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História Desolation the vampire - 49


Escrita por: MisaMisaFanfiction

Notas do Autor


Boa leitura o/

Capítulo 49 - 49


Fanfic / Fanfiction Desolation the vampire - 49

Cada osso voltava ao seu lugar, e a pele ressecada evaporava como cinza. Lembrei-me de quando quebrei o braço quando tinha quinze anos: - “Era só um teste idiota!” – Eu ouvia meu pai esbravejar, o fato de eu ter me humilhado na frente de centenas de adolescentes debochados parecia não se importante pra ele, apenas o braço quebrado. Qual o problema de tentar ser alguém além do sobrenome Haruno? E naquela época ser uma líder de torcida me parecia uma boa oportunidade. É claro, tudo se complicava ao saber que estávamos em um hospital ao invés de estarmos na formatura do Sora. Queria ter quebrado o braço milhares de vezes daquele mesmo modo do que sentir a dor da minha espinha voltando ao lugar como uma vampira.

 

— Que droga... — Pronunciei de modo mumificado, e mesmo que pareça estupido eu sorri com aquilo, estava conseguindo falar novamente, conseguindo sentir e tocar.

 

Apalpei a aliança entre o limitado espaço que o caixão me permitia. No decorrer de todo o tempo vi as traças roerem minhas roupas, senti os grãos de areia deslizarem sobre a ponta de meus dedos, ouvi o barulho da chuva do lado de fora, e o cheiro de terra molhada. Nunca pensei que fosse possível capitar tantas coisas ao mesmo tempo, de um jeito novo e surpreendente. Como se todos os meus sentidos fossem afiados aos poucos, pude perceber que estava independente, independente dos desejos do meu filho dentro de mim, todas as percepções que me foram restringidas como vampira por sua gestação voltava mais forte.

 

Fechei as mãos em punhos, adorei sentir a elasticidade de minha pele, a maciez da palma e os músculos enrijecidos do pulso. Se meu coração ainda batesse apostaria que também podia ouvi-lo.

Umedeci os lábios com a ponta da língua, os senti viçosos e cheios, como nunca antes. Pressionei meus ouvidos contra a madeira, era nítido o som de um roedor se esgueirando próximo ao caixão. A necessidade de sangue me fez ansiar em devorar a primeira coisa que visse pela frente, mesmo um rato. Infelizmente o pobre animal se distanciou, cavando para longe.

Os dias se passaram, dois ou três, quem sabe uma semana, e eu me sentia viva.

O barulho vindo da superfície me alertou. Senti um solavanco, minhas unhas cumpridas rasparam as bordas do caixão numa tentativa de me segurar. Ele voltara? Com o nosso filho?

 

— Naruto... — Pedi para mim mesma, desejava profundamente rever seus olhos novamente, belos e sedutores. Sorri eufórica para o breu enquanto os barulhos de correntes sendo quebradas me davam ainda mais certeza. O trinco foi aberto, e uma fresta tímida emitiu a luz para dentro do caixão. Meus olhos foram ofuscados, levei os braços aos mesmos tentando conter a clarão que me cegou momentaneamente:

 

— É bom ver você de novo, querida eu.

Arregalei meus olhos não acreditando no que via, me ergui sentindo tudo girar a minha volta. Desejei ardentemente arrancar-lhe a língua, os cabelos negros e os olhos apagados.

— Jaqueline...

A mesma sorriu de modo astuto, me olhando de cima com o queixo erguido, sentindo- se superior por me ver ali, enterrada.

— O que foi? — Esticou os lábios como quem se dirige a uma criança chorosa: — Está surpresa em me ver?

Estiquei as pernas. Na verdade não, não duvidei em nenhum momento que estivesse viva, espalhando sua perversidade de prostituta pelo mundo. Apoiei-me a tampa, buscando equilíbrio para manter as pernas fracas em pé.

— O que faz aqui?

— Calminha aí... — Segurou-me pelos braços, impedido que eu despencasse: — Vai precisa de sangue se quiser desfilar miss Kettering.

— Onde está o Naruto? — Me apoiei eu seu pescoço e fui arrastada para fora do caixão. Jaqueline encostou-me sentada sobre a árvore: — E o meu filho, onde ele está?

— É o que vamos descobrir. Seja onde for que a cura esteja meu querido original vai estar também. Agora beba...

— Seu sangue podre vai me envenenar.

— Mas é claro que vai... — Forçou seu pulso ferido em minha boca: — E vai te manter viva.

Olhei para a mulher de cabelos curtos, seus olhos enigmáticos me sugeriam a duvida de suas intenções. O que ela queria? – Seja o que fosse não me enganaria tão facilmente, mas por hora aceitei sua oferta, estava faminta... Faminta.

— Só não me seque, por favor — Pediu debochada: — É difícil manter a pele corada hoje em dia.

— O que aconteceu com todos? — Respirei ofegante, para logo voltar a me concentrar no sangue oferecido.

— Todos? — Parou pensativa: — A maioria dos seus amiguinhos vampiros estão mortos, até onde sei dois humanos escaparam.

— Shizune e o meu irmão — Sugeri.

 — Não — Forçou o pulso, o tirando de minhas mãos. Recostei-me ao tronco — A noiva do prefeito. Shizune está desaparecida.

— E o lobisomem?

— Está falando do ruivo? — Se levantou limpando as mãos na calça jeans: — Ele está bem, procurando pela cura como todos os vampiros do continente.

 — Do que está falando? — Me alarmei.

— Da corte dos vampiros na França — Cruzou os braços frente ao peito: — Ofereceram um cargo junto deles para quem encontrasse a criança. Soube que o seu amiguinho Jiraya foi apelar junto ao primeiro tribunal. Falando nisso, seu querido vampirinho Sasuke está de volta com a família, pelo que eu soube fez um acordo com o irmão para deixar sora ir. É uma peninha, tão bonitinho...

 

 — Não pode estar falando sério — Estreitei os olhos, sugestivos. Meu corpo parecia se regenerar cada vez mais no decorrer do tempo. — O que vai acontecer com ele?

— Ainda tem duvidas? Nessa altura do campeonato ele já é um hibrido.

 — Está tudo dando errado. Tribunal... — Sorri debochada, como se aquilo de alguma forma fosse resolver os nossos problemas: — Não sabia que vampiros tinham tribunal.

— Em Florença, Portugal — Explicou: — Está tão fora de órbita que nem ao menos sabe o que está acontecendo.

— Desculpe, mas dormir durante uma semana não me permitiu ler o jornal da manhã.

— Uma semana?! — Se surpreendeu, talvez fosse tempo demais para alguém, até mesmo para uma vampiro: — Você está enterrada a sete meses...

— O que?! — Me ergui num susto: — Não posso ter dormido por tanto tempo!

— Antes que tenha outro ataque, e infelizmente não tem coração para enfartar eu tenho que te avisar. O segundo tribunal está procurando por você.

— Não sei o que isso significa.

— A primeira e a segunda corte são regida pelos irmãos vampiros Hidan e Orochimaru, os vampiros que deram origem a toda raça.

— Achei que Naruto fosse o vampiro original.

— E ele é. Mas em toda a historia ele só criou três vampiros, e um deles é você. Os outros dois foram por acidente. Sobreviveram ao massacre feito a uma cidade na Transilvânia. Ficaria assustada se visse o que são capazes de fazer.

— Devo me preocupar com isso?

—Deve — Seus lábios se curvaram: — Mas são eles quem tem que temer a cura. Seu filho é descendente do lobisomem original, e tem como mãe uma vampira que veio de uma linhagem de bruxos ciganos, o pai é o vampiro original e um anjo condenado, sem tirar o fato que ele tem sangue de demônio nas veias.

— Como sabe disso?

— Tenho meus contatos, afinal sou Jaqueline Cher. Tudo bem, o fato de estar no corpo de uma vampira que prevê o futuro não tem nada a ver com isso. 

— Não entendo porque voltou — Me dirigia até a casa, ou pelo menos o que restou dela, tudo havia se transformado em pó, cinzas e escombros, pensei nos momentos em que aquele casarão se passou por um lar: — Não preciso da sua ajuda.

— Não estou aqui por você! Estou por meu filho. — Segurou-me pelo pulso: — Gaara tirou meu filho de mim, não pude vê-lo crescer. Agora eu quero vingança...

— Não me toque! — Me libertei: — Engraçado ouvir isso de você. Tudo o que está acontecendo é por sua causa. É melhor você ir embora...

— Eu não vou. E mesmo que me condene desse jeito — Balançou a cabeça negativamente: — Não me conhece.

— Tem mais algo a revelar além de ser uma traidora, mentirosa e assassina?

— Pode dizer o que quiser, mas vai precisar da minha ajuda — Me voltei com uma irritação evidente, e ela estava entalada em minha garganta. Jaqueline estava certa, eu precisava dela, mas do que gostaria com certeza. Se fosse verdade que estive adormecida por tanto tempo só deus saberia o que estava acontecendo com o meu filho, e porque Naruto não voltara para me buscar como prometera, quem sabe precisassem de socorro. Continuou: — Sem mim... — Cruzou os braços frente ao peito: — Não vai a lugar nenhum.

 

                                                                              - X-

 

— Vai com calma... — Pediu Jaqueline. Mirei meus olhos para suas mãos que arrastavam o corpo do frentista para longe. Por fim jogou-o entre os capins altos no fundo do posto de gasolina. Limpei a boca, senti-me rejuvenescida com o liquido que descia por minha garganta, há muito tempo não sabia o que era me alimentar de verdade.

A morena se colocou a minha frente, pondo as mãos na cintura fina enquanto fazia um leve ruído com suas botas, seus olhos transmitiam a seguinte frase: “O que pensa que está fazendo?” – Mas em todo caso me recusava a respondê-la.

— O que foi?

— Não precisava matar o frentista.

— Eu estava com fome. — Me defendi enquanto espalhava a gasolina por todo o posto, não queria deixar rastros para serem seguidos, se a corte estava atrás de mim eu deveria ter cautela.

— Disse a mesma coisa do morador de rua e da balconista.

Revirei os olhos. Não precisava de ninguém me dizendo o que fazer, estava ciente das mortes que provoquei, mas estando na situação em que me encontrava nada mais importava, apenas achar meu filho, teria tempo  para me preocupar com consciência depois.

— Se quiser pode se juntar a eles, há fogo suficiente pra todo mundo — Sorri.

Jaqueline seguiu desfilando para o carro, com sua pose de superioridade, se não precisasse dela sem dúvida a amararia no galão, seria a primeira a atear fogo:

— Só não demore. Onde acho sinal nessa porcaria? — Quis saber mirando o celular para o céu.

— Desculpe querida, mas estamos no meio do nada, não vai achar sinal por aqui. E depois... — Me virei para a mesma: — Pra quem quer ligar?

— Tenho os meus contatos.

— “Meus contatos” tem nome? — Reforcei. Não eram segredo minhas desconfianças, e seu olhar estreito parecia perceber isso. Jaqueline arfou vencida:

— Uma amiga, uma bruxa. É ela quem está localizando a criança.

Joguei o isqueiro acesso contra o rastro de gasolina que havia traçado para o meio da estrada, o fogo percorreu todo o trajeto com voracidade, a explosão foi inevitável. Nos protegemos levando as mãos a cabeça, nos abaixando atrás do gran torino roubado  . Entramos no carro:

— Então quer dizer que já sabem onde ele está?

— Não exatamente, tem alguma coisa bloqueando a captação. Seu filho ainda não desenvolveu todos os poderes, é como tentar achar um humano sem sequer ter um objeto que o pertenceu!

— Ela é uma bruxa, não pode resolver isso?

— Está fazendo tudo o que pode, então não apresse.

Claro, não se apresse em salvar a própria vida, muito menos em salvar a vida do seu único primeiro e ultimo filho, não se apresse em achar o homem que ama, muito menos em encontrar seus amigos, e o seu irmão. Tudo bem, sem pressa.

Durante toda noite os cactos e coiotes foram as únicas testemunhas de nossa passagem pelo semideserto de Las Vegas. As luzes e outdoors nos convidavam para uma aventura nos cassinos, apostas e diversão, mas não tínhamos tempo pra isso. Se todas aquelas pessoas vissem o apocalipse que estava prestes a acontecer talvez não desperdiçassem tanto tempo com bebidas a forra, ficariam com suas famílias e aproveitaria o máximo ao lado delas.

— Você pode ver o futuro — Comecei, olhando para Jaqueline, naquela altura do campeonato sua concentração ao volante me sugeria que estivesse dormindo de olhos abertos, mas vampiros não dormem durante a noite.

— E daí? — Quis saber seca.

— Não pode dizer o que vai acontecer comigo?

Ela sorriu debochada, a contragosto:

— Não. Posso ver o meu futuro, o futuro da Hinata pra ser exata, afinal estou no corpo dela. E você? — Se voltou para mim.

— Eu oque? — Debati. Tudo o que envolvia a curiosidade de Jaqueline me assombrava, era astuta, e usava tudo a seu favor.

— Foi criada pelo original. Hidan pode controlar as pessoas, diferente de hipnose é claro, ele lê a sua mente, sabe o que está pensando antes mesmo que você se dê conta. Orochimaru te provocaria tanta dor que imploraria para morrer. E você, o que você faz?

 

— Está dizendo que eu deveria ter algo de especial? — Cruzei as pernas sobre o banco, encarei a estrada do lado de fora de maneira saudosa. Me lembrei das viagens feitas com o meu pai, e em como Sora e eu discutíamos sobre quem iria no banco da frente, eu sempre vencia é claro, mas era ele quem tinha o privilégio do maior espaço, depois de um tempo eu percebia que era eu quem saia perdendo: — Isso é uma regra?

 

— Ainda não a vi fazer nada que eu não pudesse fazer, é só mais uma vampira que pode sair ao sol, e como pode ver... — Levantou uma das mãos, exibindo um anel rubro: — Agora também posso fazer isso.

— Eu não preciso de privilégios como vampira — Admiti, fitando-a por alguns segundos antes de olhar novamente a estrada: — Só quero encontrar meu filho.. E meu noivo.

— Noivos... — Falou de modo pensativo, mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça positivamente: — Quem diria. Mesmo que não acredite eu estou feliz por você, conseguiu em menos de um ano o que eu demorei uma vida. 

— Acredito.

— Okay. Meu primeiro ato de redenção. Vamos para nevada, existe um cigano descendente de bruxas vindas da Luisiana — Me encarou por alguns segundos: — Vamos descobrir o que você pode fazer...

 

 

 

 

 


Notas Finais


ouvindo: Dirty Paws - Of Monsters and Men
espero que tenham gostado, até o próximo cap o/


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