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História Desejos Secretos - Abraça-me


Escrita por: ValentinaEli

Notas do Autor


"E nunca mais eu vou deixar você tão só." R.C.

Capítulo 20 - Abraça-me


Fanfic / Fanfiction Desejos Secretos - Abraça-me

Narrado por Elinór

Segurei-me no assento do carro, enquanto reduzimos de forma brusca a velocidade. Sem reação nenhuma, vejo o carro de Igor fazer ziguezagues pela rua e girar entorno do seu próprio eixo muitas vezes. Por fim, parou bruscamente e de qualquer jeito no acostamento, quase chocando-se contra o muro. Quando paramos por completo, notei que havia um cachorro no meio da estrada, estava intacto e com certeza Igor desviou dele. Meu coração está saindo pela boca e todo o meu corpo adormeceu momentâneamente. Tirei a primeira nota em dinheiro de dentro da bolsa e sem cerimônias, joguei em cima do motorista. Saí do táxi e corri em direção ao veículo para constatar se ele havia sofrido alguma escoriação. Há marcas circulares no asfalto, causadas pelo atrito dos pneus e o odor fétido de borracha queimada está por toda parte. Joguei minha bolsa no chão e, desesperada, bati contra o vidro. É bem escuro e não consigo enxergar nada do lado de dentro. 

– Igor, abre essa porta! – puxei a maçaneta e a mesma está travada. 

– Igor! – gritei e bati mais uma vez, para o meu alívio ouvi o barulho do destravamento. Eu mesma abri a porta, ele está estático e torporoso, com as mãos grudadas no volante. O puxei pela camisa para o lado de fora, com raiva e ao mesmo tempo aliviada. Ele está aéreo digerindo o susto repentino, se apoiou no carro e segurei seu rosto com as duas mãos, encarando-o. – Não faz mais isso, pelo amor de Deus – ele respira rápido e seus batimentos estão descompassados. 

– Olha pra mim, você está me ouvindo? – bati de leve em seu rosto para tirá-lo do estado de letargia e tateei seu corpo, averiguando possíveis lesões. Ele me olha de um jeito estranho, não me toca e muito menos respondi às minhas perguntas. 

– Fala alguma coisa! – pedi preocupada. O motorista do taxi ainda está à minha espera, então decidi dispensá-lo. 

– Pode ir embora! – falei alto. – Não vou deixá-la sozinha aqui, é perigoso – neguei com a cabeça. – Não há problemas aqui, pode ir – completei. Olhei para Igor que já estava se recompondo, mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa ele se afastou de mim. – É melhor fazer o que ele disse e voltar para junto do seu namorado – senti que ele está amargurado comigo, ficou de costas e cruzou os braços. 

– Não é nada disso, eu posso explicar – fui até ele, firmei as mãos em seus ombros e o virei para mim – Se eu te disser o que aconteceu você vai entender – juntei as mãos e supliquei. – Você não me deve explicações. Aliás, eu não sei por que eu fui atrás, você não muda – gesticulou com raiva e puxou o ar com força para dentro de seus pulmões. Desviou de mim e encostou-se no carro novamente, prosseguindo com as palavras de repulsa – É muito fácil para você descartar as pessoas, senhorita, afinal de contas você me deixou sozinho lá atrás quando eu mais precisei – entrecortou as palavras e sua face esboçou um ressentimento brutal. 

– Igor, você não me ouve, deixa eu falar – o encurralei contra o veículo e o encarei. 

– Depois do que eu vi hoje foi o fim – declarou sério e senti uma forte punhalada em meu peito. – Igor, aquele homem não representa nada para mim – é notório que exala tristeza e desvia o olhar a todo instante para me repelir. 

– Eu não tenho que ouvir isso, doutora – foi categórico, mas não me importei com sua ira e decidi continuar. – Faz parte do meu passado, eu não o vejo há anos. Quando cheguei do hospital ele estava lá embaixo à minha espera – riu de minha fala deixando-me incomodada e sem alternativas para lidar com tamanho desdém pela minha verdade. 

– Claro, eu vou fingir que acredito em tudo o que você diz – falou debochado. 

– Eu nunca menti pra você, Igor e não estou fazendo isso agora – retruquei tentando fazer​ com que ele acredite em mim. – Meu pai não é o único culpado por esse meu gênio, aquele homem um dia me fez mal e não sei como ele me achou agora, descobriu meu telefone e endereço. Eu nunca teria nenhum tipo de contato com ele – ouvi o barulho do táxi a se afastar de nós, indo embora. Cansou de esperar. Talvez tenha pensando que é apenas uma briga de casal e não quis se intrometer. Estamos a sós nesta rua deserta. – Por tudo o que você mais ama na vida, acredita em mim – implorei mais uma vez e ele me olhou em silêncio. Foi como se eu tivesse tocado em uma ferida aberta, sangrante. É difícil entender o que se passa com ele agora, seus belos olhos azuis estão sem vida – Tudo o que eu mais amava na vida morreu – paralisei quando ele falou, um nó em minha garganta se fez presente e inclinei minha cabeça em sinal de rendição. 

– Sabe por que eu estava indo até o seu apartamento? – perguntou um pouco ríspido. Fiz sinal de negativo com a cabeça e ele declarou. 

– Porque eu não suporto mais ficar longe de você, dói demais – bateu no peito com o punho fechado. 

– Igor! – falei emocionada. – Eu decidi quebrar o orgulho e ir até lá – gesticulou. 

– Eu pensei que eu tivesse perdido a vontade de viver, mas eu lembrava o tempo inteiro que você ainda estava aqui e me dei conta de que eu precisava te procurar – ele fala em meio à revolta e a dor. 

– Mas como sempre tem outro homem na jogada. Por que você é assim? – questionou indignado. Igor pensa o pior de mim. Sei que minha vida parece errônea com os homens, e de certa forma eu me diverti e aproveitei o máximo que pude, porém ele não credita nas minhas palavras. 

– Eu posso até ser insistente e sufocante como você falou, mas é que tem tantas coisas boas dentro de mim e eu queria dar tudo a você. Eu posso ter me precipitado e... – o interrompi, sorri com suas palavras e meus planos para esquecê-lo esvaíram-se todos. Foi impossível resistir e a vontade imensa que eu estava dele falou mais alto. 

– Pelo menos uma vez acredita em mim – aproximei-me ainda mais e o fitei de perto. Seu rosto não esconde a decepção, sinto-me péssima por muitas coisas que já disse a ele e pelo mau juízo que fiz de seu caráter como homem. Apesar de não ter muita fé em relacionamento nenhum, algo me prende a Igor. Pela segunda vez ele se afastou, renegando-me – Eu já cansei de surpresas desagradáveis. Estou cheio de tentar ser um bom homem – deu passadas pela rua nebulosa, enfurecido e inconsolável. 

– Pessoas boas só se decepcionam – concluiu pesadamente. 

– Você é a melhor pessoa que eu conheço, não fala isso – tento acalmá-lo de todas as formas. Estamos em uma rua sem saída e pouco iluminada, à mercê de qualquer tipo de violência. Igor parou de costas e distante de mim, colocou as mãos dentro do bolso da calça e calou-se. Fiquei durante um bom tempo lutando internamente contra inúmeras vozes gritando e dizendo o que tenho que fazer. Percebo que estou entre a cruz e a espada, entre a prisão e a liberdade. Há certas palavras que querem brotar de meus lábios e tenho medo de libertá-las, pois não sei aonde estas irão me levar. Travei meu corpo, não consigo mover um centímetro sequer. Meu coração está disparando, certamente existe uma ligação forte pela qual eu estou aqui, uma força maior colocou-me mais uma vez diante dele. Logo eu que pensei que viajaria para Lisboa sem vê-lo nunca mais por causa da vergonha e de minhas falhas na investigação. As palavras estão em minha garganta, elas querem sair e insisto em prender cada uma delas. Não suportando mais guardá-las comigo, soltei-as na brisa gélida que pairou sobre nós. 

– Igor, daqui alguns dias eu estarei partindo para Lisboa. Estou indo embora – contei a notícia e vi quando ele abaixou a cabeça.

Narrado por Igor

Não sei mensurar o que senti quando visualizei aquele homem lhe entregando um buquê de flores. Experimentei o gosto do ciúme e de uma inquietação perturbadora. Nem mesmo a descoberta da traição de Eduarda me deixou tão descontrolado. E agora esta revelação de que está indo embora derrubou o último pilar que ainda me mantinha em pé.

– Eu sei que não quer chegar perto de mim agora, mas eu não posso ir sem dizer a você que eu não estou mentindo. Aquele homem não é nada meu. Foi tudo uma enorme coincidência estarmos todos no mesmo lugar – falou angustiada e meu corpo enrijeceu-se, o medo surgiu em mim no mesmo instante. – Você pode não acreditar em mim a respeito de muita coisa, mas eu peço que acredite hoje – foi enfática e pelo timbre e equilíbrio de sua voz não há resquício de mentira nem palavras dúbias saindo de sua boca. Estremeci ao escutar seus passos lentos e receosos em minha direção, o barulho do salto alto e o modo como anda são difíceis de esquecer. 

– Por que vai fazer isso? Por que vai embora? – indaguei inquieto, evitando olhá-la para não padecer. 

– Porque não há mais nada que me prenda ao Brasil – pude ouvir seus suspiros ao dizer. 

– Você era o único motivo para eu estar aqui e olha aonde cheguei – embargou as palavras e senti um vento frio passar por nós, a noite já declina há muito tempo e a cada segundo tudo aqui fica mais arriscado.

– Eu não posso mais continuar neste país, tudo me lembra você e eu só cometi erros – balancei a cabeça negando a afirmação, decidi que seria melhor ficarmos cara a cara. Não foi confortável e muito menos consolador observar sua face abatida – Todos os erros foram meus, mas os cometi na intenção de acertar – declarei e ela me olhou compreensiva, com os grandes olhos verdes a me desnudar por inteiro. Sua pose durona, no fundo ainda se mantém, mas há uma mulher diferente emergindo dela. 

– Estas são suas últimas palavras para mim? – perguntei e aguardei por sua resposta. 

– O que mais posso dizer senão verdades? – rebateu exausta e passou as mãos pelos braços para conter o frio que arrepiava os pêlos. 

– Há mais de uma verdade fora a que ele não é nada seu? – questionei e Susana quis dar mais um passo em minha direção, porém hesitou. É bem provável que experimente o medo de que eu me afaste pela terceira vez.

– Tem... Só que é um pedido – respondeu acanhada e mirou-me na expectativa. – Fala – estendi a mão dando a vez a ela secamente. Para o meu nervosismo e ansiedade ela fez um instante de silêncio profundo e assim ficamos por longos minutos. A doutora entrelaça as próprias mãos buscando encorajamento para o que possivelmente quer dizer. Eu aguardo a olhando fixamente. Abriu a boca para emitir alguma frase e recolheu-se, entretanto olhou para o alto, investiu-se de destemor e resolveu fazer o pedido.

– Me abraça, eu estou morrendo de saudade – pediu baixinho e tomado pela vontade que guardei durante todo esse tempo, fui ao encontro dela com ardor, suas mãos logo envolveram minha nuca e a abracei, aniquilando minha raiva. Apertei-a contra meu corpo e notei seu coração bater mais rápido. 

– Não vai embora para Lisboa, fica comigo – implorei ofegante segurando seu rosto e dei vários beijos por sua face. 

– Eu não posso te perder também, não vou aguentar – entrecortei as palavras, fiz carinhos em seus cabelos e olhei para ela. 

– Achei que não quisesse me ver depois de tudo o que aconteceu – confessou tímida. – Eu sempre quis, eu fiquei chateado com as suas palavras para mim naquele dia – abaixou a cabeça com vergonha, mas a ergui tocando seu queixo. – Mas eu fui até lá porque o que eu sinto é verdadeiro, eu não sou homem de brincar com os sentimentos dos outros – passei meus dedos pelas maçãs de seu rosto. – Eu sei... Eu sei – assentiu positiva e beijei sua fronte. 

– Por favor, diz que não vai embora. Eu preciso tanto de você – meus olhos marejaram e esperei pela resposta. Por uns instantes emudeci, foi então que ela tomou coragem para dizer.

– Se ainda me quiser eu não vou mais – enrubesceu e a cerquei em meu corpo, cheirando seus cabelos. Beijei a pele macia de seu pescoço e acariciei suas compleições pequenas e delicadas. Suas mãos acariciavam meus braços e com saudades de sua boca, avancei contra seus lábios fervorosamente, recordando seu gosto perfeito. Nossas línguas digladiaram-se desejosas uma da outra e cada vez que nos aconchegávamos, espasmos deliciosos subiam por meu ventre. Eu já estava novamente inebriado com o perfume de Madame Elinór. Emaranhei meus dedos em seus cabelos e os puxei para trás, prensando-a contra a lateral do carro. Nem nos preocupamos com os prováveis perigos do local onde estamos. Suguei seu pescoço e desci até o busto parcialmente descoberto pelo decote, ela gemeu mordiscando o lóbulo de minha orelha e paramos o beijo com selinhos, apreciando nossas respirações se tornarem uma só.

– Vamos sair daqui? – perguntei preocupado – Vamos, mas estou sem carro, você vai ter que me levar – sorri contido quando ela falou. – É claro que eu levo, seu táxi te deixou na mão – a presenteei com um beijo rápido, peguei sua bolsa do chão, abri a porta de trás e depositei no banco. Fechei a mesma e decidi fazer um convite. 

– Me faz companhia hoje – segurei suas mãos próximas de meu rosto e esfreguei os lábios sobre o dorso. 

– Faço! – assentiu ajeitando a gola de minha camisa – Você me fez muita falta todos esses dias – suspirei ao dizer. 

– Me perdoa pelas coisas que falei. Eu estava nervoso e com medo de nunca mais te ver – inclinei a cabeça ao sentir seu toque a me afagar, aproveitando a sensação.

– É você quem precisa me perdoar Igor... De muitas coisas. – encostei minha testa na dela e afundei minhas mãos em sua cintura. – Você é a única coisa boa que me resta. Eu sou louco por você! – o tom de minha voz saiu grave e meu timbre, rouco. A doutora me abraçou ao ouvir, beijando meu peitoral várias vezes.

Narrado por Elinór

Um peso foi retirado de minhas costas e ele me acolheu sem nada mais pedir como recompensa, a não ser companhia. Beijá-lo novamente foi meu amparo e refúgio. Nem em meus devaneios e desvarios mais insanos pensei que me renderia a um homem dessa maneira. – Por enquanto estou morando naquela casa de praia que um dia te levei. É um pouco longe, mas é melhor para mim – compreendi seus motivos mesmo sem os ter revelado. – Eu preciso passar no meu apartamento para pegar algumas coisas – ele concordou e seguimos viagem. Subi sozinha até a cobertura e fiz uma pequena mala com o essencial para um dia ou dois. Desci e ele colocou no porta-malas. No caminho para a casa de praia, o trânsito estava tranquilo e havia poucos carros por causa do horário, recostei-me em seu braço e assim ele guiou o carro sem pressa. Quando parávamos em algum sinal ele cheirava meus cabelos e beijava minha mão que estava entrelaçada à dele. Mesmo em silêncio eu podia sentir que ele conversava comigo através de gestos. Ao chegar, descemos do carro, pegamos as coisas e entramos na casa, coloquei minha bolsa numa poltrona e o observei, estava bastante calado. Depositou a mala perto do sofá e sentou. Fui até ele. 

– Eu estou muito feliz por estar aqui – ele me olhou de lado ao ouvir. 

– O que seria de mim agora sem você? – me abraçou de lado perguntando. 

– Eu tenho uma coisa para te mostrar – se levantou e foi em direção à porta de entrada. Minutos depois voltou com uma caixinha rosa. – O que é? – perguntei. – Abre! Está um pouco amassada do lado de fora porque joguei com raiva dentro do carro, mas o conteúdo está intacto – sorri com seu pedido calmo. Desfiz o laço e abri. Não tive reação. Somente encantei-me.

– Igor é lindo! – vislumbrei o cordão de ouro cujo pingente é uma menininha. Dentro da caixa havia um papel. Desdobrei e vi que era um desenho, a imagem era de dois adultos e uma criança no meio, todos de mãos dadas. Estava escrito perto dos respectivos desenhos “papai”, “eu” e “mamãe 2.” – No dia que saímos saiu da sua casa, eu levei a Paty na escola e quando fui buscá-la ela disse que queria muito te dar um presente. Foi ela mesma que escolheu. Estávamos só esperando um momento certo – engoli com força a vontade de chorar. 

– Eu nem sei o que dizer – não encontrei palavras que pudessem expressar o que eu estava sentindo. – Não diz nada, eu tenho certeza que de onde quer que minha filha esteja ela deve estar feliz agora – esboçou um sorriso que logo foi apagado pela lembrança da filha. – A Patrícia foi a única criança que eu amei. Só nos vimos duas vezes, mas foi o suficiente – falei recordando dela. – Eu percebi uma afinidade, ela falava em você a cada cinco minutos. Estava alegre e eu te agradeço por isso. As professoras dela me entregaram uma porção de desenhos nos quais ela estava ao seu lado. Ela desenhou direitinho os seus cachinhos e em todos eles ela te chamava de mamãe – o abracei na tentativa de encontrar um pouco da garotinha no pai dela, Patrícia era a cópia fiel de Igor. Os mesmos olhos e o mesmo sorriso lindo. Ele tirou o cordão da caixinha e pôs em volta do meu pescoço. 

– Ficou lindo! – suspirou ao olhar. 

– Não vou tirar mais – falei e beijei o pequeno pingente. Guardei o desenho dentro da caixinha e coloquei a mesma na mesinha de centro à nossa frente. Ficamos alí por um bom tempo abraçados e sem dizer uma palavras sequer. 

– Está com fome? – perguntou limpando os olhos que a milésimos de segundos, marejaram. – Um pouco – admiti. – Vem, vou preparar o jantar para nós dois – me puxou pelo braço e o segui. 

– Tem certeza? Eu posso pedir comida – idealizei. Não queria dar trabalho e talvez ele estivesse fazendo isso só para me agradar. – Isso me distrai, assim eu não penso em outras coisas e você nunca provou da minha comida – andamos em direção à cozinha, mas paramos ao passar pela mesa de jantar. É grande e bem antiga, contrastando com a decoração moderna da casa – Não imaginei que soubesse cozinhar – Igor ainda vive o luto, porém está calmo e isso me deixa um pouco aliviada. 

– Há muitas coisas sobre mim que você não conhecesse. Pode não parecer, mas sou um bom homem – segurei seu rosto e o encarei. – Não quis dizer o contrário. Eu sei que você é um bom homem, tenho provas – falei convicta. Não entendi o por que paramos aqui ao invés de seguirmos para a cozinha e para minha surpresa, seus olhos puseram-se sobre mim e percorreram meu corpo de cima a baixo. Aproximou-se perigosamente e fechou os olhos, vi quando inalou o perfume que exala de minha pele e embriagou-se dele. 

– Esse seu cheiro – falou com desejo. 

– Eu preciso sentir você, não posso esperar mais nenhum minuto – mal tive tempo de processar sua atitude, senti uma pressão contra meus lábios e ele os roubou, atiçando em mim sensações que ficaram perdidas desde nossa última vez. Que falta senti de suas grandes mãos a me apertar em pontos estratégicos, de sua pegada viril e da forma como ele se importa em me dar prazer. De repente, me sinto loucamente excitada e eufórica por estar com ele. Igor me prendeu contra a mesa e me abraçou. 

– Eu achei que eu fosse enlouquecer sem você – afundou o rosto em meu pescoço e se aproveitou de minha pele. Acariciei seus cabelos e sorri ao perceber que meu coração estava disparado. – Eu estava sozinho e ficava te imaginando aqui comigo. Sentia seu perfume por toda a parte e me tocava pensando nas nossas loucuras – suas palavras eram doces e ao mesmo tempo empregnadas de luxuria. 

– Como você imaginava? – perguntei ofegante com os apertões que ela dá em minha cintura. 

– Eu imaginei nós dois junto. Você como minha mulher, gemendo embaixo do meu corpo – mordi o lábio inferior visualizando sua boca provocante. 

– Isso tudo ainda está de pé? – vi seus olhos brilharem e desde que cheguei, foi a primeira vez que sorriu animado. 

– Está! Você aceita? – senti um frio violento no estômago ao ouvir tal pedido. 

– Aceito – declarei e o puxei para um beijo intenso. Nossas bocas se chocaram e sua língua me explorou por inteira, de um jeito muito feroz. Seu membro rijo que é prensado contra meu corpo, causa-me calafrios descomunais a ponto de me deixar lamuriando contra sua boca. Este homem está arrancando toda a minha sanidade. A abstinência que provamos durante este afastamento fez o desejo aumentar drasticamente.

– Eu te amo, mais do que imaginava – segurou minha cabeça com as duas mãos e encostou a testa na minha. Passei o polegar sobre seus lábios macios, delineando os mesmos. 

– Fala de novo – mordisquei seu queixo e arranhei sua nuca. 

– Eu amo você, Madame – repuxou meu cabelo e gemi pelo modo como me pegou. 

– Aahh – afastou a cadeira da cabeceira, travou minhas costas contra a mesa e protestei pela dor que senti. Respirei desritimada, meu pescoço foi loucamente abocanhado e Igor deixou ali chupões enlouquecedores que me fizeram amolecer em seus braços. 

– Igor! – clamei manhosa o seu nome, sentindo minha calcinha umedecer quente entre as pernas. – Sentiu minha falta? – pressionou minhas bochechas e firmou meu rosto, deixando-me imóvel. 

– Eu te desejo todos os dias desde que te conheci – murmurei baixinho cravando as unhas em seus braços quando desfez a pressão em meu rosto, ele me comprime tanto que o ar me falta em níveis absurdos. Estremeci quando sua mão direita afundou em meu ventre e subiu até apertar meu seio. Ele fez o mesmo com a outra e busquei apoio na mesa atrás de mim, dando-lhe livre acesso ao meu corpo. 

– Agora você é só minha Elinór – respirou fora do ritmo e decretou autoritário em meu ouvido. Apenas senti quando segurou a barra de minha blusa e a puxou com pressa. Levantei os braços para facilitar e nos livramos. 

– Somente sua, doutor – sensualizei as palavras, abrindo o fecho de meu sutiã na parte da frente. As mãos dele puseram-se sobre meus quadris e me colocou sentada sobre a mesa num impulso rápido. Abriu bruscamente minhas pernas e puxou-me, colidindo seu mastro rijo contra minha intimidade. Olhou-me compenetrado e em transe, vislumbrando tudo o que ele mais desejava à sua inteira disposição. Encaramo-nos excitados e seus olhos azuis estão acinzentados pelo frisson. Igor abraçou meu corpo e sorri satisfeita com sua boca a devastar meus seios. Minhas coxas são massageadas por suas mãos e cada vez que mordisca os bicos durinhos, e em seguida, faz movimentos circulares com a língua, sou levada à loucura, para um lugar fora de meu próprio corpo. Estou tão entorpecida com os efeitos dos hormônios que agora são lançados em meu sangue, que não consigo raciocinar.

– Humm – grunhi quando ele espalmou meus seios, apertando-os como nunca antes havia feito. – Diz que você estava com saudades – supliquei ao inclinar minha cabeça para trás e segurei seus cabelos, enquanto ele se aproveita de mim. Meu sexo lateja ávido, pulsa intensamente e tenho que cerrar os dentes para suportar a tortura. Passei as mãos por suas costas puxando sua camisa, não foi difícil, pois sua euforia se mistura com a minha e tirou-a o mais rápido possível. Toquei seus ombros fortes e másculos, deixando Igor me devorar com os olhos. Minhas unhas desceram arranhando seu peitoral, depois abdome e notei quando todos os pêlos dele se arrepiaram. 

– Você é uma mulher muito gostosa – declarou sexy e rouco. 

– Eu vou fazer você sentir o tamanho da minha saudade – de maneira desesperada ele abriu o botão de minha calça e a puxou, juntamente com a calcinha. Fiquei nua e ele me olhou como se fosse à primeira vez. Os olhos semicerrados acompanhavam os toques que distribui em minha intimidade completamente encharcada. Ele segurou minha mão, levou a mesma perto de sua boca e sugou meus dedos​, saboreando meu doce néctar viciante. Arrepios alucinantes percorreram meu corpo no momento em que acariciou o membro por cima da calça, apertando o mesmo. Posso admirar audaciosamente que está bem marcado no tecido justo em suas pernas torneadas. 

– Eu vou te mostrar como eu quero matar essa saudade, doutor – falei intrépida, deitei apoiando minhas costas na mesa fria e tomei um pequeno choque térmico que logo foi aliviado pelo calor que me invadiu. 

– Então mostra para o seu homem – coloquei as pernas nas laterais e afastei os joelhos, estou vulnerável nesta posição e assim ele pode fazer o que quiser comigo. 

– Eu quero sentir você com toda força dentro de mim – mais uma vez deslizei os dedos da mão direita em minha umidade e passei a mesma na parte interna de minhas coxas, lambuzando a pele sensível. Estou tão molhada que diria ter gozado só com os beijos que ele já me deu. 

– Você é o único homem que me deixa assim – confessei tomada pelo frenesi de ver que ele me olha com a boca entreaberta, engolindo a própria saliva que paira na boca. – Porque eu adoro o jeito como você faz – arqueei o corpo para trás apenas em me tocar intimamente. Meu ventre sobe e desce em um ritmo acelerado e sorri de forma lasciva ao perceber que ele já havia retirado a calça e descia lentamente a cueca box, libertando seu membro avantajado. 

– Quem é o seu único homem, Madame? – desferiu um tapa vigoroso na lateral de minha coxa e gemi alto pela dor momentânea. 

– Olhe meu corpo doutor, sou frágil em suas mãos e só você tem poder sobre mim – estas palavras foram suficientes para Igor apoiar suas mãos em meus joelhos e forçá-los contra meu abdome. Meus pés não tocavam mais a mesa e busquei auxilio nas laterais quando ele escorregou a língua firme e quente sobre mim – Oohh – passei a lamuriar e meu barulho fazia eco na casa, girei a cabeça de um lado para o outro e ergui os quadris ao deliciar-me com sua língua a me penetrar. 

– Faz gostoso vai, mata a minha vontade – ataquei os cabelos dele com as mãos e os repuxei com alvoroço.

– Ain – protestou, sugando-me com mais rapidez. Sua língua fricciona intensa e em movimentos circulares meu sexo. Quase perdi a consciência ao ser invadida por seus dedos, ele faz isso profundamente, de maneira que me levantar daqui vai ser difícil. Não tenho mais forças para repuxar seus cabelos, e sei que minha pele vai ficar marcada pela sua fome. 

– Igor, me faz gozar – mandei apertando sua cabeça no vão entre minhas pernas, só para aproveitar ainda mais a sensação de êxtase. Sinto que estou prestes a regozijar-me, pareço leve e flutuante, mas assim que tudo em mim se contraiu, comecei a puxar o ar com os últimos resquícios de energia que me resta. E quando ele concentrou-se fielmente em meu ponto de prazer, permiti entregar meu corpo ao desejo mais visceral que o ser humano pode desfrutar. – Aahh – gemi alto e desesperada. Ergui a cabeça para observá-lo tomar todo o meu prazer até a última gota e visualizei sua face em deleite com meu gozo. Ele lambe não só meu sexo como também as coxas, não desperdiçando nada de minha libertação. 

– Meu Deus – clamei ao relaxar meu corpo. Seus beijos subiram por meu ventre acalmando minha euforia. Meus músculos ainda buscam relaxamento e minhas carnes tremem. Fechei os olhos, mas os abri em seguida ao ser levantada por ele. 

– Você é a maior loucura da minha vida e também a maior prova de minha sanidade – ouvi o tom de mistério no timbre de sua voz e sem realizar muito esforço, tirou-me de cima da mesa e me colocou-me em pé, de costas para ele. Meu corpo foi inclinado com o peso de sua mão e deitei. Empinei meus quadris em sua direção e fechei as pernas aproveitando as fricções que ele fez em mim com seu membro duro. Estou extremamente sensível e ele faz movimentos como se fosse me penetrar. Mordeu minhas costas e minha nuca, levando-me a um estado de dependência de seu corpo. Sua tortura me deixa aflita e espalmei as mãos sobre o tampo da mesa, esticando meus braços ao longo de minha cabeça. 

– Igor – minha voz saiu mais grave e ele emaranhou sua mão em meus cabelos, tencionando-os para trás sem muita delicadeza. 

– Prova que você merece ser o meu homem, mostra para mim tudo o que prometeu – mandei efusivamente e de forma súbita, fui invadida sem dó e nem piedade. Joguei meu corpo para frente e fiquei na ponta dos pés para aliviar a pressão colossal que ele fez dentro de mim. 

– Aahh – gemi buscando a melhor posição para aguentar seu membro espesso e enorme abrir as paredes de meu sexo, alargando-me gradativamente. Ele me abraçou por trás e por alguns segundos ficou imóvel. Senti seus dentes em meus ombros e aos poucos ele foi me invadindo de maneira abrupta. Passou a se movimentar com rapidez e gemia gloriosamente como música para meus ouvidos. À medida que ele me possui, um sorriso maravilhoso surge em meus lábios para me lembrar que ele é realmente o homem perfeito para mim. 

– Que delicia Igor – declarei manhosa rebolando em seu membro sensualmente. 

– Isso... Mexe gostoso, Madame – desferiu tapas em meu bumbum e mordi o lábio com a sensação. O corpo dele está praticamente sendo jogado em cima do meu, levei minha mão para trás e encontrei seus cabelos, puxei para perto de mim e logo ele chupou minha nuca. 

– Porra, Madame – investiu forte, meus quadris foram erguidos e saí do chão por um breve momento. – Aahh – sua boca passeava em mim deixando chupões e marcas que me farão lembrar esse dia para sempre. No desespero, ele segurou minha coxa esquerda e a colocou apoiada sobre a mesa. Meu corpo está suando por causa do calor e o cheiro dele penetra em minhas narinas como droga. Ele usa meu corpo como quer e faz isso com maestria – Vem cá – saiu de mim e girou-me, sem exercer muito força, lançou meu corpo contra a parede mais próxima. Em seus olhos há um desejo animalesco e sem que eu pudesse ter tempo para falar ou agir, ele me pegou no colo e envolvi seu corpo com minhas pernas. Abri a boca sem emitir nenhum som quando me instigou, esfregando seu membro em mim. Meu ponto de prazer já está inchado e não sei até quando vou aguentar. 

– Me mostra como foi ruim ficar sem você – passei minha língua em seus lábios e ele gemeu descontrolado, foi então que deixou meu tronco escorregar na parede e se encaixou em mim num impulso rápido. 

– Igor – gritei e ele afundou o rosto em meu pescoço, tratando de apoderar-se de mim com devassidão. Eu não sinto mais as pernas e meus seios estão avermelhados com sua boca a me devorar. 

– Eu não vou aguentar mais – choramingou sem forças para respirar, simplesmente esmagou minhas nádegas e se depositou em mim, dando as últimas investidas. – Ah, como isso é bom... Goza pra mim – pedi sem pudor nenhum e tomei seus lábios em um beijo avassalador. Suguei sua língua várias vezes e quando ele estremeceu, grunhiu alto e de forma intensa lançou seu jato quente dentro de mim. Suas pernas bambearam, mas ele não me deixa cair. A expressão de êxtase que vejo em seu rosto é sinal vivo de que adora o meu corpo. Ao dar as últimas estocadas ainda eufóricas, levou a mão até meu ponto de prazer e friccionou apenas uma vez, pois segurei seu pulso. Eu não suportava mais, estava sensível e já tinha gozado só de vê-lo derramar-se em mim. Ficamos parados controlando a respiração e tomando consciência da realidade. Ele ainda está dentro de mim e aos poucos vai saindo, colocando-me no chão. Me segurou firme, pois sabe que não tenho mais equilíbrio. Deitei a cabeça em seu peito e descansei. Sinto-me fraca e sem forças para qualquer coisa, apenas olhei para ele e o beijei, agradecendo por estar aqui. 

– Vamos tomar uma ducha quentinha – sorri e como ele sempre fazia, pegou-me em seu colo e como um cavalheiro antigo, caminhou comigo até o banheiro. Lavamos nossos corpos, apreciando a paz do momento. Ao sairmos, Igor me deu um hobby branco e também vestiu um. Direcionamos-nos à cozinha e recolhemos nossas roupas que estavam espalhadas pela sala de jantar. Limpei a mesa que estava marcada pelo meu suor e em poucos minutos, tudo já estava impecável. 

– Agora eu tenho que terminar de te conquistar – falou segurando minhas mãos e beijando o dorso das mesmas. 

– Mas já me conquistou – deixei claro. – Ainda não conquistei cem por cento. Tem que provar dos meus dotes culinários – ri de sua fala e admirei seus cuidados comigo. 

– Ok. Então vamos ver se você já está apto para casar – estranhei quando ele tirou o hobby e pediu para eu segurar. 

– Vai cozinhar só de cueca? – ri ao ver sua cueca box branca. Ele negou a hipótese, foi em direção ao armário e abriu uma gaveta. Fiquei boquiaberta quando o vi tirar um avental de dentro e colocar em volta de seu corpo. – De cueca e avental – ele está bastante sexy assim. – Você está me surpreendendo, doutor Igor – ele me encarou fascinado. – Você vai ver que eu sou um bom pretendente – falou carinhoso e me senti leve ao lado dele. Uma sensação nunca antes experimentada por mim. 

– Hoje vou fazer para você um salmão ao molho de limão com hortelã e legumes regados a queijo branco – ele tirou os ingredientes e começou a organizá-los na bancada. – Com quem aprendeu a cozinhar? – indaguei curiosa ao ver que ele tinha prática. – Minha mãe. Eu sentava na bancada da cozinha quando era criança e ficava admirando a forma com que ela cozinhava. Ela falava em receitas como se fala de poemas – explicou. Igor começou a cortar os legumes milimetricamente em pedaços de tamanhos iguais e os colocou para cozinhar. Ele é organizado e cuidadoso. 

– Enquanto os legumes estão no fogo vou te ensinar a fazer o salmão – falou seguro de seus conhecimentos e me aproximei. – Preste atenção! Primeiro eu corto o salmão na diagonal, tomando cuidado para a incisão não sair torta – ri baixinho e ele ficou sem entender. 

– O que foi? – questionou encabulado. – Parece que você está fazendo uma cirurgia no peixe, Igor – ele riu descontraído, mas logo voltou a ficar atento. – Mania de cirurgião. Desculpa – voltou seu olhar para mim e selamos nossos lábios. – Depois tempero com sal, pimenta do reino e ervas finas – eu estava adorando observá-lo de avental e fazendo jantar para mim. Meus olhos se abriram, metaforicamente falando. Igor é um homem digno de ser amado. 

– Aceita um pouco de vinho? – secou as mãos em um pano. 

– Quero sim – respondi. – Aonde guarda as taças? – perguntei. 

– Ali. Primeira porta à sua direita – indicou e peguei as taças. Igor abriu a garrafa e nos serviu. Saboreei a bebida e ele aproveitava para me abraçar, cheirar meu perfume e dizer coisas bonitas para mim. 

– Ah! Como eu sonhei com isso, Madame – estou tão entregue às carícias que nada no mundo agora me chama mais atenção. Tudo o que eu preciso está aqui. Ele voltou a preparar o jantar. 

– E agora? – apontei para o salmão. 

– Já está temperado. Agora vou embrulhar no papel alumínio e levar ao forno por dez minutos – ele fez o pequeno embrulho com cuidado e colocou numa travessa, levando ao forno. Quando os legumes cozinharam, ele os despejou na escorredeira e os separou num refratário de vidro redondo. Em seguida picotou nabo e cenoura crua e os espalhou junto aos legumes de forma a enfeitar o prato. 

– Para o molho eu vou usar limão e hortelã – falou e misturou folhinhas de hortelã ao suco de um limão. Reservou também o molho de queijo e esperávamos o salmão ficar pronto tomando mais um pouco de vinho. 

– Vem morar aqui comigo – assustei um pouco com sua pressa. – Igor, eu acho que agora não é momento, ainda mais depois de tudo o que aconteceu – tentei falar da melhor forma possível. – É justamente por isso, eu não quero mais desperdiçar nenhum minuto da minha vida – gesticulou ao falar decididamente. – Eu já fui relapso com tantas coisas e eu não quero apenas ser um namorado pra você e te visitar na sua casa às vezes. Não tenho mais idade pra isso – eu ouvia atentamente seu ponto de vista e notei que ele falava mais sério do que nunca. Acho que por jamais ter ouvido isso de alguém, essas palavras me deixam estupefata, amedrontada, porém, me sinto querida como nunca fui. 

– Eu quero morar na mesma casa, dividir a mesma cama e te chamar de minha mulher – o encarei mais surpresa ainda. 

– Sua mulher? – indaguei. 

– Toda minha – falou sussurrando. Repuxei seu lábio inferior e ele apertou minha cintura, afundando seus dedos em minha pele. Abraçamos-nos, mas dessa vez foi um abraço mais duradouro. 

– Obrigada! – agradeci de todo o coração. – Pelo que? – perguntou sereno. 

– Por me mostrar que certas coisas valem à pena – ele beijou minha bochecha e distribuiu mais beijos pelo meu rosto. 

– Vamos jantar – convidou e assenti. O salmão já estava pronto e ele tirou do forno. Colocou em outro refratário e levamos tudo para a mesa que ele havia arrumado. Puxou a cadeira para que eu sentasse e em seguida sentou. Igor fez questão de me servir e esperou ansioso para minha opinião sobre o prato. Levei a primeira garfada até a boca e me surpreendi com seu talento. 

– Então? – indagou apreensivo. 

– Vou amar você cozinhando para mim. Está perfeito! – ele esboçou um lindo sorriso e acariciou minha mão que estava livre. 

– Vou ficar mal acostumada – falei sem jeito. – Eu nunca vou cansar de te mimar – disse tomando mais um gole de vinho. 

– Você é um cavalheiro – elogiei e ele me olhou feliz.

Narrado por Igor

Todo esse momento com ela era o que eu precisava para acalmar meu coração. Nesse pouco tempo que estamos juntos eu já me sinto um pouco mais forte para suportar a perda da minha filha. Eu não sei explicar o tamanho da dor que sinto aqui dentro. Dilacera a alma e corrói cada segundo mais forte. Nesses vinte dias, peguei meu carro e por diversas vezes saí sem rumo algum. A única coisa que me fazia voltar para a casa eram meus pensamentos e coração voltados para Elinór. 

– Sou um homem de sorte – declarei convicto. Nós finalizamos o jantar e levei as coisas para a cozinha. 

– Eu cuido disso pra você – veio atrás de mim. – Nem pensar – fui enfático. 

– Mas Igor... – a interrompi. 

– Eu faço isso, pode deixar – tentei convencê-la, porém foi difícil e nós dois arrumamos as coisas. Quando tudo estava pronto, fomos para o meu quarto. Deitamos na cama e ela se agarrou a mim. Silenciamos por completo. A porta da sacada estava aberta e o cheiro do mar invadia o quarto. Só a luz do abajur está acesa e a penumbra deixa a ocasião propicia um momento de carinho.

– Eu estou te amando Susana – declarei selando demoradamente nossos lábios. 

– E quero tanto fazer você sentir isso – afaguei sua face. – Eu sinto Igor – confessou esfregando os lábios nos meus. – Posso te perguntar uma coisa? – acariciei seus cabelos e ela passou as unhas em movimentos circulares em meu peitoral. 

– Sim – autorizou. – O que exatamente aquele homem era seu? – notei seu semblante ficar sério. 

– Ele era meu noivo – tive que ajeitar meu corpo na cama para digerir a informação. – Noivo? – ela assentiu. 

– E o que aconteceu? – instiguei. – Estávamos em uma festa na casa de uns amigos e eu o flagrei em um dos quartos, transando com minha melhor amiga na época. Eu fiquei louca, bati e arrastei a mulher nua até o meio da festa. Ele veio atrás e me chamou de vagabunda, dizendo que eu me deitava com vários homens. Falou coisas que nenhuma mulher merece ouvir. No fim das contas eu saí como a vilã da história e nenhuma daquelas pessoas falou mais comigo, exceto a Vivian – ouvi a história boquiaberto. 

– Eu trabalho pra Sónier desde muito cedo, sempre lidei com muitos homens. Um dia ele me viu conversando com vários detetives e tirou má impressão. Como eu não posso revelar nada, nós brigamos e na primeira oportunidade ele jogou na minha cara – ela fala com pesar relembrando do passado. 

– Na verdade na frente de todos os meus amigos. Nós namoramos por muito tempo e noivamos, mas tudo veio por água a baixo – suspirou. 

– Não precisa falar mais falar desse cara – frisei indignado com o que ele a fez passar. 

– Igor, eu já tive muitos homens aos meus pés, eu já fiz muitas loucuras. Eu só queria que você soubesse que... – cerrei seus lábios com meu indicador. 

– O seu passado não me faz te amar menos – enfatizei. – Nenhum de nós é santo aqui, a única coisa que importa é que você sincera comigo – categorizei. 

– Sabe de uma coisa? – questionou. 

– O que? – perguntei. 

– Eu descobri que também amo você – sorri emocionado, pois pela primeira vez ela demonstrou seu sentimento. 

– Eu não estou sonhando, não é? – deitei por cima dela e fitei seus olhos. 

– Não está. Eu posso ter demorado em tomar minha decisão, mas no fundo eu sabia que no exato momento em que eu te vi, minha vida não seria mais a mesma – a olhei apaixonado e roubei sua boca. Nos beijamos totalmente entregues um ao outro. Deitei de frente para ela e nos abraçamos. Não demorou muito para adormecermos. 


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui 😍
Espero que tenha gostado 😘


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