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História (Des)amar é Fácil (Chuuves) - Agora vamos conversar


Escrita por: XleticiasX

Notas do Autor


Esse tá de boa até

Capítulo 7 - Agora vamos conversar


Fanfic / Fanfiction (Des)amar é Fácil (Chuuves) - Agora vamos conversar

Jiwoo

Deixei Hyeju tomando banho e vim caçar roupas para ela vestir. Eu sempre deixo dois pares de roupas separadas para ela escolher qual vestir, gosto de fazer isso para ela sempre ter escolhas, gosto de aplicar isso a ela. 

Como Hyeju sempre gosta de usar roupas parecidas com a minha - ela fala que é para ficar igualzinha a mim - separei uma roupa parecida com a que eu vou usar: uma calça jeans e uma camiseta preta com um coração no meio, a minha não vai ter coração, óbvio, mas ela não tem toda preta, então vai a que chega mais perto. Depois separei o outro par de roupa: um macacão e uma camiseta listrada, tenho certeza que ela vai escolher o boneco Chucky para levar, então vou deixar a roupa combinando com o boneco. Quando ela vai passear com os avós, ela gosta de ir com alguma roupa que lembra o brinquedo que ela vai levar, então sempre separo uma roupa igual a minha e outra igual ao brinquedo.

Após separar os pares de roupas de Hyeju, troco a minha roupa e já penteio meus cabelos. Faço tudo bem rápido, não gosto de enrolar e muito menos de deixar Hyeju sozinha por muito tempo, ela a maioria das vezes é quietinha, mas quando apronta a merda é grande.

Já estava quase colocando meu pé para fora do quarto que divido com a minha pequena quando vejo Jungeun caminhando em minha direção com uma mamadeira na mão.

Ah, não, de novo não.

— Aqui, eu fiz para a Hyeju - Jungeun me entrega a mamadeira da cor violeta - Quando eu estava com ela na cozinha, ela me pediu para fazer e depois te entregar, na cabecinha dela se a mamadeira estiver pronta você vai dar para ela.

— Vou deixar na geladeira, assim não vai estragar e dá para eu dar para ela à noite.

— Jiwoo, ela quase não comeu, dá logo a mamadeira para ela - Reviro meus olhos e respiro fundo, não queria entrar nesse assunto novamente.

— Jungeun, eu já tô cansada desse assunto…

— Olha, faz o que você quiser, ok? - Ela respira fundo frustrada - Não vou insistir mais. Só pensa em dar a mamadeira para ela.

— Ok, vou pensar - Ando até a penteadeira onde tem um enorme espelho e deixo a mamadeira ali. Talvez eu dê para ela após seu banho. Depois de deixar a mamadeira me viro novamente para Jungeun, que ainda estava parada na minha porta - Mais alguma coisa?

— Sim, a mãe falou para eu te dar os remédios mais cedo - Ela fala e então vejo em suas mãos duas cartelas de remédios, que para minha Infelicidade já estavam quase vazias. Merda. Minha mãe falou que quando essa cartela acabasse eu teria que passar no psiquiatra para uma nova receita - Você já sabe o que tem que fazer, né? - Jungeun fica me encarando. Ela queria que eu estendesse minha mão e fechasse meus olhos. Quando me davam os remédios não me deixavam olhar os nomes, porque eu pesquisava para saber mais do remédio e quantas doses era necessário para ter uma overdose, mas dessa vez eu só queria saber mesmo, não iria tentar coisa alguma.

— Pra que isso? Eu juro que não vou pesquisar nem nada - Na verdade eu iria sim e ela sabe, mas insistir nunca é demais, não tenho nada a perder mesmo.

— Jiwoo, por todo o tempo que eu já fiquei aqui nós já tivemos essa conversa um milhão de vezes e não vai rolar, a mãe me mata se saber que eu deixei você descobrir o nome dos remédios.

— Ela não precisa saber, eu não vou contar.

— Sinto muito, mas não dá.

— Você sabe que não tem como morrer só por overdose, né? E se eu ainda quisesse mesmo me matar eu teria várias outras maneiras a minha disposição, mas não quero tentar nada, Jungeun, eu só quero saber o que eu tô colocando em meu corpo! - Ela solta um suspiro e fala:

— Um é antidepressivo e o outro é ansiolítico, não vou falar nada mais do que isso - Reviro meus olhos, isso eu já sabia dos tempos.

— Nossa, agora sim eu sei o nome, valeu pela ajuda! - Falo com ironia.

— Vai logo, Jiwoo, estende a mão, eu não tenho o dia todo.

— Depois ficam me perguntando o porquê de eu tentar... - Fecho os olhos e estendo a mão, mas no lugar dos remédios recebo um tapão na mão. Dou um pulo para trás assustada e encaro Jungeun, que estava com os olhos arregalados e com a mão na boca, ela parecia não acreditar no que tinha feito.

— M-me desculpa, Jiwoo, foi sem querer - Ela pede desesperada.

Eu já ouvi isso tantas vezes antes...

— Me dá logo o remédio e saí do meu quarto, Jungeun - Mantenho a voz firme mesmo com a vontade enorme de chorar.

— Por favor, me desculpa, eu não queria, quando vi já tinha batido, é que você falando daquele jeito me deu raiva, você é minha irmãzinha Jiwoo, não quero te perder...

— Me dá a porra do remédio e saí do meu quarto caralho! - Grito com ela e a vejo dando um passo para trás - Vai, eu não tenho o dia todo! - Falo a mesma coisa que ela disse há pouco.

— Jiwoo… 

— Jungeun, esse é o segundo tapa que eu levo hoje, eu já não tô bem, então por favor, dá pra você me dar os remédios e sair logo da porra do meu quarto?! - Já sentia as lágrimas inundando meus olhos.

— Se você me desculpar eu te dou o remédio.

— Não me força a te desculpar! - Minha voz falha e já não aguento mais, deixo minhas lágrimas caírem livremente de meus olhos.

— Tá bom, tá bom, tô o seu remédio - Ela tira os dois remédios da cartela, depois vem até mim e entrega nas minhas mãos - Me desculpa, tá bom? Eu realmente não sei o que deu em mim, quando vi já tinha ido.

Mais frases que eu já escutei milhares de vezes antes.

— Me deixa sozinha, por favor - Falo com a voz fraca e enquanto tentava secar meus olhos.

— Ok, eu já vou indo com o bebê - Ela se vira para sair do quarto, mas quando chega na porta para e me olha novamente - Eu te amo, tá bom?

Jungeun espera por uma resposta, mas não vem, nunca vinha, e depois de uns segundos saí.


[...]


Me recuperei aos poucos. 

Eu fiz o possível para bloquear todas as memórias que insistiam em vir na minha mente, não queria ter outra crise, e após conseguir controlar, fui até o banheiro tomar os remédios e lavei meu rosto, depois passei uma maquiagem bem leve para Hyeju não notar que eu tinha chorado.

Depois de tanto tempo sem ir ver como Hyeju estava, eu cheguei até a me preocupar com a bagunça que o local estaria, mas quando cheguei ao cômodo vi que estava tudo em ordem e ela estava toda distraída brincando com sua patinha de borracha.

Foi uma luta pra tirar ela da água, como eu sabia que seria, mas com a promessa de que quando chegássemos eu deixaria ela tomar banho de banheira novamente ela aceitou sair.

— Você vai querer qual roupa? - Aponto para os dois conjuntos de roupas estendidas em minha cama que tinha separado e o pequeno embrulho de toalha em meu colo aponta para a roupa que se parecia com a minha.

Concordo com a cabeça e coloco Hyeju em pé na cama.

— Chuu, hoje você vai de boné? - Ela pergunta me olhando nos olhos.

— Vou - Eu gostava de sair de boné porque conseguia esconder um pouco meu rosto e minha franja. Antes eu até cheguei a considerar deixar a franja crescer, mas eu adoro ela curtinha, então essa foi a única coisa que não consegui abrir mão, mesmo ele gostando tanto. Tudo o que ele gostava em mim eu mudei, mas a franja era o meu xodó, então me permiti continuar com ela.

— Ah, vai sem? - Hyeju pega uma mecha do meu cabelo e enrola em seu dedinho - Eu não sei onde tá o meu boné, a gente não vai ficar igualzinha.

— A gente vai estar com roupas iguais, Hyeju, o boné não vai fazer diferença - Tiro a mecha do meu cabelo de seu dedinho.

— Vai sim - Ela cruza seus bracinhos e fica com um biquinho nos lábios. Reviro meus olhos. Sei que ela não vai desistir, mas eu também não vou desistir de usar meu boné.

— Você se troca sozinha enquanto eu procuro o seu boné então?

— Eu te espero.

— Não, ou eu te troco e você fica sem seu boné, ou você se troca, eu procuro seu boné e nós vamos iguais.

— Eu me troco sozinha então - Concordo com a cabeça, coloco ela no chão e vou atrás de seu boné, que é igual ao do Dipper de Gravity Falls. Hyeju nem gostava do desenho, mas viu um episódio e ficou apaixonada pelo boné do garoto, ela enchia tanto o saco que chegou até a ficar doente, então tive que correr atrás de um boné igual.

Fui ver se seu boné estava na cozinha, mas não achei nada. No quarto da minha mãe, nada. No quarto de Jungeun, nada. No antigo quarto de Jungwoo, nada. No quintal, nada. Na garagem, e nada também. Já estava cansada de procurar e já pensava em alguma desculpa para dar a Hyeju. Como não estava em casa ela deve ter deixado na casa dos avós paternos, então vou falar que ela deveria tomar mais cuidado com as coisas dela e ligar para os avós para ela perguntar se está lá. Se estiver na casa deles ela vai ficar sem essa semana, eu que não iria buscar, odiava ir naquela casa, saber que ele estava lá me dava ânsia.

Já estava no corredor que levava para os quartos quando escutei um estrondo bem alto vindo do meu quarto e logo em seguida um grito seguido por um choro escandaloso pôde ser ouvido.

Começo a correr desesperada para o quarto e entro com tudo, procuro Hyeju com os olhos e a vejo caída no chão vestida ainda apenas com a camiseta e calcinha com seus vários animais de pelúcia em cima e em volta dela, e com a madeira da prateleira que apoiava os bichinhos caída em cima de uma de suas perninhas. Eram duas prateleiras coladas na parede, uma em cima e uma embaixo, a que ficava mais embaixo ela deve ter pisado para alcançar algo na de cima, e assim deve ter quebrado.

Corro até ela e tiro a madeira de cima de sua perna para ver se quebrou ou se causou algo visível, depois vendo que não parecia nada fora do lugar a peguei com cuidado no colo. 

— Pronto, já tá tudo bem - Tento acalmar ela um pouco a balançando para um lado e para o outro, mas nada adiantava - Hyeju, quantas vezes eu falei sobre você subir nas coisas? É perigoso, neném - Ela chora mais alto, então decido ficar quieta, repreendê-la agora só me daria dor de cabeça.

Ajeito ela direito em meu colo colocando a cabeça dela em meu pescoço e a segurando um pouco apertado, quando ela era bebê e ficava agitada era só fazer isso que ela se acalmava, isso sempre funcionava. Parei de fazer isso quando ela começou a crescer, então torço para ela se acalmar sentindo o cheiro de meu pescoço e o quentinho do meu colo.

Fui até a cama, peguei sua chupeta que estava jogada ali e coloquei em sua boca, depois deitei na cama com ela em cima de mim.

— Sua perna tá doendo? Machucou muito? - Ela apenas assente com a cabeça - Você ainda acha que dá pra gente sair?

— Não sei - Ela fala soluçando e fungando - Eu quero conversar com você...

— Você não tá conseguindo nem falar, Hyeju - Solto uma risada fraca - Quando você se acalmar a gente conversa, tá bom? 

— Tá - Ela respira fundo no meu pescoço e me abraça apertado. Fiquei passando a mão por suas costas até ela parar de chorar, não falei mais nada porque não tinha muito o que dizer e também eu não sabia o que falar, sempre quando ela chorava meu jeito de a confortar era só a abraçando, como ela amava abraços ficava quietinha.


[...]


— Acabou o choro? - Perguntei quando não a escutava mais soluçar.

— Acabou, mas eu ainda quero ficar abraçada com você - A frase sai toda abafada por ela ainda estar com a cabeça enterrada no meu pescoço, que já estava todo molhado por causa de seu choro e baba, isso já estava começando a me dar agonia - Eu gosto muito de te abraçar, mamãe, queria que você me abraçasse um montão de vezes, ou pra sempre, mas acho que pra sempre não dá porque às vezes eu tenho que ir pra casa da vovó e do vovô e você não gosta de ir pra lá...

— Eu não gostaria nenhum pouco de te abraçar pra sempre - Arregalo meus olhos. Quando me dei conta já tinha falado. Merda.

— Por que? - Hyeju levanta seu rosto molhado pelas recentes lágrimas e me encara.

— P-porque… - Tento pensar em uma desculpa rápida - Porque aí os que a gente desse não seriam especiais, foi especial esse abraço que eu te dei, não foi? 

— Foi, mas eu queria mais, você quase nunca me abraça.

— Eu não gosto de abraços, você sabe, neném - Hyeju abaixa a cabeça. Ela sabia muito bem que eu não gostava de muito contato corporal, com ela é diferente, é claro, eu ainda chegava a abraçar de vez em quando, mas com os adultos da casa se ela me viu dando abraços foi só na minha mãe e se foi uns três foi muito.

— Por que você não gosta de abraços? - Ela já me fez essa mesma pergunta um milhão de vezes - Abraçar é legal, Chuu.

— Eu não me sinto confortável, Hyeju.

— Por que? - Reviro meus olhos, às vezes ela conseguia ser bem chatinha.

— Porque eu me sinto mal.

— Mas por… - Sabia que viria mais porquês por aí, então resolvi interromper ela mudando de assunto.

— Sua perninha machucou muito? - Tiro ela de cima de mim e me sento na cama.

— Não, só machucou na hora, mas agora não tá mais doendo - Ela fica em pé na cama e tenta me abraçar novamente, mas seguro em seus bracinhos. Minha cota para abraços por hoje já acabou.

— Vem cá, senta aqui na minha frente para eu ver - Ela faz o que eu peço e eu olho na perna que a madeira caiu, estava bastante vermelho, acho que depois vai ficar roxo. Nego com a cabeça, isso vai me dar uma dor de cabeça - Por que você foi subir lá, Hyeju? 

— Eu lembrei que tinha pedido pro Chucky guardar meu boné! Tá no macacão dele, Chuu. - Ela aponta para o boneco na prateleira que sobrou - Eu tentei pegar ele, mas eu não alcancei, aí eu tentei subir na prateleira debaixo pra tentar alcançar, mas não deu certo e eu caí - Ela fica com um biquinho nos lábios.

— Quantas vezes eu já falei pra você não escalar nas coisas?

— Um montão… - Ela abaixa a cabeça.

— Então por que você continua escalando?

— Porque eu queria meu boné ué - Ela dá de ombros.

— Você deveria ter me pedido, Hyeju.

— Você não tava aqui… 

— Era só ter ido atrás de mim, neném.

— Ah, mas agora já foi, Chuu.

— Olha, eu não quero que isso tenha uma próxima vez, ok? - Ela concorda com a cabeça - Se você precisar de algo que esteja no alto, você pede ajuda, não tenta escalar nada. Eu vou pedir para sua vó Minji arranjar alguém para arrumar a prateleira pros seus bichinhos mais embaixo pra você conseguir alcançar todos, tá bom? - Ela concorda com a cabeça novamente. Eu já deveria ter feito isso faz tempo, mas como as prateleiras não eram altas pensei que Hyeju logo conseguiria alcançar, mas ela realmente demora muito para crescer.

— Chuu, você tá pronta pra conversar comigo agora? 

— Eu tô, você está?

— Tô, mas eu não quero deixar meus bichinhos no chão - Ela aponta para suas várias pelúcias de animais no chão - Eles podem ficar doentes e aí você vai ter que levar todo mundo pro hospital.

— Que tal a gente catar todos do chão e depois conversarmos?

— Mas onde é que eles vão ficar? - Hyeju começa a brincar com seus dedinhos, ela estava pensando - A prateleira quebrou...

— A gente pode deixar a madeira que apoiava eles no chão e colocar todos em cima até arrumar, que tal? 

— Eles não vão ficar doentes se ficarem perto do chão?

— Não, eles são fortes.

— Então tudo bem, mas se eles ficarem doentes você vai levar eles no médico, ok? - Dou risada, ela era fofa.

— Ok, eu me comprometo a levar eles ao médico se ficarem doentes.

— Tudo bem então - Ela se levanta na cama e depois puxa a minha mão para eu me levantar também, logo o faço e pego ela no colo, depois a coloco no chão, então me dou conta de que Hyeju ainda não estava pronta, faltava sua calça.

— Coisinha pequena, vai indo colocando sua calça que eu pego seus brinquedos.

— É calça jeans, Chuu - Ela aponta para a calça em cima da cama - Preciso de ajuda.

— Senta na cama e vai indo colocando os pézinhos dentro da calça enquanto eu vou pegando seus brinquedos, depois que eu terminar te ajudo a subir a calça, pode ser? - Ela concorda com a cabeça e sobe novamente na cama para fazer o que falei, enquanto eu, fui catar seus animaizinhos de pelúcia do chão.

Hyeju tem pelúcias demais e ela gostava de deixar todos organizados, então ao invés de colocar em cima da madeira no chão na ordem que ela gostava, coloquei todas no berço, depois que chegarmos ela vai ter bastante tempo livre, então vou falar para ela organizar do seu jeitinho, assim é bom que ela fica quietinha também.

— Pronto, depois você organiza eles, tá bom neném? - Pergunto e vou até ela, que estava sentadinha me esperando na cama já com seus pézinhos enfiados na calça.

— Tá bom, Chuu.

Confiro se sua calça estava do lado certo e vendo que estava coloco ela em pé no chão, depois ajudo ela a subir a calça, que era larga, se Hyeju quisesse ela conseguiria subir sim sozinha, mas ela gostava quando eu a ajudava a se vestir.

— Prontinho, agora vamos conversar - Coloco ela sentada na cama e me sento ao seu lado.

— Antes de você começar, eu quero te pedir desculpas, tá bom? - Ela pega na minha mão e fica mexendo nos meus dedos - Eu sei que foi errado eu bater na sua mãozinha, mas é que eu tava muito brava e triste com você, Chuu.

— Você também me deixa brava e triste, Hyeju, e nem por isso eu te bato, você fica parecendo o… - Nego com a cabeça, não consigo mesmo falar o nome dele - Seu genitor quando você faz isso, sabia?

— Não fico! - Hyeju grita e solta a minha mão. Ela não gostava quando eu a comparava a ele. 

— Fica sim, e me deixa muito triste, eu não queria que você fosse igual a ele, pelo menos não na atitude já que na aparência você é a cópia - Falo a última parte baixinho.

— Mas eu não sou igual ao Oliver, Chuu, eu sou igual a você, olha a minha roupa e a sua.

— Não é de roupa que eu tô falando, Hyeju, é na aparência, sabe? - Ela nega com a cabeça - Tipo seus olhinhos, seu narizinho, sua boquinha… - Nossa, tudo era igual, mas a boca… a boca era o que mais se parecia, quando ela era bebê me dava até ânsia de dar mamar no peito para ela - Tudo em você se parece bastante com ele.

— Mas eu não tenho culpa… - Ela inclina a cabeça para o lado - Ou tenho? Dá pra mudar? - Demoro um pouco para digerir o que ela acabou de perguntar. Eu não queria que ela se sentisse mal por se parecer com ele, eu não gostava de sua aparência por isso, mas é ela, não dá para mudar e ela não pode se sentir mal por isso. Então considerando tudo respondo:

— Não, não dá pra mudar e você não tem culpa, Hyeju - Nunca falaria que ela tem culpa de algo que ela realmente não tinha, ela nem ao menos sabe o que ele fez comigo - Mas não é porque você não tem culpa que é mais fácil...

— O que tem para eu fazer para ser mais fácil?

— Você poderia não me bater de novo? Isso ajudaria bastante.

— Eu não vou! - Ela pega minha mão e dá um beijinho - Pronto, agora vai sarar e não vai mais doer, Chuu.

— Não tá doendo, neném, é que o tapa me lembrou umas coisas que me deixou muito triste e eu não gosto de lembrar, entende?

— Você lembra do que, Chuu?

— De quando eu fiquei por um tempo longe…

— Com o Oliver, né?

— É...

— Ele te tratava mal e batia na sua mãozinha, né Chuu? 

Essa conversa estava indo por um caminho que eu não estava gostando, ainda achava Hyeju muito pequena para entender algumas coisas e eu também não estava pronta para conversar com ela sobre isso. Eu já conversei sobre o que ela deve fazer se encostarem nela e nas partes que ninguém nunca deve encostar, mas não falei que o genitor dela encostou em mim assim, no dia em que conversei com ela sobre isso eu ia falar, mas não tive coragem e também fiquei com medo da cabecinha dela entrar em colapso. Na vez em que eu contei que ele me levou para longe e fez muito mal para mim, Hyeju ficou muito pensativa e chorou muito, isso durou por umas duas semanas, então fiquei com medo de contar isso e acontecer dela ficar do mesmo jeito novamente.

— Agora só falta colocarmos os sapatos e escovarmos os dentes! Vamos? - Mudo de assunto bruscamente. Não ia continuar com essa conversa de jeito nenhum.

— Eu não vou mais bater na sua mãozinha, tá bom, Chuu? Eu não gosto de fazer mal pra você e nem te deixar triste… A tia Lippie falou que você às vezes é feliz quando tá comigo e eu gostei de saber disso, mesmo na hora não acreditando muito nela.

— Sabe… - Começo mesmo não querendo. Eu não gostava nada de falar uma coisa que não era verdadeira para Hyeju, mas ela é uma criança e é bom ver ela contente - Às vezes quando eu tô com você eu sou mesmo feliz…

— Sério?! - Ela pergunta empolgada com seu rostinho todo iluminado.

Não era bem uma verdade, mas também não era uma grande mentira, às vezes eu não conseguia nem olhar para a carinha de Hyeju, mas tinha vezes que era só ela para me deixar um pouquinho para cima.

— É.

— Então eu vou tomar muito cuidado pra você não ficar mais triste e ser sempre feliz quando estiver comigo.

— Agora estamos conversadas, né? - Ela assente - Você não vai mais me dar nenhum tapa?

— Não, mamãe, isso eu vou cumprir.

— Eu tô confiando em você, Hyeju.

— Pode confiar, eu não vou te maltratar, não sou que nem o Oliver.

— Tá bom, agora vamos calçar os sapatos, escovar os dentes e pentear esse seu cabelo para sairmos logo - Falo e me levanto da cama.

— Eu não quero mais sair, Chuu.

— Mas a gente vai passear também, Hyeju, depois de comprar a cama a gente já vai pro parque de diversões, você não quer?

— Eu quero! Mas a tia Lippie falou para mim que hoje ia chover e você não gosta de chuva, eu não quero que você fique triste e mal humorada depois.

É… Eu não ficava nos meus melhores dias quando chovia, principalmente quando chovia forte. Chuva era um dos meus gatilhos. Me fazia lembrar de quando fui sequestrada e da semana horrível que se seguiu...

— Só vai ser de tarde, neném, quase escurecendo, até lá nós já vamos estar aqui em casa. - Eu já tinha visto mais cedo que iria chover e já tinha planejado tudo certinho. Vou com a Hyeju na loja que vende móveis comprar a cama, em seguida na loja onde vende pelúcias que fica ao lado, depois dá para passar no parque de diversões. Também tem uma praça que fica bem pertinho das lojas, lá tem um parquinho, se Hyeju preferir brincar um pouco ali a gente nem precisa ir no parque de diversões e dá para vir embora mais rápido ainda.

— Tá bom então - Hyeju levanta seus bracinhos em um pedido para eu tirar ela da cama, logo o faço e depois vou atrás de um pente para pentear seus cabelos - Olha! A minha mamadeira - Ela aponta para a penteadeira, onde eu estava procurando por um pente e onde a mamadeira estava. Solto um suspiro. O assunto da mamadeira de novo não. Eu deveria ter colocado isso na geladeira, agora ela vai querer.

— Hyeju...

— Me dá! - Ela vem correndo até a penteadeira.

— Ei, calma! - Pego em sua mãozinha antes dela encostar na mamadeira e depois a coloco sentada na cadeira que fica em frente ao espelho da penteadeira - Vamos fazer assim, você tenta aguentar ficar sem a mamadeira por hoje até de noite e amanhã se você não querer mais continuar com nosso acordo nós voltamos ao normal, que tal?

— Mas eu quero minha mamadeira hoje - Ela cruza seus bracinhos.

— Você não pode nem tentar ficar um pouquinho sem, Hyeju?

— Acho que posso - Abro um pequeno sorriso, já prestes a comemorar internamente, mas ela então desviou o olhar do meu e continuou - Mas eu não quero.

— Você me deixaria feliz se tentasse… - Tento mais uma vez, essa era a última tentativa, se ela falasse que ainda queria a mamadeira eu daria para ela. Já estava exausta desse assunto.

— Vai ser só hoje, tá bom Chuu?

— Está ótimo! - Dou um aperto fraco em sua bochecha - Pelo menos você vai tentar.

Hyeju ficou com uma carinha triste e ficou encarando a mamadeira, então antes de começar a pentear seus cabelos tirei a mamadeira de sua frente e coloquei na mochila azul escuro que iria levar, se enquanto estivermos lá Hyeju começar a ficar birrenta é só dar a mamadeira para ela que deve resolver. Depois peguei o Chucky para ela ficar abraçando enquanto penteava seus cabelos.

— Olha meu boné tá aqui mesmo, Chuu! - Ela fala contente com o boné nas mãos. Humor de criança muda rápido, né? Nem parecia que há poucos segundos ela estava prestes a chorar por causa da mamadeira.

— Que bom, neném, agora é só deixar nossos cabelos secarem e depois colocar os bonés pra gente ficar igual.

Depois de seus cabelos já estarem devidamente penteados, tirei Hyeju da cadeira e a deixei ir brincar um pouco, eu ainda precisava arrumar a bolsa que iria levar colocando o necessário e depois ainda precisaria procurar por uma blusa para mim e para ela, então dava tempo de deixar ela brincar um pouco.





Notas Finais


Oown teve um abraço das duas <3

E acabou bem kkkk estranho né


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