1. Spirit Fanfics >
  2. (Des)Encontros >
  3. Reencontros

História (Des)Encontros - Reencontros


Escrita por: HANA_NIM

Notas do Autor


Antes tarde do que nunca, né não?

Boa leitura!

Capítulo 14 - Reencontros


 

 

 

Kyungsoo não soube exatamente como fez o caminho até o escritório, quanto tempo levou no trajeto ou sequer se tinha pegado engarrafamento no caminho. Foi como se por alguns instantes vivesse em uma realidade paralela, uma outra dimensão, ou talvez fosse apenas outra enxurrada de emoções que lhe cegava para a realidade por alguns momentos, lhe trancando em uma bolha onde cabia apenas ele, sua preocupação e aquela nova realidade horrível, onde todos os seus piores pesadelos se realizavam.

Aquilo era baixo, era muito baixo da parte de Jongin fazer aquilo e Kyungsoo não conseguia sentir nada além de raiva. Pura e cristalina correndo em suas veias, como uma lava tóxica que acarretava apenas os piores pensamentos, todos eles cruzando sua mente em um emaranhado sem lógica ou ordem aparente.

Naquele instante, Kyungsoo sequer conseguia entender como algum dia conseguira se apaixonar pelo moreno. Todos aqueles sentimentos ardentes e intensos de outrora haviam desaparecido por debaixo daquela onda de revolta que lhe tomava os sentidos.

Havia tentado ser sensato todo o tempo, mesmo quando o moreno não parecia querer lhe dar ouvidos, ofereceu a ele o tempo necessário para ele pensar. Havia sido racional, aceitado a própria culpa desde o início, para ele lhe pagar daquela forma? 

Naquele exato instante, Kyungsoo odiava Kim Jongin mais do que um dia já odiara alguém em sua vida. 

Poucas vezes em sua vida deixara suas emoções ultrapassarem sua razão e aquele era um daqueles momentos. 

Jongin poderia tentar fazer qualquer coisa consigo, menos tirar seu filho de si e Kyungsoo estava disposto a não deixar aquilo acontecer de forma alguma. 

Parecia difícil demais controlar seus sentimentos, entretanto, Kyungsoo estava farto de ser escravo do próprio medo. Já havia sido fraco por tempo demais. 

 

 

 

***

 

 

 

 

– Ele é um filho da puta! – Baekhyun exclamou exasperado.

É claro que não teria outra reação além daquela ao ouvir de Kyungsoo sobre a notificação extrajudicial. Tinha mesmo como não se revoltar com aquilo? 

Baekhyun achava que nunca tinha visto Kyungsoo tão exaltado em sua vida, entretanto, não era para menos vê-lo ter tal reação. Jongin tinha passado de todos os limites.

E logo agora que Kyungsoo havia decidido procurá-lo para resolverem aquela situação de maneira racional... Aparentemente aquela hipótese não mais existia.

Na verdade, o Kyungsoo magoado da semana interior pouco se parecia com a pessoa nervosa e raivosa a sua frente. 

Sabia com toda a certeza que o amigo estava apaixonado pelo moreno, no entanto, naquele momento não estava mais tão certo assim se aquele sentimento sobreviveria àquela situação. 

– Sinceramente, eu não esperava que ele fosse ir tão longe. Ele pode me odiar, Baekhyun, mas tirar meu filho de mim? – Kyungsoo perguntou desacreditado, afrouxando a gravata em nervosismo. 

– Ele não vai fazer isso – o Byun disse em negação. – Ele não pode.

– Você por acaso sabe as intenções dele? – Rebateu Kyungsoo de prontidão, andando em círculos pela própria sala.

Ele estava a própria imagem do caos. 

– Eu não queria. Isso é tudo que eu não queria. Eu não queria odiar o pai do meu filho, mas o Jongin está me obrigando a isso.

– Calma, Kyungsoo – pediu Baekhyun, nervoso também pelo estado do amigo. – Você sabe que legalmente é quase impossível de ele conseguir tirar o Minjoon de você. 

Pelo menos era naquela informação que se apegava. E era o que Kyungsoo deveria fazer também.

Geralmente era o mais inescrupuloso dos dois e também o que acabava fazendo mais burradas, porém, conseguia ver que a decisão mais acertada naquele momento era manter a calma e analisar a situação de maneira racional. 

Não que a imagem inquieta de seu amigo parecesse concordar. 

– Me acalmar? Eu não vou conseguir me acalmar enquanto eu não souber o que esse desgraçado quer de mim e o que ele espera com essa droga de exame – praguejou. 

Era coisa demais para sua cabeça. Sentia suas têmporas latejando em uma enxaqueca forte e o problema é que sabia que aquela dor não desapareceria depois de tomar uma aspirina. Não com aquele fluxo maluco de pensamentos para administrar em sua mente sobrecarregada. 

– Eu me sinto um idiota, a droga de um perfeito babaca por me deixar levar por aquela imagem de perfeita de Jongin – disse amargo. – Tudo isso para quê? Para ele me apunhalar pelas costas?

– Ele jogou baixo sim, mas você não pode se precipitar nem perder a calma – Baekhyun apontou-lhe. – Eu sei que é difícil, porém você precisa ser racional agora.

E era uma droga. Porque Kyungsoo sabia exatamente o qual infantil e irracional estava sendo, mas naquele momento era como se seus sentimentos, suas reações não mais obedecessem aos seus comandos.

Sentia-se sim um babaca por deixar Jongin mexer tanto consigo. Era ele. Era tudo culpa do moreno. Tudo com ele era intenso demais, aquela paixão arrebatadora que nunca pudera controlar e agora aquela raiva insana, como um capricho do seu coração, revoltado e incapaz de aceitar que não poderia mais ter o melhor lado de Jongin para si. 

– Eu sei que sim. O problema é que eu sequer consigo pensar em olhar para a cara dele agora – confessou, voltando o olhar em uma mistura de angústia e revolta ao outro. 

Baekhyun conseguia enxergar refletido no fundo dos olhos negros do amigo uma confusão que não desejaria para si. Também não desejava que Kyungsoo tivesse que passar por aquilo, no entanto, não possuía o poder de retirar as dores e mágoas do amigo de acordo com a própria vontade por mais que fosse isso o que mais desejasse.

Ele sempre era tão bom consigo, tão compreensivo com todas as suas neuras e manias esquisitas, problemas fúteis e estilo de vida incomum, parecia apenas natural que fosse da mesma maneira para com ele.

– Você não vai mais procurá-lo para conversar?

– Não – Kyungsoo declarou firme. – Ele já foi claro demais nesse papéis você não acha? Nada do que eu fale vai fazê-lo mudar de ideia. 

Infelizmente, Baekhyun concordava. 

– Tudo bem, faça o que você achar melhor. 

– Eu farei. Eu vou procurar um advogado também. A partir de agora é com ele que Kim Jongin irá lidar.

 

 

 

***

 

 

 

 

Toda aquela situação de Kyungsoo fizera Baekhyun pensar. Pensar de modo como nunca havia feito antes em sua vida.

Havia crescido rodeado de privilégios, sempre tivera tudo aquilo que desejara, contanto que aquilo fosse algo material. Mas já no campo emocional, não era como  se tivesse assim tanta experiência, admitia. 

Todas as suas relações eram rasas. A com seus pais, funcionários, os poucos casos mais sérios que tivera em sua vida, apenas Kyungsoo se destacava como a relação de amizade mais duradoura que mantivera. Porém, quando parava para pensar em sentimentos, emoções... Quando fora que se sentira tão apaixonado a ponto de planejar a vida ao lado de alguém? Quando sentira-se tão apegado a uma pessoa que não queria aceitar o término de um relacionamento fracassado? Ou que apesar de todos os empecilhos e consequências, se apaixonara perdidamente por alguém? Ou tivera seu coração quebrado por essa mesma pessoa que lhe tirara do eixo?

Baekhyun não tinha memória alguma de já ter passado por experiências do tipo. Nunca havia sentido nada como Kyungsoo parecia sentir sempre tão intensamente.

Será que seu coração tinha algum defeito de fábrica? Será que viera impossibilitado de amar, se apaixonar como qualquer pessoa normal?

E no mesmo instante que se fazia essa mesma pergunta, certo nome surgia em sua mente, como um sinônimo automaticamente ligado àquele tipo de sentimento. 

Park Chanyeol.

O que era aquilo que ele lhe fizera sentir afinal de contas?

No começo pensara que era apenas um capricho, mais um alvo que estava disposto a conquistar e se divertir um pouco antes de descartar como faria com qualquer outro. No entanto, Chanyeol não era qualquer outro. 

Ele era caloroso, atencioso, divertido, inteligente, meio desastrado, mas inegavelmente atraente também, e ele era tudo, menos qualquer um. Não importa de que modo pensasse, ele não era do tipo que se descartava facilmente.

E o problema era que Baekhyun nunca se sentira daquele modo em toda a sua vida.

Aquilo era a tal paixão? Aquele comichão engraçado que surgia sempre que se via observando à distância o seu secretário distraído? Aquele frio na barriga e calor no peito ao beijá-lo em sua casa? Aquela sensação de vazio esquisita que lhe tomava quando pensava na forma como o Park havia partido e não possuíam mais contato nenhum?

Porque Baekhyun não conseguia entender aquela maneira teimosa como Park Chanyeol continuava surgindo em sua mente conforme os dias se passavam. Esperava que tudo fosse sumir algum dia e fosse perceber que nada daquilo tivera muita importância, fora algo apenas momentâneo. Mas não passava. 

Dia após dia, aquela ausência dele ao seu lado e o lembrete mental de que ele não estava em lugar nenhum próximo de si continuava martelando teimosamente em sua mente. 

Por quê?

Eu sinto falta dele. 

E do mesmo modo como se questionava interiormente, seu coração respondeu por si. 

Sentia falta de Park Chanyeol. Droga, sentia falta dele, queria mais da droga do beijo dele, aqueles sorrisos meio tímidos, os olhares longos em sua direção. Queria tudo aquilo que não se permitira ter com ele apenas porque ela a porcaria de um orgulhoso maldito.

Em sua mente estavam bem delimitadas todas as coisas que eram esperadas de si: ser um bom profissional, gerar lucros, arranjar uma pessoa com conexões e boa família para casar-se e ter herdeiros. Aquele era o tipo de objetivos que qualquer herdeiro de uma família importante possuía. E mesmo que nunca tivesse sido diretamente imposto, sabia que era o que seus pais esperavam de si. 

Talvez fosse por esse motivo que nunca tivesse fantasiado a respeito de amor ou paixões. No entanto, agora não só pensava a respeito como ponderava sobre como queria jogar todos os valores de uma vida para o alto e abraçar aquilo que ia contra o que sempre acreditara.

Sempre achara meio tola a forma como as pessoas se entregavam a tais sentimentos românticos, mesmo sabendo que poderiam acabar com um coração partido no final. Porém, logo ele, Byun Baekhyun, começava a entender um pouco a respeito de como essas pessoas se sentiam.

Ardia, incomodava, era um vazio meio angustiante, uma ansiedade irreparável, uma teimosia e rebeldia interna. Sua mente só pensava em uma pessoa e seu interior só queria saber dela. 

Estar longe era o caos. Lembrar-se da distância que impusera entre si e o Park e a forma magoada como ele partira doía em si de uma forma que sequer compreendia direito. 

E foi dessa forma que Baekhyun descobriu também que não queria mais ficar longe. Que não, que ainda não havia feito tudo que estava a seu alcance.

Ver Kyungsoo passando por tudo aquilo, gostando de uma pessoa da qual não poderia ficar junto e pior, ver sua paixão se transformando em raiva e mágoas, lhe fez pensar em como estava sendo egoísta.

Todo aquele tempo ao seu lado Chanyeol não fizera nada além de ser a pessoa mais paciente e atenciosa que já conhecera. Não fora como todos os caras que conhecia que já chegavam com as intenções muito bem explícitas e não ficavam ao seu lado após conseguirem exatamente o que queriam. 

Fora aquilo que lhe encantara no Park talvez?

Porque aquela insegurança dele ao se aproximar de si, a forma doce com que ele lhe beijara, sem qualquer outra intenção por trás... Baekhyun não estava acostumado com aquilo. Com aquele carinho, aquela sinceridade. Com as pessoas se aproximando de si sem querer nada em troca. 

E é por isso que havia doído tanto quando Chanyeol jogou exatamente aqueles fatos na sua cara, agindo de uma forma que não compreendeu naquele momento, afinal, como ele poderia jogar fora uma oportunidade de emprego tão importante por causa de si? Talvez não tivesse entendido porque não se achava digno, porque ninguém antes havia o tratado como uma prioridade. 

Mas agora entendia. Agora havia caído em juízo. 

E percebia também que Park Chanyeol era uma prioridade para si e estava na hora de corrigir toda aquela situação. 

Um lado dentro de si ficou continuamente lhe lembrando de como estava sendo irracional e ridículo, mas a parte mais impulsiva de si tomou as rédeas, pegando o elevador junto dos funcionários que já começavam a terminar seus expedientes, se apressando até o setor de RH e indo pessoalmente revirar os arquivos de ex-funcionários. Precisava das informações de uma pessoa em especial.

Não foi difícil encontrar a pasta contendo as informações de Park Chanyeol e Baekhyun sorriu vitorioso, se sentindo meio bobo ao anotar as informações da qual precisava.

Merda. Havia realmente virado um bobo apaixonado? 

Aparentemente sim. Contudo, já havia sido burro por tempo demais, cego para as coisas que estavam na frente dos seus olhos. 

Havia demorado para perceber tudo que sentia, esperava apenas que Chanyeol tivesse lhe esperado. 

Dirigiu até o endereço anotado sem muita pressa, afastado do centro da cidade, o campus da faculdade do Park estava pouco movimentado naquele horário e sabia que ele estaria na aula naquele instante. 

Valia a pena esperar por ele ali fora?

Poderia ligar para ele para ter certeza que ele estava ali, entretanto, ele poderia muito bem recusar aquele encontro. Não, Baekhyun não queria que fosse como da última vez. 

Sem cinismos e máscaras, agora queria fazer tudo do jeito certo e sim, valia toda a pena esperar por ele ali, levasse o tempo que fosse.

E quando um grupo de pessoas começou a deixar o prédio não foi difícil encontrar Chanyeol no meio delas.

Sua altura se destacava, claro, entretanto, quando se tratava de Park Chanyeol ele sempre se destacaria. Até mesmo usando roupas comuns, diferente das mais formais que Baekhyun costumava  vê-lo trajando na empresa, ali ele parecia injustamente atraente até mesmo usando uma combinação de all stars, jeans e um moletom estampado do Star Wars. 

Seu coração acelerou de um modo automático e incontrolável no peito, Baekhyun não entendia as próprias reações do corpo, entretanto, mesmo que não compreendesse os próprios sentimentos, seu corpo falava por si. Estava mais do que claro, certo? 

Talvez aquele fosse outro sintoma de paixão, afinal. 

E dessa vez, ao vê-lo de forma tão descontraída, Baekhyun concordou que ele agora aparentava a ideia que possuía. Não que aquilo fosse algo ruim. Não mais pensava a respeito disso como um defeito, não, aquele era apenas mais um detalhe sobre aquele garoto que não saía de sua cabeça. 

E não demorou muito para Chanyeol notar o ex-chefe recostado contra o próprio carro do outro lado da rua.

Em um primeiro momento ele pareceu assustado, mas em seguida Baekhyun pode vê-lo se despedir dos amigos e caminhar em sua direção com uma expressão que não dizia muito a respeito do que se passava em seu interior.

– Sr. Byun, eu não esperava encontrá-lo por aqui – o maior disse, genuinamente surpreso. 

– Você não precisa mais me chamar assim, Chanyeol, me chame apenas de Baekhyun – corrigiu-o, achando graça de toda aquela formalidade. – E eu vim apenas para vê-lo. 

E o Park não conseguiu esconder a sua surpresa com aquele fato. 

– Para me ver?

– Na verdade, eu quero conversar com você. Podemos ir para algum lugar aqui por perto mesmo se você aceitar – foi direto.

Não possuía mais aquelas muralhas de resistência ao redor de si e não mais fingia não estar vendo aquilo que estava na frente dos seus olhos. 

Da última vez achara que se afastar seria o melhor para ambos, mas agora sabia que aquela fora a ideia mais idiota que poderia ter tido. Chanyeol sempre soube daquilo, é claro, a questão era: ele ainda estadia disposto a tentar de novo?

– Eu prefiro ir para a minha casa se estiver tudo bem para você – o Park falou.

Ele parecia desconcertado e inseguro. Não havia aquele sorriso grande e fácil nos lábios dele, mas Baekhyun de certa forma o entendia. É claro que ele iria ficar na defensiva, afinal, não era ele que fora o covarde da história. Precisava se lembrar também que para todos os efeitos, havia sido a si que havia rejeitado Chanyeol em primeiro lugar. 

Ao contrário do caso do melhor amigo, o Byun sabia que sua situação ainda tinha conserto e de alguma forma aquilo o motivara a buscar uma solução. 

Kyungsoo gostava de Jongin, mas havia muito mais coisa envolvida no relacionamento de ambos para que eles pudessem dar certo. Já para si, Baekhyun sabia que a única coisa em seu caminho, era a si mesmo.

O que não era mais o caso.

– Sem problemas – concordou com um sorriso pequeno. 

Algo novo, uma parte de si que até pouco tempo nem sabia possuir, lhe dizia que valia a pena insistir naquele estudante de olhar ingênuo e estupidamente bonito à sua frente.

 

 

 


***

 

 

 

Kyungsoo nunca pensou que se veria em tal situação, mas depois de tanta coisa inesperada acontecendo em sua vida de uma só vez, apenas estava aceitando cada baque com o máximo de firmeza que conseguia. 

Uma enxaqueca o perseguira durante todo o dia, inclusive depois de passar a última hora inteira no telefone conversando com um advogado. Precisava estabelecer seus direitos e entender também todas as possibilidades daquela situação da qual Jongin os havia colocado.

Ao seu lado na cama de casal espaçosa Minjoon nem se parecia com seu pequeno bebê de sempre e sim um garotinho independente sentado sem apoio, se dividindo entre assistir desenho animado na TV e mastigar o mordedor macio em mãos. Ele ainda precisava de si para fazer a maioria das coisas, entretanto, a cada dia que se passava ele aprendia algo novo e que mostrava também que seu bebezinho estava crescendo rápido demais. 

Mas mesmo com todos os problemas do mundo se acumulando sobre seus ombros, Minjoon fazia tudo se tornar pequeno e quase sem importância. Afinal, era por causa dele que estava lutando. 

E não, Kim Jongin não iria simplesmente de uma hora para outra aparecer em sua vida querendo arrancar seu filho de si. 

– Papa. 

Um sorriso grande se formou no rosto de Kyungsoo ao ouvir o filho balbuciar a primeira e única palavra que ele havia aprendido até então. 

– O papai está aqui – respondeu-o, apertando entre as dobrinhas da barriga do pequeno apenas para vê-lo gargalhar para si. 

O medo de perdê-lo estava em algum lugar escondido dentro de seu coração, porém o Do preferia focar apenas naquela sensação morna que tomava seu peito ao ouvir o filho chamar por si. Era a única palavra que ele sabia falar, mas dizia muito a respeito da importância que tinha para ele e, para si, aquilo era a única coisa que importava. 

– Papa.

Ele voltou a balbuciar entre os risos que se pareciam com o melhor som que Kyungsoo já ouvira. 

– Eu também te amo, pequeno. 

Era difícil, doído e envolvia ter de revirar muitas mágoas guardadas, mas Kyungsoo iria seguir em frente naquela guerra sem sentido que o outro pai de Minjoon havia imposto.

Aqueles sentimentos que ele havia despertado em si? Em algum momento se teria de aprender a se acostumar com o buraco que ele deixara em seu peito. 

 

 

 

***

 

 

 

Um sorriso galante e involuntário cruzava os lábios de Baekhyun enquanto ele descia os degraus da escadaria de iluminação parca do prédio modesto que abrigava na maioria estudantes e da qual Chanyeol dividia um apartamento com mais um amigo.

Havia sido expulso do apartamento assim que o amigo dele chegou de surpresa, entretanto, não podia reclamar daquele fato, nem de ter tido seu beijo de reconciliação interrompido por um Chanyeol de bochechas quentes por ter sido pego no flagra beijando o ex-chefe quando o mesmo o empurrou porta afora constrangido. Não quando ele havia escolhido lhe perdoar mesmo conhecendo o Byun, sua personalidade difícil e sua total inaptidão para perceber os próprios sentimentos. 

Aquele sentimento que lhe fazia sentir como se fogos de artifício explodissem em seu peito, espalhando sua incandescência por suas veias e para todo canto em seu corpo era o oposto do vazio esquisito que o tomara nas semanas anteriores e Baekhyun começava a aprender a identificá-lo. Aquele era o efeito de Park Chanyeol em si, e começava a achar também que não se importaria de senti-lo mais vezes. 

Baekhyun: Você não mudou de ideia, certo?

Enviou a mensagem, esperando que em um momento de raiva anteriormente o maior não tivesse excluído seu número. 

Chanyeol: A respeito do que?

Ufa. Aparentemente não, pelo modo como ele lhe respondera imediatamente. 

Baekhyun: Da minha segunda chance. Eu quero me redimir, Park.

Chanyeol: Baekhyun, você ainda está estacionado na frente do meu prédio, eu mal consegui raciocinar direito sobre o que aconteceu.

Era verdade, e era verdade também que Baekhyun não queria perder mais tempo desnecessário quando estava claro que ambos desejavam a mesma coisa. 

Baekhyun: Que bom. Isso quer dizer que você não vai ter tempo de pensar a respeito do meu convite. 

Chanyeol: Que convite?

Baekhyun: Minha casa, essa sexta, eu te busco depois da aula. Não aceito não como resposta. 

Chanyeol: Baekhyun, eu disse que queria ir devagar... 

Baekhyun: E eu vou te dar todo o tempo do mundo. Só que eu preciso da garantia que vou poder te beijar sem ser interrompido pelo seu amigo de novo. 

Garantiu. Não que pudesse garantir que seus beijos não fossem evoluir para algo mais íntimo, mas o Park não precisava saber daquilo naquele momento. 

Chanyeol: Baekhyun...

Baekhyun: Não concorda comigo?

Chanyeol: Apenas vá embora logo antes que eu desça e faça algo que vou me arrepender depois.

Por mais que aquela parecesse uma proposta tentadora, Baekhyun se limitou a dar o tempo necessário ao Park. Afinal, sexta-feira teria todo o tempo do mundo para terminar de fazê-lo mudar de ideia a seu respeito. 

Baekhyun: ;) 

Baekhyun: Vou encarar isso como um sim. 

 

 

 

***

 

 

 

Minjoon estava adormecido contra seu ombro quando Kyungsoo cruzou as portas de vidro do laboratório responsável por fazer a coleta de material genético para o procedimento de reconhecimento de paternidade.

Em sua mente, todo aquele processo era desnecessário e inútil, uma vez que tinha absoluta certeza de qual seria o resultado final.

O que Jongin queria provar com aquilo? 

Ele mesmo desconfiara da própria paternidade ao conhecer Minjoon, ele esperava algum resultado diferente?

É claro que não. Infelizmente, Kyungsoo tinha ciência demais de que o moreno estava tentando produzir provas de sua paternidade, essas que serviriam de evidência caso ele decidisse seguir com um processo judicial.

Na verdade, aquela era uma possibilidade que sequer queria ponderar.

Deu entrada com seus documentos e os do filho no balcão da entrada e em poucos minutos foi guiado até a sala onde seria feito o procedimento. O processo era bem rápido, simples e indolor, e se baseava em recolher o material biológico contido na mucosa da boca, para então ser levado a futuras análises e comparações entre a sua, do filho e do outro suposto pai. O resultado sairia também em poucos dias, apontando a porcentagem percebida entre as combinações dos materiais genéticos de ambos pais e a criança.

E Kyungsoo não podia ignorar aquele sentimento de mágoa que o acompanhara o tempo todo. Mas tinha mesmo como se sentir de outra forma?

Jongin estava dificultando tudo. Bagunçando todos os seus planos para a vida que havia imaginado para si e seu filho, atrapalhando todo o futuro que tinha milimetricamente planejado anteriormente. 

Ele estava realmente agindo como um estranho odiável e tomando todas as ações possíveis para lhe magoar ainda mais. 

Sequer parecia com aquele mesmo homem que havia derretido todas as suas resistências com seus olhos e sorrisos calorosos. Kyungsoo apenas se perguntava agora, aonde havia ido parar aquele mesmo homem compreensivo que havia conhecido em primeiro lugar? 

Porque sua mente não conseguia mais relacioná-lo com aquele homem que havia se transformado perante os seus olhos e parecia ter tomado como missão de vida lhe fazer mais e mais miserável. Pois era exatamente assim que se sentia ao sair da pequena sala onde os exames necessários haviam sido realizados. 

Minjoon despertara em seu colo e não parecia muito feliz ao se ver em um ambiente desconhecido, rodeado de pessoas estranhas e confrontado por luzes tão fortes como as da clínica. 

Antes que o filho se irritasse ainda mais, começasse a chorar e causar uma cena em público, Kyungsoo se apressou até a saída, repentinamente sentindo-se sufocado também. Só queria ir embora para acabar com tudo aquilo mais rápido. 

Seus pensamentos estavam longe, angustiados, ao cruzar a recepção e seguir até a saída, tendo a porta de entrada de vidro mantida aberta para sua passagem com o filho no colo. Em um ato automático, virou-se para agradecer a gentileza do ato de quem o ajudara, só então erguendo seus olhos e focando-os na pessoa em questão. 

As palavras ficaram presas em sua garganta, enquanto sentia-se exposto pela forma como não conseguiu mascarar a sua surpresa. Uma desagradável surpresa.

Kim Jongin não havia mudado nada naqueles dias em que não o havia visto. Os olhos amendoados de um bonito tom de castanho continuavam tão sedutores quantos antes e da pior forma possível, eles ainda tinham um terrível efeito sobre si. 

Não havia nenhuma pista a respeito do que se passava na mente do moreno durante os curtos segundos em que aquela troca de olhares perdurou, sendo quebrada apenas quando ele desceu olhos até Minjoon em seus braços. 

Nesse mesmo instante Kyungsoo pareceu acordar de seus devaneios e do choque inicial, voltando a dar as costas a Jongin sem lhe dirigir qualquer palavra, um agradecimento, um olá. 

Seu coração batia acelerado por detrás de suas costelas, desenfreado em um ritmo quase dolorido enquanto instalava o filho em sua cadeirinha no banco traseiro de seu carro, e o Do só se atentou à forma como suas mãos tremiam quando sentou-se ao volante, tonto e com a respiração curta.

Aquilo melhoraria em algum momento? Algum dia conseguiria se tornar alheio àquele homem novamente? 

Pois naquele instante seu corpo lhe contava de forma clara que aquela raiva que corria em suas veias estava mais próxima do que desejava daquele sentimento inapropriado que Kim Jongin despertara em si. 

 

 

 

 


Notas Finais


Para não dizer que tá tudo dando errado nessa fic pelo menos nós temos Chanbaek finalmente juntos agora, né? KKKKKK

Amaram? Odiaram?

Beijão e até o próximo!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...