-Alô? -A voz ébria pelo sono de Marinette foi música para os ouvidos dele.
-Oi pequena. -Ao reconhecer quem estava do outro lado da linha a morena acordou completamente.
Não era como se ela tivesse conseguido dormir naquela noite, conciliar o sono sem Adrien estava sendo uma tarefa realmente angustiante.
-Luka... Oi. -Sentai suas bochechas corarem. Como era possível que ele mesmo longe a colocasse desse jeito?
Olhou para o relógio que marcava quatro da manhã e se ajeitou na cama, se aconchegando ainda mais nos cobertores.
-Eu só precisava ouvir sua voz... Algo me diz que você não está muito bem... -Era possível ouvir uma certa movimentação do outro lado, revelando que o guitarrista estava em um lugar agitado.
-Como... Como consegue saber disso? -Perguntou sentindo como seu coração se acelerava.
-Mari... A canção que vem do seu coração, eu sou capaz de ouvir mesmo que em outra galáxia. -Afirmou com a voz mansa provocando nela um sorriso -Quer me contar? Ou quer que eu não diga nada? -Seu tom era tão tranquilo que conseguia acalmar o coração que se agitou por esse mesmo motivo.
-Luka, eu quero que você toque para mim...
-Não precisa falar duas vezes... -Então o som doce do violão surgiu do outro lado da linha fazendo com que ela se perdesse por um instante daquele mundo.
Era tão embriagante que fez com que Marinette se esquecesse de sua dor. A música só passava amor, um certo conflito, mas muito amor.
-Eu queria que tivesse dado certo. -Ela admitiu -Mas não vou fazer isso contigo... É pedir muito que você me aceite novamente... E sendo 100% sincera com nós dois, eu o amo.
Então ele sorriu com melancolia. Luka estava começando a se perguntar se não era algum tipo de masoquista, já que não hesitaria em aceita-la novamente; a aceitaria quantas vezes fossem necessárias.
Não era como se ela tivesse como saber, mas ela sabia.
-Eu sei pequena... -Disse com a voz mansa -Mas sendo 100% sincero conosco, eu te amo. E assim como você esperaria anos por ele, eu te esperarei.
O coração de ambos batia tão rápido e tão forte que temeram que a ligação passasse a ansiedade.
-Luka eu...
-Eu sei Mari. Eu volto em dois dias e ainda tenho uma surpresa para você! -Sua voz saiu mais animada contagiando a morena.
-AAAAAAA LUKA! NOJENTO!! -Marinette gritou agoniada causando nele uma gargalhada -Que tipo de amigo você é?!
-Aquele que a principal função é te deixar bem. Quer me contar o que aconteceu?
Ela suspirou profundamente caçando a resposta em seu ser.
-Quero.
Então ela contou.
Óbvio que não contou toda a verdade, mas a maioria. Contou sobre eles dois, sobre nunca terem assumido nada, mas agirem e se chamarem como tal; contou sobre a chantagem; sobre o término; sobre a dor tão grande que a tornava insuportável respirar.
E ele a ouviu.
E cada palavra carregada de dor que ouvia matava um pedacinho dele; Luka era perfeitamente capaz de aguentar vê-la com outro, desde que estivesse feliz. Mas ouvi-la chorar... Era uma coisa que o feria de uma forma incrivelmente torturante.
-O que eu faço Luka?
-Eu prometo Marinette, eu vou secar cada uma de suas lágrimas.
A vida era engraçada.
Quando Luka enfim acreditou que poderia tê-la, arrancaram-na de seus braços.
E agora estava ali. Pronto para ajudá-la com qualquer problema que tivesse, mesmo que seja com outro.
Ele não ligava; contanto que a fizesse feliz, ele faria qualquer coisa.
~*~
A equipe de maquiagem de seu pai estava tendo trabalho em disfarçar as olheiras do modelo para sua seção.
Seu brilho estava de apagando e com isso seu encanto diante as câmeras também.
-Adrien! Onde você está? -Reclamou o fotografo
Mas ele não respondeu. Só mantinha seus olhos perdidos no espaço.
Aquele dia tinha sido terrível para o casal recém separado.
Não podiam se abraçar, se beijar. O matava olha-la e não poder toca-la; O matava não ser o motivo do sorriso dela...
Então optaram pela única saída; a única forma que Adrien encontrou de sanar parte de sua saudade e vontade protege-la... Brigar.
Passaram o dia brigando.
Marinette pareceu entender e ficar agradecida, por isso sedia às discussões sem sentido que Adrien começava.
Mas mesmo assim... Estava sem ela.
Cansado, o fotografo entregou o round e o dispensou.
Antes de tudo acontecer, ele ia para sua casa fria e vazia e ligava para Nino; então Marinette chegou e o arrancou daquela rotina que o matava.
Agora estava mais uma vez condenado a infelicidade.
Entrou no carro com uma certa debilidade sentindo como um frio insuportável começava a tomar conta de seu corpo.
-Pode ligar o aquecedor por favor... -Sussurrou com dificuldade.
Nathalie se virou para trás com preocupação. Paris estava chegando aos 32 graus e Adrien ainda conseguia sentir frio.
Estendeu sua mão até conseguir alcançar o loiro e sentiu como sua pele ardia.
-Adrien, está fervendo em febre! -Disse em um tom mais alto que o de costume.
Gorila pisou no acelerador fazendo com que eles chegassem muito mais rápido do que normalmente.
Apesar dos esforços do loiro em garantir que SÓ precisava descansar, foi completamente ignorado enquanto seu segurança o levava para seu quarto.
-É sério. Eu to bem... Só... -Foi a única coisa que conseguiu soltar antes sua vista se apagasse completamente
Ninguém entendia o que estava acontecendo, o porquê Adrien adoeceu repentinamente, e enquanto esperavam um médico, Nathalie teve um péssimo pressentimento.
~*~
Ela sentia como a fúria domava todo seu ser, fúria da cena que estava tão habituada a ver, fúria do rapáz a quem observava, fúria dela mesma por se sentir daquela forma.
Seus brilhantes olhos azuis incendiavam Marc, era óbvio que o menino era apaixonado pelo idiota que estava aos poucos roubando o coração da loira
Já estava fazendo um mês que Chloe tinha se dado conta de que aquele idiota despertava sentimentos estranhos nela, e tudo o que ela tentava provar era que esse sentimento era nojo.
Maldito Nathaniel!
Há um mês ela estava passando pelos corredores com toda sua glória, pronta para fazer piada com qualquer idiota que aparecesse; e lá estava o ruivo com seu rosto enfiado no caderno. Estava sendo tão raro encontra-lo sozinho, que a loira precisou olhar em volta procurando pelo companheiro de Nath.
Ela não teve dúvidas, arrancou o caderno das mãos dele preparada para gritar aos quatro ventos o que ela já suspeitava, que Nathaniel era gay.
Não que tivesse algum problema com isso, mas era uma ótima oportunidade de se provar novamente.
Então ela viu.
Não eram desenhos de Marc, ou de Marinette ou até mesmo de Ladybug.
Eram dela.
Correu seus olhos por todas as páginas do caderno e todos eram desenhos dela.
Cada um mais lindo que o outro.
Seus olhos se cravaram nos dele procurando a insegurança que ele geralmente mostrava, procurando uma chance de se lembrar que essa era a oportunidade perfeita para provoca-lo. Mas só encontrou um garoto completamente relaxado com a situação.
Chloe nunca se sentiu tão pequena.
E Nathaniel nunca esteve tão atraente.
Agora ela estava lá. Olhando fixamente para ele enquanto procurava um motivo, qualquer motivo, para estar perto dele.
Não é que ela gostasse dele, era só... Curiosidade.
Então Marc o tocou, foi leve e foi no ombro; mas isso não o impediu de provocar o monstro que a loira virava quando mexiam com o que era dela.
-Eu fico impressionada com o baixo nível dessa escola! -Disse em Alto tom sendo seguida por Sabrina -Como deixam duas coisas se sentarem em público assim?
Ambos desviaram seus olhos dos cadernos e se focaram nela. Ao entender que a loira estava indo mexer com eles Marc olhou para o chão coagido; mas Nathaniel, diferente do moreno, a olhou divertido.
Chloe o amaldiçoou mentalmente, quando esse idiota havia ficado tão seguro de si?
-O que foi? Perdeu alguma coisa no meu rosto?
O sorriso do ruivo aumentou e, se levantando ele caminhou na direção dela.
-Você tá drogado? Ah, é o fim mesmo! Você já não tem classe naturalmente e ainda corre atrás da humilhaç...
Foi interrompida pelos lábios do ruivo.
Nathaniel a prendia à si pelo braço, não impedindo o afastamento da loira, apenas o dificultando. Enquanto Chloe tentava assimilar o que acontecia.
O QUE ESTAVA ACONTECENDO?
Ela não teve tempo de decidir se retribuiria o beijo ou empurraria o ruivo, ele se afastou antes.
A loira estava pasma, não conseguia pensar em nada que fizesse sentido então soltou um simples:
-Ah...
Ele sorriu de novo, mas dessa vez foi de um jeito doce fazendo com que as pernas da moça se derretessem um pouco mais.
-Tá chata pra caralho hein!
Nath soltou confundindo completamente a garota.
O que ele queria com aquilo?
Provar que podia deixa-la sem palavras como estava agora?
Sentia suas bochechas arderem enquanto sua mente procurava loucamente um motivo para aquele ato tão aleatório do ruivo.
Chloe juntou palavras o suficiente para formar uma frase, mas não conseguia achar sentido nelas, não conseguia achar sentido naquela situação.
Mas que Droga! Ninguém nunca a havia deixado desse modo! Muito menos Nathaniel.
Enquanto ela tentava entender a situação, o ruivo saia de cena com um sorriso vitorioso estampado em seu rosto, a loira estava exatamente onde ele a queria.
~*~
Marinette via como as paredes de seu quarto giravam provocando náuseas.
Se algum dia ela tivesse colocado álcool na boca com toda certeza o culparia por essa sensação horrível de estar desnorteada.
Não tinha força nem vontade para se levantar. Tudo o que ela queria era dormir e vomitar.
-Sabe amiga, você tem certeza que não tá grávida? -Alya perguntou colocando um balde com um saquinho dentro para que a amiga pudesse vomitar de tivesse necessidade.
-Alya. -Disse em tom de reproche.
-Eu ia adorar ter um sobrinho, a gente podia colocar o nome de Adrien Junior! -Disse arrumando a almofada da amiga.
Foi impossível não rir para Marinette. Alya era muito besta.
-Melhor chamar de Menino Jesus. -Corrigiu divertida se virando na cama.
-Bom nome também! -A ruiva se sentou no pé da cama observando se a amiga estava confortável e bem -Falando nele... Você tem muuuuuuuita coisa para me contar. Como por exemplo... Por que vocês dois em uma hora são amigos, em outra agem como se fossem mais do que isso e agora não conseguem olhar para o outro sem brigar!
A morena tampou seu rosto com uma almofada e soltou um:
-Afffffadsdffffff.
Arrancando da jornalista uma gargalhada.
-É mesmo? Que tal você tirar a almofada do seu rosto e me contar.
Lentamente levou suas mãos a almofada e a retirou com pesar se seu rosto. Não era só o fato que não querer falar sobre aquilo, já que não tinha certeza se não iria chorar, mas aquela almofada era a favorita do herói e tinha seu cheiro cravado nela, na verdade toda a cama dela tinha aquele cheiro maravilhoso.
Marinette sentia que sua saúde estava piorando e ela só queria chorar.
-Ele me obrigou. -Sua voz saiu quebrada. Fazendo com que a atenção da amiga fosse completamente atraída.
-Ele quem?
-O pai dele. -Disse sentindo como as lagrimas escorriam por seus olhos -Ele vai leva-lo para a América, e Adrien nunca mais verá vocês. -Dizia sentindo como suas palavras estavam mais embriagadas.
Alya suspirou, sabia que Gabriel era um homem horrível, mas não pensou que poderia chegar a tal nível.
-Mas quem esse senhor pensa que é?! -Sentia como o sangue fervia em seu interior -Eu vo...
-Você não vai fazer nada! -Marinette protestou -Se brigar com ele, então meu sacrifício não terá valido de nada.
Deixando que a razão voltasse a dominar, Alya assentiu.
Sim, era muuuito teimosa quando queria, mas não deixaria que sua amiga sofresse por nada.
Isso não significava que ela deixaria essa situação assim.
-Marinette, sofrer por amor é uma das piores dores do mundo; a gente vai cuidar disso.
Mas ela não ouviu, a morena caiu em um sono profundo quando sua febre começou a subir.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.