História Depois Dos Quinze - E pra piorar...

Tentei levantar sem fazer barulho, minha perna ainda doía,  mas agr ela estava enfaixada "pelo menos isso os brutamontes fizeram". Com um pouco de esforço me coloquei de pé,  vi que a porta estava destrancada. Era a minha chance, se eu não saísse naquele momento eu não sairia nunca mais. Fui me "arrastando" até a porta fiz de tudo para ela não fazer barulho, peguei um moleton que estava jogado na mesa e sai de fininho. E lá estava eu, com um machucado na cabeça,  os cabelos que só Deus,  um vestido vermelho horrendo e um moleton por cima, além do machucado na perna...e eu estava descalça também, nunca me senti um trapo até aquele dia.

Fiz questão de sair o mais rápido possível da li, mesmo não sabendo Onde eu estava. As pessoas me olhavam com dó, outras com nojo achando que eu era algum tipo de mendiga. Depois de me certificar de que estava o mais longe possível eu procurei um telefone público. Me apoiei no telefone porque eu não sabia pra quem ligar...Isis?  Melhor não. Milena?  Já deve estar querendo me matar. Michelle? Eu quero que a Michelle se foda. Derek?... liguei para o Derek a cobrar, ele não atendeu de primeira, mas atendeu na segunda vez.

-Alo? -Ele disse

-Oie é a Bia...

-Oie Bia tudo bem? A Milena me ligou procurando você.  Cade o seu celular? 

-É uma história longa. Eu te falo, mas preciso que você me ajude, eu não faço idéia de onde estou.

Ele me fez algumas perguntas e ele mesmo chegou a conclusão de onde eu estava. Uma hora depois ele estava lá,  parecia um daqueles príncipes que resgatam as princesas em seus cavalos brancos, mas nesse caso era um corsa prata.
Eu estava em um ponto de ônibus que ele havia mencionado na ligação , sentada em um dos bancos e então o carro chegou, eu não reconheci de inicio, mas então ele saiu  e veio ao meu encontro. Ele ja chegou me abraçando como se estivesse aliviado em me ver.

-Que encrenca você se meteu garota? -Ele disse ainda me tendo em seus braços.

-Em uma bem zoada, me leva pra casa por favor. -Eu disse, mas a minha voz saiu muito fraca . Eu estava cansada, meio tonta, mal conseguia ficar em pé.

-Vou te levar ao hospital primeiro , e no caminho você vai me contar o que houve. -Ele disse me pegando no colo.

Ele me levou até o carro, me sentei no banco da frente e ele deu a partida. Falei tudo pra ele, eu só omiti uma coisa, um nome: Charles, porque eu faria ele pagar com certeza, de algum jeito ele vai sentir tudo o que eu senti, não fazia sentido mete - lo nisso agora.

No hospital, eu e o Derek tivemos que fazer um teatro, onde eu era a adolescente rebelde que fugiu de casa e se machucou, e o Derek meu irmão mais velho (de maior), estava me dando a maior lição de moral.  Fazendo todo esse teatro conseguimos passar no hospital sem os nossos documentos.
Ele disse que ia me levar pra casa, mas eu preferi ir até o clube ver a Michelle.

-Você vai arrumar confusão... -Derek disse

-Não vai ser a primeira vez, ou esqueceu que eu dei um soco nela no dia em que o Philip morreu? 

Ele me levou ao club não estava feliz com isso, mas levou. Eu já estava conseguindo andar, a dor na minha perna tinha sumido com tanto analgésico que o doutor me receitou. Então estávamos entrando e eu dei de cara com o Charles,  ele me olhou assustado.

-Olá Charlie -Eu disse olhando no seus olhos arregalados.

Ele abriu a boca pra falar alguma coisa, mas desistiu. Eu passei por ele ser dizer nada, até porque o Derek estava atrás de mim. Mas acho que meu olhar falou tudo, eu dei um meio sorriso, talvez até malicioso, agora ele era meu, minha propriedade, e ele sabia disso, eu não sei o porquê de tanto medo do Richard e nem sei o que o tal de "Neno" tem haver com ele, mas não importa. No fim, eu ganhei o jogo.

Entramos. Eu pedi ao Derek me esperar enquanto eu falava com a Michelle.  Ela estava na sala do Richard junto com ele.
Entrei na sala os dois me olharam boquiabertos.

-Você tá viva?  Mas o Charles disse...-Richard começou a dizer mas eu o interrompi.

-Ele estava enganado. Ao contrário do anthony eu estou vivinha -Eu disse fuzilando a Michelle,  que estava abatida. Ela estava sentada no sofá.

-Desculpe não era à minha intenção que tudo isso acontecesse -Michelle começou a se proteger.

-a não?  -Eu disse com tom de ironia - Então por que você não me disse o que tinha naquela seringa?!

-Eu só achei mais fácil -Ela disse respirando fundo .

-Mais fácil?  Você me fez matar um cara, e de bônus vieram mais dois homens e o Anthony!

-O Anthony era meu irmão, eu estou triste EU estou com raiva. você? Você realmente liga pra isso? -Ela disse se levantando -você nem conhecia nenhum deles! Cresce Bianca! Isso não vai mudar a sua vida e você sabe disso! Não finja estar de luto por esses caras porque você não está,  você tá puta porque eu menti e pelo acidente e tudo mais, mas por causa das mortes? Não seja hipócrita...

-Eu não sabia que ele era seu irmão, mas Michelle entenda eu não achei que uma pessoa do clube...-comecei a falar e ela me interrompeu irritada.

-O que?! Achou que aqui só tivesse pessoas drogadas? Pensou que nós não fossemos capaz de mandar alguém matar? Você não sabe nada! Isso não é um lugar Feliz! -Ela respirou fundo e disse essa última frase olhando para o Richard - nunca foi e ainda não é.

-Relaxa Michelle -Richard tentou acalma-la.

-Tanto faz -Ela disse e seus olhos queriam lacrimejar -Você fez o seu trabalho e é isso que importa Bianca, pode ter certeza que a dívida da Isis está coberta e que ela não comprará mais drogas dos meus clientes.

-Obrigada -Foi a única coisa que eu consegui responder.

Michelle sempre foi uma garota forte, mas naquele dia ela estava em pedaços, eu esperava uma super briga, mas ela agiu diferente do que eu pensei e isso me desestabilizou.
Ela então passou por mim e abriu a porta, antes de sair ela me olhou, nada de lágrimas, Seu rosto não estava mais vermelho como antes, ela estava como ela sempre é, uma garota de olhar penetrante e nariz empinado.

-Ha e Bianca...agora você está entre as pessoas que eu mais respeito, parabéns.  -Ela disse antes de sair .

Eu me sentei no sofá assim que ela saiu, e o  Richard sentou ao meu lado.

-Como você está? - ele disse passando a mão na minha cabeça.

-Cansada. Eu quero ver a minha namorada e quem sabe tomar muito sorvete -Eu disse deitando no colo dele.

-Não de atenção às coisas que a Michelle disse, ela não falou por mal.

-Tudo bem, ela tem razão...Em tudo. -Ficamos em silêncio e então decidi tirar uma dúvida -Richard...Quem é Neno?
Eu não vi seus rosto, mas pela demora pra responder acho que ele ficou surpreso.

-Ele foi o primeiro dono do clube. Ele criou o clube 22 há 40 anos e fez desse lugar a cede da sua gangue. -Ele respirou fundo. -esse não era um lugar bom, os caras do Neno eram ruins, os piores, Eles roubavam, matavam, torturavam, e estripavam sem piedade. Mas não importa o quão ruins eles eram, o Neno era pior, um assassino sem coração...

-O que aconteceu com ele? -Perguntei

-Morreu... em um acidente. O meu irmão Caleb aproveitou a situação, e me mandou para cá pra tomar conta de tudo.

-E o que aconteceu com os caras ruins da gangue dele? -Perguntei

-A maioria saiu da cidade. Mas alguns ficaram e fizeram comigo um acordo, onde eles ficariam na deles, sem causar, sem roubar ou matar...e se eles seguissem  isso, poderiam continuar pela cidade ou pelo clube se quisessem. A Michelle era um deles, assim como o Anthony.

-É por isso que ela me mandou matar aquele cara? Porque se ela fizesse quebraria o acordo que fez com você?

-Isso mesmo. Mas me diga, como soube sobre isso? É um assunto proibido. -Ele disse e eu me levantei pra olhar no rosto dele enquanto eu mentia

-Eu ouvi há algun tempo em uma festa, não lembro de quem.

Ele caiu. Peguei meu celular, Me despedi do Richard e sai. Eram 13:30 da tarde quando eu sair do clube, Derek estava do lado de fora do lado do seu carro, brigando com a Michelle. Quando perceberam que eu estava chegando ela simplesmente foi embora.

-Espero não ter interrompido nada importante

-Você não interrompeu -Ele disse abrindo a porta. -Pra casa agora não é? 

Eu fiz que sim com a cabeça. O Derek era perfeito né?  Eu sempre achei isso. Quando eu preciso ele sempre está lá pra me ajudar, mesmo havendo uma tensão estranha quando estamos juntos.
O carro parou em frente a minha casa, nos saímos do carro, ele foi comigo até  a porta.

-Obrigada -Eu disse abraçando ele, estava tão quente.

Me deu um beijo na testa e saiu.
Abri a porta, minha tia estava na cozinha com o celular na mão, eu nem dei atenção só fui indo em direção ao meu quarto.

-Bianca!!! -Gritou a Carolina irritada, continuei andando sem dar atenção -Sua idiota!!!

Ela estava nervosa, mas não é a primeira vez que eu fico fora e ela nunca fez um show por causa disso, algo deve ter acontecido. Entrei no quarto mas não fechei a porta eu sabia que ela ia vir falar comigo. Não demorou nem dois minutos ela estava no meu quarto, mais vermelha que um pimentão.

-Onde você estava? O que aconteceu? você tá toda machucada!

-Eu estava com uns amigos e nos sofremos um pequeno acidente, nada sério,  ninguém se feriu...

-Sua filha da puta! Podia ter morrido! -Ela disse jogando o celular dela em mim

-Relaxa louca! 

-Relaxa? Vamos ver se você relaxa depois disso! -Ela pegou um envelope do bolso e me entregou com raiva .
Eu abri o envelope, estava escrito muitas coisas com palavras difíceis. Rolei meus olhos em tudo o que estava escrito até achar algo que eu entendia.
"Então por essas razões, a menor terá que ser acompanhada de perto pelo Conselho,  para o seu próprio bem"

-O que é isso? -Perguntei

-Uma assistente social veio aqui -Ela falou mais calma, ou mais triste. -Ela queria falar com você, mas você não estava, me julgou como irresponsável e me culpou pelo seu baixo rendimento na escola. Eles acham que sou nova demais pra ter a sua guarda...Eu acho eles vão levar você embora.