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História Desde agora e para sempre - Capitulo Dezessete - Ela


Escrita por: magnors e Bane

Notas do Autor


Anteriormente em: 'Desde agora e para sempre': Aline levou Dolores para uma audição de modelo, mas a garota infelizmente não conseguiu o contrato, por outro lado, seu lado afetivo parece evoluir aos poucos. Durante as férias da faculdade e no enfático dia do 7x1, várias pessoas foram à casa de Aline curtir um churrasco, e apesar das coisas não acabarem bem para a seleção brasileira, nossos protagonistas tiveram um momento um tanto excitante ;)

Por favor, comentem o que estão achando.
Boa leitura :D

Capítulo 18 - Capitulo Dezessete - Ela


Fanfic / Fanfiction Desde agora e para sempre - Capitulo Dezessete - Ela

12 de julho de 2014.

 

             Verônica está realmente se divertindo com o preparo da refeição. Papai até concordara em ensiná-la a fazer um churrasco digno. Boa com gastronomia, ela nem precisou de muitas lições antes de enxotá-lo da cozinha.

            Os convenci a fazer um bom almoço para Dolores, nada melhor do que uma refeição deliciosa para restaurar o ânimo. Ninguém quer que ela fique chateada por tempo demais pela audição de modelo mal sucedida.

            - Vá chamar seus irmãos. - papai diz quando lhe passo o pano de mesa branco. É intrigante ver como nos trata mais como uma família agora. Pelo menos o casamento está indo bem.

            Subo as escadas em um instante tentando me sentir o mais feliz possível por isso. Chegando ao corredor, João Victor põe a cabeça para fora da porta:

            - Já pode descer?

            - Sim, vai lá. Vai ter pudim. - pisco.

            - Eba. - e se apressa para o andar de baixo.

            Nas primeiras três batidas na porta da garota não escuto som algum vindo do outro lado da porta. Como se ela não estivesse. Mas por fim seus passos se aproximam até que a fechadura estala ao ser destrancada.

            - O almoço… - começo, mas ao reparar sua aparência acabo deixando minha voz morrer acidentalmente.

            A menina que sai do quarto têm os cabelos cacheados revoltos e usa uma camiseta larga, muito amarrotada, como se houvesse a usado por dias. Olheiras fundas marcam o rosto com um cansaço pouco comum. Dolores sempre costuma dormir o suficiente.

            Saio do caminho para que possa passar, mas ela para ao notar seu reflexo em um dos porta retratos na parede.

            - Acho que vou me ajeitar. - sua voz sai rouca. - Daqui a pouco desço.

            Assinto com a cabeça e a observo voltar para o quarto escuro sem nenhuma palavra.

            Bem, dou de ombros, provavelmente me parecia com isso durante todo o ensino médio, então imagino não ter muito com o que se preocupar.

            Quando o almoço é servido, tentamos esperar por Dolores, mas a mesma acaba demorando mais que o necessário. João Victor já está atacando um pedaço de carne quando ela aparece e cai pesadamente na cadeira a minha frente.

            Os cabelos se encontram presos e ela usa uma blusa florida. Parece ter passando um pouco de maquiagem sob os olhos e aparenta estar ligeiramente mais disposta.

            - Tome, querida. - Verônica estende um pote generoso com feijão carreteiro na direção da filha. - Sirva-se.

            Dolores pega o feijão, mas logo o descarta em um espaço vazio ao lado do prato. Enquanto terminamos de nos servir, ela passa muito tempo apenas observando as travessas de alimentos. A disposição que antes achava ter percebido em seu semblante se dissolve em poucos minutos. Pelo visto era só uma fachada bem frágil.

            Com um gesto firme, ela deposita folhas de alface e cenoura no prato. E mais nada.

            Meu pai troca olhares com Verônica, mas ninguém se pronuncia até que todos, menos ela, acabem. João Victor está mais do que pronto para o pudim.

            Vou até a cozinha e quando volto com o doce e as tigelas, percebo que Verônica tenta convencer a filha a comer pelo menos um pouco de macaxeira.

            - Estou sem fome. - ela nega firmemente.

            - Sem ter jantado na noite anterior e sem o café da manhã? - Verônica se mostra incrédula. - Duvido.

            A expressão de Dolores se fecha como se uma nuvem negra houvesse se condensado ao seu redor.

            - Foda-se.

            João Victor derruba a colher. Todos prendem a respiração ao ouvir Dolores xingar. Meus olhos arregalados. Acho que é a primeira vez que capto tanta irritabilidade vindo dela.

            - Está respondendo sua mãe?! - Verônica se irrita, a voz elevada.  - O que deu em você?! Nunca foi de fazer isso!

            Dolores lança um olhar afiado e abre a boca, para com certeza soltar outro palavrão, mas parece mudar de ideia no último instante. Em vez disso, empurra a cadeira com força, se pondo de pé. Joga o prato para longe.

            - Quem caralhos se importa? - murmura ao se afastar da mesa com movimentos bruscos.

            O prato com salada para na beirada do móvel e balança perigosamente. Todos só conseguem encarar a louça girando quando um silêncio carregado recai sobre o ambiente.

 

~ <> ~

 

            - Tem algo te incomodando, Line? - a voz baixa de Marcos flutua até mim.

            Minha cabeça pousada levemente em seu ombro e os lençóis espalhados cobrindo pouco da nossa nudez. A euforia do sexo se foi, e com ela, todas as preocupações e anseios do mundo real voltam lentamente, da maneira mais inquietante.

            Aperto os olhos com força e faço uma negativa com a cabeça. Ele parece aceitar, pousando a mão em meus cabelos. As pontas dos dedos adentrando os cachos e acarinhando lentamente. O tempo que despendemos na cama após o orgasmo costuma ser curto. Às vezes, como agora, a vontade de aninhar sobre seu corpo e cochilar é tentadora demais, continuar flutuando na ignorância do prazer. Acrescentando o fato de não conseguir pregar o olho noite passada, permanecer desperta se torna ainda mais difícil. Preocupei-me com Dolores e sua reação atípica.

              A mão direita desce pelo tronco do garoto, alisando os pelos recém aparados e por fim envolvendo sua cintura. Aproximo o rosto do seu e as peles grudam devido a camada de suor. A mente angustiada cogita compartilhar os acontecimentos com Marcos, mudando em seguida. Talvez seja só exagero meu e a situação da garota se resolva logo.

            Noto que ele cai lentamente no sono, a respiração cada vez mais profunda e constante. Hipnotizada pela aura tranquila do ambiente, fecho os olhos sob a luz que escapa por entre as cortinas. De súbito, um baque alto me desperta, não sei quanto tempo passou.

            O movimento repentino também acorda o outro, que bufa ao sentar na cama:

            - Só pode ser brincadeira...

            - O que foi isso?

           - É Nick fazendo a porcaria da fantasia dele. - explica, passando a mão pelas mechas castanhas. O comentário faz algo em minha cabeça estalar.

            - Fantasia! – a palavra sai sem contexto nenhum na voz aguda, mas faz todo o sentido para mim.

            - Sim? - parece confuso.

            Saio da cama em direção à minha bolsa:

            - Que horas são? Não posso atrasar para a festa à fantasia.

            - Só começa a noite. - Marcos responde vagamente. Quando viro, encontro seu olhar fixo em meu corpo. Um arrepio propaga pela coluna e os mamilos começam a enrijecer novamente. Tudo isso apenas com um olhar.

            Droga, não posso deixar que nosso tesão surreal me atrase. Não agora. Alcanço o vestido amarelo e Marcos faz um ruído divertido em protesto.

            - Não está entendendo. Tenho que encontrar Olivia e Cris para nos arrumarmos.

            - E precisam de três horas pra colocar uma roupa?

            O fuzilo com um olhar cheio de desdém:

            - Não nos subestime, pode levar bem mais que isso.

            Ele gargalha:

            - Deus me livre, devem costurar a fantasia na hora, só pode. - brinca e pega a cueca no chão. Parece contentar apenas com essa peça de roupa, aproximando e me tomando nos braços, nossos rostos muito próximos. A determinação fraqueja a medida que fito seus olhos provocantes, e quase o empurro novamente para a cama. - Vai ter que ir mesmo?

             Engulo em seco:

            - S-sim.

            Um sorriso indecente surge antes de ocupar meus lábios uma última vez:

            - Espero que possamos continuar mais tarde. - murmura.

            Meu estômago revira em excitação, essa festa traz muitas oportunidades empolgantes, mais um motivo para não atrasar em encontrar as meninas. Lanço uma piscadela ao deixar o cômodo e avanço apressadamente pelo corredor, só conseguindo relancear para Nick em seu quarto, segurando uma peruca morena que aparenta ter dois coques de cada lado.

            Tenho sorte da casa de Olivia não ser muito longe da minha. Dez minutos dentro de um ônibus velho e abafado e chego relativamente atrasada. Cris ergue as sobrancelhas numa mistura de impaciência e felicidade:

            - Finalmente apareceu. Porque seus cabelos estão bagunçados como se tivesse saído da cama de alguém? - graceja.

            Entro no quarto passando as mãos apressadamente nos fios, nem lembrei de arrumar a confusão de cachos.

            - Não esquenta, Line. - Olivia aparece segurando uma vestimenta vermelha. - Ela acordou se achando a comediante hoje.

            - Rainha das piadas, eu mesma. - se gaba. - Deveriam agradecer por ter o prazer de desfrutar do meu humor, de graça. - ri quando a acerto uma das almofadas da cama.

         Acomodo-me no colchão, achando graça da situação e largando a bolsa pesada. O quarto da ruiva é enorme e cheio de espelhos. Os armários sempre transbordando de roupas e sua penteadeira entupida de produtos de beleza. Não há lugar melhor para ficarmos prontas.

            - Essa é sua fantasia? - pergunto, apontando para o que Olivia tem nos braços. O rosto dela irradia com o sorriso:

            - Sim! Consegui uma maravilhosa.

            Joga a combinação de duas peças em meu colo. Ergo o shortinho vermelho e o espartilho de couro na mesma cor. O contorno dos seios é bem trabalhado em detalhes pretos, trazendo um toque provocante ao visual. Olivia vai até a penteadeira e encaixa uma tiara com chifrinhos cobertos em strass entre as mechas ruivas.

            - O que acharam?

            Cris solta um assobio, aprovando.

            - Adorei! - abro um sorriso tão grande quanto o dela. - As cores são perfeitas pra você.

            - Eu sei, meus pais sempre disseram que eu era uma diabinha. - morde o lábio, fazendo graça. - O tom vinho destacará super bem na minha pele. E claro que comprei um monte de glitter corporal também!

            - Ai meu deus. - Cris soa um tanto preocupada, prevendo aonde a animação da garota nos levará. Provavelmente para um abismo de purpurina, de onde não sairemos até estarmos idênticas a um vampiro do filme Crepúsculo.

            Vasculho a grande bolsa que trouxe de casa:

            - Esperem até verem o que tenho. - é minha vez de puxar uma tiara, as orelhinhas felpudas oscilam no topo da cabeça.

            - Coelhinha da playboy? - Cris palpita, puxando a saia minúscula e rodada que complementa a fantasia.

            Mesmo entretida com suas maquiagens, Olivia volta a atenção para nós:

            - Atriz pornô? Adoro. – provoca uma risada geral.

           - Claro que não! - a indignação na minha voz não chega a ser verdadeira. - É uma mistura de coelho e assistente de mágico, adoro as duas coisas. - pondero por um instante, observando a saia que mal cobrirá as nádegas. - Bom, pode ser atriz pornô, quem se importa.

             Risadas ecoam novamente, mesclando a um toque de telefone. É o celular de Cris.

           A garota não demora a pegar o aparelho, e o sorriso morre nos lábios ao identificar o número na tela. A garganta oscila, engolindo em seco.

            - Tudo bem? - indago.

            - Sim. - levanta apressadamente apertando o objeto.

            Pela demora em atender, aposto que a resposta não foi completamente verdadeira. A ruiva e eu trocamos um olhar enquanto a Cris nos deixa.

            - Hãn... – Olivia pigarreia, tentando preencher o silêncio incômodo . - Já viu a fantasia dela?

            - Não, ela não quis contar. - tento retomar a atmosfera descontraída de antes.

            - Então você vai surtar. - direciona até os pertences da de cabelos azuis.

            - Sugeri que ela se vestisse de unicórnio ou sereia, para combinar com o cabelo colorido. Ficaria super legal.

            - Concordo plenamente, mas sabe como Cris é do contra. - remexe na mochila.

            Arqueio as sobrancelhas, compartilhando da opinião, e a curiosidade só faz aumentar. Então ela ergue um tecido longo:

            - Bem, não tenho certeza se essa fantasia consegue combinar com alguma coisa. - o rosto contorce em um careta de desaprovação.

             - O que é isso? - confusão povoa a mente.

             - Um pano azul e horroroso.

              - Quero dizer a fantasia.

              - E eu sei? Alguma loucura da cabeça dela, talvez.

              Gasto minutos tentado decifrar a peça lisa em tons quase metálicos, enquanto a outra a gira, fazendo o mesmo.

               - Deixa ai, depois ela explica. - falo. - Agora preciso de um banho. - imagino a noite agitada que está por vir.

              - Vai logo, já tomei o meu. - Olivia joga suas mechas longas e escovadas para trás, arremessando uma toalha limpa. - Acho bom mesmo você tirar esse cheiro de macho do corpo. - brinca. Alcanço outra almofada e também a faço de projétil, tentando disfarçar o avermelhar das bochechas, enquanto a garota se diverte.

            Cruzo o corredor, e no caminho para o banheiro um som agudo e gutural me sobressalta,  interrompendo o movimento de abrir a porta. Demoro segundos à reconhecer a voz de Cris vinda do armário onde a ruiva armazena vassouras, baldes e outros itens de uso domestico. A garota soa triste, nervosa, trêmula. Meu coração acelera, e atrás da porta se forma um silêncio mórbido. O tom masculino e furioso ecoa do telefone. Não consigo identificar as palavras, mas a hostilidade é clara e cruel.

            Após a perda dos pais, sei que Cris se mudou com os tios maternos, mas tenho a impressão que ela esconde o quanto o homem é agressivo, ou pelo menos tenta a amenizar a situação. A raiva que suas palavras despejam na garota reviram o âmago, ainda mais por não poder intervir. Ela é sempre muito evasiva em relação a isso.

             Como o passar dos anos, captei fragmentos de conversas e informações, acontecimentos infelizes e mágoas que minha amiga raramente deixa transparecer, mas infelizmente nunca consegui chegar a uma conclusão precisa.

            A porta do banheiro choca com força no batente, externalizando minha raiva. A indignação por minha melhor amiga ser tratada dessa forma faz com que eu transborde em frustração, e a lembrança de sua expressão desolada ao pegar o celular assombra minha mente durante o banho.

            O alivio da pele limpa e cheirosa tira brevemente o foco da garota, que não mais está ao telefone quando saio do banheiro. A atmosfera úmida me segue quarto adentro, onde Cris bisbilhota as maquiagens da outra sem aparentar tristeza, mas em seus olhos ainda existe o abalo pela conversa nada agradável.

           Separamos as fantasias e coloco o restante do meu figurino sobre o colchão, composto por um par de luvas e meias de renda branca; uma blusa social preta sem mangas com detalhes em branco nos botões e na gola; e uma calcinha preta de cintura alta, que cobrirá o necessário, mas sem remover a intenção provocativa. Remexemos as gavetas da proprietária da casa, acrescentando e retirando objetos. Olivia aparentemente já planejou a maquiagem de todas, o que causa certo alivio para minha personalidade indecisa.

            - Então... - viro para Cris, me fazendo de desentendida. - Já posso saber que fantasia esplendorosa você escolheu?

            - Não é nada demais.

            Olivia e eu trocamos olhares.

            - Espero que tenha uma boa explicação pra aquele pedaço de tecido. - a ruiva manifesta.

            - Falei para não olhar, caralho! - a outra agarra a mochila, retirando a vestimenta e uma coroa pontuda nos mesmos tons de azul acinzentado.

            - Que diabos é isso? - pergunto.

            - A Estátua da Liberdade, oras. - fala como se fosse óbvio, enquanto tentamos encontrar sentido.

            - Como é que é?

            - Falei que era loucura da cabeça dela. - Olivia ri, debochada.

            - Melhor do que ir de projeto de periguete. - Cris devolve.

            Ela ajeita a peça no corpo e consigo enxergar alguma verossimilhança.

            - Estátua da Liberdade... - remexo os fios molhados. - Se queria algo diferente porque não escolheu o Cristo Redentor? É bem mas legal.

            - Não é não. - mostra desinterresse

            - Fica ai puxando saco de gringo. - a ruiva provoca em tom brincalhão.

            - Cala a boca, Olivia. - Cris acomoda sua fantasia ao lado das nossas.

            - Ela está certa, cometeu uma heresia imperdoável. - continuo com a brincadeira. - Deveria honrar sua pátria, isso sim.

            Abro os braços imitando o monumento do Rio de Janeiro e a outra acha graça. Me enche de alegria vê-la sorrindo novamente.

              - Na vida passada devo ter atirado pedra na cruz para merecer vocês. - deleita em risadas, e faço o mesmo.

            Olivia balança um pincel de pó entre os dedos:

            - Pode usar sua fantasia esquisita, mas não vai pintar o rosto e azul. Tem que ser uma estátua glamourosa, como aquelas gregas.

            Apesar da falta de empolgação, a outra não demonstra rejeição à ideia. E a ruiva continua:

            - A sombra e o delineado podem ser azuis, acho válido até colorir a sobrancelha para não destoar do restante.

            - O iluminador pode ser prateado, ou com fundo azulado também. Tenho um batom que vai combinar, é escuro e maravilhoso. - acrescento.

            Cris observa, ressabiada:

            - Não acham que é muita maquiagem?

            - Isso é só o começo querida, senta ai que temos muito a fazer. – Olivia dá espaço, e meus dedos agitam animados, agarrando outro pincel.

 

~ <> ~

 

            Foi uma boa ideia juntar dinheiro e alugar uma casa qualquer em vez de destruir as nossas.

           Como muita gente confirmou presença, a quantia ficou bem pequena para cada um. E claro, sobrou dinheiro para as bebidas. Com a chegada do último semestre do curso de Jornalismo, todos animaram em fazer uma grande celebração. Espero não haver muitos penetras de outros cursos.

           Ajeito a saia da melhor maneira que o espaço restrito do banco traseiro do táxi permite, Cris se encontra ao meu lado e Olivia a frente, recebendo olhares constantes do motorista, que apesar de inofensivos não deixam de ser esquisitos. Quando o veículo estaciona, andamos pouco até avistar a cerca viva que adorna o muro e a área ao redor do portão oval em madeira esverdeada. É bem grande, como aqueles em castelos europeus. A música já pode ser ouvida, e torço para que os vizinhos não reclamem.

            Mal entramos e a atmosfera festiva nos engloba. O barulho avoluma a cada passo, e cumprimentamos as pessoas que já lotam o hall de entrada, bebendo, fumando, dançando ou simplesmente conversando. Muitos braços para o alto e gritaria.

            - Michele! - exclamo ao cruzar o arco que dá acesso a área onde está o DJ . A garota me envolve com um sorriso largo:

            - Que festa maravilhosa! Você está sensacional, amei a fantasia! - a batida eletrônica interrompendo o som de sua voz. A fantasia dela é uma espécie de sereia exótica. O cabelo afro cheios de glitter e a pele escura refletindo as luzes coloridas.

            - Você que é uma deusa, fica linda em tudo!

            Age com falsa modéstia, exibindo o corpo curvilíneo e a bunda enorme coberta pelo tecido cintilante. Risadas se seguem e continuo abrindo espaço entre os estudantes, à medida que mais pessoas chegam.

          Não poderia estar mais radiante pelo sucesso do nosso planejamento. As luzes piscam frenéticas em diferentes cores e padrões; garotos carregam barris metálicos com cerveja para a cozinha; mesas espalhadas pelo ambiente sediam os mais variados jogos envolvendo bebidas alcoólicas; e o DJ que embala todos com as batidas eletrizantes no fundo do cômodo, próximo a escada ampla.

            - Uau! - Olivia eleva a voz para ser ouvida. - Ficou excelente!

            Concordo com um aceno:

            - Vamos ver a piscina lá nos fundos.

            O trajeto pelo "mar" de fantasias é meio turbulento. Avisto arlequinas, policiais, enfermeiras, anjinhas, e algumas coisas improvisadas e certamente reunidas de última hora.

           Paramos múltiplas vezes para cumprimentar conhecidos e sinto que uma eternidade passou até alcançarmos o objetivo. A festa mal começou e está a todo vapor.

            - Credo, a água já está suja. – a ruiva se refere à enorme piscina que cobre grande parte do local. Aqui a música se torna um pouco menos ensurdecedora.

            - Sabe se alguém limpou antes da festa? - Cris indaga.

            - Não tive tempo de vir antes.

            Relevamos a situação rapidamente, pois não parece incomodar àqueles que desfrutam, seja molhando os pés nas beiradas ou mergulhando em saltos elaborados.

              - Vou lá em cima, Diogo prometeu conseguir um rabinho para minha fantasia. – como se atravessar toda aquela gente fosse fácil, Olivia infiltra em meio da multidão, indo em direção às escadas, e atraindo vários olhares masculinos pelo caminho.

            Cris e eu prosseguimos pela área externa. Salivo com o cheiro de carne na brasa, não sabia que haveria churrasco, mas alegro por isso. Passo por alguns rostos não familiares, provavelmente do curso de Direito, e surpreendo ainda mais ao avistar meu asiático favorito à frente da churrasqueira, empunhando uma espécie de garfo enorme.

            - Eric! - grito, animada, correndo ao encontro. Ele me recebe com surpresa, depositando o objeto pontiagudo na bancada de pedra.

            - Caralho Line, você está… - ele interrompe, correndo os olhos demoradamente por meu corpo. - Linda.

            - Obrigado, Yosh. - apoio delicadamente em seu ombro e beijo a bochecha. Ele tenta disfarçar o rubor que toma a face, ajeitando os óculos numa ação desconcertada. - Tem até um rabinho. - viro de costas.

             - Tem mesmo. - ri brevemente, focando por tempo demais em minha bunda antes de se dar conta e desviar a atenção.

            Aproveito a distração e roubo da grelha um pedaço de carne mal passada.

            - E você é... - analiso a vestimenta. É completamente dourada, as calças reluzem na claridade da churrasqueira e das luzes ao redor. Ao lado do sal grosso e outras especiarias, noto um capacete, também dourado e uma espécie de bastão colorido.

            Ele parece frustrado por um instante:

            - Star Wars... C3PO..., lembra? - busco na mente. - Mas está quente demais para usar o capacete.

            - O robô dourado que anda com aquele outro robozinho. – lanço, tentando recordar.

            - Isso. O outro "robozinho" é o R2D2. - o tom levemente contrariado pela forma como referi aos personagens. Tempos atrás o garoto me obrigou a assistir todos os filmes da franquia, mas meu desinteresse não permitiu que gravasse o nomes. 

            - É bem a sua cara. - volto para a roupa novamente, percebendo a quantidade de detalhes que reforçam a textura metálica e os aspectos cibernéticos. - A fantasia deve ter custado caro.

              - Um pouco. - desconversa, virando dois hambúrgueres na grelha.

             - Poderia ter optado por algo mais simples, talvez outro personagem do filme. - roubo outro pedaço de carne. 

            - Ah... não. Ele é o melhor personagem. - argumenta com empolgação.

           - Claro. Chato que nem você. – assumo o tom sarcástico, e ele devolve um leve empurrão.

            Viro-me ao ver Cris aproximando com boias de flamingo, cheias.

            - Pediram pra colocar isso aqui e algumas outras na piscina. - ela comenta, mas então congela ao notar o asiático. - Nossa, se não é o nerd mais virjão de toda a galáxia.

            - Bom te ver também, Cris. - ignora. - E você é o que? Uma versão de baixo orçamento dos Smurfs?

             Ela responde com uma careta engraçada, depois ri.

              - Olha, é um bom palpite. – gracejo, recebendo o golpe de uma das boias.

            - Estátua da Liberdade, bobão. - a de cabelos azuis manifesta.

            - Espera, você veio de estátua?! E ainda falaram que a minha fantasia é mais a sem graça - ele deposita mais carnes na brasa.

            - Continua sendo. - Cris sorri e a voz sai afetada. Mostrando o dedo do meio ela faz sua saída triunfal, me levando junto.

            Ajudo com as boias em formato de flamingo e melancia. Não faço noção de quem as trouxe, mas foi uma boa ideia. Concerto com fita isolante e reacendo as luzes coloridas da piscina. Há pequenas lâmpadas penduradas ao redor da cerca viva e janelas, dessa forma o ambiente fica bem iluminado, para a felicidade dos que gostam de fazer várias selfies e tristeza dos que desejam se agarrar escondido.

             Decido retornar à área do DJ cruzando com um pequeno grupo na borda da piscina, acomodado com bebidas e cigarros, que possuem odor estranho e não parecem conter tabaco. Era questão de tempo até alguém trazer drogas. Reviro os olhos e faço vista grossa, afinal, cada um se diverte da forma que deseja.

            Surpreendo ao ver o interior mais cheio. Um grupo de pessoas já bastante alteradas pula nos sofás ao som das batidas eletrônicas, me fazendo gargalhar. O pirata cai de cabeça, mas imediatamente levanta e continua dançando, a marca vermelha destacada na testa. Ele com certeza sentirá isso amanhã.

              A música se torna mais intensa e faz o piso e todo o resto tremer. Agora a festa transformou em uma verdadeira bagunça. Sinto minha empolgação crescer à medida que esgueiro entre os corpos dançantes. O ar carregado de aromas adocicados e fumaça, numa mistura nada agradável de ervas e nicotina. No quadrante esquerdo do saguão, próximo a mais estofados, três garotos montam uma mesa de ping-pong e a curiosidade martela no peito, talvez retorne aqui mais tarde.

            Estou tão distraída com a movimentação que trombo em um dos convidados. O busto de um biquíni dourado chama a atenção, o formato curvilíneo de um modelo nada comum. Mas ainda assim a sensação de familiaridade me atinge. Estou prestes a pedir desculpas para a garota, quando ergo o rosto e percebo que na verdade, não é uma garota.

            - Nick?! - gargalhadas irrompem antes de formular qualquer julgamento.

            - O que? - ele levanta um copo de cerveja em minha direção. O seguro para que possa mostrar a fantasia com mais propriedade. - Gostou? O biquíni da Princesa Leia é simplesmente a melhor parte de toda a franquia Star Wars! Tenho certeza que minha fantasia é a mais sexy.

              - Com certeza. - não consigo parar de rir, a visão é surreal.

            Custo a acreditar que ele realmente está usando aquela peça minúscula de forma tão confortável. O garoto flexiona os músculos de forma cômica e o abdômen definido atrai a atenção.

            - Ótimo, mais um nerd de Star Wars por aqui. - devolvo o copo de cerveja. Atrás de Nick, ouço uma voz muito familiar gargalhar.

            - Não acredito que veio mesmo de Princesa Leia. - Marcos enxuga os olhos marejados com as costas da mão.

            - Nunca duvide de mim. - Nick infla o peito, orgulhoso, depois vira para mim: - O que quer dizer com "outro nerd de Star Wars"? Tem um parceiro Skywalker por aqui? - demonstra interesse repentino.

            Caio aparece ao seu lado, contagiado pelo momento cômico:

            - Pelo menos não passará vergonha sozinho.

            - Seu “companheiro”... está lá fora na churrasqueira, boa sorte. - aponto a direção, e Nick lança uma piscadela para todos, seguindo saltitante e cumprimentando os demais convidados com saudações hilárias.

            - Na verdade é bem a cara dele. Desde a escola nos inferniza com esses filmes. - o careca comenta, respaldado por Marcos. Sua fantasia é de guerreiro grego, os braços musculosos à mostra, graças ao peitoral da armadura. Ele chama bastante atenção das meninas e posso jurar que a sua figura lembra Aquiles, da mitologia grega. Definitivamente preenche melhor o personagem a que se propôs.

            Já Marcos ostenta uma echarpe azul escura pendurada no pescoço, e os cachos estão mais revoltos que de costume. Usa uma camisa social do sobretudo, além de balançar um cachimbo entre os dedos.

            - Sherlock Holmes. - esclarece. - Acho que é a única coisa que combinava comigo.

            Rio, concordando, e rapidamente admirando sua beleza.

            - Pode até ser, mas nunca vi o Sherlock Holmes de bermuda. - e de fato, por baixo do sobretudo, há uma bermuda social.

            Marcos dá de ombros:

            - O Sr. Holmes não morava na Bahia. - declara, e risadas se seguem.

            - Tem razão. - Caio manifesta. - Duvido que em Londres faça esse calor desgraçado.

            Ainda nos divertindo com as fantasias, avançamos em direção à cozinha, que sem surpresas, está uma imensa baderna. A infinidade de garrafas e copos descartáveis espalhados colorem o cômodo. Fico chocada, praticamente despejaram um caminhão de bebidas alcoólicas nas bancadas central e adjacentes, além dos freezers lotados de latinhas. Apesar do exagero, a boa noticia é que ninguém reclamará da falta de cachaça.

              Duas meninas enchem um barril de cerveja e Marcos agiliza  ao encalço:

             - Coloca mais inclinado, desse jeito a bebida não pega tanta pressão. - sugere. - Vai ter competição?

            - Sim, mais tarde. - a vampira responde.

            - Guarda meu lugar. - lança um sorriso de canto de boca que acredito ter outras motivações além do álcool.

            Não tenho certeza se quero presenciar essa confusão.

         O trânsito de convidados é intenso, todos querem reabastecer seus copos. Um garoto vestido de policial praticamente me empurra ao passar, sem o mínimo de educação. Apesar de chateada, ignoro. As garotas do barril seguem carregando o objeto cheio, e Marcos trabalha agilmente no preparo de um drink, oferecendo o conteúdo colorido. Seu amigo beberica sustentando uma careta e eu recuso, não quero embebedar essa noite. Por sua vez, o cacheado dá de ombros e vira o restante. Me divirto com suas caretas e os espasmos, expira ar quente como se fosse cuspir fogo.

              - Caralho, esse foi forte. - seca os olhos antes de iniciar a elaboração do próximo. Olivia aparece rebolativa, balançando no ritmo das batidas eletrônicas, e direciona um olhar provocante por conta do garoto:

            - Me faz um desses também?

            - Claro. - Marcos se mostra prestativo, sacando outro copo.

            A ruiva debruça na bancada central, os seios saltando do corpete, e descarta a lata de cerveja.

             - Te conheço de algum lugar. - estreita os olhos.

           O garoto volta a atenção para ela e é imediatamente fisgado pelo decote, perdendo a habilidade de fala. As coxas dela continuam a mover, destacando as ligas vermelhas que sobem da meia calça semi transparente no mesmo tom. A peça inferior delinea perfeitamente o corpo. Com certeza é a mais bonita daqui.

            - Ele estava no churrasco do jogo do Brasil lá em casa. - esclareço, abrindo o frizzer e alcançando um energético.

           - Hum..., foi mesmo. - ela sorri e ele repete o gesto, abobalhado. À passos rápidos, Olivia se coloca ao meu lado. - Parece que a festa está começando a ficar boa. - abaixa a voz. - Amigo seu?

            - Colega de de trabalho. - e pau amigo nas horas vagas. Contenho a riso.

           - Cuida bem desse, se não faço questão de cuidar. - brinca. - Ou posso ficar com o amigo romano. - se refere à Caio.

            - Grego. - corrijo, bebendo um gole.

            Joga as mãos para o alto de forma afetada:

             - Tanto faz. - desdenha antes de pegar a bebida com Marcos, e a outra mão astuta o puxa pelo pescoço. O mulato não tem opção a não ser ceder, surpreso pelo beijo inesperado. Antes de afastar, deixa uma lambida ligeira nos lábios dele, a cartada final no jogo de sedução. E com uma piscadela ela se retira, o braço entrelaçado ao de Caio.

            Fico sem reação. Admirando sua coragem.

            - Então tá né. - Marcos parece anestesiado, e uma risada encabulada me escapa.

            Apesar de não querer admitir, algo em mim se incomoda, mas relembro que o garoto e eu não temos compromisso algum, portanto somos livres para explorar quantas bocas desejarmos.  

            Após algumas latinhas, a pulsação da música se torna irresistível, e meu corpo implora pelo movimento. Logo estou de volta à área principal, deparando com Cris e duas outras colegas do curso de Jornalismo.

             Desligo o lado consciente do cérebro e deixo que a batida me possua, ditando a movimentação que sai de forma espontânea. Fixo em Cris por alguns instantes, a qual está deslumbrante, e atrai olhares ao redor. A tiara pontiaguda realça as mechas azuis, e a túnica presa em apenas um ombro contorna seu corpo como se estivesse prestes a cair. Olívia proibiu estritamente que usasse sutiã, e tive que concordar. Os seios fartos da garota balançam sob o tecido enquanto dança. A maquiagem azul cintilante a faz brilhar e se destacar na turba.

                O seleção musical muda com o passar do tempo, e quando começa a tocar funk soltamos risadas cheias de significado e jogamos as mãos para o alto. Não é porque sou bailarina que não sei requebrar. Descemos até o chão e inventamos passos para uma mini coreografia improvisada, sem medo de sensualizar.

                - Como pode dançar na ponta dos pés e também rebolar desse jeito? – Laura, uma das colegas, reclama em tom descontraído.

                  Respondo aos risos, a provocando ao empinar a bunda e fazer “quadradinho”. Atraímos bastante olhares, mas nada que nos acanhe.

                O DJ percebe a comoção por conta da melodia funkeira e permanece no repertório por um longo período. Há mais gente requebrando do que pulando com os braços para o ar, como é de costume nas trilhas eletrônicas.

             O suor escorre pela lateral do rosto, e apesar de cansada não quero parar, mas a sede fala mais alto e agilizo até a cozinha em busca de outro energético. Dessa vez ajo com esperteza, utilizando uma rota alternativa, menos povoada. De repente alguém agarra meu braço e já estou pronta para xingar quando avisto o emaranhado de cachos castanhos.

             - Vem comigo. - apesar das palavras de ordem, Marcos soa afável, e um tanto apressado.

             - Pra onde? - minha cabeça gira em surpresa e hesitação.

             - Só vem.

             O susto ainda inebria a mente, mantendo a frequência cardíaca acelerada, mas o corpo vagarosamente cede ao pedido do garoto, que conduz até o banheiro do térreo. Só percebo o que está acontecendo quando a porta fecha atrás de mim e ele avança com a língua em um beijo fervoroso, e levemente alcoolizado.

              Me entrego ao momento, agarrando a nuca enquanto suas mãos exploram meu corpo, concentrando no quadril.

              - Está gostosa para caralho nessa fantasia. - expira pesadamente, recuperando o ar, os olhos cheios de malícia.

              - Também está ótimo, Sherlock Holmes baiano. - devolvo, o fazendo rir. Adoro quando sorri.

              Os lábios voltam a encontrar de forma branda, mas não demora à sermos envoltos pela chama que atiça a alma, aumentando a excitação que não me faz querer largá-lo. A mão direita sobe e desce em seu tronco e o puxo para mais perto. Os corpos colados agitam em compasso próprio, embalados pela natureza primitiva da atração. Chupo sua língua e recebo uma mordida no lábio inferior, que arrepia a área intima, aumentando a lubrificação. Marcos avança de súbito, e o choque contra a parede é acompanhado de risadas. Retomamos a atividade e ele chupa meu pescoço, a ereção avolumando sob o short. Gemo baixo, refém das apalpadas intensas, que reproduzo sem pudor, logo alçando a bunda. As bocas tocam, não diminuindo o êxtase que me domina, e umedece a calcinha. Um a um, os botões da minha fantasia são abertos, e de repente pancadas na porta nos sobressaltam:

              - Vai morar ai dentro?! Tem gente que precisa usar também, caralho! - os brados raivosos do outro lado sobrepujam a música.

            A mente leva alguns segundos para acalmar e processar, ainda imersa na inépcia do prazer.

            - Acho melhor a gente sair. - fecho a blusa.

            - Vamos pro quarto lá em cima. - o tom sedutor quase me faz aceitar, mas algo vem antes:

            - Melhor não.

            - Por que? - o espanto é nítido na face.

            - Tem uma festa gigante lá fora, vamos aproveitar. - miro o espelho, ajeitando os cachos bagunçados.

            - Que se foda a festa, quero aproveitar com você. - a boca do garoto encontra meu pescoço, arrepiando o couro cabeludo, mas interrompo ao segurar seu rosto. - Você prometeu que terminaríamos nosso lance hoje a noite.

             - A gente transou a semana inteira, é bom dar uma diversificada, não acha? - aperto as bochechas salientes.

             - Se a questão for outras pessoas, pode chamar, não importo.

             Franzo o cenho, incrédula do que acabei de ouvir:

             - Está sugerindo uma suruba?!

             - As palavras saíram da sua boca. Mas se quiser, eu topo. - a expressão cheia de segundas intenções, e estapeio seu peito:

             - Você é muito safado... - tento manter a seriedade, mas o sorriso invade.

             - E você adora. - rouba um beijo e minhas bochechas esquentam.    

            - Sai logo, filho da puta! - mais murros contra a porta. É bom ir antes que ele a arrombe.

            - Tem certeza que não quer ir pro quarto? - o rosto de Marcos aproxima, porém desvio, para a sua decepção.

            - Tenho. Inclusive a música que está tocando agora é ótima, vem dançar comigo. - o conduzo pela mão.

           - Vai na frente, esperarei as coisas acalmarem por aqui. - aponta para o volume no short. Minhas glândulas salivares respondem ao estimulo visual, e saio antes de sucumbir ao ímpeto de cair de boca.        

            O olhar furioso do garoto que espera do lado de fora me espanta, mas ignoro, retornando às minhas amigas ao som do remix de "Deixa falar", da dupla Fernando e Sorocaba. Para a felicidade de alguns, o eletrônico está de volta.

               - E a bebida? - Cris indaga, elevando a voz.

               Demoro até entender ao que se refere.

              - Esqueci. - digo simplesmente.

              - E fez o que esse tempo todo?

             - Hum..., conversando. - tento disfarçar o nervosismo e ignorar a lingerie molhada. - Encontrei Sabrina e Brenda, sabe como é, quando abrem a boca não param.

                 Mostra um sorriso breve, aparentemente convencida. Com dois goles no drink frutado de Amanda, estou pronta para voltar à dança.

               O axé não demora a aparecer, e junto as coreografias mais aleatórias que as meninas e eu conseguimos inventar. Rebolo em cadência diferente dos ritmos anteriores, e cantamos a plenos pulmões as estrofes do 'É o Tchan', 'Harmonia do Samba', 'Tchakabum', e outros que marcaram a infância e adolescência. Agarramos o quadril uma da outra em um "trenzinho" cheio de ginga, e não demora até outras pessoas juntarem. Os olhos que passeiam pela multidão agitada fixam em Nick, ao longe, se esfregando em Eric no ritmo da música. O garoto de óculos parece extremamente constrangido, o que torna tudo ainda mais hilário, enquanto o outro aproveita animado a companhia de seu parceiro de fantasia. Chamo a atenção de Cris para a cena, despertando gargalhadas.

            Emancipamos da fileira, que segue serpenteando pelo espaço. Os corpos mais livres retomam às rotinas anteriores, ao som da diva Ivete Sangalo. O clima muda abruptamente quando o brado do saxofone preenche o lugar, e casais se formam para bailar o arrocha, outro ritmo local. É a oportunidade dos tímidos em conseguir algo a mais com o par escolhido.

             Uma mão toca meu ombro, o aperto não é firme, apenas uma forma de chamar atenção. Viro para encontrar um garoto alto, de pele bronzeada. O singelo cocar na cabeça complementa o visual indígena, os cabelos lisos e negros caem sobre os ombros. Seu maxilar é tão definido e perfeito quanto o tronco exposto sob o colete aberto. Os gomos hipnotizam e contenho a mão que anseia tocá-los.

             - Quer dançar? - convida.

             Demoro alguns segundos para a réplica, o interior tremulando em excitação:

             - Sim. - pego a mão estendida, unindo os corpos.

            Ele me conduz bem, e sem dificuldade acompanho o embalo sedutor, que supera todas as expectativas. Não há surpresa quando sorrateiramente inclina para minha boca, e talvez seja só porque o ache gostoso, mas não recuo. Seu hálito carregado de vodca domina no encontro de línguas, e permanecemos em ritmo suave por bastante tempo. Apesar de sentir falta da pegada mais potente, aproveito o momento, apertando e arranhando cada centímetro do abdômen.

            As tentativas de reiniciar a dança são frustradas devido à seu desejo insaciável, que não permite a desagregação dos corpos. No momento em que o grude começa a passar dos limites simplesmente viro de costas e continuo a rebolar. Os braços fortes circundam minha cintura e a boca roça meu pescoço, agora tenho certeza que o convite foi só um pretexto para a sedução. Aposto que está a planejar a forma mais eficaz de me levar para a cama. Homens, sempre tão previsíveis.

            Por ora embarco em seu "jogo", acarinhando as madeixas com a mão direita, e sabendo que ele não alcançará o prêmio final.

            O olhar se volta novamente para o canto onde Nick agarra Eric, o balançando freneticamente, como um boneco invertebrado. O pânico na feição do asiático reflete sua vontade em sair correndo e esconder. Sorrio de orelha a orelha, sem conseguir mensurar o grau de diversão que a interação proporciona. Facilmente assistiria uma sitcom protagonizada pelos dois.

            A alegria permanece ao avistar Cris com os lábios colados em um cangaceiro, o significado perfeito de aculturação. Rio internamente, fitando Laura e Amanda à passos descoordenados, mas ainda assim imersas na farra. O coração acelera ao perceber cachos castanhos atravessando a turba, e tardo a obter uma visão clara de Marcos. Ele é conduzido por uma loira trajada como sininho, que move animada, enquanto o outro acompanha com simples trejeitos, no melhor estilo boneco cabeça de mola. Divirto com sua falta de ritmo, assustando com o aperto inesperado na cintura e a encoxada bruta do índio, onde a ereção avoluma.

             - Você é muito linda. - a voz alcança o ouvido direito. Ignoro, ainda focada no casal.

            A silhueta da fada é admirável, os seios três vezes maiores que os meus e a bunda que parece prestes a estourar a fantasia. Seu coque alto está impecável, uma boa escolha para esse calor. Pelo pouco que vejo, a maquiagem também é bela, e carregada no iluminador. Ela tenta puxa-lo para a dança em dupla, mas o resultado é desastroso, e como forma de dispersar o constrangimento Marcos avança para o beijo, que intensifica rapidamente. Parecem dois animais em uma disputa de quem come a cabeça do outro primeiro. As pálpebras dilatam refletindo minha perplexidade, à medida que as "mãos bobas" quase arrancam a roupa um do outro. Se não arranjar uma cama logo é capaz de transarem no meio da pista.

           Apesar do pensamento tranquilo, algo inquieta o âmago, mas ajo ligeiro em dispersar o sentimento, virando e tomando os lábios do meu índio gostoso. Deleito com a rigidez dos músculos e as caricias, que são excelentes, entretanto a atividade carnal não demora a alcançar o estado enjoativo que me faz distanciar. Com pesar, dispenso o garoto e rumo à cozinha, prometendo que dessa vez nada ficará entre os energéticos e eu.      

             Desvio de convidados bêbados, e por um segundo escapo de levar um jato de vômito, sendo obrigada a conseguir pano e balde para limpar, ou ninguém o fará, enquanto o cachaceiro é amparado pelos amigos. Avisto o frezzer, a boca salivando em expectativa, porém vozes femininas gritam meu nome e viro para infelizmente encontrar Sabrina e Brenda. Maldito karma, não deveria ter mentido para Cris. Cumprimentamos e as duas papeiam sem parar, sobre o curso de Jornalismo e a faculdade como um todo. Não quero ser rude, então aceno constantemente, soltando exclamações aleatórias, a boca seca e o olhar dividido entre as tagarelas e o frezzer. Em meio as fofocas sobre os professores e nossos colegas de classe, sou salva quando Britney Spears começa a tocar e as duas desviam empolgadas para a pista, como fãs alucinadas.

             O eletrodoméstico branco reluz com aura quase mística, flutuo perseguindo seu chamado suave, como uma voz ambiente que implora para que pegue uma latinha, ou duas, ou três. Afasto uma bruxa que recai sobre o objeto, desacordada. Espero que esteja bem. A odisseia pelo Santo Graal líquido finaliza ao ouvir o estampido do lacre metálico. Entorno metade de uma vez, quase gemendo com a sensação refrescante na garganta. Os gases tempestuosos regressam e aproveito o coro de vozes próximo para disfarçar o arroto:

             - Vira, vira, vira, vira, vira...   

            Aproximo do aglomerado. O barulho ensurdecedor da música e pessoas gritando quase me desnorteia. Tem bebida derramada por todo lado e piso com cuidado para não escorregar. Na rápida olhadela pelo grupo, identifico uma cabeça vermelha, a qual é facilmente notada considerando a comoção que gera ao redor dos barris de cerveja. Driblo os presentes tentando chegar à garota, não surpresa ao deparar com minha amiga ingerindo uma caneca imensa do líquido amarelado. Álcool derrama nos seios e ao final ela bate o objeto na mesa improvisada ao lado de outros três, vesga de tão embriagada. O prisioneiro de pijama listrado e chapéu caricato aproveita para lamber seu corpo em uma atitude nojenta e invasiva.

            - Ei! - o repreendo, puxando Olivia para meu lado. Os garotos sem camisa me recebem com urros animados, dou de ombros, concentrando na garota: - Tem certeza que isso é uma boa ideia?

            - O que? - a língua embola ao falar.

            - Essa bebedeira toda, acho que está na hora de parar. 

            - Você é foda, garota! - o sheriff em estilo americano grita, interrompendo.

            - É verdade, vai ser difícil superar essa ai. – o amigo vestido de policial completa.

           Mais gritos de comemoração, e Olivia levanta os braços, orgulhosa. Caio se posiciona atrás da bancada e preenche as canecas com uma espécie de ducha conectada ao barril, provavelmente por ser o próximo a participar. O grupo com fantasias temáticas do curso de Direito, como policial, prisioneiro, juiz antigo e sheriff o incentivam com urros animalescos.

            Minha amiga, que parece feliz, apesar do olhar baixo e os movimentos lentos.

            - Vai vomitar? - lhe amparo.

            - Eu? Jamais. Preciso é retocar o batom. – gargalha sem motivo aparente.

             - Vem tomar água, descansar um pouco. - penso nas consequências do exagero, mas ela solta a mão de forma brusca:

             - Me deixa, Line! Vai beijar uma boca, chupar um pinto, sei lá. - afasta, agressiva.

            - Miga, só quero o seu bem. Vem, por favor. - mantenho o tom dócil, e a ruiva dá as costas, voltando a celebrar com os outros.

            - Quer participar, docinho? - o juiz aborda.

            - Não. - respondo seca, distanciando na velocidade permitida pelas pessoas, o coração apertado por deixar a garota.

           No meio do caminho até Cris e as meninas, o solo de guitarra ressoa no espaço, seguido da bateria frenética, e de repente sou engolida pelos corpos saltitantes. De quem foi a ideia esdrúxula de tocar Heavy Metal? À empurrões sou carregada até o outro lado do cômodo, próximo ao hall e uma mesa de ping-pong. Perante a situação, é óbvio que seria massacrada na “roda punk” que avoluma a cada segundo.

            Levo tempo para situar geograficamente, e com a intenção de afastar da confusão me vejo imersa em outra competição. Dez copos meio cheios estão posicionados em triângulos nas extremidades da mesa de ping-pong. O objetivo é acertar bolinhas dentro do copo do oponente. Se acertar, o adversário vira o conteúdo do recipiente atingido.

            Assisto o pequeno grupo jogar. A Enfermeira ganha do Batman, e é derrotada pela Chapeuzinho vermelho, que também vence a Cleópatra.

            - Quer jogar? - a última a sair convida. Encaro os copos e o bando simpático, educado e menos barulhento que o anterior. Meço os prós e contras, por fim aceitando. Um pouco de álcool não fará mal a ninguém.

          Surpreendo a todos e a mim mesma quando ganho, somente tomando três doses. Comemoro discretamente quando Nick assume a posição adversária com seu biquíni fabuloso.

            - Cansou do seu amiguinho intergalático? - gargalho ao relembrar os dois dançando.

            - Ele foi ver as carnes lá fora, daqui a pouco está ai. - fala, esperançoso. Eu aposto que não.

            - Prepare-se para perder. - declaro, e ele ri, erguendo uma sobrancelha:

            - Até parece.

            Mais rápido do que pretendia, me vejo completamente tonta depois de mais doses. A tensão aumenta à medida que minha pontaria fica mais imprecisa por conta do álcool. Nick acha graça e comemora a possível vitória, mas pela quantidade de erros, sei que está tão tonto quanto eu. De repente a a abertura dos recipientes parece impossivelmente distante, nenhum dos dois demonstra saber ao certo a quantidade de força necessária para impulsionar a bola. O garoto exagera na maior parte das vezes. A bolinha quica na mesa e decola para muito longe, se perdendo para sempre no meio da multidão; o que gera gargalhadas generalizadas. Persisto até o fim, e quando o jogo acaba, decido descansar em um dos sofás para aceitar minha derrota sem perder o equilíbrio e despencar em alguém.

            - Bela partida. - Cris surge e afunda nas almofadas ao lado.

            - Estava assistindo?

            - De uma distância segura. – fala de forma descontraída. - Parece que o zé mané continuará por lá.

            Relanceio brevemente para a mesa a alguns metros, onde Nick se diverte.

            - Acho que estou preocupada com Olivia. - declaro. - Ela já exagerou bastante na bebida.

            Ajeito a tiara torna entre os cachos rebeldes. Cris acha graça.

            - Ela é adulta, sabe o que faz.

            Concordo com um dar de ombros, mas o instinto de retornar e retira-la de lá ainda persiste. A de cabelos azuis levanta repentinamente e me puxa pelo braço.

            - Já testou aquelas boias de flamingo? - fala com animação.

            - Não. - aceno com a cabeça. - Nem tinha pensado nisso.

            - Vamos testá-las, então.

            - O que...

            A garota nem dá direito à réplica e já sai me carregando para fora da casa. Ao atingirmos o hall, redireciono a cabeça vislumbrando Marcos e a Sininho subindo a escada em direção aos quartos. No fundo gostaria que fosse eu, mas fico feliz por ele se divertir.

            Como é quase impossivel passar pelas pessoas por dentro, minha amiga e eu contornamos a residência pelo jardim. Várias pessoas se pegam entre os arbustos e nenhuma parece se incomodar com nossa intromissão apressada.  Quando chegamos à área da churrasqueira, Cris chuta os sapatos para longe e salta na piscina sem um pingo de hesitação. Sinto a adrenalina inconsequente correr pelas veias e tiro os saltos também. O local está parcialmente cheio, a maioria não usa fantasia, ou vestimenta alguma.

          - Tem um bocado de gente pelada aqui. - comento, sentando na borda. Água engloba as panturrilhas, deliciosamente fresca.

             - Entra logo!

            Uma ideia inesperada cruza minha mente. Recuso-me a estragar essa mini saia maravilhosa. Olho mais uma vez para as pessoas na piscina – as com e sem roupa - e passo a saia por minhas pernas. Descarto-a em cima dos saltos. Não me importo em ficar só de calcinha.

            A ação é seguida por gargalhadas de minha amiga.

            - Aí sim. - ela diz e estende a mão para me ajudar a subir em uma das boias, e logo se aconchega na outra. Decide mudar de assunto. - Estava aqui pensando, foi uma ótima ideia dar essa festa para descontrair.

            Balanço os pés, espirrando um pouco de água. Na outra metade da piscina algumas pessoas jogam uma bola pelo ar. Só espero que não me acertem.

            - Foi mesmo. Não aguentava mais pensar no TCC e todas essas coisas sobre o futuro. - sou sincera. - Ninguém merece.

            - Espero que a vida mude um pouco depois da faculdade, apesar de todo mundo falar que não. Não custa ter esperanças. - ela dá de ombros.

            - Verdade, mas tenho medo de tudo dar errado. - desabafo.

            - Como assim?

            - Depois da faculdade estamos por conta própria, e já era, fodeu.

            Cris ri brevemente. Conversamos e rimos um bocado, passando um bom tempo flutuando e falando besteira. Eric aparece com bebidas em um determinado momento, depois some na festa novamente.

            As pessoas já estão começando a passar mal. Ou desmaiam, ou vão embora. A primeira opção parece ser a preferida. Observamos da piscina enquanto a madrugada ameaça se transformar em dia, apesar de ainda estar bem escuro.

            - Acho que temos umas duas horas. - Cris comenta, a cabeça inclinada para cima e os braços estendidos.

            - Passou rápido.

            - Sim. – fala com certo pesar.

            - Acho que a maioria das pessoas já está morta. Até a música está mais baixa.

            Ela salta da boia para a piscina, começa a nadar em direção à escadinha encaixada na borda.

            - O DJ já deve ter vazado. – constata.

            Agito as mãos na água de forma desajeita, deslizando o flamingo flutuante até a margem. Demora um pouco, mas enfim consigo a façanha de sair da piscina sem me molhar.

            - É, não pagamos tanto assim. – pego a saia para me ajeitar.

            Logo entramos, as duas segurando os sapatos. Fico paralisada por um instante. O ambiente está completamente destruído. Cris puxa o ar ruidosamente, prendendo a respiração.

            - Parece que uns idiotas decidiram encher uns balões de tinta e jogá-los por aí.

            Ouvimos uma voz rouca vindo do canto direito da sala. Marcos. Passo por algumas pessoas caídas até alcançá-lo. Cris me segue.

            - Acho que podemos ir. - ela sugere.

            Marcos balança a cabeça, concordando. Parece ser tudo que o garoto consegue fazer, já que seu estado é simplesmente deplorável. O echarpe e o sobretudo se foram. Agora só resta camisa social com os primeiros botões aberto.

            - Isso é tinta no seu cabelo? - pergunto, encabulada.

            Ele sorri brevemente, e fecha os olhos.

            - Aham.

            - É melhor irmos mesmo, só tenho que encontrar Eric. – digo.

            - E Olivia. - Cris complementa. Olha ao redor, observando os corpos no chão. - Vê se ela não está deitada por aí.

            - Onde está o resto? – me refiro aos amigos de Marcos.

            - Caio e Nick ficaram muito bêbados e chamaram um táxi já faz um tempo. - ele parece rir consigo mesmo. - Eu provavelmente vomitaria em todo o carro se tentasse ir junto.

            - Eca. - comento, achando graça. Mas logo me viro.

            Concentrada em encontrar meus amigos, me afasto lentamente. Primeiramente por tentar não pisar em ninguém, e em segundo para tentar prestar atenção nos corpos jogados nos cantos. Só algumas pessoas ainda bebem na cozinha, fazendo barulho. O som toca sozinho, provavelmente com algum pendrive. Imagino ser simples encontrar Eric, com aquela roupa brilhante ele é basicamente um chamariz ambulante.

            Quando chego ao patamar das escadas, trombo com alguém que estava descendo apressadamente.

            - Eric!

            - O-oi. - ele responde de forma breve. Parece bêbado, e com muita dificuldade em manejar o zíper de sua calça. O cabelo está uma bagunça.

            - Deveria sentar com os outros. Vou procurar Olivia.

            Ele acena com a cabeça e se afasta, seguindo em direção à sala. Minha atenção é atraída para o lugar de onde veio: o andar superior.

            Subo, passando pelo banheiro do segundo andar, e começo a checar os quartos mais próximos da escada. Estão ocupados. Uma espécie de suruba ainda acontece. Fico surpresa com a vitalidade desses jovens. Tento porestar atenção, só que nenhuma pessoa parece vestir vermelho. Por um momento hesito, sem saber o que fazer, até que avisto um quarto escondido nas sombras do fim do corredor.

             Sorrio, satisfeita por ter descoberto mais um cômodo, e sigo para lá.

            É estranho, está tudo muito quieto. Nem a música do andar inferior consegue ser ouvida daqui. A porta está entreaberta e uma luz fraca passa pela brecha. Detenho-me antes de entrar no cômodo, sentindo meu estômago se revirar. Talvez também tenha bebido demais.

            Empurro a porta com o pé descalço. A madeira do piso estala ao primeiro passo. Ao entrar, levo alguns segundos para processar o que vejo.

            A luz vem de um abajur. Mas o mesmo está no chão perto da porta, quebrado.

            Uma mesinha se encontra estranhamente tombada em direção ao centro do quarto e os tapetes estão todos revirados. Olho para baixo e percebo pisar em uma mancha escura. Sinto meu coração estremecer, como se fosse agarrado por um punho poderoso e então puxado até a garganta.

            Não quero perscrutar o resto do cômodo.

            Não quero descobrir o que há ali.

            Ao avistar a tiara com chifres vermelhos jogada em cima da cama, controlo a respiração e me aproximo devagar do outro lado do móvel, oculto pela escuridão. As mãos tremem levemente e fecho-as em punho tentando controlar, mas a cena a seguir me tira completamente do eixo:

            Pernas longas e pálidas, roupas rasgadas e os mamilos à mostra. Marcas roxas pelos braços e o cabelo ruivo bagunçado.

            Olivia.

            Fico paralisada por um instante diante daquela visão assustadora. Aceno negativamente, me negando a acreditar. Logo a envolvo, colocando sua cabeça em meu colo, desesperada. Sangue escorre por suas coxas.

            E então grito. Por ajuda, para que aquilo não seja real.


Notas Finais


Final tenso, muito tenso :(
Tirando o final, na minha opinião esse foi o cap mais divertido até agora, uma salva de palma pra minha parceira q é foda!
O q está acontecendo com Dolores?
O q acharam da festa? Conseguimos passar essa diversão?
A fantasia de Nick foi a melhor KKKKKKKKKKKKK O q acharam das outras fantasias? Qual a favorita de vcs?
Quero uma fanfic de Nick e Eric na minha mesa agora kkkkkkkk Quem shippa esse bromance? Qual seria o nome do shipp? Enlouquece comigo meu povo kkkkkkkk
Viram como Marcos é né, transando com uma, beija outra e está de olho na terceira, o menino é rápido kkkkkkkkkk
Respostas do q aconteceu com Olivia e a resolução disso virão quarta q vem, dia 24/10, juntamente com outro cap de Aline.
Se gostam da história, nos ajudem compartilhando-a no facebook, twitter ou no seu perfil aqui no site, ficaremos muito agradecidos.
Por favor, comentem o que estão achando.
Até o próximo, obrigado por ler e um abraço à todos <3


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