Doutor, o problema
Está no meu peito
Meu coração parece
Frio como o gelo
Mas ninguém percebe
Cage the Elephant - Cold, Cold
Jungkook revirou os olhos fingindo não estar preocupado ou ligando para o que Park havia perguntado. Mas era óbvio que estava. Não esperava vê-lo no mesmo dia, aliás, o que ele estava fazendo ali mesmo? E como que Seokjin havia cedido sua entrada e não ter lhe contado?
Park ainda mantia-se de feição séria, sequer olhou para o cara desconhecido, por si, sentado no sofá ao lado de Jungkook. Ele estava tocando na barriga de Jungkook, no seu filho. A antipatia a primeira vista fora confirmada. Seria o namorado do Jeon e por isso ele não havia aceitado morar consigo?, pensou angustiado o empresário.
Jin olhava para cena com um riso entalado na garganta, era nítido o pseudo ciúmes do seu chefe com o seu primo ao lado do mais novo.
— Quer tomar um copo de água? Refri? Suco de maracujá? — Jin caçoou o Park, este que nem entendeu nada.
— Não, muito obrigado, Kim. — Jimin disse sem desviar o olhar de Jungkook, o vendo virar de costas e recostar no estofado. — Não vai falar comigo, Jungkook? Por causa do seu namorado, é isso? — o moreno arregalou os olhos, não crendo no que ouvira. — É por causa dele que você não vai morar comigo?
— Escuta aqui, sei-lá-quem... — Namjoon se intrometeu, levantando do sofá e indo até a frente do loiro. Jimin, se pudesse, fuzilaria o mesmo naquele mesmo instante que parou a sua frente, sendo nada educado consigo. — De onde você tirou essa ideia de que sou o namorado do pequeno?
"Pequeno"?, Jimin questionou-se em mente, a estranha raiva subindo em alta pressão.
— Se bem que eu não sou de se jogar fora. — Namjoon disse convencido, e recebeu um tapa no braço vindo de seu primo, que o pegou pela cintura e saiu puxando a si. — Eu e você não terminamos com essa conversa, parceiro! — e sumiu pela ala da cozinha sendo praticamente arrastado pelo rosado.
— O que faz aqui? — Jungkook, que não havia falado nada até então, se pronunciou.
O empresário deu a volta no sofá, pediu permissão com o olhar e fora cedida quando o Jeon assentiu, olhando para o lado oposto. Enquanto o moreno estava olhando para o outro lado de braços cruzados, Jimin pôde ver bem o jovem de perto e mais detalhado. Era lindo, os fios de cabelo, a melanina. Desceu o olhar mais para baixo, específicamente para a barriga, e seu coração se derreteu e esqueceu que estava angustiado com a cena de outrora. Jimin queria tocar na elevação, sentir o seu filho, mesmo que o feto não fosse falar ou fazer algo. Contudo, não queria fazer isso só por ter visto o acastanhado o tocando.
— Eu vim aqui, aqui... — "O que eu vim fazer aqui mesmo?" Ah, olhar para o moreno e estar perto dele.
— Que seja. — Jungkook ralhou, olhando finalmente para o Park. — E o Namjoon não é meu namorado, é primo do Jin hyung. Você não pode sair perguntando essas coisas, assim, do nada e...
— E por que não? — Jimin interrompeu o mais novo. — Chego aqui e vejo aquele cara tocando no meu filho.
Jungkook sentiu o rosto queimar.
Mas segurou as emoções.
— Ele não estava tocando no nosso filho e sim na minha barriga, Park. — desdenhou.
— E não dá no mesmo? — o loiro franziu o cenho, confuso. Jungkook revirou os olhos.
— O que você quer? Já passei o número do meu celular, o que quer, hein? — quis saber e dissera de forma impaciente.
— Eu vim ver se você aceita o convite que eu fiz mais cedo, sabe? — Jimin mordeu o lábio inferior, incerto com a resposta.
— Não, Park. — indagou indiferente. — E se você não percebeu, está chovendo lá fora, eu não posso pegar esse sereno. A ventania pode me deixar com anemia que vai fazer mal a mim e ao bebê.
— Oh, é mesmo. — Jimin arregalou os olhos, não queria deixar os dois doentes por sua legítima culpa. — Então que tal amanhã? — insistiu.
— Não. — Jungkook remexeu no sofá, incomodado com a insistência.
— Por que tão difícil, Jungkook? — o loiro perguntou em tom desapontado, fitando o outro de forma inquieta.
— Gosta do mais fácil, Park? — bradou. — Aposto que sim, já está acostumado com tudo fácil na sua vida, não é mesmo?
Jimin se perguntava o porquê do outro estar sendo tão medíocre consigo sendo que ele não fazia por onde. Não merecia. Sempre sendo calmo, não surtou ao saber que era pai, e era dessa forma que deveria ser tratado?
— Eu desisto. — Jimin indagou, levantou do sofá e ajeitou o terno no braço.
— Desiste? — Jungkook perguntou num fio de voz, que aliás praguejou em mente por ter falado de tal modo. — Do, do que você está falando, Park?
— De você. Desisto de você, Jungkook. — ergueu a cabeça após deixar o pano preto direitamente dobrado no antebraço esquerdo. Jungkook engoliu em seco, não sabendo como lidar com seu interior que se agitou de forma descomunal após a revelação.
— V-você vai desistir de mim? — sua voz ainda não estava firme. Olhou Jimin andar em direção a porta; passou a seguí-lo. — E do seu filho também? Vai desistir dele?
— Jamais. — Jimin parou instantemente e virou o corpo, isso quase fizera Jungkook esbarrar em si, parando próximo até demais. — Não posso desistir dele.
— Não pode? — Jungkook adquiriu uma carranca e cruzou os braços. Jimin girou os calcanhares e abriu a porta.
— Errei. — o loiro disse. — Não quero.
••••
Estava jantando com o melhor amigo e com o primo do mesmo, e ao contrário dos dois mais velho, Jungkook mal havia tocado no garfo. Não por causa da comida, era a sua comida favorita, macarrão com carne moída, de fato nem a recém gestação o fizera enjoar da comida, no entanto, a frase do empresário dizendo estar desistindo de si não saía de sua mente.
Ele não deveria ter considerado, levado para o lado pessoal. Culpou seus hormônios.
— Não gostou do meu macarrão, Kook? — Jin observava o moreno há um bom tempo.
— Não, hyung, só estou um pouco com enjôo. — sorriu forçado para o rosado.
— Até porque isso aqui tá uma delícia. — Namjoon disse de boca cheia, causando riso nos dois da mesa.
— Eu disse que você ia enjoar até da sua comida favorita. — Seokjin relembrou-o, logo enfiou uma quantidade mínima da comida na boca. Ao contrário do primo, que comia em quantidade contraditória. — Pelo grande amor de Deus, Namjoon, come direito.
— Está achando ruim!? — o acastanhado disse inconformado. — Eu aqui, comendo com todo gosto, que nem um esfomeado que não tem dinheiro pra comprar uma fruta só, e você aí me repreendendo, hyung?
Namjoon falou na esportiva, entretanto, o Kim mais velho percebeu que o primo havia falado justamente aquilo que o mais novo estava passando antes de morar na sua casa. Viu Jeon rir minimamente e até havia parado de mexer o garfo.
— Eu falei algo de errado? — Namjoon sentiu a tensão repentina. Não teve respostas dos dois. — Eu sempre estrago as coisa, bem incrível essa minha capacidade. — murmurou.
— Não é isso, Nam. — Jungkook ousou a falar. — É que...
— Não, é isso mesmo. — Jin interferiu.
— Precisa confirmar, hyung? — o Kim retrucou ao primo. — Credo.
— É que esse exemplo que você usou, era exatamente o modo de vida que eu estava levando, Nam. — o mais novo informou-lhe de maneira mansa, sem mágoas. — O hyung quem me tirou do puxadinho sem estruturas pra uma pessoa que espera um filho pudesse morar. E eu sequer tinha o que comer.
— E é por isso que tive a melhor ideia de abrir... Não, quero dizer... Eu abri meus braços e as portas para ele e seu bebezinho morar comigo aqui, já que aqui ele irá ter do bom e do melhor para ele e para o nenê.
O estudante de fotografia absorveu as coisas ditas, encabulado consigo mesmo por ter feito uma comparação em forma de piada nada adequada naquele, e nem em outro, momento. Largou o fargo e juntou as mãos em súplica para o moreno.
— Desculpa, pequeno. — lamentou-se.
— Tá tudo bem, Nam. Você não sabia de nada. — Jeon sorriu meigo e passou a tomar apenas o suco. Namjoon torceu a boca e olhou para o seu prato a frente. Inerte.
— E a partir de agora não de quero mais ouvir essas suas piadas sem senso, me ouviu bem, Kim Namjoon? — Jin inquiriu, apontando o talher para o primo sentado na cadeira ao lado, de frente para o moreno.
— Beleza. — o acastanhado voltou a comer a comida, nunca comida antes e estava muito boa; e ainda iria repetir. — Vou querer mais, só tô avisando.
— Buraco sem fundo. — o rosado riu, e sentiu-se melhor ao ver o moreno rir junto.
— Mas então, pequeno. — Namjoon chamou a atenção do moreno. — Aquele que veio aí é o seu namorado? Por isso ele ficou de ciuminho?
Jungkook cessou o riso.
— Não, não. Só o pai do meu filho.
— Ata.
Namjoon assentiu, como se tivesse entendido que não seria uma boa aquela conversa sobre o loiro, e voltaram a comer em silêncio.
••••
Jungkook estava se remoendo com o telefone fixo do Kim em mãos. Sua mente as vezes lhe pegava peças de que não poderia fazer isso, mas seu coração, o mais idiota, era tinhoso e dizia que era para ligar para o Park.
Mas apra que? Jungkook não tinha algo aparente para impor uma conversa, se é que teria forças e coragem de querer conversar algo com o CEO. O convite para o café seria um bom pretexto de saber mais sobre a vida do loiro, já que só sabia de seu nome e onde ele trabalhava. Quer dizer, sabia um pouco sobre a personalidade do mesmo, entretanto, do jeito que Jin dissera, ele queria confiscar ao vivo. Teria que dar um oportunidade para o loiro. E quem disse que Jeon Jungkook queria isso? Era cabeça dura, e por isso colocou o aparelho no mesmo lugar e jogou seu tronco para trás, estava no sofá, então assim relaxou-se. Porém, após três míseros segundos, o Kim mais velho estava parado escorado na parede, na ala da saída da cozinha, de braços cruzados e não aguentou segurar o que achava ao ver Jungkook recuar.
— Você deveria ligar pra ele.
Jungkook se assustou e colocou a mão na barriga. Suspirou aliviado ao ver o amigo do outro lado. Seria muito inconveniente se o seu coração começasse a falar em voz alta consigo.
— Não sei, hyung... — sussurrou o mais novo. — Eu realmente não sei se devo.
— Vai ser melhor, pode acreditar em mim. — disse o Kim, se aproximando do outro a passos lentos.
— Ele disse que desistiu de mim. — de novo sussurrou, e o rosado sentiu no tom de voz a angústia proferida.
— Sério? — Jin arqueou a sobrancelha e logo sentou ao lado, mas na ponta do sofá, do Jeon. O mais novo apenas assentiu. — Hm, então ele estava mesmo querendo ter algo com você, Jungkook.
— É, eu sei. Não é a toa que quis casar comigo, aquele, aquele... Louco. — revirou os olhos. Jin riu.
— Ele também desistiu do bebê? — Jin perguntou incerto, ansiando um "não".
— Não. — Jin relaxou os ombros.
— Faz o seguinte... Liga pra ele, mesmo que ele disse que desistiu de você, vocês tem a obrigação de discutir sobre o bebê.
— É, você meio que tem razão. — olhou para o rosado e o viu de feição incrédula.
— Meio?
— Tá, toda razão. — deu por vencido.
Seokjin levantou do móvel de couro e fora até ao lado de Jungkook, pegando seu telefone e digitando o número que sabia de cor do seu chefe. Em seguida entregou-o para o moreno, este que lhe fitava aflito.
— Agora é só apertar o botão para ligar. — Jungkook demorou a pegar o aparelho em mãos. Ficou encarando o mesmo por tempo suficiente. — Vai, Kook, liga.
Jungkook então ligou.
Mas, não teve respostas. O mais velho pediu para ele ligar mais uma vez e na terceira chamada o Park atendeu.
— Alô? — Jungkook trincou ao ouvir a voz doce do empresário, sentindo o peito esquerdo bater mais forte. Estranhamente mais forte.
— Park? — perguntou num fio de voz.
— Jungkook? — era nítido sua surpresa.
— É, sou eu. — olhou para o melhor amigo e quase desligou ao não saber como continuar. Jin negou com a cabeça, como se tivesse entendido o que Jeon iria fazer.
— Aconteceu algo com o bebê? — ah, por que não gostou de ouvir aquilo? E quanto a si, não importava?
Engoliu em seco e prosseguiu.
— Não. — disse seco.
— Que bom então, fico aliviado por isso. Você está precisando de algo para o bebê? — Jungkook estava perdendo a pouca paciência, contudo, era mesmo sobre o filho que ele queria conversar com o loiro.
— Também não. Será que posso falar? — não foi tão grosso quanto queria.
— Diga. — Jimin fora seco dessa vez.
— É, é sobre a gente se ver amanhã. A gente pode se ver? — droga, gaguejou sem perceber.
— Pra quê?
Jungkook quis chorar. Cogitou em obter um sim sem rodeios.
— Sobre o nosso filho...
— Ah, claro. Sim, podemos. Vou cancelar uma reunião de amanhã de manhã, as nove da manhã estarei aí pra te buscar. Tudo bem?
— Ok.
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