História Descobrindo Adrien Agreste - Doente de saudade

O ar não chegava em seus pulmões. Ele tentava respirar, mas por alguma estranha razão conseguia.

Ivan e Kim o seguraram levemente para que não matasse o guitarrista, e o levaram para dar uma volta.

-Respira... Não se deve bater em outras pessoas em locais públicos! -Aconselhou Kim com muita experiência sobre o assunto, aliviando o clima para Adrien, que sorriu achando graça.

-Você tá sabendo demais sobre isso. -Recebeu um olhar sarcástico do atleta.

-Se você socar a cara dele, você perde. -Alya observou assustando os três.

-De onde você apareceu?! -Kim perguntou colocando a uma mão em seu coração para sentir seus batimentos desregulados.

-Embora eu não te julgue por bater nele, Marinette o fará. -Continuou ignorando a pergunta de seu amigo.

-Caramba Alya você quase nos mata de susto! -Reclamou Ivan.

-Desculpas, ta legal? -Soltou impaciente.

O modelo a olhou aterrorizado.

-Como você sabe? Nino prometeu que não contaria a ninguém!

A ruiva não sabia se ria ou socava a cara dele. Alguém que fosse tão cego quanto Marinette com certeza era sua alma gêmea

-Pelo amor de Deus Adrien! Para ficar mais óbvio só falta você escrever na sua testa! -Respondeu com sarcasmo.

-É verdade cara, tá bem nítido... -O atleta coçou sua nuca sem saber como explicar ao amigo.

Adrien olhou em desespero para Ivan que também confirmou.

Jesus Cristo, se eles sabiam... Marinette também devia saber!

Tentou se acalmar e tirar essa ideia da cabeça, mas quanto mais se esforçava, mais a ideia se fixava em sua mente.

Sentiu-se suando frio e sem que percebesse começou a hiperventilar, sendo abanando por Kim e Ivan

-Ah, por favor... Não pode acreditar que ela saiba sobre isso! -Alya disse como se lesse os pensamentos dele -Ela ainda é mais cega que você!

Adrien conseguiu normalizar sua respiração depois dessa afirmação.

-Alya, não sei como te dizer, não sei nem como ME dizer... Mas ela o beijou. Eu já perdi. -Admitiu deixando que sua vista se perdesse pelo aeroporto.

Alya sorriu com uma maldade jamais vista.

-É isso que ela quer te fazer acreditar... Na verdade, é isso que ela quer acreditar.

O loiro ainda não se focava no que a ruiva dizia e permitiu que seus olhos se deleitassem com a imagem de Marinette; ela mordia seu lábio inferior e brincava com os dedos em um sinal claro de nervosismo. Seu olhar foi atraído para Adrien, a morena se preocupou em desfiar com rapidez.

Vendo o motivo da distração do Agreste a futura jornalista sorriu achando graça do quão burros seus amigos chegavam a ser.

-Vocês dois são muito burros, de fato nasceram um para o outro...

~*~

-Eu vou querer de chocolate! -Gritou Alix ao homem que os servia.

Não estavam com vontade de tomar os sorvetes para apaixonados de André. Hoje estavam em um clima mais amistoso do que romântico, então preferiram uma sorveteria normal.

-Alix! Tá na minha vez! -Kim reclamou captando a atenção do balconista que realmente confuso tentava agradar a todos aqueles clientes -Eu vou querer de chiclete! -Disse mantendo a postura de "macho alfa".

-Tem sorvete de Chiclete?! Eu quero! -Disse Rose atropelando o casal de amigos que disputava pelo atendimento -Você vai querer de que Ju?

-Creme e Blueberry.

O menino cujo o crachá o apontava como "Giovanni" estava para perder sua cabeça. Aquele grupo era muito desorganizado e barulhento.

Um pouco mais afastadas, Marinette e Alya observavam a cena achando graça do pobre garoto, seus amigos eram pareô duro.

-Se Nino estivesse aqui, com toda certeza votaria para que fossemos deixar aquele pobre coitado ainda mais maluco! -Adrien as surpreendeu com aquele comentário brincalhão.

-Eu topo pelo Nino! -A mestiça levantou sua mão se propondo a participar da confusão.

Ambos olharam para Alya que sorrindo gritou:

-EU QUERO DE CARAMELO!

-Chocolate com menta aqui!! -Anunciou o loiro enquanto eles entravam no meio da muvuca.

-Morango e limão pra mim! -Marinette não ficou para trás.

Quando o coitado do Giovanni conseguiu atender corretamente a todos e os garotos se sentaram para tomar os sorvetes com toda a tranquilidade possível para um grupo de adolescentes com os hormônios a flor da pele.

-Muito obrigada Giovanni e desculpa a bagunça! -Alya expôs se despedindo animada do balconista.

-Tchau Giovanni! -O bando falou em uníssono saindo da sorveteria deixando o atendente realmente agradecido.

-E agora o que? -Nathaniel indagou.

-Cinema? -Juleika deu de ombros.

-A gente podia ir para a quadra jogar... -Considerou Kim.

-Tem uma atração nova no Museu da Arte e do Som aqui de Paris -Lembrou Marc.

-Vamos invadir algum local privado! -Ivan declarou preparado para procurar um lugar para invadir.

-Não vamos invadir lugar nenhum sem o Nino! -Alya reclamou e foi apoiada por seus companheiros.

-Bom... Então... O que faremos? -Marinette perguntou entediada.

Adrien olhou no relógio que marcava seis e meia, era raro alguma coisa estar aberta esse horário.

-Bom, acho que nossa única opção é o cinema...

-Tudo bem... -Aceitou o atleta -Só se for para assistir Joker!

-Não mesmo! Todos vocês sabem que eu tenho medo! -Marinette brigou -Além disso não temos idade o suficiente!

-E é para isso que o Adrien está na Terra! Cuidar de você é a função dele! -O loiro não chegou a reconhecer de quem era a voz, mas agradeceu mentalmente.

-E sobre a idade, o filme é para maiores de 16 anos. -Max observou sendo fuzilado por Marinette.

-O que acha Agreste? Posso confiar em você? -Indagou com um ar de brincadeira recebendo um sorriso como resposta.

-Cuidar de você é a minha missão na Terra.

~*~

Nino entrou no quarto do hotel com entusiasmo, era sua primeira turnê.

É claro que era a primeira, nunca pensou em seguir carreira no mundo musical!

Pretendia estudar economia e manter a música como hobbie, mas parece que o destino tinha outros planos; e só Deus sabe o tamanho de sua gratidão por isso.

O DJ entendia que, diferente de Adrien, não havia nascido em berço de Ouro, suas chances de fazer sucesso em uma carreira musical eram de uma em um bilhão.

E agora... Ele era aquele um.

-Eai cara? A gente ta indo comer, você vem? -Zad abriu a porta do quarto atraindo a atenção de Nino.

Zad era o front man da banda; possuía o vocal e a guitarra secundária.

Era mais alto do que o Moreno, britânico, possuía cabelos loiros e de certo modo longos, seus olhos eram um tom escuro de azul; e seu estilo lembrava o de Axl Rose em seu ápice.

-Claro! Me deixa só pegar minha carteira! -Nino ajeitou o boné e foi pela carteira.

Os dois desceram até o hall onde Luka e o resto da banda os esperava.

-As dondocas estavam se produzindo? -Carl perguntou colocando as mãos atrás de sua cabeça em um gesto desleixado.

Carl era o baixista, seus longos cabelos eram encaracolados e da mesma coloração negra de seus olhos. Tinha a mesma altura de Nino, o que era uma tremenda desvantagem já que o DJ ainda estava em fase de crescimento.

-O que foi Caroline? Quer que eu te empreste a minha maquiagem? -Zad respondeu no mesmo tom de brincadeira.

-Isso significa que você tem maquiagem. -Luka observou divertido recebendo do vocalista um tapa na nuca.

Nino, Jack e Artur riam da cena indo para a sala de jantar do hotel, enquanto os outros três discutiam os seguindo.

-Estamos prestes a enfrentar um exército de fãs, que estão aqui obviamente pelo Jagged Stone... 

-Olha quantas princesas... -Zad observou.

Ao perceber o claro desinteresse do DJ nas fãs, Jack precisou perguntar.

-O que foi cara? Por acaso é outra a fruta que você gosta?

-O que? -Nino achou graça na pergunta -Não cara. É que eu já tenho a minha rainha.

Aquilo atraiu a atenção dos outros que não puderam fazer mais que zoar o francês que ria divertido do que seus companheiros falavam.

~*~

Ele não viria.

Ela tinha certeza disso, mas não podia arriscar perder a visita.

Deixou a claraboia aberta para caso ele aparecesse depois que a morena caísse no sono.

Hoje Marinette tinha traído uma grande parte de seu coração ao mesmo tempo em que realizou a outra parte do mesmo.

Geralmente a sensação de realização seria o suficiente para esquecer todo e qualquer problema, mas dessa vez foi completamente diferente.

Dessa vez, ela perderia Adrien.

E se sentia doente só de imaginar sua vida sem ele.

Foi necessário apenas uma semana para que Marinette entendesse que não poderia viver sem ele; uma semana apenas para que se apegasse de tal modo que só o fato de ter que dormir sem tê-lo ao seu lado fizesse seu interior doer como se faltasse uma parte sua; uma semana apenas para entender que estaria condenada a amar alguém que não poderia ter; uma semana para que Adrien a lembrasse do porquê se apaixonou por ele.

E agora sofreria por isso.

Não estava em seus planos se aproximar desse modo; nem descobrir que o que sentia não diminuiria nunca, na verdade a tendência era aumentar.

Cobriu-se com um cobertor e tentou fazer com que seu corpo parasse de tremer, fazia muito frio para uma noite do verão parisiense.

Abraçou seus joelhos ficando em posição fetal, na esperança de que o frio se amenizasse e pudesse dormir em paz.

Mas nada adiantava, então ela implorou, à quem pudesse ouvi-la, que o trouxesse de volta.

Como se ouvissem suas preces, mas sem atende-las, o brilho solar quebrou a escuridão da noite mais longa da vida dela.