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História Depois daquela noite - Parte 74


Escrita por: AmigaDaPaz

Capítulo 74 - Parte 74


Fanfic / Fanfiction Depois daquela noite - Parte 74

DEPOIS DAQUELA NOITE 

PARTE 74 

 

OLIVIA Harrison era o nome da mulher que Bonah encontrou no escritório de Mark, após voltar da consulta ginecológica, poucos minutos antes do final do expediente. E por mais que seu lado profissional tenha prevalecido durante os poucos minutos em que a visitante permaneceu ali, a Choi não conseguiu deixar de lado a quase palpável antipatia. Ela até mesmo se sentiu mal por sorrir quando a mulher se despediu com palavras educadas e floreadas demais para o gosto da coreana. 

— Expansiva. 

Mark não tinha estado totalmente alheio ao efeito que Olivia tinha causado, mas preferiu fingir que não tinha percebido qualquer animosidade por parte da namorada. 

— O quê?  

— Sua amiga

Ele quis rir da forma enfática demais como a palavra amiga foi dita, mas conteve-se. 

— Ela não é minha amiga. 

— Mas também não é inimiga. — Bonah não conseguia frear a própria boca. 

— Acho que podemos ver dessa forma. 

— Você a conhece faz muito tempo? 

— Uns três anos. 

O jeito como Mark estava dando de ombros era suspeito demais, para Bonah, ele certamente estava escondendo informações. 

— Hmm. 

Aquele tom não era nada positivo, demonstrava que a Choi não estava totalmente satisfeita com as respostas que obtivera até então, assim, o Tuan tratou de explicar de forma mais neutra possível, o real significado de sua relação com Olivia. 

— Eu fui o responsável pela reforma de uma das casas onde ela morou. 

— Seria ela uma cliente VIP? 

Aigoo. Aquilo já era demais. Pra quê alongar um assunto tão sem importância? 

— Choi Bonah. 

— O quê? — agora foi ela quem se fez de desentendida. 

— Pergunte logo o que quer perguntar. 

— Por que ela parecia tão íntima? — apurando a visão, fazendo seus olhos parecerem maiores, ela questionou com alto de tom de chateação: — Tão carinhosa com você? 

— Como você mesma disse, ela é expansiva. 

— Você não me apresentou como sua namorada. Eu devo me preocupar? 

Ah. Então aquele era o ponto.  

Mark riu. 

— Você está com ciúmes. 

Bonah cruzou os braços na altura do busto, e fez uma espécie de biquinho de protesto. 

— Mark. 

— Vamos. — ele riu, aproximando-se, segurando-a por um dos braços, puxando-a para fora da sala. — Deixa eu te alimentar. 

Ela se recusou a seguir caminhando. 

— Não fuja do assunto. 

— Esquece isso, Bonah. — suspirando, ele pediu, meio impaciente. — Não é importante. 

— Tem certeza? 

— Absoluta. 

— Muito insinuante ela, não é? — Bonah o seguiu pelo corredor. — Vergonhoso. 

— Bastante. —  Mark não estava apenas concordando para fazer boa média com a namorada, ele de fato acreditava que a senhora Harrison ultrapassava os limites da simpatia algumas vezes. — Ainda mais porque é uma mulher casada.  

— Sério? 

Ele achou graça da maneira como ela se espantou com a informação. 

— Acho que a gente deve sentir um pouco de dó do marido, hein? 

Bonah tinha uma forma de ver o mundo e as relações interpessoais e para si era abominável que uma mulher casada fosse tão atirada com qualquer outro homem além de seu marido. 

— Coitado...  

— Nem tanto.  

— Como assim? 

— Ele provavelmente deve saber bem quem é a mulher com quem está casado.  

Mark sabia que o senhor Harrison não era nenhum santo e que o casamento dele com Olivia era apenas comercial, mas esse era um tópico alheio e sério demais que ele não gostaria de tratar com a namorada naquele momento. Todavia, Bonah insistia: 

— Será? 

A Choi duvidava que o tal marido soubesse daquele tipo de comportamento da esposa e ficasse bem com aquilo.  

— Se não sabe ainda, uma hora ele vai saber. 

O Tuan deu de ombros, tentando encerrar a conversa, mas Bonah insistiu mais um pouco: 

— Eu não sabia que você gostava desse tipo de conversa, quer dizer, fofoca. 

— Gosto de todo tipo de conversa, ainda mais se for com você e sobre você. — sorriu, abraçando-a pela cintura. — Aliás, me conte, como foi na consulta. Tudo bem? 

— Melhor impossível. — agora foi ela quem o presenteou com um bonito sorriso. — A doutora garantiu que estou muito saudável e que não devemos nos preocupar e namorar tranquilamente. 

— Ótimo. Por favor, não me deixe esquecer de mandar algum presente pra essa médica. 

— Não é necessário, eu mesma já fiz isso. 

— Sempre um passo à frente, hm. — ele a beijou de leve no rosto assim que entraram no elevador, um beijinho que fez Bonah sorrir e deixar de lado qualquer preocupação. 

 

JUN Jiae gostaria de poder mudar a rota e parar em qualquer bar e beber como nunca fizera, talvez assim aquela vergonha por ter sido rejeitada outra vez por Park Jinyoung diminuísse. Mas ela sabia. Aquele era um caminho errado a se trilhar. Ela tinha visto de perto todos os estragos que o álcool poderia fazer na vida de alguém. Assim, seu lado racional e profissional falou mais alto, e ela seguiu dirigindo até o principal clube esportivo da cidade. Um local que ela estava se atrevendo a ir somente porque fora chamada para um serviço, afinal, ser sócio de um lugar daquele certamente teria o mesmo valor de um mês inteiro de trabalho, provavelmente até mais. 

Não foi fácil encontrar uma vaga no estacionamento e quando conseguiu teve que transitar pelo apertado espaço entre os carros de luxo que ali estavam parados. E como se não bastasse, mal tinha saído do labirinto de veículos quando esbarrou com alguém. Um rapaz, carregando uma pilha de livros, que foram todos ao chão, um deles em cima do pé da policial, que mesmo estando coberto pela bota, sofreu dor, fazendo-a gritar: 

— Você não tem olhos?! 

— Eles quebraram. — o rapaz mostrou os óculos, cujas lentes estavam rachadas. 

— Mas que merda! 

O rapaz se levantou de imediato e fazendo uma reverência nervosa, falou: 

— Perdão, a culpa foi minha. 

— Seja mais cuidadoso ao andar por aí com tanto peso. — ela respondeu num tom mais seco do que pretendia. — Anda, vamos recolher esses livros.  

Imediatamente o rapaz se abaixou e junto com a policial apanhou os materiais de estudos. 

Olhando-o com um pouco mais de cuidado, Jiae percebeu que ele tinha um rosto tipicamente infantil, quase como um desenho animado, com aqueles olhos grandes demais e os lábios avantajados. Não teve coragem de continuar brigando. 

— Aqui. — estendeu um cartão contendo seu nome, telefone, e profissão, dados que eram uma honra para si mostrar por aí. — Telefone na hora do almoço para me passar seus dados bancários. Eu vou pagar pelo conserto dos seus óculos. 

— Não precisa. — ele recusou. — A culpa foi minha. Eu devia ser mais atento e cuidadoso. 

— Sim, é verdade. Mas eu também não fui muito cuidadosa, então estamos quites. 

O sorriso dela fez o garoto se sentir acanhado porque era mesmo muito estranho que uma mulher mais velha e policial quisesse lhe pagar qualquer coisa, mesmo que ela tenha tido uma parcela significativa pelo dano nos óculos. 

— Eu não posso aceitar, senhora. 

— Não pode, mas vai. — enfiou o cartão dentro de um dos livros. — Mantenha-se seguro até que esteja com um novo par de óculos. E não ande com tanto peso por aí. — dito isto, saiu em direção ao compromisso ao qual já estava cerca de cinco minutos atrasada, mas diferentemente de outras vezes, não conseguiu ver aquilo como algo totalmente negativo porque tinha sido estranho de um jeito positivo esbarrar com a quase personificação de um desenho animado. — Muito engraçado. — riu e olhou para trás; o garoto tinha sumido. 

Ele era real? 

 

JACKSON estava descendo as escadas quando Jinyoung entrou na sala de estar. 

— Chegou cedo. 

— Ainda não estou fazendo plantão. 

— Por que você soa como se fosse algo negativo? — o Wang se admirou de verdade porque acreditava que o amigo estava feliz em poder voltar a rotina no centro policial. 

— Eu sou agente de ostensiva, então fazer trabalhos administrativos é passivo demais. 

— Se você diz. 

Jinyoung tirou o casaco e sentou-se numa das poltronas. 

— E a Lin? 

— Saiu com a senhora Bong. 

— E você? 

— O quê? 

— Vai sair também? — olhou o amigo da cabeça aos pés, achando que era demais aquela jaqueta de couro e os sapatos finos para apenas jantar em casa. — Parece bastante arrumado. 

— Vou tomar uns drinques com um pessoal. 

— Certo. Juízo, hein. 

Jackson começou a caminhar em direção a porta, mas retrocedeu. 

— Jinyoung. 

— Sim? 

— E sei que não preciso dizer isso, mas... — hesitou antes de deixar escapar o que seu coração tanto queria dizer: — Cuide-se. Cuide da Lin também. 

O Park franziu o cenho. 

— Assim, tão de repente? 

— Vou voltar pra China daqui algumas horas. 

Por alguns instantes, eles apenas olharam-se até que Jinyoung questionou, desconfiado: 

— Isso tem a ver com a minha irmã? 

Sim. Tem a ver com ela. Com a criança que ela está carregando no ventre. Tem a ver também com o fato de que negligenciei o meu trabalho no meu país. Tem a ver comigo e com meu orgulho ferido, meu coração em frangalhos. 

Jackson realmente gostaria de ter coragem para dizer tudo aquilo que lhe afligia, mas naquele momento, era impossível, assim, ele concedeu a resposta mais simples que poderia dar: 

— Tem a ver comigo. 

Jinyoung riu sem humor. 

— Por que não acredito nisso? 

— Não insista. — pediu com seriedade. — Não tenho muito mais para te dizer. 

Algo muito sério estava acontecendo ali e o Park não estava disposto a deixar passar. 

— Você pode me dizer qualquer coisa, Jackson, eu não vou te julgar. — prometeu sincero. — Não tenho direito de fazer isso quando eu mesmo também não sou perfeito. 

— Você pode até não ser, mas está se esforçando bastante. — o Wang sorriu com certa doçura. — Eu vejo que a Lin está muito mais feliz depois que você veio morar aqui.  

Orgulho e contentamento subiram aos poucos pelo coração e a mente do Park, que sorriu de volta para o amigo, que seguiu incentivando: 

— Aliás, aproveitem que agora a residência será todinha de vocês e arrumem alguns pares de pezinhos para correr por aí. — piscou daquele jeito amigável e sapeca que só ele conseguia. — Já estou na idade certa de ser tio. 

Jinyoung riu enquanto Jackson saia. Ele não sabia, mas aquela seria a última vez em muito tempo que veria o melhor amigo. 

 

GENT Bhuwakul estava com quase oitenta anos, e acreditava que tinha abusado de sua cota de ver coisas extraordinárias acontecerem na vida, todavia, aquele dia quente de verão, provou que, havia sempre algo bonito para se presenciar e sentir. Gratidão se fazia presente em seu ser por testemunhar, mesmo com seus olhos nublados, algo quase mágico acontecer ali, no seu precioso jardim. Regozijou-se por um de seus netos – de longe o seu preferido - protagonizar aquilo que muitas pessoas ao redor do mundo apenas sonhavam em viver e se iludiam e, por vezes, se decepcionavam na maior parte do tempo porque não sabiam discernir nem aproveitar. E ali estava, entre as flores e borboletas, a conexão surgindo sem qualquer esforço ou pretensão, mas inegável para qualquer um que tivesse sensibilidade para ver e compreender. 

A menina sul-coreana era uma convidada de sua ex-nora, Kanda e de sua netinha Kanya. Era uma aluna intercambista, que aparentemente se esforçara o bastante nos estudos para vir até a Tailândia, feito que lhe daria um diploma na área de letras do idioma oficial daquele país. Ela era bonita, apesar da magreza e da palidez tão distinta das cores naturais nos nativos de Bangkok e regiões adjacentes. Mas, ele só era um velho, que não entendia sobre novos padrões de beleza, porém, se havia uma coisa que o tempo não lhe tinha tirado, fora a percepção apurada para tudo ao seu redor, mesmo as mínimas coisas. Ninguém ali era capaz de enganá-lo. E mesmo que Kunpimook tenha tentado, não fora capaz de disfarçar o genuíno interesse na garota que lhe fora apresentada como Bong Hyemi, que se tornara ainda mais graciosa usando aquela coroa de flores feita pela pequena e talentosa Kanya, que amava flores, borboletas e pelo visto, também amava sua nova irmã-amiga mais velha, como apresentou. Uma pessoa que é instantaneamente acolhida na família pela integrante mais pura e inocente só pode ser alguém especial, pensou o avô. 

— Se o meu nome for muito complicado, você pode me chamar de BamBam. — o rapaz sorriu, tornando-se absurdamente parecido com seu falecido pai, o que fez o senhor Gent sorrir saudoso pelo filho falecido. 

— BamBam? Igual ao desenho animado? 

— Sim. 

— Legal. — a moça também sorriu, não deixando dúvidas para quem tivesse visto a cena, que algo muito além de um simples começo de conversa amigável estava se desenvolvendo ali. 

— Veja bem, Hyemi, você não é a única visitante, sabe? — Kanda comentou simpática como sempre. — Meu sobrinho também acabou de chegar de viagem, a propósito, não quer nos contar um pouco sobre sua vida nos Estados Unidos? New York deve ser louca. 

— Tão louca quanto o aeroporto hoje quando eu cheguei. — Kunmpimook riu. — Parecia que todo mundo da Ásia estava chegando ou partindo, eu quase não consegui pegar minha mala e sair de lá. Perdi as contas de quantas esbarrões levei e tantos que causei. 

— Eu tive a mesma impressão! — Hyemi exclamou agitada, para logo em seguida pedir de desculpas por ter quase gritado. — Perdão. 

— Por falar em impressão... — ele a olhou com mais cuidado. — Acho que nos vimos no aeroporto hoje. Você saiu correndo. 

— Eu? Não... — o jeito como ela negou deixou mais do que óbvio, que sim, eles tinham se visto, e depois ela tinha saído correndo. 

Vovô gente riu. 

— Quando algo tão bonito e certo assim acontece, você não deve negar, senhorita Bong. — aconselhou e virando para o neto, piscou: — Se você tiver herdado um pouco da sabedoria do seu pai e desse seu velho avô, você não vai deixar essa fada voar para muito longe, a não ser que você voe com ela. 

Todos ali, BamBam, Hyemi e Kanda, mantiveram-se em silêncio tentando entender a analogia, que logo foi deixada de lado porque os demais membros da família vieram de dentro da casa, carregando bandejas e panelas, contendo a refeição mais deliciosa que a maior parte deles desfrutava em dias. 

Ninguém ali podia entender direito, mas o senhor Gent Bhuwakul tinha dado o melhor conselho que aqueles dois jovens poderiam e mereciam receber. Agora, iria depender deles, compreender sobre o que se tratava e agir conforme a tirar melhor proveito daquela oportunidade única que vida lhes presenteara. 

 


Notas Finais


SPOLER DO PRÓXIMO CAPÍTULO!


“Se já começamos assim, isso não vai dar certo”, ela não conseguiu conter aquela maldita lágrima quente e dolorida.


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