História Depressão - Liberdade...

Acordei em um dia triste, o sol ainda não saiu, tudo o que ouço é o som de meu coração batendo frenético.
Eu me levanto de minha cama e abro a janela, não sei por que mas me sinto atraído pelo mar; num ato insano eu pulo pela janela e corro em direção à praia, as lágrimas quentes e dolorosas escorrem pelas minhas bochechas e me trazem à tona as lembranças do passado que mais me causam dor. Lembranças de abandono e traição...
Eu sinto a areia entre meus dedos, eu observo meus pés e imagino que eles devem estar muito confortáveis naquele imenso oceano de cor ocre.
Eu me atiro na areia e choro como uma criança triste e abandonada que jamais recebeu amor.
Eu apenas me lembro vagamente de meus pais me abraçando e cantando para mim, acho que deve ser delírio pois meu pais jamais se importaram comigo. Eu não me esqueço nunca, de ser abandonado naquela praia em Nice e de meus pais dizendo que iriam até o chuveiro e que já voltariam.
É irônico pensar que, mesmo depois de um aparente sucesso e de muito dinheiro como empresário eu esteja aqui nessa situação onde depressão tomou conta de mim.
Eu me levanto e observo os pássaros marinhos, eu observo a maneira doce que as gaivotas e os albatrozes voam atrás de um destino incerto. Eu quero ser como eles... LIVRE
Eu corro até o cais onde meu barco está atracado, eu embarco e me dirijo ao mar aberto. Novamente sinto as lágrimas molharem meu rosto, eu não as enxugo, eu apenas as deixo rolar livremente aliviando levemente minha dor. Eu chego em um ponto onde não consigo mais ver a praia,  eu olho para o céu, sinto meus olhos arderem. Eu peço a Deus que me perdoe e digo que já não encontro soluções para minha depressão, já que anos de remédios e psicólogos não me ajudaram em nada.
Eu simplesmente amarro a corda da âncora em meu tornozelo e digo a mim mesmo:
– Descanse em paz Petter Miers...
Eu me atiro ao mar e, como meu ultimo ato me entrego, totalmente, à morte...