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História Democracia e Capitalismo - Vol. 1


Escrita por: pcydreams

Notas do Autor


Primeiramente, #ForaTemer!
Lá vem ela, a comuninha melo fazendo suas apologias, pois é, eu não resisto miesmo!
Agradeço primeiramente a Karl Marx, Friedrich Engels e a todos os sociologos que me ajudaram a desenvolver essa fanfic, inclusive até mesmo meus professores de sociologia que estão sempre debatendo esses assuntos de grande importância na sala de aula. Confesso que a questão da revolução estudantil se baseia muito na conjuntora atual do país, inclusive algo que eu vivo no Campus em que estudo que aliás, está a um passo de ocupar.
Dou os devidos créditos ao Movimento por uma alternativa independente e socialista (MAIS) afinal eu baseei o manifesto da Yixing no manifesto deles, e quero lembrar de que eu super estou aderindo ao movimento, beijão pra vocês socialistas e revolucionários
Deixei a fanfic com aquele ar de "O que será que aconteceu?" pois como vocês que me acompanham sabem, eu amo matar a mim mesma para que vocês criem seus próprios finais <3
Perdão pelos erros ortográficos, não tive tempo suficiente para enviar para Marina ~não silva~ betar :(
Boa leitura!

Capítulo 1 - Vol. 1


A respiração dela estava descompassada, não era a primeira vez que a polícia invadia o colégio e começava a vasculhar as roupas e mochilas dos alunos, quilo acontecia uma vez por mês e já fazia parte da rotina de todos que viviam nos Estados Unidos em pleno 2020, especialmente na capital, Nova Iorque, que era o polo do governo extremamente capitalista e opressor que estava constantemente impondo ordens sem sentido e retirando cada vez mais direitos. Zhang Yixing era o nome dela, a garota magra de cabelos negros e curtos, cujo as curvas ainda demoravam a aparecer diferente das outras meninas, ela tremia na fila enorme cheia de meninos, encarando os policiais com medo visível, não que ela tivesse medo daqueles homens gigantes que tiram rostos grosseiros e vozes assustadoramente grossas, na verdade ela tinha medo do que poderia acontecer a ela caso descobrissem seu segredo, mesmo depois de anos guardando-o, ela ainda sentia aquela velha agonia e temor, era assim todo mês.

O homem alto e robusto a encarou com uma expressão confusa, logo gritou para que o diretor se aproximasse, o homem baixinho de pele morena atendeu o policial imediatamente, ele parecia sentir tanto medo quanto Yixing sentia naquele momento.

—O-O que desejas, senhor? —Gaguejou o homem, temendo o mais alto. —Algum problema?

—O que essa garota faz aqui junto aos rapazes? Tu estás a brincar comigo? —Berrou grosseiramente enquanto apontava o indicador para Yixing como se ela fosse um objeto qualquer.

—Mas senhor.... Devo alertá-lo de que esta jovem, é um rapaz...—murmurou fitando Yixing com uma expressão de medo escondida com um falso sorriso no qual os cantos da boca tremiam.

—Um rapaz? Não brinque comigo homem! —Agarrou o mais velho pela gola da camisa branca que possuía um broche do governo de cor rubra – a cor dos inferiores – e agarrou a folha com o registro estudantil de Yixing, surpreendendo-se ao ver a letra “M” na área que indicava o sexo. —Oh, então és um rapaz? Ridículo, deve ser um daqueles travestidos desprezíveis, dá-me tua mochila.

Yixing engoliu seco e entregou a mochila ao homem, sentia ódio daquele que havia a ofendido de forma tão grosseira e odiosa, ela já estava farta de tais humilhações á muito tempo, afinal ninguém tinha o direito de ofende-la pode ser transexual, não havia nada de errado em ser uma mulher trans, mas para aquela sociedade capitalista e antidemocrática as diferenças eram inaceitáveis. Assim que o homem terminou de vasculhar a mochila de Yixing ele devolveu-a, e a garota tomou seu caminho de volta à sala de aula que estava vazia por conta da intervenção policial, ela suspirou aliviada e abriu a mochila listrada com cuidado, abriu um compartimento secreto que ficava entre o forro da mochila e o tecido estampado, olhando para os lados para ter certeza de que estava sozinha de fato. Ela suspirou ao encontrar o livro meio velho e amassado, no qual haviam alguns rasgos na capa dura coberta por um tecido áspero e vermelho e no centro da capa havia um símbolo dourado, um machado e uma foice cruzados, era o símbolo dos comunistas.

Se alguém pegasse Yixing lendo aquilo, ela com certeza seria presa e condenada à morte, mas caso tivessem piedade, ela seria apenas exilada em algum lugar gelado como o Alasca, que ainda assim terminaria em morte certa. Qualquer alusão ao comunismo e seus derivados seria eliminada de vez, milhões de homens e mulheres foram mortos por defender a ideologia anticapitalista que ia totalmente contra aquele governo terrível no qual todos temiam, milhares de adolescentes presos considerados “rebeldes” por desacreditarem da existência de democracia em todas aquelas leis fascistas que iam contra todo e qualquer direito humano, foi nisso que os Estados Unidos da América se tornou após Donald Trump assumir o poder e se rebelar contra a ONU, o país beneficiava homens ricos, brancos, cisgênero e heterossexuais, enquanto aqueles cujo a cor da pele, a sexualidade e o gênero não eram considerados “padrão” sofriam com o preconceito e a perseguição em massa, era uma loucura sem fim.

Yixing abriu o livro de capa vermelha e suspirou aliviada, logo foi de encontro a uma fita de mesma cor que marcava a página na qual ela havia parado, faziam mais ou menos dois meses desde que ela havia encontrado o livro em meio a teses de doutorado esquecidas de sua mãe, da época em que mulheres ainda poderiam estudar tranquilamente sem serem julgadas, o livro estava coberto por poeira e teias de aranha, amassado e rasgado, Yixing teve que tomar muito cuidado ao limpá-lo para que não fosse muito danificado. Ela ficou assustada quando viu o símbolo dourado na capa, durante toda sua adolescência ela foi ensinada na escola que aquele símbolo era maligno e representava algo muito ruim, algo que jamais foi explicado claramente para si, mas ao ler o primeiro parágrafo, a vida dela mudou. O livro tratava de equidade de direitos, sociedade sem classes e falava da importância das mulheres e dos trabalhadores (proletariado) para a sociedade, era um livro mágico para ela, um livro que fez com que ela percebesse que não era o fim do mundo, e que as coisas poderiam melhorar.

—“Os comunistas não formam um partido à parte, oposto aos outros partidos operários. Não têm interesses que os separem do proletariado em geral. Não proclamam princípios particulares, segundo os quais pretenderiam modelar o movimento operário. ” —Leu o texto, falando baixo como se estivesse sussurrando, preferia evitar que suas palavras fossem ouvidas pelos outros, porém seu maior desejo era berra-las para todo país, anunciando para os negros e negras, pobres, trabalhadores e mulheres que tudo iria se resolver. —Eles não querem o bem de ninguém, eles odeiam todos nós, estão sempre impondo seu poder por causa da cor, da classe social e do gênero, não enxergam nada além do dinheiro. —Murmurou entristecida, abraçou o livro contra o peito e fechou os olhos, tentando imaginar um mundo no qual seria aceita, no qual todos seriam aceitos.

Yixing não notou o barulho da porta, não ouviu os passos nem sentiu quando o rapaz mais baixo de cabelos bagunçados e corpo magro se aproximou, ela só notou a presença dele quando escutou berros do mesmo e alguns chiados que aparentavam vir de algum celular de modelo antigo cujo o volume da ligação era tão alto que poderia ser escutado do outro lado da cidade. Ela se virou devagar e com certo medo, escondeu o livro atrás de si e notou que o garoto chorava, os olhos estavam vermelhos e inchados e lágrimas molhavam seu rosto, marcando a pele clara e delicada que se assemelhava a pele de um bebê.

—Mas mãe! Ele não tem o direito de agir assim com você, ele não pode te obrigar a ficar em casa o dia inteiro, é só uma reunião da escola, porque tanta burocracia para você comparecer a uma reunião? —O rapaz estava visivelmente em um conflito de sentimentos, não sabia se estava triste ou enraivecido por conta do tal problema da mãe para poder sair de casa, Yixing pensou em falar algo mas decidiu ficar quieta até ele desligar, ela não gostava de ver pessoas sofrendo ao seu redor. —Aish, droga, tudo bem, nos vemos depois.

Assim que ele desligou, ela hesitou em se aproximar do mesmo, pousou a mão no ombro dele e limpou a garganta. —Está tudo bem? —Perguntou verdadeiramente preocupada com a situação do outro, nunca vira ninguém chorar tanto. —Você está precisando de alguma ajuda?

—Não interessa a você, deixe-me em paz apenas, não preciso da tua ajuda nem da ajuda de ninguém, estou muito bem sozinho e assim pretendo permanecer. —Respondeu grosseiramente, fazendo Yixing se afastar, afinal se tinha algo que ela detestava, era grosseria. —Volte a fazer o que estava fazendo, apenas finja que não me viu aqui. —Ele engoliu medo, aparentava desejar que não descobrissem o que se passava naquele momento, logo saiu da sala de aula, levando seu celular e sua mochila velha e esfarrapada que carregava vazia.

—Tudo bem...

BaekHyun corria em direção a casa que costumava viver quando era criança, seu desejo de finalmente ver a mãe tomava conta de si, ele estava cego pela angustia e apenas corria sem prestar atenção nos sinais de transito ou nos carros que buzinavam quando ele atravessava na hora errada, sendo quase atropelado umas três vezes durante o percurso. Assim que chegou a casa de muro alto e acinzentado, ele respirou fundo e tocou a campainha, rezando para que o pai não estivesse presente no momento, tendo suas preces atendidas quando escutou a voz baixa e suave da mãe.

—BaekHyunee? —Disse baixo, quase como um sussurro, já havia se acostumado a muito tempo com a rotina de sempre falar baixo para não incomodar o marido. —Meu bebê, pode entrar, só não faça barulho e tome cuidado para não ser visto, seu pai não está aqui, mas os cães que ele deixa por aí estão.

O garoto de cabelos bagunçados e castanhos entrou na casa, sendo guiado pela mãe, afinal o ambiente mudava constantemente por conta do pai, que era basicamente um maníaco ciumento que mantinha a mulher como sua submissa e deixava o próprio filho longe dela por causa de seu ciúme exacerbado. Eles atravessaram o jardim enorme, repleto de flores e arvores de cores fortes que a mãe mantinha como distração, a jardinagem havia se tornado uma fuga das injustiças e deveres do contrato matrimonial.

—Estão cada dia mais lindas mãe, assim como a senhora. —A mulher sorriu e abriu a porta da casa, dando espaço para que o filho entrasse. —Aliás, como a senhora está?

A mulher suspirou e fechou a porta, logo guiou o filho até o sofá que ainda era o mesmo desde sempre, ainda estava bem conservado, não havia mudado em detalhe algum. —Estou como sempre, seu pai está cada dia mais ciumento então as visitas de minhas amigas foram barradas... —ela fechou os olhos durante alguns instantes e passou a mover a boca, como se estivesse dizendo algo, conhecendo bem a mãe, BaekHyun identificou que era uma oração silenciosa, afinal, a religião é o suspiro do oprimido. —Mas enfim, como você está na escola? Não fiquei feliz quando recebi aquela ligação da pedagoga dizendo que você falta demais as aulas...

—Eu não gosto de lá, é tudo muito patético, eles estão apenas desenvolvendo mentes de trabalhadores que irão ser as mesmas máquinas de capitalismo que seus pais são e seus avós foram, eu não quero isso para mim, não quero ser um escravo do dinheiro e uma massa de manobra daqueles empresários imbecis. —Revirou os olhos e bagunçou os cabelos que já pareciam um ninho de tão bagunçados, a mãe lhe deu um abraço sem jeito, já fazia muito tempo que ela não fazia carinho no filho. —Eu estou farto mãe, a escola é horrível, os professores não sabem ensinar e está tudo caindo aos pedaços.

—Eu sei meu amor, mas não podemos fazer nada se as coisas são o que são. —A mulher não sabia ao certo como reconfortar o filho então apenas lhe fez carinho, não pretendia vê-lo chorando pois sabia que choraria junto. —Por que não falamos de algo melhor?

—Não tem nada melhor aqui, é tudo horrível e sem cor.

—Bem... E as garotas? Tem alguma bonita por quem você se interessa? —Ela perguntou afim de quebrar o clima tenso, logo passou a pentear os cabelos bagunçados do filho com os próprios dedos. —Não tem como não haver alguém interessante, tem muitos alunos lá.

—Nem tudo se resume em aparência mamãe, e eu não tenho interesse em ninguém, são todos alienados e obedientes demais, todos iguais e com os mesmos objetivos, ninguém lá enxerga outros horizontes. —Deu de ombros e passou a encarar a parecer cinza sem graça que já estava descascando por conta de algumas poucas infiltrações.

—Você é exigente demais, meu filho, as coisas são o que são pois devem ser assim, você sabe bem o que acontece a quem critica o governo, não quero que algo de ruim lhe aconteça, meu bem.

—Não vai. —BaekHyun se levantou e afastou-se da mãe. —Eu preciso ir, tenho coisas a fazer, volto na próxima semana, tudo bem?

—Sim, eu irei te ligar caso aconteça algo, vá antes que seu pai apareça, você sabe bem como ele é.... —Ela deu um último abraço no filho e lhe deu um beijo na testa, guiou-o até a saída e assim que ele foi embora, ela voltou a cuidar da casa, que era a única coisa que poderia fazer enquanto estivesse exilada do resto do mundo de forma tão doentia e egoísta, aquela era a prova de que o patriarcado dominante era terrivelmente egoísta, e que o poder do macho e do homem branco e ocidental estava sempre voltado a opressão do sexo oposto.

Yixing estava de volta ao porão de sua casa, vasculhava os antigos objetos de sua mãe, inclusive os livros nos quais ela tanto admirava, haviam até mesmo manuscritos e livros que foram escritos no brasil e importados para outros países, um deles lhe chamou atenção, era de capa verde e haviam imagens de adolescentes reunidos, o título era “Manual para ocupar sua escola”. Yixing abriu o livro, analisou o conteúdo com calma, lendo alguns parágrafos e paginas aleatórias, o livro falava de luta e resistência, foi o suficiente para chamar a atenção de Yixing, ela se encostou na parede descascada e suja de poeira, e lá mesmo deu início a leitura daquele livro, o livro que mudou por completo a visão que ela tinha da escola e de tudo ao redor de si.

—A ocupação deve ser iniciada com a realização de uma assembleia com os alunos da escola, um momento em que devem ser discutidos os problemas da instituição e os "caminhos da luta". —Leu um trecho e passou a pensar e falar consigo mesma. —Então basta conversar e realizar uma votação como nas urnas, certo? Caso a maioria vença, é só ocupar? Mas, e a polícia? Aqui diz que os estudantes devem montar comissões, inclusive uma de segurança, parece ser tão bem organizado. —Murmurava para si mesma enquanto lia cada parágrafo do livro que era bem curto, nos passos seguintes, estão orientações de como garantir a boa comunicação interna, a limpeza, a segurança e a alimentação dos ocupantes. O guia ainda sugere a realização de atividades que contribuam com o "convencimento dos colegas" em relação ao movimento, bem como com o fortalecimento da ocupação. E no final trazia relatos de estudantes que estavam a frente das ocupações.

Eles relatavam sobre um projeto de emenda constitucional e de uma medida provisória, sendo elas conhecidas como a PEC 241/2016 e MP 746/2016, criadas pelo governo golpista que havia saído do poder a pouco tempo, eles narravam uma situação na qual a PEC sugeria um congelamento de gastos na educação e na saúde pública durante vinte anos, o que causaria um total sucateamento nessas áreas que eram tão necessárias para o desenvolvimento do país, isso fez com que Yixing pensasse na situação na qual sua escola e muitas outras se encontravam, as escolas públicas dos Estados Unidos da América eram as piores escolas do país e quem sabe até mesmo do mundo, apenas aqueles que possuíam uma renda enorme conseguiam pagar as tão desejadas escolas particulares, sendo assim as escolas públicas eram cheias e sem estrutura alguma para a permanência dos estudantes, fora os professores incapacitados que não tinham formação na área mas mesmo assim lecionavam, afinal qualquer um que possuísse a capacidade de dar aula poderia ser professor, ninguém dava a mínima para licenciaturas ou mestrados naquele país medíocre. A MP falava sobre uma reforma, na qual matemática e língua portuguesa eram as únicas matérias obrigatórias para o ensino médio, sendo excluídas as disciplinas de estudo das artes, sociologia, filosofia e educação física. —Hm, o que seria sociologia e filosofia? É algo relacionado à geografia? Aish, mamãe já havia comentado sobre essas disciplinas, mas porque eu nunca ouvi falar delas na escola?

A garota separou o livro em uma pilha com outros livros que achou interessante e que leria, logo passou a procurar sobre algo relacionado à filosofia e sociologia, encontrando uma enorme coleção repleta dos mais diversos autores, até mesmo Karl Marx e Friedrich Engels estavam no meio, haviam livros de Aristóteles, Maquiavel, Platão e Émile Durkheim, todos em bom estado, pareciam nunca terem sido manuseados. Ela colocou todos os livros dentro de uma caixa de papelão, inclusive aqueles que estavam empilhados ao lado e os arrastou até seu quarto, evitando fazer muito barulho para não chamar a atenção dos pais, e no próprio quarto ela deu início a um processo de limpeza e cuidados com todos os livros que havia pego, eliminando qualquer sinal de poeira deles, pareciam todos quase novos, eram lindos de se ver.

Zhang Yixing passou o resto do dia lendo, ela lia cinco livros ao mesmo tempo, sendo estes “O príncipe” de Maquiavel, “A política” de Aristóteles, “O manual para ocupar sua escola”, “Sobre o suicídio” de Karl Marx e “O poder do macho” de Heleieth Saffioti. Seu cérebro estava á mil, ela pensava milhares de coisas enquanto fazia novas descobertas através da leitura, ela formulava planos e ideias, ela sentia um turbilhão de sentimentos, a garota sentiu tristeza, raiva, felicidade e determinação. Estava triste por descobrir que a situação atual do país em que vivia, do país de origem de seu pai era pior do que ela imaginava, estava com raiva da classe dominante que insistia em oprimir as minorias, que na verdade eram maiorias, para conquistar interesses individualistas que giravam em torno na obtenção de capital e da centralização dos poderes, e da exclusão daqueles considerados inferiores, ou seja, a classe trabalhadora, estava feliz por ter feito descobertas tão motivadoras e inovadoras, por ter decifrado toda a conjuntura atual através de escritos tão antigos e por finalmente compreender algo que poucos compreendiam, e finalmente estava determinada a mudar tudo aquilo, e dar início a uma revolução que aquele país extremamente capitalista jamais vira.

—E agora, ou nunca. —Ela se levantou e pegou um caderno velho e pouco usado que tinha guardado para caso precisasse de papel e não pudesse gastar dinheiro, afinal, até mesmo papel era caro demais, ela tomou a caneta em mãos e passou a escrever seu próprio manifesto, e lá escreveu suas indignações, suas opiniões jamais mostradas a ninguém e as soluções para todos aqueles problemas terríveis que cercavam os Estados Unidos da América, ela organizou tudo e assim que terminou, notou que no total havia uma página inteira cheia de palavras com grandes significados.

 

“Essa crise que se arrasta há oito anos no mundo teve início nos Estados Unidos, revelando uma fase do capitalismo em que a resposta para as dificuldades se resume a políticas de austeridade que só aumentam o desemprego no mundo. Que os ricos paguem pela crise: nenhum centavo a menos para a educação. Nós temos sofrido uma ofensiva dos capitalistas no Congresso Nacional e do ódio fascista nas ruas. Isso deve ser enfrentado com unidade. Acreditamos que as dificuldades enfrentadas pelos revolucionários neste início de século 21 encontram sua explicação mais profunda no impacto reacionário da restauração capitalista na URSS, leste europeu, sudeste asiático e Cuba. A ofensiva política, econômica, social, militar e ideológica do imperialismo, os discursos sobre “o fim da história” e a adaptação da esquerda reformista à ordem burguesa não passaram sem consequências. O movimento de massas retrocedeu em sua consciência e organização. E os revolucionários sofreram os efeitos desses anos de confusão e crise. Mas a história não acabou. A crise econômica mundial de 2007-2008 abriu uma nova situação internacional marcada pela instabilidade e pela polarização política, social e militar. Nesse marco, surgiram fenômenos altamente contraditórios, como a Primavera Árabe, a crise econômica europeia, o conflito militar na Ucrânia, os indignados da Espanha, a ascensão de partidos neo-reformistas como Syriza e Podemos, a crise dos refugiados na Europa, o fortalecimento da direita em várias partes do mundo, as manifestações na Grécia, as lutas antiproibicionistas e pelo direito à cidade encabeçadas pela juventude, o declínio dos governos de colaboração de classes na América Latina, o avanço do fundamentalismo islâmico e cristão, o ascenso da luta antirracista, feminista e antilgbtfóbica no mundo inteiro, as jornadas de Junho de 2013 no Brasil, a guerra civil na Síria, a crise do euro e da União Europeia, o atual ascenso francês e tantos outros. Assim, a nova situação mundial abre importantes perspectivas aos socialistas. Mas é preciso saber atuar. Acreditamos que a postura dos revolucionários diante da reorganização da esquerda deve ser firme, porém, paciente. Porque o caminho da autoproclamação nos condenaria à marginalidade. Porque sabemos que o isolamento, a condição de minoria e a luta contravento e maré durante tantas décadas deixaram em todos nós cicatrizes, reflexos sectários que devemos ter a coragem de superar. Pensamos que a simples apresentação de um programa revolucionário não é o bastante para construir uma organização marxista. O decisivo é que esse programa seja ouvido, que lutemos por ele em cada espaço, que ele seja compreendido e aceito pelas massas e sua vanguarda. Não superaremos a marginalidade com um programa ultra esquerdista, que os trabalhadores não estão dispostos a abraçar, ou que, às vezes, nem sequer compreendem.  No terreno da política nacional, por sua vez, as diferenças não foram menores. Há mais de um ano vínhamos afirmando que era preciso enfrentar, com centralidade, a política de ajuste fiscal do governo Obama, mas combater também a oposição burguesa que queria derrubá-la apoiando-se em mobilizações reacionárias. Para esta luta, acreditávamos que era necessário construir a mais ampla unidade de ação com todos os setores que estivessem na oposição socialista ao governo e, se possível, dar a esta unidade uma forma organizativa: uma frente de luta ou terceiro campo alternativo ao governo e à oposição capitalista. Depois que a maioria da burguesia se unificou em torno às eleições anteriores, defendemos internamente que era vital lutar contra esta manobra parlamentar, sem que isso significasse, evidentemente, prestar qualquer apoio político a Hillary. Porque avaliávamos que a derrubada do governo democrata só teria um sentido progressivo se realizada pelas mãos da própria classe trabalhadora, por meio de suas próprias organizações. Ao contrário, se liderada pela oposição capitalista e republicana, a derrubada de Hillary seria uma saída reacionária para a crise política; deseducaria os trabalhadores em sua tarefa de auto emancipação. A segunda hipótese foi exatamente a que ocorreu. Devemos debater estas e outras diferenças lealmente durante o tempo que for preciso. Não obstante, foi atingido um ponto de saturação. Quando as diferenças se fazem insolúveis, quando a possibilidade de síntese se esgota, quando as discussões se tornam intermináveis e as polêmicas improdutivas, o perigo da desagregação passa a ser maior que tudo. Chegamos à conclusão que o prosseguimento do combate ameaçava com uma ruptura abrupta e desorganizada. Para preservar o maior patrimônio de qualquer organização, seus militantes, optamos por encerrar a luta e oferecer uma saída organizada para a crise. ”

No dia seguinte, Yixing saiu de casa com o papel e algumas moedas guardadas em um pote de vidro que anteriormente estava cheio e azeitonas em conserva, ela corria desesperada em busca de alguma máquina de xerox daquelas que bastava inserir o dinheiro que ela fazia as cópias sozinha, porém estava difícil e ela precisava chegar cedo na escola, a pressa foi tanta que ela acabou por esbarrar em um cara baixinho que estava andando na direção contrária, derrubando o pote que quebrou assim que caiu no chão, estava despedaçado em diversos cacos de vidro que haviam machucado suas pernas que estavam cobertas apenas por um par de meias  de cor preta.

—Olhe por onde anda! —Berrou o rapaz de voz já conhecida, era aquele que estava chorando durante uma ligação no dia anterior, ele parecia ser um grosseirão ao julgar pelo modo que agia. —Você deveria prestar mais atenção. —Ele notou o papel que estava no chão e o tomou em mãos, leu alguns parágrafos e levantou-se impressionado.

—Me devolva! Eu preciso disso! —Yixing tentou tomar o papel das mãos do rapaz de cabelos bagunçados, porém ele sempre esquivava de si rapidamente, ela era lerda demais para vencê-lo no quesito agilidade. —Não tem nada que lhe interesse aí, eu preciso disso, vamos, me devolva! —Cruzou os braços.

—Você deveria estar mais preocupada em catar suas moedas antes que alguém as leve embora. —Murmurou com ironia, se encostando em um poste para tentar ler tudo com mais calma. —Interessante, você que escreveu?

Yixing arregalou os olhos e pôs-se de joelhos no chão, passando a coletar as moedas espalhadas e enfiou todas em seus bolsos, fazendo com que a saia ficasse pesada e abaixasse um pouco, ela bufou, pois, teria que andar suspendendo a saia para que esta não caísse lhe causasse constrangimentos. —Pode me devolver agora? Eu já disse que isso não lhe interessa.

—Interessa sim, eu gostei. —Ele deu de ombros e em seguida devolveu o texto. —Se alguém além de mim ler isso, você pode ser presa ou até mesmo morta, sabia? Sinta-se com sorte.

—S-Sério? Aish! Eu sou uma descuidada! —Resmungou e bagunçou seus cabelos negros e curtos, seu medo de ser presa havia voltado mais uma vez, ela passou a não ter certeza se deveria mesmo imprimir cópias daquele texto que seria barrado pela comissão de censura caso fosse publicado. —Por favor, não conte a ninguém.

—E porque você acha que eu contaria? Eu tenho amor à vida, mulher! —Ele balançou a cabeça negativamente e aproximou-se dela, que pela primeira vez ficou corada, não por estar perto de um garoto bonito, e sim por ter sido chamada de “mulher”, talvez ele fosse um dos poucos que não sabia que Yixing é uma mulher transexual, o que era uma surpresa, afinal todos a conheciam como “traveco”. —O que você pretende fazer andando por aí com essa ferramenta para suicídio e esse monte de moedas? —Caminhava ao lado dela, curioso para saber os planos da mesma.

—Não sei se devo lhe contar sobre isso, você pode ser um espião que vai me denunciar e me matar. —Deu de ombros e dobrou o papel, apertando-o em sua mão para mantê-lo seguro. —Não devo confiar em ninguém, esqueceu?

—Posso lhe assegurar de que não sou nenhum espião, muito menos vou te matar ou te denunciar. —Riu e lhe deu algumas tapinhas no ombro. —E também, afirmo para ti de que compactuo com as tuas ideias, e te apoiarei caso queira realizar a revolução citada no texto. —Sussurrou para que apenas ela escutasse, não iria arriscar falar muito alto sobre aquele assunto em um local público e aberto.

 —Vou tirar cópias e espalhar tudo pelo colégio, e não é apenas um texto, é um manifesto. —Corrigiu e suspirou aliviada ao finalmente encontrar a tão procurada máquina de cópias, tirou todo dinheiro que possuía dos bolsos e inseriu na máquina.

—Aquela escola é enorme, garota, você acha mesmo que vamos conseguir espalhar só isso pela escola? —Perguntou encarando-a como se ela fosse boba, fazendo-a revirar os olhos. —Eu pago uma parte. —Deu-lhe duas notas de vinte dólares, era o que tinha para gastar com almoço durante o mês, mas era uma boa causa, não custava nada contribuir.

—Nós vamos espalhar? Desde quando? —Pegou o dinheiro do rapaz e inseriu na máquina, logo passou a tatear os próprios bolsos em busca de dinheiro. —Te devo quarenta dólares, prometo que pagarei.

—Já disse que declarei total apoio a tudo isso que você está planejando, conte comigo para o que precisar, garota! —Lhe deu algumas tapinhas no ombro. —A única coisa que você me deve, é uma grande revolução.

Ela corou levemente e cobriu a face avermelhada com as mãos, logo começou a rir, fazendo com que o rapaz de cabelos bagunçados e sorriso caloroso risse junto, ela jamais imaginaria que conseguiria um companheiro de lutas, jamais esperaria que ele seria tão bom consigo em uma situação em que era cada um por si, juntos eles colocaram seus sonhos e objetivos em prática a partir de uma ideia surgida em apenas uma noite, porém o conhecimento e o desejo de mudança vinham desde a infância, aquela situação iria mudar, custe o que custar.

Yixing foi acompanhada de BaekHyun para o colégio, cujo as portas estavam prestes a se fechar por conta do horário de entrada e por pouco eles não haviam chegado tarde demais, ambos caminharam lado a lado, carregando em suas mochilas a absurda quantidade de papel que haviam imprimido na máquina durante a manhã, eles estavam com medo, porém o desejo e a ânsia por mudança eram mais fortes do que qualquer repressão do governo e daqueles que apoiavam todo aquele absurdo. Os alunos já estavam em suas salas quando o sinal tocou, Yixing e BaekHyun correram juntos em direção aos banheiros, ambos entraram no masculino.

—Hey, saia daqui! Banheiro feminino é do outro lado? Ficou louca? —Sussurrou fazendo sinal para que ela saísse de uma vez, Yixing engoliu seco e balançou a cabeça, logo empurrou o companheiro recém conhecido para um dos espaços vagos do banheiro. —Eu já te disse para sair, eles vão nos levar a mal se te verem aqui!

—Eu não posso usar o banheiro feminino, BaekHyun. —Disse curta e rápida para evitar que o assunto fosse estendido, não gostava de falar sobre aquilo, e sentiu medo da possibilidade de BaekHyun rejeitá-la e delatar tudo para algum dos inspetores, ou até mesmo abandona-la sozinha com seus pensamentos revolucionários. —Não dá escândalo...

—Por que não? Você é mulher! Quem te disse que não pode? —Perguntou indignado, sem compreender aquela situação, Yixing abaixou a cabeça e engoliu seco, logo sorriu fraco e sem jeito, era a hora, ela não conseguiria escapar daquela situação, ele ficaria sabendo de qualquer forma, e ela não compreendia como ele ainda não sabia.

—Eu sou uma mulher diferente... eu sou transexual, Byun. —Disse na lata, sentindo um arrepio percorrer o próprio corpo e passou a tremer de medo, se recordando do preconceito que sofreu e que sofria até hoje, das agressões físicas e verbais, até mesmo das vezes nas quais foi enxotada dos banheiros femininos pelas outras garotas que a temiam como se ela fosse um animal peçonhento que causasse nojo a todos.

—Você é uma mulher, certo? Ninguém pode te impedir de usar o banheiro feminino ou de participar de atividades que as garotas praticam em conjunto. —Agarrou-a pelos ombros e a encarou nos olhos, quando se tratava de valorização da mulher ele se tornava mais compreensivo e cuidadoso, tudo por causa da situação na qual a mãe sofria, ele viu em Yixing algo parecido com o que a mãe sofria, ele queria ajuda-la, ele deveria ajuda-la. —Todas as mulheres têm suas flores, só que algumas tem flores diferentes. —Sorriu e abraçou a garota, que retribuiu ao abraço com força, unindo seu corpo ao corpo alheio, aproveitando aquele contato raro que era extremamente difícil de acontecer com outras pessoas que não fossem da família.

E assim que ela finalmente se sentiu mais tranquila, se separou do mais baixo e retirou as cópias do manifesto de sua mochila. —Então, temos uma revolução para começar! Vamos, Byun BaekHyun?

—E viva la revolución, Zhang Yixing! —Retirou as copias que estavam guardadas na própria mochila e saiu do banheiro acompanhado pela garota, saíram pelos corredores espalhando papéis por todo lugar, pregavam nos murais e nas portas das salas e caminhavam com largos sorrisos no rosto, faltavam apenas cinco minutos para o sinal tocar e todos os alunos seriam liberados para irem para as próximas aulas em outras salas, e quando finalmente saíram, a baderna estava feita.

Eram gritos, eram lágrimas, eram risos e palavras de apoio e ordem sendo berradas em todos os corredores e salas do colégio, os alunos estavam enlouquecidos com as palavras atrativas e verdadeiras que haviam sido escritas por um tal aluno desconhecido, que acabou se tornando o assunto mais comentado do dia, eles escreviam trechos do manifesto nas cadeiras e quadros do colégio, gritavam citações e questionavam sobre quem poderia ter escrito tudo aquilo, o caos havia sido implantado, o caminho para revolução havia sido finalmente aberto.

Todos estavam nos corredores, todos liam o manifesto, e o dia já estava acabando quando Yixing teve a ideia de se pronunciar e com total apoio de BaekHyun, berrou pedindo por atenção, fazendo com que todos se calassem e voltassem a atenção para ela.

—A luta é aqui e agora! O maior desafio de nossas vidas, o sentido de nossa militância, é a realização e o triunfo da revolução socialista. A classe trabalhadora e o povo oprimido devem se elevar à altura do combate que a história convoca. Treze anos de governos do partido democrata demonstraram de forma irrefutável que a estratégia de regulação do capitalismo através de minúsculas reformas social-liberais conduziu o país a um verdadeiro desastre. A direção do partido democrata é a primeira responsável pela tragédia que se abate hoje sobre a classe trabalhadora. Obama e Hillary traíram o sonho dos trabalhadores, enterraram-se a si próprios e abriram o caminho para Donald Trump. A verdadeira libertação dos explorados e oprimidos passa, portanto, pelo combate à conciliação de classes promovida pelo partido dos democratas e pela retomada de uma estratégia de ruptura revolucionária da ordem. A crise e posterior falência estratégica do partido democrata, tão evidentemente demonstrada nas jornadas de junho de 2013 e no episódio da crise mundial, colocam para a esquerda marxista o dilema de sua própria crise, de sua própria marginalidade, de sua própria fragmentação. É preciso uma saída estratégica. É nesse sentido que precisam trabalhar os revolucionários. Mas as lutas dos explorados e oprimidos não podem esperar. Elas estão ocorrendo aqui e agora. Para que elas sejam vitoriosas, precisam ser cercadas da mais profunda solidariedade, em torno a elas deve ser construída a mais ampla unidade. —Berrou confiante e logo recebeu um abraço de BaekHyun, se sentia esgotada, porém não precisou pedir para que ele desse continuidade a fala, pois ele tomou atitude rapidamente.

—Na ação prática, na luta comum, passa hoje, em nossa opinião, pela bandeira do Fora Trump, quer dizer, a luta contra o governo de plantão e suas medidas. Sem a unidade dos movimentos sociais combativos em torno a essa tarefa decisiva, corremos dois perigos. O primeiro é que o impulso de todos esses enfrentamentos parciais se disperse, pela ausência de uma estratégia geral comum. O segundo é que os combates específicos sejam apropriados pela direção do partido dos democratas em seu projeto de voltar ao poder com uma nova candidatura Lula. Ou seja, a velha chantagem do mal menor. A maior tarefa da esquerda anticapitalista, portanto, é abrir o caminho para outra saída política. E ela pode ser construída desde já. Nenhum dos partidos e organizações da esquerda combativa pode hoje, por si só, oferecer esta saída. Para ser efetiva, essa saída precisa ser construída de fato por todas as correntes e organizações combativas do movimento social, por todos que desejam sinceramente conformar esse terceiro campo alternativo da classe trabalhadora. Queremos, enfim, construir um movimento estudantil e trabalhista que surge a partir da classe trabalhadora, a partir dos pobres, negros, imigrantes, mulheres e LGBTs que resgate a grandeza e a integridade do projeto socialista; uma organização que seja digna da memória daqueles que vieram antes de nós e entregaram suas vidas na luta pela igualdade social; uma esquerda revolucionária não-dogmática, que não se acomode nas poltronas de couro dos gabinetes parlamentares, mas que combata também o corporativismo e o burocratismo dos sindicatos, que priorize a luta direta das massas, que dialogue com a ampla camada de ativistas surgida no último período, que seja capaz de influenciar verdadeiramente os rumos da luta de classes no país, de inspirar confiança e esperança novamente. Os criadores do presente manifesto convidam também a todas e todos para a fundação de um novo movimento. Viva a luta dos explorados e oprimidos do mundo inteiro! Viva a revolução!

E assim que ele encerrou sua fala, os estudantes berraram, declarando total apoio à revolução estudantil, e no mesmo dia, eles tomaram conta do colégio, sob o comando de uma mulher trans e forte, e o estado não banca a educação, pois a educação derruba o estado.


Notas Finais


Espero que tenham gostado muito do que eu bolei aqui, e sem mais delongas, até a próxima!


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