da minha própria cabeça não obedecer meus próprios comandos, mesmo sendo para um bem maior. Perdi meu controle que anteriormente pensei que somente eu teria. É, em menos de um segundo perdi a posição de "dona de si mesma" apenas não queria admitir, mas sabia que era verdade.
O estresse era óbvio a quem olhasse para o meu rosto, e em busca de algo que pudesse arrancar aquela pessoa da cabeça, saí do quarto com a caixa de som ligada, pronta para fazer algo que eu geralmente odiava. Pousei o som na mesa da sala, um lugar estratégico para que a melodia percorresse toda os cômodos. Após isso fui em busca dos panos e rodos.
Espalhei a água pelo andar de baixo e comecei a esfregar, a música entrava gentilmente na minha cabeça e me deixei levar pelos toques. Começando com leves movimentos na cintura, me soltei, e em minutos eu já dançava as músicas como nenhuma outra dançarina profissional. Depois de jogar a água e limpar por completo, passei o pano e fui até a cozinha. A primeira etapa estava concluída, então decidi organizar alguns copos e lavei a louça. Não iria limpar o andar superior afinal eu já estava cansada o suficiente. Fui até o quarto e me deitei na cama.
Eu bem que poderia ter meu momento de paz, mas eu era uma estudante, e estudante nunca tem paz. Peguei a mochila para estudar as aulas que eu não tinha prestado atenção. Ou seja, todas. Eu havia anotado alguns temas que os professores falaram e fui estudar pela internet. Em vão
Porque diabos você não sai da minha cabeça?
Bati a testa na parede algumas vezes decepcionada. Fechei os olhos e imediatamente vi o rosto do garoto na minha cabeça.
Park, você não tem ideia do quanto eu te odeio.
Abri os olhos e decidi me entregar aos pensamentos, se eu não conseguia estudar e não tinha como evita-lo, então eu me entregaria pelo menos por uma noite. Sim, péssima ideia. Fechei os olhos e as memórias me atingiram com tudo. O olhar, o movimento dos cabelos e a nossa proximidade, se tivéssemos um pouco mais perto eu conseguiria sentir a respiração dele.
A curiosidade me tomou, porque ele me olhava daquele jeito? Teria algum problema com a minha cara ou coisa do tipo? Ou vai ver ele estava somente brincando e eu caindo igual uma boba. Mas não era possível, eu tinha virado um alvo ou algo assim? De tantas garotas, justamente eu?
Bati a mão na cabeça e tomei um susto ao ouvir a porta do meu quarto abrir, minha mãe colocou a cabeça para dentro.
-- Oi, desce para a mesa que eu trouxe pizza para a janta. -- eu concordei e quando ela fechou a porta eu me joguei no coxão e suspirei.
É, eu estou ferrada, completamente e acabada, vim em busca de paz e a única coisa que me falta aqui é isso.
Reclamando comigo mesma, eu saí do quarto e desci as escadas, não percebi o quanto eu estava com fome até sentir o cheiro da pizza. Minha mãe colocou os pratos na mesa junto com os talheres e se sentou.
-- Sério que você achou um lugar aqui que vendia pizza? Eu achava que as cidades pequenas não tinham isso. -- abri a caixa de pizza e comecei a cortar um pedaço.
--Não era para ter na verdade, mas aqui tem. Creio que seja pelos alunosd. -- deu de ombros e quando eu terminei de pegar o meu pedaço, ela começou a cortar o dela. Dei uma boa garfada e me senti até mais relaxada.
-- Uau, mãe está uma delícia. -- dei outra garfada e a mulher riu.
-- Vai com calma.
Uns minutos mais tarde, quando eu tinha acabado de comer e tinha tido uma conversa saudável com a minha mãe, eu fui para o quarto. Liguei o celular e me deparei com algumas mensagens dos meus antigos amigos da cidade. De certa forma eu já me sentia afastada deles, como se não fosse mais ter contato com eles. Deixei o celular de lado, as mensagens subindo pela tela a medida que eu as ignorava.
Bem, como eu podia descrever o resto da semana? Foram todas um puro tédio, tirando os momentos em que eu via o Jimin.
Isso só deixava claro o buraco que eu estava, já que nada mais era tão interessante quanto ele. Eu tentava não trocar olhares mas era complicado resistir. Acabava que eu o via me encarando tanto nas aulas como nos corredores e refeitório, ou quando ele mesmo me pegava o admirando. Esses momentos eram meio constrangedores e eu desviava os olhos por instinto, porém não importa. Eu sempre acabava por trocar longos olhares com ele por algum momento. Acabei descobrindo que esse era o meu passa tempo favorito, por mais bizarro que seja.
Quanto ao grupo, eles estavam se soltando mais, sorriam entre si, olhavam mais ao redor, davam risadas de vez em quando, mas isso só entre eles. Já perdi a conta de quantas meninas tentaram chegar em pelo menos um deles para conseguir o número de telefone, todas as tentativas foram falhas. Até mesmo os garotos tentavam uma abordagem, talvez em um objetivo de fazer parte daquele grupo que ninguém tinha contato, mas assim como as meninas, eles não tiveram sucesso. Eu passei o final de semana inteiro com ele na cabeça, como se fosse novidade já que eu não fico um minuto sequer sem pensar naquela criatura.
Devo admitir que aquilo era... preocupante. Apesar das piadas, eu estava realmente preocupada. Não sei dizer, ele parecia me puxar para ele como um ímã. A sensação de dejavu a cada olhar, as borboletas no estômago. Era literalmente uma sensação descrita apenas em livros, aquelas que acontecem uma vez na vida e nunca mais. Eu literalmente sentia que o conhecia, mas também tinha certeza que nunca o havia visto. Eu saberia se tivesse. Cada olhar dava uma sensação confortável, mas ao mesmo tempo uma sensação de aviso pairava na minha mente, como se ele e todos os sentimentos que ele provocava eram perigosos. Extremamente perigosos. Um caminho sem saída. Uma queda iminente. O completo caos. O pecado.
A semana tinha começado e todos já estavam almejando o final do ano. A rotina dos trabalhos nos atingiu com tudo e as noites de sono passaram a ser um pouco menores e a ida a biblioteca passou a ser um hábito. Eu vivia bocejando e nem mesmo nas aulas vagas eu podia dormir, os estudos estavam me matando e nem tinha começado a terceira semana direito. Pensar nisso me fez deitar a cabeça na mesa e tentar cochilar nem que seja por cinco minutos, tentativa falha já que o professor entrou na sala e começou o discurso.
-- Bom dia alunos, como se sentem hoje fazendo trabalhos individuais pela última vez no ano? -- ele bateu as duas mãos e os alunos apenas o olharam com cara de destruídos. Eu olhei para o Jimin e ele estava lindo como sempre, diferente do resto ele não tinha olheiras e nem sinal de que passava a noite sem dormir. Que diabos, porque tão perfeito? -- Uau, vocês precisam se acostumar com essa rotina. Afinal isso aqui é fichinha comparado ao mercado de trabalho. Então, como eu dizia, amanhã seria o dia em que vocês sentariam em dupla, mas eu tive uma ideia. -- eu continuava deitada em cima dos braços enquanto ele falava entusiasmado. Eu conhecia aquela expressão, era a digníssima que jogava três trabalhos para o dia seguinte. Eu odiava. -- Quero que vocês se sentem em dupla agora. -- ele sorriu de orelha a orelha e eu me levantei bruscamente. Como assim agora? Tipo, AGORA? -- Vão, vão, estão esperando o que? -- olhei para Jimin e ele olhou para mim. Puta merda, eu ia sentar com ele hoje? Eu estava esperando para que pudesse preparar o psicológico hoje para não morrer amanhã, mas parece que não vai ser assim, eu vou ter que simplesmente me virar.
-- Mas professor eu não lembro quem era minha dupla. -- um dos alunos gritou do fundo e o sorriso do professor aumentou. Eu não disse que conhecia aquela expressão de que ia ferrar com todo mundo? Pois é, era a que ele estava fazendo.
-- Ótimo, eu fiz isso justamente para mostrar a falta de responsabilidade de vocês. Eu não irei falar as duplas e cada um que não montar corretamente como é a minha lista, perderá um ponto. -- puta merda esse professor era o cão. O desespero da sala era notório enquanto eles timidamente se levantavam de suas cadeiras e trocavam de lugares uns com os outros. Olhei para Jimin e ele estava olhando para mim, antes que eu pudesse fazer qualquer sinal ele se levantou com a mochila e atravessou a sala vindo em minha direção.
Puta... porque tão bonito?
Meus olhos desceram para suas pernas marcadas pela calça preta apertada. Desviei o olhar para seus olhos para não dar tão na cara. Mas é claro que ele percebeu, a porra do sorriso me deixou claro que ele tinha percebido. Um simples ato que fez meu coração esquecer qual era a sua função, minha cabeça então nem se fala, eu nem sabia o que se passava dentro dela e tinha desistido de tentar entender.
Quando ele puxou a cadeira do meu lado e se sentou, eu mantive meu olhar no quadro, mas sentir o seu perfume de novo era uma tortura para mim. Ah sim, ele tinha uma aura completamente cativante. Não sei como explicar, mas era diferente.
Ele não havia falado nada e quando a sala finalmente se manteve quieta o professor começou a falar as duplas e ver se era mesmo a correta, posso dizer que quase metade da sala errou suas duplas, e muitos pontinhos foram tirados.
O professor deu início a aula de verdade e eu não conseguia me concentrar, Jimin estava literalmente me prendendo contra a parede e o seu perfume fazia um trabalho impecável fodendo meu psicológico. Respirei fundo e senti me acalmar, mas senti a perna do Park tocar a minha rapidamente, abri os olhos e olhei para ele assustada. Ele continuava sério, seus olhos grudados no quadro. Ele estava gostando de me provocar, eu sabia disso. Nem cinco minutos depois ele repetiu o ato, encostando a coxa na minha e mantendo o contato por alguns segundos, o pior é que eu não tinha como fugir, estava colada na parede e não podia me mecher. Meu corpo reagiu a esses movimentos, o calor me invadiu e o coração acelerou mais do que devia, senti meus pelinhos se arrepiarem e um suor frio descer pela minha espinha.
Acaba logo essa merda de horário por favor.
Foi aí que eu pensei, ele me desestabiliza com a porra de um toque. Um toque.
Na minha cabeça eu tentava me concentrar, mas era difícil, difícil até demais. Eu passaria todos os dias assim com Park Jimin? Eu ia me formar como? Não ia conseguir prestar atenção em nada.
Quando o sinal bateu eu quase gritei de alívio e pude observar um sorriso travesso nos lábios do garoto quando ele se virou para mim, a poucos centímetros de distância.
Travei, esqueci como respirava, meu corpo estava literalmente dando tela azul, nem sei como meu coração aguentava aquele sorriso e não tinha parado de bater ainda. Ele desviou os olhos sem trocarmos uma palavra e se levantou. Eu estava de boca aberta, esse garoto era perfeito em todos os cantos não é possível.
Me levantei com dificuldade já que a minha perna tremia e me apressei para sair da sala. Eu não estava bem mesmo. Fui até o banheiro feminino desviando das pessoas, estava um pouco cheio, mas mesmo assim eu consegui chegar até a pia, joguei um pouco de água no rosto e me olhei no espelho, passei a mão molhada pelo pescoço para controlar o aumento de temperatura que ele havia causado e suspirei. Cara...eu não sei se sobrevivo até o final do ano assim, na verdade eu não sei nem se chego nas férias de julho.
Jogo baixo. Mal começou o dia e eu já estava praticamente morrendo.
Saí do banheiro e olhei minha tabela de horários, minha aula seria a tal secundária que ficava no último andar. Um problema nessa faculdade é que não tem uma sala específica para cada aula, elas vão trocando várias vezes e as chances de se perder são altas. Comecei a subir os lances de escadas junto com alguns alunos. Sinceramente se até o final do ano eu não estiver com as pernas tunadas eu nem venho mais, essas escadas matam qualquer um. Entrei na minha sala e sentei no auditório, alguns minutos depois a professora entrou. Não tinha tantos alunos como na primeira aula.
-- Bom dia alunos, sem muita falação vamos direto aos assuntos. -- ela foi até a caixinha e colocou a mão dentro, tirando um papel dobrado, em seguida ela abriu e leu em voz alta. -- "A falta de Harry Potter na Netflix" -- quando ela terminou de ler os alunos começaram a rir incluindo eu. -- Bem, eu não especifiquei se podia ser assuntos sérios ou não, então, alguém quer dar sua opinião sobre isso? -- alguns alunos levantaram as mãos e o debate começou.
Depois da aula acabar, saí da sala e fui ver minha tabela de horários encostada na parede, quando estava prestes a caminhar meu telefone começou a vibrar na minha cintura, era uma ligação da minha mãe.
-- Oi mãe, aconteceu alguma coisa? -- tampei o outro ouvido, pois estava no meio da multidão.
-- Oi filha, está tudo bem? -- me respondeu com outra pergunta.
-- Sim mãe, porque me ligou? -- aumentei o volume da ligação já que estava difícil de escutar.
-- Ah, nada, era só pra ver como você estava. -- aquilo era um pouco estranho, ela não era do tipo de ligar preocupada como estava fazendo nesse momento.
-- Eu estou bem, acabei de sair de uma aula é já estou indo para outra agora. -- o corredor começou a esvaziar e eu tinha uma chance de chegar atrasada.
-- Certo, quando chegar em casa coloca o frango para descongelar que eu vou fazer. -- eu concordei e quando ia desligar ela falou de novo.
-- Mas... está tudo bem mesmo? -- com certeza algo tinha acontecido.
-- Sim mãe, aconteceu alguma coisa que eu não estou sabendo? -- ela se calou por uns segundos e eu olhei ao redor, já não tinha quase ninguém no corredor. Odiava chegar atrasada na sala, eu não tinha opção de escolher acento.
-- Não filha, só me preocupo com você, vou parar de te atrasar. -- sem que eu respondesse ela desligou a ligação. Certo, algo tinha acontecido e eu ia descobrir, mas depois, pois agora eu tinha que chegar na minha aula.
Guardei o celular e saí correndo, além da minha aula ser quase no outro prédio, era quase no último andar. Quando estava descendo as escadas para o térreo, meu pé escapou de um degrau. A queda era grande e eu já me preparei para as fraturas que teria. Fechei os olhos esperando a queda, mas tudo que senti foram duas mãos me agarrando pela cintura e interrompendo meu corpo de ir ao chão. Antes que eu pudesse me soltar daqueles braços, senti o corpo atrás de mim se colar ao meu e os pelinhos da nuca se arrepiarem com a respiração na minha orelha.
-- Cuidado, as escadas são traiçoeiras. --a voz sussurrada e calma no meu ouvido, eu conhecia aquela maldita voz. Quatro mil alunos e porque justamente ele? Fechei os olhos com força e não consegui falar mais nada.
Ele riu nasalado na minha orelha e meu corpo reagiu de forma intensa, meu coração batia como um louco e eu rezava para que ele não pudesse escutar. Eu esperava que ele me soltasse, e me deixasse rolar escada a baixo, mas isso não aconteceu, na verdade ele me virou para ele e eu encontrei aquele belo par de olhos escuros encarando os meus, ele me prensou na parede e colou nossos corpos de novo.
-- Temos um assunto a falar que não passa de hoje. -- seu hálito quente bateu no meu rosto, tinha cheiro de menta, uma das mãos subiu para a minha nuca e agarrou meus cabelos.
-- Eu estou atrasada... -- saiu mais como um sussurro, eu nem sabia onde tinha arranjado voz para isso.
-- Eu também, e não me importo. -- ele sorriu de lado e eu com as minhas últimas forças, espalmei as mãos no seu peito e o empurrei um pouco, ele estava me sufocando estando perto demais e eu não resistiria se ele continuasse perto daquele jeito.
-- Eu me importo. -- ele olhou para as minhas mãos e depois para mim, levantou sua destra e fez um carinho leve com os dedos na minha bochecha, enquanto sua outra mão descia dos meus cabelos até a minha cintura .-- Por favor, vamos conversar em alguma aula vaga, estamos no meio da escada qualquer pessoa pode nos ver aqui... -- ele moveu os dedos da minha bochecha e colocou o dedão sobre os meus lábios.
-- Tem medo que alguém nos veja? Ou será que esta com medo de mim? -- ele começou a contornar meus lábios com o dedo enquanto mantinha os olhos vidrados na minha boca, meu corpo reagia e esquentava cada vez mais. -- Ou medo do que eu possa fazer e você não conseguir resistir, talvez. -- ele se pressionou contra mim ignorando a força que eu colocava nas mãos para nos afastar.
-- Por favor... -- eu estava quase implorando e percebi um sorriso maldoso em seus lábios.
Quanta humilhação.
-- Eu nem fiz nada... -- ele quebrou a distância ainda mais entre nós e eu tentei recuar, quase atravessando a parede, senti seu hálito quente na minha orelha. -- Ainda.
--Não.
--Porque não? O seu corpo diz sim. -- ele subiu o olhar para mim e os manteve colado ao meu. -- Porque você continua resistindo? -- eu o empurrei de novo e o afastei minimamente.
-- Não estamos aqui pra isso, você disse que tinha um assunto, e se for esse, eu não tenho o mínimo interesse. -- recuperei a força na voz e tirei as mãos da minha cintura.
-- Ah sim, me distrai .-- ele sorriu provocativo. -- Sobre isso, tem algum problema comigo? -- ele cruzou os braços quando se distanciou e eu semicerrei os olhos.
-- Como assim? -- eu tentava usar aquele tempo para me recompor, mas eu ainda podia sentir os seus toques. Estava quente, muito quente.
-- Você está sempre me observando, diretamente e por canto de olho, por quê? -- quase engasguei, ele percebeu meus olhares que eu acreditava sererem furtivos. Como alguém reagia ao ser descoberta?
Quer dizer, eu sabia que a gente trocava olhares e era meio óbvio, mas eu não espera que ele fosse me abordar dessa maneira, tão na cara dura e ainda me prensando na parede infernal.
-- Você deve ter se enganado. -- ele sorriu e olhou para o lado fazendo sinal negativo com a cabeça, enquanto isso eu pensava numa desculpa até ele voltar a me encarar com um olhar fatal, uma mistura de sensualidade e provocação.
-- Eu vi, Felira, não tente me fazer de bobo. -- ele colocou as duas mãos na parede e me prendeu, a respiração que eu tanto lutei para controlar voltou a ficar acelerada novamente.
-- Ah... É que eu estava reparando como o rosto dos asiáticos são diferentes...
...
...
Uau.
Essa foi a sua melhor resposta Felira, além de gaguejar?
Ele colou nossos corpos de novo e aprofundou o nosso olhar.
-- E não quer saber como é o gosto de um? -- ele passou uma mão pela minha nuca e penetrou os dedos entre os fios do meu cabelo, apertando levemente.
-- Ah.... é.... -- não consegui falar nada perante aquela provocação, seu rosto se aproximou novamente do meu. Desviei a poucos centímetros do seu lábio e ele sussurrou em minha orelha.
-- Não quer saber como é a sensação de ser tocada por um? -- sua outra mão passou a apertar minha cintura de maneira gostosa e eu suspirei. -- A sensação de ser beijada... -- seus lábios pressionaram minha pele abaixo da orelha, eu podia sentir o calor do seu corpo colado ao meu. -- De sentir o gosto da minha boca... -- sua voz rouca e baixa me fazia arrepiar, ele passou a língua pelo meu pescoço e eu encolhi involutariamente. Ele riu baixinho no meu pescoço reparando as minhas reações.
Isso é demais para mim.
-- Jimin, é melhor não. -- minha voz falhou no meio da frase e o resto saiu como um cochicho.
-- Porque você continua resistindo? -- ele voltou a olhar nos meus olhos. -- se fosse qualquer outra garota daqui ja estaríamos nos beijando ou quem sabe a caminho do armário de vassouras. -- ele sorriu brincalhão e eu me irritei.
Ele acabou de me comparar com as alunas dessa faculdade?
Eu aproveitei a chance e o empurrei de novo, dessa vez mais forte, ato que o fez dar alguns passos para trás.
-- Escuta aqui, eu não sou como as vadias daqui, e se você acha que eu vou cair nesse seu joguinho pode desistir agora mesmo. -- eu coloquei as mãos na cintura e pronunciei raivosa. -- Você pensa que tem qualquer garota em suas mãos e isso te tornou um completo idiota. Você sabe que é bonito e usa isso ao seu favor, você se aproveita, as usa e quando cansa joga fora. -- quando terminei de falar ele abaixou os olhos e começou a rir. -- Qual a graça? -- eu tentava me manter não afetada por ele.
-- Você acha mesmo que eu sou um cafajeste. -- ele olhou para mim denovo e eu me manti atenta a qualquer movimento, se ele tentasse outra aproximação eu fugiria. Não conseguiria resistir a outra provocação.
-- Estou errada? -- levantei uma sobrancelha e cruzei os braços. -- ele parou para pensar um minuto.
-- Sim, está. Porque você acha que é só mais um "joguinho" para mim? -- ele fez aspas com os dedos e deu um passo a frente, eu desci um degrau me afastando.
-- Não está óbvio? Primeiramente eu não sou nem de longe a garota mais bonita e atraente daqui. Segundamente não tem razão para você querer de uma hora para a outra me agarrar. E terceiramente para fechar, tem outras garotas muito mais bonitas que estão caidinhas por você. Meu resultado final? Eu sou algum tipo de desafio ou joguinho para você. -- ele me olhava sorrindo e balançando a cabeça com as mãos na cintura.
-- Mas nenhuma delas tem o que você tem.
Uma frase.
Uma maldita frase que derrubou toda a barreira de segurança que eu tinha feito.
-- Por favor, eu tenho mais o que fazer do que escutar frases gravadas. -- comecei a descer as escadas, eu tinha quase certeza que ele ia me puxar e já estava me preparando para uma fulga, mas tudo o que aconteceu foi ele falando nas escadas para que eu pudesse ouvir.
-- O nosso assunto ainda não acabou, Felira. -- o jeito como sua voz mudou sensualmente para falar meu nome me fez arrepiar até o último pelo, não respondi e continuei andando.
Quando sai do prédio passei a mão pelos cabelos e suspirei. Senti um enorme peso saindo das minhas costas, como se algo muito pesado se agarrasse em minha carne. Jimin era absolutamente bizarro.
Eu não consegui explicar o que eu sentia na hora, mas foi terrivelmente prazeroso. Uma sensação familiar, estranhamente familiar. Era como se eu soubesse do perigo, e ainda escolhesse arriscar.
Eu esfreguei as mãos e tentei me concentrar em outra coisa, em uma desculpa pelo atraso caso precisasse. Já ouvi falar de professores que mesmo na faculdade exigiam um motivo de atraso válido para que os alunos tivessem a permissão de assitir a aula.
Meu senhor dai-me forças para continuar resistindo.
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