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História Depois da Tempestade - Ira


Escrita por: erikastybrien

Notas do Autor


Oiii amoreeeeesss! EU TO FELIZ DEMAIS! Eu estou tentando escrever a mais ou menos um mês e simplesmente tava travada, não saia de um parágrafo. Graças ao bom Deus a algumas orações esse capítulo saiu e estou bem feliz com ele. Apesar de me sentir um pouco enferrujada na escrita, espero ter conseguido transmitir todas as emoções pra vocês.

Espero que vocês estejam tão apaixonados por mapp quanto eu e principalmente pelo Mitch, quem tem o coração fraco pra esse homem vai ficar todo derretido hoje eu posso afirmar porque diversas vezes enquanto escrevia pensava: ''Meu Deus ele é perfeito demais eu quero um Mitch!'' (risos). Embora esse capítulo também tenha emoções negativas, mas espero que vocês fiquem empolgados com isso enquanto leêm.

Acho que todos ficarão felizes em perceber como o Mitch está cada vez mais diferente, é algo que me agrada muito, finalmente perceber ele arriscando. Por favor, não esqueçam de dizer como se sentiram e o que estão achando de tudo no geral. Quero agradecer, como sempre, meu raio de sol que nunca desiste de mim Gessikk. Te amo mulher, obrigada por todas as trocas de ideias e empolgação! <3

Boa leitura! <3

Capítulo 32 - Ira


Fanfic / Fanfiction Depois da Tempestade - Ira

Terceira Pessoa 

– Coloque força nesse soco, sei que você tem a mão mais pesada do que isso. – Mitch incentivou a ruiva que acertava as luvas almofadas com vigor. 

Assim que escutou o estímulo Lydia se esforçou para intensificar os golpes, atingindo os alvos com mais precisão e força.   

Se empenhou em não decepcionar a si própria, esmurrando os objetos suspensos no ar diversas vezes seguidas, constantemente. Rapp orientou que prosseguisse com as atividades por mais alguns minutos, testando a condição física de Lydia. 

Como de costume para o treino, o cabelo ruivo estava preso em um coque, o que ajudou Mitch perceber o suor escorrendo da raiz dos fios para o rosto e tórax feminino. A boca grossa estava escancarada, um indício do desespero dela por oxigênio. 

Ele abaixou as luvas de uma só vez, recebendo imediatamente a expressão inconformada de Lydia que estava pronta para dar mais um golpe. 

– Agora que eu estava pegando o ritmo! – Reclamou. – Ia arriscar um chute agora  

O treinador aguentou o olhar insatisfeito e zangado que recebeu, não evitando seu instinto em encará-la com ironia. Um breve bico irritado passou pelos lábios finos de Rapp. 

– Eu te pedi para acelerar quando começamos meia hora atrás, você já cansou o suficiente. – Explicou com calma apesar de sua expressão transparecer impaciência. 

– Cansada?  – Lydia debochou ao franzir a testa por segundos. – Nem estou ofegando, Mitch! – Tentou se impor. 

Refez a base e ergueu as mãos enluvadas na altura do peito, pronta para retomar as atividades ao acreditar que tinha convencido o instrutor. 

Mitch observou a cena por segundos, até uma risada curta e carregada de deboche subir por sua garganta seca. Apesar dos golpes de Lydia serem certeiros e bruscos, ele sabia que seus braços estavam exaustos e a sua respiração esgotada denunciava a impotência física. 

– Como você pode ser tão teimosa, Lydia? – Perguntou incrédulo, observando-a soltar um riso nasalado ao finalmente abaixar as mãos ao lado do corpo. – Ficou assim porque todos puxaram o seu saco depois da luta com Shiva? – Mitch a provocou, expondo seu desconforto quando Lydia foi paparicada por todos na academia depois da luta incrível protagonizou com a colega de turma. 

Dessa vez ela riu, e apesar de perceber que existia uma espécie de grosseria natural nos olhos de Rapp os dela exibiram uma diversão ingênua, ocasionada especialmente por ele.  

– Não precisa ter ciúmes, você sabe que é o meu instrutor favorito. – Consolou esboçando um sorriso sutilmente malicioso. 

Ele debochou com um sopro de ar que pulou de seus lábios, abaixando a cabeça com a certeza que o sangue drenava em seu rosto. 

Mitch retirou as luvas almofadas de suas mãos com facilidade pela prática que tinha com os equipamentos, lançando-os a caixa que estava no chão próximo a eles. 

Voltou os olhos para Lydia que se aproximou e estendeu os dois pulsos juntos, o olhando de forma sugestiva. Mitch se sentiu ligeiramente desconexo, se lembrando da noite em que pode finalmente descobrir a sensação de amarrar Lydia para o sexo. 

Os lábios finos abriram e ele congelou ali, sentindo a temperatura em seu quadril ameaçar subir com as memórias tão vivas. Lydia sorriu convencida, percebendo como era fácil fazer insinuações com ele.  

– As luvas, Mitch. – Disse calma, com inocência.  

Ele traçou um sorriso nervoso quando captou a farsa da voz feminina, raciocinando que Lydia não conseguia livrar as mãos sem ajuda. Ela controlou a vontade de expandir o sorriso faceiro que surgiu em seu rosto, abaixando os olhos para as próprias mãos. 

Vê-lo desconfortável em situações como aquela conseguia ser adorável para Martin. Sem graça e com as bochechas rosadas, Rapp tratou de levar suas mãos às dela retirando as luvas de boxe, lançando-as a caixa no chão. 

Reprimiu a atitude de Lydia negando com a cabeça ao olhá-la com severidade. Ela mordeu o canto da boca grossa para não rir, se mantendo em silêncio com os olhos divertidos sendo direcionados por segundos para algum ponto no chão. 

Apesar de toda o transtorno dos últimos dias, os dois estavam satisfeitos com o clima confortável que havia se instalado em suas conversas daquela manhã de treino. Ao voltar o olhar para o rapaz, Lydia não se controlou, provocando: 

– No que você estava pensando?   

Ele hesitou por segundos, incerto do que responder. Observou a vontade crescente de alargar o sorriso que predominava na boca grossa, pensando que não sabia o que dizer a ela. 

– Você tem algum palpite, Martin? – Devolveu a pergunta com suavidade, vendo-a sorrir parecendo satisfeita. 

– Talvez. – Deu de ombros com ingenuidade, logo em seguida piscou um olho ao sorrir de lado. 

Mitch suspirou e deu um sorriso sem jeito, abaixando os olhos para o chão por instantes. De longe, percebeu Peter dispensando as duplas após a revisão de golpes. 

Ao voltar para ela, presenciou como aparentava estar mais relaxada perto dele. E mesmo que Mitch se julgasse desmerecedor, reconhecia que não havia nenhum resquício de aversão nela, mesmo depois de ter ficado chateada pela noite que dormiram juntos.   

– Lydia? – O nome pulou da boca dele antes que pensasse direito. 

Os olhos verdes encontraram os castanhos de súbito. Mitch ficou em silêncio, lidando com a crise de consciência que passava naqueles breves segundos.  

Deu um passo em direção à ela, sentindo as energias sendo sugadas pela cor tão viva dos olhos de Lydia que permanecia encarando-o em silêncio. 

A cor reluzente pareceu ainda mais delicada sob os cílios longos que continham resíduos de rímel. Ela notou a ligeira cor rosada que passou pelas bochechas de Mitch, fazendo-a reparar em como ele estava sem graça.  

– Eu só queria me desculpar pela outra noite. – A frase sincera foi dita com vigor, e os olhos de Rapp demonstraram um arrependido puro, o que amoleceu o coração de Lydia que despencou sutilmente o queixo sem perceber. – Espero que saiba que tem todo o direito de ainda estar brava comigo. – Ele incluiu com um sorriso envergonhado, discreto.  

No fundo, ainda sentia que não merecia ser perdoado com tanta facilidade quando reconhecia o erro grotesco que havia cometido com ela. Mesmo que soubesse de suas razões para sair da cama antes que amanhecesse, para ele era certo considerar a chateação dela muito mais do que sua atitude confusa daquela manhã. 

Mitch fez menção de se retirar, mas Lydia o segurou pelo braço por seu reflexo aguçado e principalmente: instinto. 

Encarou os olhos castanhos que voltaram para ela no mesmo instante, buscando uma resposta pela atitude. Apesar dos olhos intensos, a expressão de Lydia estava relaxada. 

Mitch não deduziu o que se passava na cabeça dela, considerou ser incapaz de entendê-la naquele breve momento. Mas ela sabia perfeitamente o quanto ouvir as palavras gentis significava.  

Vê-lo dizendo de uma forma tão sincera e objetiva que reconhecia seu erro e que ela poderia ficar chateada pelo tempo necessário de alguma forma a confortava e a deixava com ainda mais saudade das mãos grandes em seu corpo. Os lábios grossos moldaram um sorriso doce, paciente, atraindo o olhar pensativo de Mitch. 

– Eu estou pensando em te desculpar, Rapp... – Comentou ao cruzar os braços rente ao peito e soltar um suspiro teatral. Logo em seguida, com uma ingenuidade fingida que Mitch quase acreditou ser espontânea, ela afastou uma mecha de cabelo curta que estava próximo aos seus olhos, arqueando o rosto. – Acho que poderia pensar melhor se aceitasse ir até o Manifesto comigo hoje à noite, assim que eu voltar da universidade. 

Mitch fez um ligeiro bico pela recordação de ter conhecido Lydia e a amiga Allison naquele bar que ele julgava maldito. Por outro lado, passar algum tempo com Lydia e ter a chance de agradá-la ao aceitar o convite o fez considerar a ideia mais afundo. 

– Tudo bem. – Aceitou e ela franziu a testa em surpresa por ele não ter sequer hesitado como era de costume. Mitch andou alguns passos até a caixa que guardava os objetos de treino e se agachou, sendo encarado por Lydia. Ele segurou o objeto nos braços em frente ao peitoral e abdômen e se levantou, trazendo consigo. Ela julgou a visão muito interessante, mas não soltou nenhum tipo de comentário, apenas observou em silêncio ele retornar para ela perguntando: – Que horas?  

– Onze. – Respondeu com um novo sorriso. 

Ele apenas concordou com a cabeça.  

– Até lá. – Se despediu e caminhou para a recepção carregando a caixa. 

** 

Assim que Mitch terminou de vestir uma camiseta na coloração vinho, a porta de seu quarto foi escancarada sem cerimônias, revelando Scott que assim que bateu os olhos no amigo abriu um sorriso maldoso e em algum grau conseguiu demonstrar orgulho. 

– Eu comeria você. – Elogiou com o comentário safado, entrando no quarto ao fechar a porta atrás de si. 

Rapp deixou um mínimo sorriso de lado passar por seu rosto enquanto ajeitava a camisa no corpo, olhando para o espelho na parede. Scott adentrou o cômodo com naturalidade, afinal conhecia a casa do melhor amigo e não se preocupou em se deitar na cama macia de Mitch sem ao menos pedir permissão.  

– Onde você estava? – Rapp lançou a pergunta, fixando o olhar no amigo folgado que se acomodou em seus lençóis.  

– Deixei Allison em casa depois de irmos no cinema. Vai sair com a Lydia? – Perguntou interessado, expondo expectativa nos olhos castanhos que encararam Mitch.  

– Ela quer ir naquele bar onde conhecemos as duas. – Explicou dando de ombros, supostamente desinteressado. 

McCall franziu a testa e deixou que o deboche transparecesse em sua expressão que segundos depois foi tomada por descrença. Para ele, era óbvio que o amigo estava ansioso para encontrar a ruiva e passar aquele tempo com ela. 

Quis provocá-lo, mas Mitch não mordeu a isca ao perceber o olhar bem-humorado que recebeu. Ignorou a expressão de Scott para soltar um suspiro e remexer os ombros, fechando os olhos por alguns segundos.  

Arranhou a garganta e foi até o guarda roupa aberto, passando os olhos atentos por todas as peças que estavam ali.  

– Você está ótimo com essa roupa. – Scott confortou ao perceber o olhar calculista que Mitch mantinha no móvel. Rapp o lançou um breve olhar como quem não acreditava no que ouvia, colocando as mãos na cintura ao voltar para as peças e imaginar se ficaria melhor com outra. – Eu já disse que você está ótimo! – McCall insistiu soando ofendido. 

– Tudo bem! – Mitch rangeu os dentes, caminhando para perto do melhor amigo. 

Parou em frente a ele com um bufar ansioso. 

– Você está nervoso? – Scott questionou se sentando na cama, analisando o jeito inquieto de Mitch. – É só um encontro. – Tentou confortar. 

– Não estou nervoso. – Rapp se defendeu áspero. – É só ela. Ela me deixa assim. – Esclareceu e soltou um novo sopro abalado dos lábios, para em seguida lançar um último olhar para o espelho. – Deus... – Sussurrou baixinho para si, expondo uma parcela de sua angústia.  

Scott disfarçou um sorriso, contente por perceber as reações que Lydia causava nele sem ao menos estar por perto. Observou as bochechas de Rapp corarem enquanto ele mexia no próprio cabelo em uma tentativa de não o deixar tão bagunçado, e mais uma vez ajeitou a camisa colada no corpo. 

– Você está ótimo, Mitch. – Scott afirmou. – Tenho certeza que vai dar tudo certo. Desde que você leve uma camisinha. 

Rapp encarou o amigo com o rosto impaciente, vendo um sorriso convencido passear pela boca fina do McCall.

.Ignorou a provocação para olhar ao relógio que ficava ao lado de sua cama sobre a cômoda, observando que tinha sete minutos para estar no bar sem deixar Lydia esperando por ele.  

– Preciso ir. – Se despediu e caminhou urgente para a porta. 

– Boa sorte, gostoso. – Scott desejou, fazendo o melhor amigo soltar uma pequena risada antes de sair do cômodo. 

** 

Lydia aguardava relaxada seu acompanhante chegar. O bar estava parcialmente cheio naquela noite, o que era uma distração para ela que observava tudo a sua volta.  

Mitch atravessou a entrada do estabelecimento e parou logo em seguida, procurando por sua acompanhante. Assim que seus olhos pousaram em Lydia no canto do lugar, ele caminhou até ela com calma. 

Quando se aproximou, os olhos verdes encontraram os castanhos e um sorriso espontâneo e receptivo surgiu nos lábios femininos. Mitch se sentou em frente à Lydia, dando um sorriso sutil. Apoiou os antebraços deitados na mesa, deixando o tronco próximo dos membros. 

– Acho que me atrasei um pouco. – Foi a primeira frase dele, demonstrando receio. 

Lydia verificou o celular com as sobrancelhas franzidas, duvidando do que ouviu. 

– Tem razão. – Martin ergueu a tela do celular para ele. – Cinco minutos. – Deu mais um sorriso simpático, que Mitch correspondeu tímido, levemente corado.  

Com a ameaça das mãos suarem e o coração acelerar, ele percorreu os olhos pelo local, observando as pessoas visualmente diferentes que estavam ali. A maioria, Mitch julgou serem universitários. 

– Pedi duas cervejas para nós, espero que não se importe. – Martin comentou, atraindo os olhos castanhos. 

– Ótima escolha. – Piscou para ela por instinto, fazendo-a sorrir. 

Mesmo que odiasse deixar Mitch desconfortável, foi inevitável para Lydia não reparar no quão atraente ele ficava em camisetas. Apesar de serem no tamanho ideal dele, os músculos de Rapp sempre faziam o tecido esticar, destacando-os. 

Ela o analisou sem a menor discrição, aproveitando que a atenção masculina havia voltado para o bar mesmo que por pouco tempo. 

– Achei que você desistiria de vir. – Lydia quebrou o silêncio com a confissão. 

Mitch quase conseguiu rir, afinal, ele não achava a ideia tão distante. 

– Hoje não, ruiva. – Rapp se distraiu por um momento, encarando a beleza natural que Lydia tinha, se remexendo de leve na cadeira. – Acho que Scott me mataria se furasse com você. – Deu um sorriso sem graça, observando-a abaixar a cabeça com os lábios curvados. 

– Eu adoro ele. – Lydia disse, o que conseguiu deixá-lo ligeiramente desconfortável e com sensação de insuficiência apesar de que sua expressão continuasse a mesma. – Mas confesso que não suporto mais Allison falando dele, ela está em enlouquecendo! – Reclamou em um sussurro firme, o que fez Mitch conter uma risada, soltando um som reprimido e baixo. 

– Eles estão apaixonados, Lydia. Não seja tão cruel! – Rapp brincou mal-humorado, o que a fez rir. 

Com o pequeno instante de silêncio, Mitch não perdeu a oportunidade de reparar nos detalhes dela. Seu cabelo estava solto e ondulado, jogado para o lado. Não parecia existir resquício de maquiagem em seu rosto, apenas uma leve coloração laranja em seus lábios grossos e seus cílios estavam esticados como naquele dia de manhã. 

Ela apenas apreciou a atmosfera que tinha exclusivamente com Mitch, sentindo toda a eletricidade que compartilhavam à medida que trocavam olhares. Seu corpo sentia saudade das mãos grandes e cada poro em sua pele a recordava da necessidade que sentia dele ao estarem próximos.  

Quando se olharam ao mesmo tempo depois do silêncio longo, Lydia desviou e não pode evitar de sorrir tendo as bochechas marcadas por rosa. Já Mitch continuou a olhando, perdido na imensidão dos olhos verdes que voltaram para ele com um vigor renovado após segundos. 

Apesar de demonstrar timidez ao ser observada, ela estava contente por Rapp parecer cada vez mais acostumado com o desejo que sentia e ousado em intimidá-la. Principalmente depois do sexo, apesar do transtorno inicial, ela sabia como os momentos dos dois juntos se intensificaram. 

– Obrigado por me dar essa chance. – Mitch deixou o pensamento pular de sua boca, agradecendo por Lydia considerar a ideia de desculpá-lo. 

Ela aparentou surpresa por alguns instantes, considerando que os lábios abriram e Lydia se encontrou incapaz de responder. Esperou que uma resposta verdadeira se formasse enquanto processava o olhar grato em sua direção. 

– Não teria como negar isso a você. – Disse sincera. 

Mitch sentiu um calor sereno percorrer o peito, confortando sua mente perturbada de uma maneira que apenas Lydia conseguia fazer.  

Por força maior, a mente de Rapp foi inundada pelas recordações do sexo que fizeram. Ele pode sentir a maciez da gravata que usou para rodear o pulso da ruiva naquela noite, e sua língua vibrou no mesmo instante, lembrando-o de qual era o gosto e a textura do local mais íntimo de Lydia.  

As memórias fizeram Mitch encarar os lábios fartos, desejando mais do que qualquer coisa os beijar e senti-los em outros lugares de sua pele. Por se lembrar perfeitamente de onde estavam, ele soltou um suspiro feroz e impaciente, estufando o peito com as agitações de desejo que o preenchia. 

Lydia o encarou sentindo a mesma emoção, sabendo que a temperatura de seu quadril subia conforme notava o fervor dos olhos castanhos em cima de si. Mesmo que estivessem na vontade, Martin adorava saber que ela se corroía de desejo junto com ele.  

Mitch conseguiu se sentir excitado e estressado na mesma proporção, o que o fez mudar o assunto antes que Lydia soltasse alguma provocação inadequada: 

– Sua costela melhorou? – Perguntou direto. 

Lydia engoliu um suspiro e colocou uma mecha de cabelo ruivo atrás da orelha para se recompor. 

– Sim. – Afirmou convicta. – Acho que posso voltar a praticar no mesmo ritmo de antes. Digo, todas as minhas atividades. – Incluiu baixo, olhando-o nos olhos. 

Rapp entendeu a frase graças ao clima febril dos olhos verdes. Se recordou que havia dito que não faria sexo com ela machucada, e agora a ruiva havia deixado claro que estava recuperada. 

Esboçou um sorriso espontâneo pela insistência dela, mas decidiu ignorar a frase. Lydia encarou os lábios tortos que logo desfizeram o ato, e Mitch cortou o clima, dizendo:  

– Acho que Peter descordará de você. 

– Porque? – Martin perguntou curiosa, interessada. 

– Você é a favorita, Lydia. – Ele explicou. – Não acho que vá querer arriscar te machucar sem necessidade. 

Martin juntou o cenho, olhando brevemente para o teto ao processar a frase. 

– Favorita? No boxe? 

Rapp confirmou com a cabeça, observando a expressão desorientada presente no rosto bonito. 

– Você é muito boa para uma iniciante, ele jamais arriscaria te deixar lutar de novo se não estiver cem por cento recuperada. – Mitch respondeu relaxado. 

– Bobagem. Shiva consegue ser melhor do que eu. – Ela desfez do assunto, o que fez Mitch sorrir contido. Lydia acabou percebendo quando ele abaixou o rosto, e questionou: – O que foi? 

Ao voltar para ela, os lábios finos ainda estavam modelados. Ele explicou sem hesitar: 

– Você é muito teimosa, eu acho isso impressionante. – Falou com alguma superioridade, mas demonstrando humor na voz. 

Ela revirou os olhos e sorriu. 

– Não vou teimar dessa vez. – Ergueu as mãos por segundos em um ato de rendição. – Minha mãe sempre diz que é um dos pontos mais fortes da minha personalidade. – Se gabou de um jeito infantil, quase sorrindo. 

– Ela tem razão. – Mitch concordou encarando-a com intensidade, como se pudesse ver por dentro dela. Em seus olhos castanhos Lydia pode perceber fascinação, mesmo que ele não gostasse tanto assim daquela característica. – Eu diria que é encantador. Para mim é.  

A voz tranquila soou verdadeira e delicada na medida certa, tirando o fôlego de Lydia que suspirou baixinho e deu um sorriso ingênuo. Novamente mexeu na mecha de cabelo que estava atrás da orelha, trocando olhares com o próprio colo.  

– Você é um cavalheiro, Rapp. – Brincou em tom real. – Me lembra ingleses do século XIX. 

Ao se recordar que o rapaz era fã de literatura, Lydia não pode evitar de fazer a comparação. Mitch franziu a testa e bebericou em sua cerveja, não evitando sorrir quando a boca ficou livre do gargalo. 

 – O que mais um perfeito cavalheiro faria para tornar essa noite extremamente agradável a uma dama? – Lydia insistiu no assunto, tendo humor nos olhos e um sorriso refinado nos lábios. 

O sorriso de Mitch se alastrou de uma curva para uma breve risada ao abaixar rapidamente os olhos para a mesa, olhando-a com mais seriedade dessa vez. 

– Eu com certeza a levarei até em casa, certificando que chegue em segurança. – Respondeu aveludado, gentil. 

Lydia arqueou uma sobrancelha e permitiu que a boca entre abrisse. 

– Impressionante. – Elogiou já sem a expressão de segundos atrás. – Agora eu tenho certeza que você veio do século XIX.  

Mitch riu curto, achando graça do diálogo quase infantil que os dois tiveram. Lydia admirou a energia que compartilhava com ele, sentindo o clima leve que pairava sobre os dois.  Ela só se desconcentrou da sensação forte que a dominava quando escutou seu nome. 

– Lydia! 

Tanto ela quanto o acompanhante buscaram a origem do som, encontrando Aiden se aproximando da mesa de braços abertos. O rosto de Mitch endureceu junto com seu queixo, mas ele manteve os olhos mornos, voltando para Lydia em busca de sua reação. 

Ela piscou um pouco confusa, mas conseguiu sorrir relaxada e se levantar a tempo para abraçá-lo, sendo envolvida pelos braços fortes e calorosos. 

Mitch abaixou os olhos para a mesa, sentindo seu sangue borbulhar involuntariamente. Apesar de odiar a sensação, não conseguia contê-la quando se tratava de alguém que tinha as mesmas intenções que ele com Lydia. 

Lutou para ignorar a sensação e mesmo sendo malsucedido, controlou a língua para que não soltasse algum comentário do qual se arrependeria mais tarde. Quando Aiden largou Lydia, ela sorria doce, tranquila, o que amenizou a sensação infortuna que percorria o rapaz sentado. 

– Você está linda! – O rapaz elogiou sereno. – Toda a nossa turma veio para cá depois da última aula. Nós te procuramos mas você não estava em lugar nenhum. – Aiden ignorou a presença de Mitch, e ele jamais reclamaria. 

– Eu saí mais cedo, combinei de me encontrar com Mitch. – Ela olhou para o acompanhante que estava com a visão em algum ponto do bar, mas se voltou para os dois ao ouvir seu nome. 

O amigo de Lydia arqueou as sobrancelhas surpreso por ela tê-lo convidado. Os olhos indiferentes de Mitch encontraram o do loiro a sua frente que manteve uma expressão natural, além de um tom superior que nunca saía de sua voz masculina. 

Ele ainda tinha o braço na cintura dela, a abraçando de lado. Lydia estava tranquila, esperando que Aiden continuasse o diálogo. 

– Ah, claro. – Concluiu breve. – Olá, Mitch. Bom saber que você está desviando Lydia dos estudos. – Fez uma suposta tentativa de humor que não convenceu Rapp, sorrindo e olhando brevemente para a ruiva que deu um sorriso sem graça. 

Mitch absorveu a alfinetada de péssima formulação e sorriu amarelo, forçado, ousando ainda concordar com a cabeça sugestivamente.  

– Na verdade eu que o chamei. – Lydia esclareceu, fazendo o sorriso no rosto do colega evaporar em pequenas parcelas até sumir completamente. 

Rapp quis que ele sentisse ciúmes, mas considerou a ideia tão distante que não criou expectativas diante da expressão indecifrável de Aiden. 

– Ok. – Ele respondeu tardiamente.  

Voltou os olhos a Mitch que o encarava relaxado apesar de sentir os músculos resetados pela presença infeliz do rapaz. Os dois se olharam em silêncio, avaliando um ao outro com um evidente descontentamento interno. Mas por fora, mantiveram a expressão relaxada para que Lydia não percebesse. 

Ela procurou pelas pessoas que Aiden citou naquele breve momento de silêncio, e encontrou uma colega que acenava para ela. Em seguida, a morena que estava algumas mesas dali a chamou para se aproximar com um pequeno gesto. 

– Lauren está me chamando, eu volto logo. – Martin informou olhando para os dois rapazes.  

Mitch pode ouvir diversas versões sobre o que sua consciência achava sobre ficar sozinho com Aiden, mas ignorou todas para continuar ali, sentado e esperando que o rapaz iniciasse algum diálogo entediante até Lydia voltar. 

Ele fechou as mãos em punho com o nervosismo que o invadiu, tentando acreditar que o sentimento ruim era desnecessário.  

Mesmo sem jeito, Mitch tentou transparecer naturalidade ao observar o rapaz se sentar no lugar de Lydia com um sorriso convencido no rosto, quase o fazendo acreditar que era natural.  

O encarou quieto, sentindo a rigidez de seus músculos parecerem piorar conforme os olhos castanhos do rapaz passeavam por seu corpo com a insistente curva nos lábios. 

– Então, Mitch... – Se ajeitou na cadeira imitando a posição dele. – Você é treinador da Lydia?  

A pergunta o fez arquear uma sobrancelha ao sustentar o olhar malicioso que acompanhou a questão lançada a ele. Desconfortável, Mitch se escorou na cadeira, se sentindo um pouco melhor com a pequena distância que criou do rapaz. 

– Sim. – Respondeu desinteressado. – Ela começou a fazer boxe um tempo atrás. – Explicou. 

– Ah!  

Apesar da conversa parecer ser tranquila e Aiden se mostrar pacífico no diálogo, Rapp não podia evitar se sentir cauteloso na presença do rapaz.  

– Você tem algum problema na boca? – Irritado com o sorriso insistente dele, Mitch acabou perguntando.  

Estava ficando irritado, quase acreditando que existia alguma piada maliciosa escrita em sua testa para o insistente sorriso do rapaz se manter por todo aquele tempo. 

Aiden riu do comentário, observando a ingenuidade que Mitch transpareceu ao questioná-lo mesmo percebendo a ironia na voz masculina e a indiferença em seus olhos. 

– Não que eu saiba. – Disse morno, contendo o sorriso. 

– Hum. – Mitch murmurou sem interesse, olhando para o bar em uma tentativa de ignorar o acompanhante. – Fico feliz em saber.  

Ansioso, procurou por Lydia, encontrando-a sentada na mesa junto com a colega que a chamou e mais três mulheres. Parecia interessada na conversa, o que além de o preocupar, o obrigou a conter um palavrão que desejou soltar em voz alta. 

– Lydia é linda, não é? – Aiden deixou o comentário escapar quando seguiu os olhos de Mitch, encontrando a ruiva sorrindo para as amigas entre risadas e goles em cervejas. 

A voz doce do rapaz teve a capacidade de enjoar Rapp que quase revirou os olhos, interrompendo o ato assim que percebeu que estava materializando a ideia. Ele fixou o olhar no teto do bar, fingindo que estava observando alguma coisa. 

Tudo o que não precisava era de mais alguém que se rendesse tão fácil a Martin citando suas qualidades inigualáveis para fazê-lo se sentir ainda mais encantado por ela. 

Quando voltou os olhos a Aiden, ele ainda encarava a ruiva. Existia um sorriso em sua boca, mas não era inocente e para Rapp, parecia distante de espontâneo. Os olhos castanhos exibiam calor, a mesma emoção que Mitch sentia quando se recordava da noite que teve com Lydia. 

O jeito que Aiden devorava Lydia com os olhos conseguiu incomodá-lo ao ponto de se sentir enjoado novamente, mas além disso, muito irritado. Forçou as mãos fechadas em punho, controlando a vontade de bufar. 

Irritado com algum possível ciúmes ou apenas repulsa, ele trincou o maxilar e cruzou os braços com firmeza, de maneira que seus músculos rígidos ficaram exibidos nos braços fortes.  

– Linda? – Mitch questionou rude, quase debochado. Sustentou o olhar de Aiden que passou de caloroso a curioso quando bateu nele para ouvir suas palavras. – Você não está olhando para ela como se fosse linda.  

Aiden franziu a testa, e sua cara de desfeita aqueceu o sangue de Rapp de uma maneira que ele odiava que acontecesse. Apesar de ter a expressão despreocupada, Mitch sabia que Aiden tinha entendido o que ele queria dizer pela maneira insuportável que mais uma vez sua boca se curvou para um lado do rosto. 

– Lydia também é gostosa. – Afirmou sem pudor. – Eu fico imaginando as loucuras que ela deve fazer na cama... – Após a fala que fez Mitch encará-lo com os olhos preenchidos por ira, Aiden desfez o sorriso para morder a boca, olhando mais uma vez para Lydia. 

Escutar Martin ser tratada como um pedaço de carne qualquer era enjoativo e revoltante. Por mais que o corpo de Lydia fosse lindo e ela fosse sexy o tempo todo, não era justificável falar dela daquela maneira estúpida.  

– Vocês dois parecem se dar bem. – Ele comentou sem pretexto. 

Rapp engoliu o bolo de raiva e impulso que avançava em sua garganta para cima, desejando sair pela boca. Suspirou áspero, baixo, se certificando de que sua voz sairia quando falasse. 

– Não precisa ter ciúmes. – Provocou ousando dar um breve sorriso de lado com a cara de paisagem que Aiden fez ao ouvir a frase.  

– Não estou. – Se defendeu, não convencendo Rapp. Ao voltar o olhar pra a ruiva, soltou uma nova frase: – Eu comeria ela o dia todo.  

Mitch pode sentir suas veias bombearem sangue para sua cabeça que fervia ao ponto de o couro cabeludo ameaçar formigar. Seus dedos desejavam saber qual era a sensação de bater diversas vezes seguidas no rosto de Aiden como se ele fosse um saco de areia da academia. A respiração de Rapp se tornou brusca e lenta em questão de segundos, e seus olhos insistiam em permanecerem em cima do rapaz. 

Aiden estava tão entretido em fantasiar a amiga que sequer notou os olhos furiosos de Mitch em sua direção. Ele mantinha o corpo relaxado, o que somava para que Rapp desejasse agredi-lo. 

– Qual é, Rapp? Eu sei que você também quer saber qual é a sensação. – Ousou brincar com Mitch que endureceu o queixo sem conseguir dizer uma palavra sequer.  

Repetiu em sua mente diversas vezes que apesar de ser extremamente revoltante ouvi-lo falar aquele tipo de coisa, Aiden não tinha chance com Lydia.  

Sua língua coçou para que falasse em alto e bom som qual era a sensação de estar dentro dela, como era poder apreciar os gemidos delicados diretamente no pé do ouvido, o quanto Lydia conseguia ser ainda mais linda nua. 

Mas em completa controvérsia sua consciência advertiu que seria uma atitude similar à de Aiden e pior, uma maneira horrível de expor a ruiva de forma desnecessária, algo que Mitch jamais faria. 

Ele engoliu as palavras maldosas que surgiram em sua boca para se remexer na cadeira, completamente desconfortável com a conversa. Desviou os olhos por segundos de Aiden, torcendo para que Lydia já estivesse caminhando em direção aos dois. 

Após poucos segundos de silêncio, Mitch só conseguia tentar controlar a temperatura de seu sangue que aumentava de forma descontrolada. 

Se sentia tão enojado e conturbado com a conversa que só conseguia olhar para Aiden como se ele fosse alguma espécie de verme. Estava decidido a se levantar e sair dali antes que tomasse alguma atitude impulsiva, mas por outro lado, queria mais do que qualquer coisa esfolar a cara do rapaz sentado à sua frente. 

Quase conseguiu se convencer de que seria justo para todo mundo dar uma surra nele, mas ao pensar em como Lydia reagiria ficava para lá de claro como a ideia era péssima. 

– Eu adoro quando vou ao apartamento e encontro ela... 

– Já chega. – Mitch cortou brusco, em praticamente um rosnado. 

Aiden pareceu não escutar, pois continuou sua fala: 

– De shorts jeans ou regata, ela odeia usar su... 

Em questão de um segundo, a bomba que cronometrava dentro de Mitch desde o momento em que Aiden sentou na mesa explodiu. Ele levantou da cadeira e se inclinou para a frente, levando as mãos à camiseta verde que o rapaz usava. Com todo o ódio que fervia suas veias e o nojo que revirava seu estômago, Mitch o puxou para cima com força, obrigando-o a levantar. 

Com a agilidade do movimento, Aiden acabou batendo as coxas na mesa, fazendo-a tremer e derrubar as garrafas de cerveja que antes eram bebericadas por Mitch e Lydia. Apesar dos clientes estarem distraídos, algumas pessoas perceberam a movimentação no canto do local, principalmente Lydia, que arregalou os olhos e pendeu o queixo quando enxergou a cena.  

Aiden não aparentou medo, mas sim surpresa. Apesar do rosto levemente contorcido pela dor da pancada, ele apenas murmurou um gemido baixo de incômodo. 

Mitch o segurou com tanta força e naturalidade que Aiden soube ser impossível se desvencilhar do toque ou até mesmo bater em Rapp. Pela confusão momentânea e ainda no susto pela rapidez de ter sido agarrado tão rápido, as mãos dele ficaram longes do corpo de Mitch, suspensas abaixo da cintura masculina quase como um sinal inconsciente de rendição. 

Os rostos ficaram tão próximos que Rapp pode sentir o hálito de álcool ser despejado em si. Mitch não conseguiu encontrar medo nos olhos castanhos como desejava, mas ter tirado o maldito sorriso maldoso da boca masculina fez o momento valer a pena. 

– Eu mandei você calar a boca, seu merda! – Ele sussurrou firme, rude. 

Desejou poder cuspir no rosto do inimigo. Seu coração acelerado espalhava toda a adrenalina que sentia, concentrando a maior parte em suas mãos onde Mitch quase podia sentir os nervos se agitarem em entusiasmo abaixo da pele.   

Mitch estava tão fixado no que fazia que sequer reparou a atenção que atraía das pessoas em volta e muito menos Lydia que estava paralisada e sem reação.  

Se sentia guiado não só pelo ódio, mas também pelo respeito que tinha pela ruiva, teve vontade de fazer Aiden engolir cada palavra maliciosa que soltou aquela noite até que se engasgasse. 

– O que me impede de quebrar a sua cara agora? – Perguntou em um novo sussurro, puxando ainda mais o corpo do rapaz para perto de si que sentiu a barriga machucar ao ser espremida na mesa. 

Aiden não respondeu, mas observou de canto de olho a aproximação que estava esperando desde que foi agarrado minutos atrás 

– Mitch! Larga ele! – Lydia surgiu em frente aos dois.

Apesar da voz baixa, estava claro o desespero que Martin sentia ao intercalar os olhos arregalados do amigo assustado para Mitch que parecia determinado a machucá-lo.  

Rapp queria tanto bater em Aiden que por um segundo cogitou arrastá-lo para fora do estabelecimento apenas para saciar à vontade.  

Para ele era impossível controlar o instinto animalesco que agitava suas terminações nervosas, apenas a voz de Lydia conseguiu. De alguma maneira, a súplica dela conseguiu lembrá-lo que estavam em um local público e que sua atitude de machucar alguém que ela gostava a magoaria, e Mitch não queria entristecê-la em hipótese nenhuma. 

Mesmo que Aiden merecesse, ela não havia ouvido a conversa que tiveram, o que conseguia confortar e irritar Rapp na mesma medida. 

Nervoso, enjoado e frustrado em algum grau, empurrou Aiden para trás com violência e impulso, fazendo com que ele batesse na cadeira e quase caísse no chão com o desequilibro momentâneo. 

Desorientado, ele soltou uma grande parcela de ar dos pulmões, apoiando os braços nos joelhos para se recompor.  

Mitch bufou violento com o maxilar estalado, ainda encarando Aiden com a vontade crescente de machucá-lo. Sentia os dedos formigarem a favor de algum soco, a consciência gritar seu senso de justiça para que batesse no rapaz, mas Rapp ignorou tudo por Lydia. 

Quando encontrou os olhos verdes em sua direção, não soube decifrar o que transmitiam. Alguma parte do verde vivo exibia chateação, o que não o surpreendeu.  

Porém Mitch também conseguiu encontrar afeto, o fazendo se sentir um pouco melhor diante da vontade imensa de machucar Aiden que ainda se acalmava buscando oxigênio. 

As emoções que se acomodaram em seu corpo por causa dela deram a impressão de carregar todo o desgosto de segundos atrás, o acalmando com os sentimentos únicos de Lydia. 

– Eu sinto muito. – Murmurou envergonhado, quase teve a capacidade de se sentir arrependido, mas ao lançar um último olhar para Aiden a sensação evaporou em seu interior. 

Caminhou para a saída sem olhar para trás, recebendo olhares das pessoas do bar que ainda prestavam atenção no ocorrido e passaram a comentar enquanto Mitch caminhava entre elas. 

Incerta de que atitude tomar, Lydia observou Rapp se afastar cabisbaixo. Ela colocou as mãos na boca por uma fração de segundos, demonstrando a confusão que se alastrava dentro dela. 

Por impulso, andou até Aiden e o tocou no braço, olhando-o nos olhos.  

– Você está bem? – Questionou preocupada, analisando-o. 

– Sim, eu só... 

Lydia não esperou que ele terminasse sua fala para se virar caminhando com pressa em direção à porta, torcendo para alcançar Mitch.  

Assim que saiu do estabelecimento, o encontrou caminhando firme em direção ao jipe que estava do outro lado da rua. Desesperada por uma explicação ela correu em direção a ele, sentindo que caminhava rumo a quem mais precisava dela.  

Parou de rompante alguns passos de distância, vendo-o levar a mão para abrir a porta do veículo. 

– Mitch! – Chamou o deixando paralisado, hesitando por segundos antes de se virar e encará-la. – Pode me explicar o que aconteceu? – Perguntou com calma, vendo-o abaixar os olhos para o chão. 

Rapp ainda sentia a temperatura do corpo elevada, esperando que pudesse chegar em casa e bater em alguma coisa para ajudar o organismo a combater o ódio que se apossava dele. 

Irritado, passou as mãos pelo rosto e cabelo, colocando-as na cintura com um bufar angustiado. Lydia observou o estresse evidente em cada milímetro do corpo forte, mas não disse uma palavra sequer. 

Ele lambeu os lábios para se encorajar, e após um novo suspiro disse: 

– Talvez ele não seja tão seu amigo como você pensa. 

Se sentia incapaz de repetir tudo o que Aiden disse a ele lá dentro e não sabia se deveria fazer aquilo, por isso tentou aconselhá-la daquela maneira. Lydia juntou o cenho e se aproximou dele, encarando-o nos olhos. 

Mesmo intimidado, nervoso, Mitch sustentou o olhar. 

Lydia abriu a boca para fazer uma pergunta a respeito, mas de forma gentil e suave, Rapp a cortou: 

– É melhor você descobrir sozinha, não posso me meter mais nisso.  

Martin o observou curiosa, e quando ele se virou para abrir a porta do jipe, ela o impediu dizendo: 

– Você disse que me levaria em casa. – Os olhos castanhos buscaram ela quando o rosto virou, mas o corpo permaneceu parado. – Acho que é uma ótima maneira do cavalheiro se redimir. 

Mitch encarou o olhar inocente em sua direção, e pela segunda vez no dia era incapaz de entender o que se passava na cabeça dela. Apesar de irritado, estava no bar aquela noite justamente para se redimir com ela e tinha acabado de gerar um novo transtorno para ambos.  

Não poderia deixar de tentar compensar o erro que havia cometido, e se aquela era a condição exigida, Mitch estava disposto a cumprir.  

Suspirou angustiado, impaciente, mas aceitou a proposta com um aceno de cabeça. Assim que se virou para ela estendeu a mão de uma maneira graciosa e convidativa para que Lydia segurasse. 

Martin percebeu sua postura melhorar e de maneira quase despercebida, Mitch colocar o braço livre atrás de seu corpo para não o deixar solto.  

– Não acredito... – Ela comentou com humor, mas em tom verdadeiramente surpreso. 

Apesar de ainda processar os acontecimentos infortúnios do encontro e seu corpo digerir toda a situação, Mitch se deixou levar pelo tom leve dela. Deu um curto sorriso de lado, satisfeito por deixá-la sem reação. 

– Você estava com essa postura quando fomos ao baile da universidade? – Ela perguntou agarrando sua mão de maneira delicada, sendo guiada por ele que rodeou o veículo e parou na porta oposta. Ele a abriu. 

– Estava nervoso demais para isso. – Mitch confessou, escutando-a rir enquanto entrava no jipe. 

** 

Mitch acompanhou a ruiva até a porta do apartamento como havia dito que faria. Apesar de estar um pouco mais relaxado quando entraram no jipe, ele continuava estressado, repassando as frases nojentas que saíram da boca de Aiden no bar. 

Precisava descarregar as energias, e por isso se sentiu ansioso para trabalhar no dia seguinte com total liberdade para esmurrar algum saco de areia da academia. 

O caminho todo, Lydia permaneceu em silêncio, tentando entender o motivo de Aiden quase ter apanhado. Sabia que deveria existir uma explicação muito boa para a atitude agressiva de Mitch mas não conseguia elaborar hipóteses, desejava saber a verdade dita por ele. 

Lydia abriu uma fresta da porta, mas não entrou no apartamento. Se virou para Mitch que esperava quieto que ela entrasse no cômodo.  Ele encarou os olhos verdes transbordarem desejo de saber a verdade, fazendo-o enfiar as mãos nos bolsos e suspirar sem jeito. 

– Não faça isso. – Pediu calmo. – Não me olhe assim, é impossível não fazer o que você quer. – Confessou. 

Lydia deu um breve sorriso pela frase, contente em saber que Mitch considerava difícil negar algo a ela. Rapp estava mais tranquilo embora ainda sentisse o rancor corroer seu interior, o devorando aos poucos. 

A olhou de esguelha, ainda sem jeito com a situação. Martin achou adorável a maneira que ele conseguia parecer tão ingênuo em algumas ocasiões como aquela.  

– Mesmo sem saber o que aconteceu, eu já te perdoei. – Lydia confortou. 

Por instinto e até mesmo saudade, ela levou a mão direita ao braço masculino. Alisou delicadamente seu antebraço, subindo o toque para o muque, tentando deixa-lo relaxado e distante da lembrança de mais cedo. 

Mitch fechou os olhos sabendo que era encarado, apreciando o toque gentil subir e descer sem pressa em sua pele. Por instinto, ele buscou a mão dela com o braço que não estava sendo tocado, o que a surpreendeu por ora.  

Lydia achou que ele só estava dispensando o conforto, mas Mitch a maravilhou quando trouxe a mão macia aos lábios e depositou um beijo puro e breve, fechando os olhos ao sentir o cheio do hidratante feminino. 

Martin suspirou admirada, observando como o ato parecia importante para ele que abriu os olhos após segundos, soltando um novo suspiro, mas esse de alívio. Por um segundo parecia que tudo estava certo como se nada ruim tivesse acontecido naquela noite. 

Ao encontrar os olhos derretidos de Lydia, ele levou a mão livre ao cabelo dela e de forma suave, colocou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha, deslizando em seguida o dedão para a bochecha feminina onde acariciou de forma amável.  

As pernas de Lydia ameaçaram fraquejar com tanta naturalidade e doçura vindo dele. O olhar castanho era tão especial e seguro que ela precisou controlar novo suspiro. O jeito terno que ele a acariciava a fez desejar dormir sentindo o toque no rosto, decorando a textura do dedo que se mexia de forma lenta. 

O coração de Lydia estava tão aquecido que conseguiria incendiá-la se fosse necessário. Completamente rendida a sensação suave, ela quase esqueceu de ouvir quando ele disse: 

– Durma bem. – Desejou ao se aproximar depositando um beijo sereno na testa dela, enquanto seu dedo ainda agitava na bochecha feminina com calma.  

Quando as mãos masculinas se desprenderam do corpo dela, Lydia foi ágil em segurá-lo pela mão, recebendo seu olhar curioso no mesmo instante. 

Ela absorveu o calor quase irreconhecível instalado nos olhos castanhos, lançando as palavras: 

– Fica comigo, por favor. – Pediu em um sussurro, sentindo as batidas do coração desenfrearem ao esperar uma resposta. 

Lydia contemplou os lábios finos moldarem para o lado, sem ter certeza do que significava, mas sabendo que sentia a mesma sensação avassaladora que ele.  


Notas Finais


Preciso muito de um retorno, então nem que seja pra dizer uma frase, entrem em contato ou por aqui ou pelo twitter e me digam! Agradeço desde já o carinho que sempre recebo. Espero não demorar para postar novamente, beijos! Até <3


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