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História Desideravit infernum. - Amanheça


Escrita por: Ozda

Capítulo 2 - Amanheça


                                                                                          Capítulo 2
                                                                                                      Amanheça

14 horas para a saída das tropas.

                    Logo cedo Laileb se aprontara para visitar Aypéres, só que, antes necessitava falar com Holt. Sendo assim, estava a porta da sua loja no centro comercial da cidade antes mesmo de estar aberta. Mas ele tinha a chave, pois lá era um dos locais na qual faziam reuniões, e sabia que seu amigo se encontrara no estabelecimento a essa hora. Abrindo a porta foi rapidamente avistado por Holt que estava fazendo preparativos para abrir a loja junto com Joly, um garoto de sua confiança; baixa estatura, de cabelos pretos e enrolados, muito magro e ágil com os pés ou com as mãos. O garoto foi comprado de um vendedor de remanescentes. Além de trabalhar na loja como “escravo”, era o principal informante e espião do grupo, seu valor para a revolução era inestimável.

                A loja de Holt era a mais bem-sucedida do reino. Até outras raças de outras cidades viam comprar lá. Com exceção das Bestas celestiais que eram banidas em todo o território pelo Rei. Os principais compradores estrangeiros eram povo do território chamado de Stócobus que eram conhecidos como “grandes bruxos”, assim como Aypéres, mas que não previam o futuro, usavam a bruxaria para estudos sobre o “porquê das coisas”. Porém onde moram, o solo é infértil e a migração é proibida a séculos, devido ao rei desaprovar a mistura de raça alegando que isso causava impureza. Obrigando-os a comercializar para a busca de tal conhecimento. Suas aparências eram parecidas com o povo da capital até onde se tinha conhecimento; pele levemente acinzentada, andavam sobre duas pernas como nós, mas todos têm um pano coberto por todo o corpo ficando de fora apenas braços, boca e pés. Histórias dizem que eles não possuem olhos, mas os outros sentidos são 2 vezes mais apurados que quaisquer outras espécies. Principalmente a audição, dizem que eles podem escutar o som dos mais simples e singelos movimentos como articulações e batimentos cárdicos a distâncias absurdas. O que explicaria o motivo de serem os comerciantes mais manipuladores de todo reino. Holt alegava que quando um Stocobano entra em sua loja iniciasse uma batalha na qual ele sempre tinha a impressão que perdia, mesmo quando ganhava.

                   

                 Assim que viu Laileb, Holt deu uma risada de canto de boca e falou em tom moderado:

              - Sei para que veio aqui, e nem necessitaria vir só para me avisar. Sou um comerciante bem-sucedido, tenho obrigação de saber de saber tudo que posso sobre o que acontece no reino.

             Enquanto Laileb andava entre prateleiras a caminho do balcão disse:

            - Na verdade não tenho outra motivação, mas já que acordei cedo para visitar Aypéres resolvi avisa-lo caso não soubesse. Aquelas palavras causaram uma irritação em Holt quase imperceptível. Ele sabia mentir muito bem, algumas vezes até os (-------) acreditavam em suas palavras, o que inflava o ego dele, mesmo ele achando que só queriam que pensasse que acreditaram. Mas Laileb o conhecia bem para saber que mesmo que ele não percebesse por meio da visão, o que acontecia quase sempre. Sabia que a mulher o irritava.

           - Joly irá fazer uma “entrega” para de Dotsu, alguma exigência? – Holt deu uma pequena risada. Vivia tanto tempo no mundo dos negócios que parecia que falava com todos como se estivesse tentando barganhar algum produto.

         Laileb encostou-se no balcão de frente para Holt que havia preparado uma xícara de café para seu amigo e servindo-o.

          Dando os dois um gole longo o bastante para não queimarem a língua, apertaram-se as mãos e recomeçaram a falar:  

          - Não. Não há mais necessidade de lembrá-lo. A propósito, seu café está muito bom como sempre.

          Holt deu de ombros e deu um sorriso de canto de boca:
          - Aaaah... Café Necropiano, parece que eles nasceram com o único propósito de fazer grãos. Tenho pena do garoto, quando finalmente consegue o que tanto almeja, você aparece em sua vida.

           - Não se esqueça quem encontrou ele para mim Holt. 

           - Eu encontrei. Você o torturou psicologicamente.

           - Melhor eu como torturador que um vassalo do rei ou o próprio alto escalão.

          Holt olhou para Joly que se distraia ouvindo a conversa com bastante atenção, o garoto considerava Holt seu pai por tudo que fez por ele e o sentimento era reciproco. Mas os dois escondiam isso da maneira que conseguiam os referindo um ao outro como “Senhor” e “Joly” perto de alguns ou “escravo” perto de clientes para manter as aparências. Por muitas vezes Joly o chama de pai sem querer ficando envergonhado e se desculpando logo em seguida e Holt em puro ato de infantilidade não o chama de filho (pelo menos não perto dos outros), para ele claro, era mais fácil.
          - Joly, o que ainda está fazendo aqui? – Perguntou Holt.

          - Desculpe s-senhor... – E se retirou a caminho da casa de Dotsu. Holt deu um pequeno sorriso disfarçado.

          - Alguém já te disse que você é muito infantil? – Quis saber Laileb

         - Porque essa pergunta agora.

         - Por nada – Respondeu ironicamente – Como andam os negócios amigo?

         - Como sempre. Mesmo sendo um remanescente e todos olharem para mim com maus olhos, sou tratado com o mínimo de respeito. Mas aqui dentro sou como um Lord. Porém, caso um dia eu perca essa loja, irei a ruina, mesmo eu tendo dinheiro suficiente para viver muito bem pelo resto de minha vida – O que era bem verdade. Holt era extremamente rico sendo a sexta pessoa mais rica da capital, ficando atrás somente do Rei e seus conselheiros que nem se quer trabalhavam, mas mandavam em tudo e cobravam todo tipo de impostos absurdos. Fazendo com que mais da metade da população do país fosse miserável. Ele, Joly e até mesmo Laileb acreditavam que se Holt não tivesse tantas despesas com tais impostos e ainda por cima pagar por segurança ele seria a pessoa mais rica de todo o reino ou pelo menos da capital.

         - Pelo menos você tem uma casa e família.

       - Joly, é como um filho para mim Laileb. Mas não fale nesse assunto de novo, muito menos não perto dele. Não quero amolecer o garoto, ele é muito importante para nós.   

     Leileb deu de ombros.

       - Mas se você demonstrar mais afeto é mais um motivo para ele demonstrar fidelidade.

       - Ele é uma criança, e crianças fazem merda, se demonstrar afeto demais. Ele não conseguira mais fingir, e se isso acontecer. Terei que matá-lo. Definidamente não quero fazer isso.

        - Nenhum de nós quer, não será muito difícil arrumar outro remanescente para fingir ser seu escravo. Mas ele é de confiança, e confiança não se compra.

         - Se ele chegar a ser pego, tenho total certeza que ele não abrira a boca. Se for paterno demais com ele e isso chegar a acontecer, irei sentir que ele morreu por mim e não pela causa. Isso é uma coisa que não perdoou – Disse Holt em tom de alerta, como se Laileb fosse o próprio Joly. Mesmo Holt dizendo isso, para Laileb, se o garoto fosse pego; não falaria nada, mas pelos seus próprios motivos. Tinha certeza disso e sabia que o amigo também estava ciente.
          - Quer mais um pouco de café? – Perguntou Holt.

         - Não. Já foi o suficiente. Obrigado. Na verdade, preciso ver Aypéres, então... Adeus.

         - Não vejo a necessidade de você ter incluído essa mulher nisso tudo – Exclamou Holt.
Laileb respondeu enquanto se encaminhava em direção a porta de costas para o amigo. Colocou a mão direita atrás do pescoço como se estivesse a coçando e disse;

          - Ela é uma mulher complicada, e esse tipo de complicação é a qual quero evitar que acabe do outro lado da moeda. Sem falar que é uma arma extremamente útil.

          



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