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História Despedaçado - Jeon Jungkook - Metas - parte 2


Escrita por: toxieos

Notas do Autor


e ai, meus lindos!! estão bem? saudades?
voltei com essa delícia de capítulo recheado de indiretas sobre o que há por trás do palco.
gostaram da capinha nova da fanfic?? tentei fazer algo que reproduzisse a vibe total da estória :)

enfim, boa leitura e até as notas finais!!


[tw: suicídio e mutilação. não leia o final caso for sensível à esse tipo de assunto]

Capítulo 15 - Metas - parte 2


Rose Lee

— Vai, desembucha — ela diz, correndo para me ultrapassar para lançar seu corpo contra a primeira cama, enquanto eu caminho sem forças até a outra cama, que ficava ao lado, separadas somente por uma cômoda. 

— Ah, Nini — resmunguei, afundando minha cara no travesseiro exageradamente macio. Tirei os coturnos com meus próprios pés e lancei-os para qualquer lugar do quarto. — Foi incrível e horrível ao mesmo tempo. 

— Ele beija mal? — Ela mal parece prestar atenção na minha linguagem corporal, focando nas próprias teorias que rodeiam sua cabeça. — Mas ninguém nunca disse mal daquela boquinha! Como isso é possível? — Ela aparentava estar abismada.

— Eu não disse isso — exclamei, com a voz abafada pela peça macia e coberta por uma fronha branca, levantando um dedo como quem quisesse dar explicações. — Pelo contrário, foi tão bom que me deixou com raiva e confusa. Era para eu ter odiado, não gostado — peguei impulso na mão para endireitar o tronco e ficar virada para ela, com o queixo apoiado na palma da mão. —  Era só uma diversão, qualquer droga para entreter minha noite e irritar Jimin. De qualquer forma, eu consegui, eu acho. Não consegui reparar em Jimin com Jungkook tão próximo de mim daquela forma. 

— Fala sério! Aquele garoto tiraria a concentração de qualquer uma, inclusive a minha! — Ela revirou os olhos — Então você só saiu emburrada de lá porque gostou. Mas isso não é normal: gostar? Ou você gostou, tipo, muito?

Reviver toda aquela situação me desgastava. Não que tenha sido uma experiência horrível estar nos braços dele até o relógio bater. Longe disso, foi… bom. Bom ao ponto de não querer que nada daquilo acabasse, e talvez até ousar perguntar o que ele faria em seguida e ansiar por sua resposta. Era pra ser só um beijo. Um beijo encenado para irritar um cara que só me vê como um brinquedinho para entreter as noites dele. E eu jamais cogitaria que um beijo poderia causar estragos dentro de nossas cabeças confusas.

— Defina “gostar muito”, Jennie. 

— Olha, é meio que você sentir uma explosão no seu peito e uma voz diabólica dizendo para você não parar. E quando ele interrompe o beijo, seu único reflexo é xingar ele, enquanto suas pernas estão bambas — explicou, também apoiando o queixo na mão para encarar a minha feição confusa. — Cara, você tá horrível.

— Eu sei… — resmunguei — Jungkook me deixa desestabilizada. Ele demonstra apoio em mim a todo instante, cuida de mim quando eu preciso e fica ao meu lado. Isso não facilita as coisas para mim. Não facilita mesmo, ainda mais quando ele me pôs contra a parede e continuou com o rosto minimamente próximo. 

Ela lançou um sorrisinho.

— Foi tão bom que te fez duvidar sobre o acordo entre vocês? — Foi a conclusão que ela chegou. — Mas você também não se decide, hein. 

— Assim você não me ajuda! — Exclamei, fazendo um bico nos lábios como uma criança birrenta. — Eu não sei explicar… foi como se eu ansiasse por mais e esquecesse, no momento em que ele me beijou, toda a confusão que nos levou até ali, colados e ociosos por mais — colei as costas no colchão, escondendo o rosto na palma da mão. — Estou sendo uma adolescente patética agora mesmo.

 — Adolescentes são patéticos, acostume-se com isso, porque são os nossos últimos meses com esse título. E, sinceramente, você quer a minha opinião sobre isso? — Perguntou, atraindo minha atenção. Apesar de séria, possuía um sorriso consolador em seus lábios borrados de batom. Provavelmente eu não fui a única que ganhou ótimos amassos hoje. Eu aquiesci, meio receosa do que viria a seguir. — Você só está confusa porque tem algo a mais envolvido nisso. O.k., podem ser mínimas coisas, mas existem. Ninguém foge sem motivos. 

 Meu peito queimou em resposta à teoria maluca de Jennie e eu quase soltei um palavrão por isso. Decerto meu corpo agia fora dos meus comandos, e era isso que me intrigava. Perder o domínio da situação me tirava do sério. Eu precisava a todo instante da confirmação de que as coisas não podiam simplesmente mudar, ainda mais com o garoto problema envolvido. Não podia espontaneamente ceder-me a tentação de suas mãos escorregando pela minha cintura, muito menos de seus lábios roçando no meu maxilar. Eu estaria não só quebrando as regras criadas por nós, mas indo contra os meus princípios. 

 — É impossível! Sério, sem condições. 

 — Ah, Rose, não seja cabeça-dura! — a mais velha revirou minimamente os olhos. Convencer a mim mesma de uma ideia contrária da que eu já tinha penetrado em minha cabeça seria impossível. Eu poderia ter me sentido diferente nos braços de Jungkook, mas jamais admitiria isso nem para mim mesma. — Você mesma já confessou se sentir atraída pela presença dele. Além do mais, você vive no pé dele para tentar ajudá-lo com os próprios problemas. 

 — Beleza, você tem um ponto nisso aí. Mas uma coisa não tem a ver com a outra. Ele tira a minha paciência antes mesmo de me fazer ter borboletas no estômago — em um momento de confusão mental e falta de tempo para organizar meus pensamentos, eu deixo escapar os efeitos que o moreno abriga em mim. Ela sorri, maravilhada.

 — Borboletas no estômago, Rose? — Ela se sentou na cama, com um sorriso triplicando de tamanho, encarando-me com os olhos castanhos exageradamente arregalados. — E você ainda acha que tudo é o mesmo que antes?! 

 Revirei os olhos. 

 — Quem se importa se as coisas são as mesmas? — Meu cenho franziu-se, expondo uma deixa que permite escapar a tristeza que habita em mim quando me vem à tona as lembranças de quando ele disse que queria manter-se longe de mim. — Ele nem quer estar por perto de mim. Talvez tenha desistido de tudo. 

 — Ah, fala sério! — foi a vez dela remexer as lumes escuras, indignada com a minha teimosia. — Como você tem tanta certeza de um absurdo desse? 

— Ele me confessou — sentei-me na cama para encará-la. 

— Quando? — Ela parecia desacreditada da minha palavra. 

— Um pouco antes da gente se beijar. A gente estava jogando conversa suja e o assunto chegou nas metas. Eu fiz uma pressuposiçao idiota sobre a meta dele e, então, ele me contou a própria: manter-se longe de mim — a fala sai quase que embaralhada, mas espero que ela não perceba meu nervosismo. — Você ainda acha que tem alguma coisa acontecendo, Jennie? Tem certeza? Estamos falando de Jeon Jungkook, o cara que não tá nem aí para nada, não de um príncipe encantado que caiu do céu para me salvar. 

Ela percebe meu tom magoado e não diz nada, apenas levanta de sua cama para vir até a minha e me acolher em um abraço apertado que dura minutos, ainda sem dizer nada. Às vezes, na vida, a gente não precisa de muita coisa: um abraço e um silencio é suficiente para curar feridas abertas. 

— Foi por isso que você saiu de cara feia quando Yeri nos chamou até a fogueira, contando o que deveríamos fazer com o saquinho de grãos? — Indagou, desvencilhando-se de meus braços. Eu assenti com a cabeça, coçando os olhos, quase que desconcertada. Talvez tomada pelo sono ou cansaço nas costas. 

— Quando a gente terminou o beijo e eu olhei nos olhos dele, a única coisa que me veio à mente foi os lábios dele proferindo que não me queria por perto, porque eu só trago confusão — imitei a justificativa com o tom de voz dele, revirando os olhos. — Eu não consegui pensar em mais nada a não ser mandá-lo queimar os grãos para que aquilo se realizasse. 

— Porra, Rose — Jennie resmungou, rindo soprado e, de quebra, me arrancando um sorriso também. 

— Eu sei, eu sei. Eu sou um porre quando estou magoada e com raiva ao mesmo tempo. Agi por impulso com ele, como uma criança faria — balancei a cabeça. — E, Deus do céu, ele me olhou na hora da queima só para ter a confirmação de que ele ainda estava sob minha atenção. 

— Ele é um desgraçado — ela caiu na gargalhada. — Está na sua, mas não sabe como admitir ou se deve admitir isso. 

— Não. Nem venha com suas fantasias para cima de mim, Jennie — empurrei-a, fazendo com que caísse na cama. — Ele deve me detestar agora. Aposto que está falando mal de mim para os meninos no quarto deles. 

— Tsc, como você é pessimista! Se ele te detestasse, não teria desistido de queimar os grãos. Isso é sinal de que ele não quer se afastar de você — esticou o queixo para cima, a fim de tentar ler as minhas expressões enquanto eu digeria tudo que a morena acabou de falar. — Estou certa, não estou? — ela disse, convencida. 

— Não vou concordar porque você adora sonhar alto com situações mínimas, mas… até que faz sentido — apertei os olhos, tentando desprezar a ideia, enquanto ela saltou em uma gargalhada quase assustadora, salteando até sua cama. 

E eu me encontro sozinha na cama, deitada e de barriga para cima, com incontáveis questionamentos perturbando minha cabeça. Penso nas hipóteses de Jennie — que não agregam nada a não ser me deixar com mais dúvidas — e em tudo o que aconteceu, cada coisa proferida por ele e em todos seus gestos de linguagem. Reflito sobre qual a porcentagem de tudo ter mudado e quais as probabilidade de ainda sermos os mesmos de antes. Um beijo poderia mudar tanto duas pessoas assim, mesmo quando se tem a desculpa de que foi tudo encenação? 

Quando me dou conta que fiquei mais do que deveria pensando sobre o mesmo assunto ao ponto de minha cabeça gritar por arrego, viro a cabeça para ver Jennie, que dorme feito um bebe, ainda com a mesma roupa e a maquiagem, e é aí que me lembro que nessa confusão toda, me esqueci de perguntar a ela como foi os momentos com Taehyung. Talvez, no fundo, eu não fosse uma amiga tão boa assim, mas pensar nisso só me deixaria pior do que eu estava, então tentei afastar esses pensamentos com um banho quente na ducha que tinha na suíte daquele quarto. 

Meus músculos tremeram quando a água exageradamente quente entrou em contato com a minha derme, arrepiando todos os poros da superfície. Tentei deixar minha mente vaga — pelo menos enquanto eu me banhava —, mas foi em vão. Eu me sentia pesada, perturbada. Estava quase fazendo alguma loucura; até cogitei sair de fininho pelo quarto para roubar alguma bebida que os meninos trouxeram. E é quase isso que eu fiz, mas parei quando alcancei a cozinha aberta, tentando tomar coragem para executar meu plano idiota. Como eu acordaria amanhã e explicaria a ressaca? 

Eu só queria acabar com esses pensamentos de uma vez por todas. 

Meus pés descalços tremeram em contato com o piso frio de mármore branco da cozinha da casa de férias, em reflexo, me encolhi no moletom lilás que trajava como pijama, e na parte de baixo, vestia somente um short para dormir. Depois daquele banho demorado, tirei toda aquela maquiagem e jóias pesadas. Yeri, apesar de não se intitular como rockeira, tinha um ótimo senso de moda. 

Parei em frente a pia, pensando se seria melhor tomar um remédio para a dor de cabeça ou buscar a cura no álcool, como alguém patético faria.

Mas quase não tive tempo para pensar, já que ouvi passadas ressoarem no corredor e uma porta rangendo. Meu coração quase disparou. Todos nós estávamos acomodados em nossos recintos dados pelos Kim’ s no segundo andar. Então, logicamente, não haveria ninguém no primeiro andar juntamente a mim…  a não ser que fosse um ladrão entrando pela janela.

Meus olhos saltaram com a ideia e eu corri em passos silenciosos até o gaveteiro que acomodava os talheres, pegando a primeira faca que vi, sentindo a adrenalina percorrer em minhas veias já que o barulho estava tão próximo que parecia que era só virar o corredor e…

 — Porra, Rose! Que susto! — Jungkook esbravejou, colocando a mão em seu próprio peitoral e cambaleando para trás, com medo de que eu o furasse com a faca em minhas mãos — Que droga você está fazendo aqui às duas manhã e com… uma faquinha de cortar pão? — Ele começou a gargalhar da situação, mas eu ainda permanecia estática do susto. 

Quando volto a realidade, ele ainda está apoiando com as mãos no joelhos, reclamando que sua barriga está doendo de tanto rir. Revirei os olhos, caminhando até a torneira de novo. Esse garoto me cansa. Talvez a ideia de usar a faquinha não seja tão ruim assim.

— Para a sua informação, eu não estava conseguindo dormir — levantei o dedo, como se estivesse ditando ordens — E outra, o que você está fazendo aqui às duas da manhã? — Olhei-o de cima para baixo, avaliando o traje de dormir dele. 

Ele vestia uma camiseta de mangas compridas até o pulso na cor preta e uma calça de moletom cinza, além de que seus pés também estavam descalços. Seus fios escuros estavam emaranhados, como se tivessem sido bagunçados por uma enxurrada de ventos. Os lábios um pouco ressecados, mas talvez o motivo disso fosse o frio — apesar de ainda ser verão, as árvores ao nosso redor nos presenteavam com um clima fresco até demais. E sua feição pálida, antes delimitada em um susto, agora em risos escandalosamente abafados por ainda ser madrugada. 

— É sério que você queria me matar com essa faquinha? Achou que eu fosse o que… o bicho papão? — Ele cambaleou entre risos, dando passos até se apoiar na bancada de mármore preto. E então, foi a vez dele encarar meu traje de dormir discretamente, um olhar curioso e repleto de receio, como se fosse o fruto proibido para ele. Ele me olhou de cima para baixo, com um meio sorriso pendurado, até que o próprio sumisse de seus lábios. Só nos restou um silêncio insuportável ao passo que nos encarávamos. 

Mas eu ainda estava confusa por dentro, repleta de dúvidas e sedenta por explicações. Eu não queria me sentir assim. É trabalhoso demais e me dá dores de cabeça insuportáveis, além de que eu não conseguia pensar em mais nada a não ser nessa bola de neve em que me submeti. 

— Parece que alguém aqui desistiu de cumprir a meta — é a única coisa que consigo dizer, como uma criança birrenta faria. Me puni mentalmente depois, ainda mais por vê-lo revirar os olhos, apoiando os antebraços no mármore. Não tive tempo para pensar em algo melhor para dizer. 

 — Eu me senti com a consciência pesada, tá legal? — Depois de retrucar com uma feição de poucos amigos, ele afundou a língua na parede interna de sua bochecha.

— Ah, sim — cruzei os braços. — É claro que a minha única função nesse meio é atingir sua consciência com o óbvio. Se sente feliz agora, ou já está arrependido? Porque, se estiver, é só me dizer que eu faço a minha parte e te deixo soz… — tomada pela ira do momento, as falas aumentam o tom de voz gradativamente, quase me esquecendo que era madrugada e a casa inteira estava dormindo. Mas ele me interrompe antes que eu continue.

— Você quer falar de consciência pesada quando foi você quem saiu do nada, sem dar nenhuma explicação, me deixando sozinho por achar que eu tinha feito alguma coisa?! — Seu cenho franzido acompanhado de uma expressão que eu jamais tinha visto antes, quase que indignada e com um tom perceptível de deboche em sua voz, foi capaz de me fazer tensionar todos os músculos do meu corpo. Talvez fosse irritação, ainda mais que ultimamente o que mais tínhamos feito quando juntos era brigar. — Não vai dizer nada, Rose? Vai continuar presa nessa bolha que você mesma criou para se resguardar? 

— Eu só fiquei confusa… — a resposta me escapou por um fio de voz, mas fiz esforço para não sair trêmula. 

— Ah, e só você, a vossa alteza, tem o direito de se sentir confusa?! — ouvi seu riso debochado e incrédulo ecoar pela cozinha. Desviei o olhar para o chão, mas ele insistia em continuar, dando a volta pela bancada. — Confusa exatamente sobre o que, Rose? Sobre Jimin? Sobre mim? Sobre o seu plano? — Ele persistia em apropinquar, mesmo que em passadas curtas, ao passo que ainda mantinha o olhar conectado ao meu.

Agarrei minhas mãos na pia atrás de mim, como se quisesse manter-me presa ali, com medo de falhar e cair no chão por puro descuido meu. O coração que abrigava em meu peito não parecia querer ficar calado em resposta àquilo que estava acontecendo bem a minha frente, já que bombeava mais rápido, consequentemente, fazendo-me questionar mais ainda o porquê. Talvez até forçando um pouco para pará-lo de palpitar tão rápido. Era só o Jungkook em torturantes passos, de tão lento, se aproximando, não um ser celestial.  

— Jungkook… — seu nome escapuliu-me em tom baixo quando o vi ficar um passo de distância parado à minha frente. 

— Eu só vim pegar água, mas você está na frente da torneira — ele ignorou minha presença e passou o braço por cima da minha cabeça para encher o copo que estava em suas mãos. Minha testa estava quase que colada em seu peitoral, enquanto eu sentia sua respiração pesada colidir contra a mesma. 

— Água às duas da manhã? — Ri soprado. 

— Eu não estava conseguindo dormir — ele diz, esticando minimamente o pescoço para trás para encarar meus olhos. 

— Parece que alguém anda perturbando sua mente — arqueei as sobrancelhas, com um tom sugestivo na voz. Ele mordeu a bochecha e voltou a atenção para o que fazia antes. Só pode ser maldição! Estar tecnicamente próxima dele, sentindo o cheiro de sua pele invadir minhas narinas, enquanto o braço dele roça levemente na minha derme, tudo isso só está me fazendo delirar! 

— Você ainda não respondeu a minha pergunta.

Ele não colabora muito para a minha estabilidade emocional. Talvez esse seja o maldito plano dele: me tirar do sério para depois me testar. Loucura! Eu facilmente daria um chute em suas partes agora mesmo. 

— O que você quer que eu diga? — Perguntei, tomando uma dose de coragem para levantar o queixo o suficiente para conseguir enxergar seus olhos. Mas ele não estava mais olhando para mim. Sua atenção estava focada no copo que ia ao encontro de sua boca, derrubando todo o líquido em sua garganta e bebendo quase todo o conteúdo em três goles, jogando o resto no ralo da pia. Revirei os olhos quando o vi que permaneceu ali, com as mãos apoiadas na ponta da pia atrás de mim, encarando-me como se eu fosse uma rival. 

— Confusa, Rose? Confusa com o quê? — Havia um vinco entre suas sobrancelhas. Um reflexo de uma inquietação que estava aguçando sua própria mente. Me vi sem ter para onde correr. 

— Por que seus cabelos estão bagunçados? — Tentei mudar de assunto, desviando os olhos para seus fios desordenados. Não tive coragem de levar minhas mãos até lá a fim de organizá-los. Estava me segurando para não deixar que minhas bochechas não queimassem, ainda mais que seus orbes estavam fixos em meu rosto. Procurava olhar para qualquer lugar que não fosse sua face, que, por sinal, estava consideravelmente próxima. Adjunta o suficiente para que tivesse a visão de todo o meu rosto para si, e talvez o cheiro do meu xampu o inebrie. Até que, por fim, eu consigo concluir em mente: — Você estava lá fora?! — Meu cenho se franziu em indignação, enquanto eu desferi um tapa em seu ombro. 

— Ai! — ele recuou para o lado ao passo que eu o olhava estomagada. — Por que fez isso? — Jungkook fingiu estar dolorido, mas nem havia sido tão forte assim. Ele apenas adorava um drama e era ótimo em atuar. Atuação. Era esse simples substantivo que nos definia por inteiro. 

— Isso é por você ter saído nessa friagem da madrugada. Agora, desembucha o que é que você estava fazendo lá fora? — Minha feição de mãe denunciava meu instinto protetor. Quando o via cabisbaixo o suficiente ao ponto de não reunir forças para cuidar de si mesmo, meu interior gritava para ir até ele e ajudá-lo, como na vez que o ofereci comer frutas no café da manhã. 

— Que diferença faz? — Ele negou com a cabeça, recuando um pouco enquanto seu cenho se franzia. Ele parecia… ressentido. Eu até arriscaria dizer magoado, mas o moreno que eu conhecia, o mesmo que estava acomodado de forma tensa a minha frente neste exato momento, era duro demais para sequer cogitar a ideia de admitir algo. — Ninguém dá a mínima para isso. 

Eu ri soprado. Minha expressão é um misto de injustiça com ira, e no fundo, meu peito traçava mais uma linha de preocupação com ele. Decerto ele era cego demais para enxergar isso. Mas eu já havia deixado escapar tantas vezes — que sentia vergonha por sempre falhar, até mesmo por ousar tentar — e, agora, eu realmente me perguntava se ele fazia isso de propósito, porque estava mais que claro que eu queria vê-lo bem. 

— Eu dou — minha voz é firme, mas não parece afetá-lo tanto quanto eu esperava — e eu não ligo se você mesmo não dá a mínima para isso. Eu só quero que você não atinja a si por causa disso.

— Tarde demais — não há risinho debochado em estampado seus lábios como de costume. Não há nada que amenize a situação em que nos encontramos. Nada. E eu torço para que ele solte uma piadinha em seguinte, alguma implicância em formato de insulto e qualquer coisa que o transforme no mesmo Jungkook de quando a noite começou: risonho e positivo, que não possuía um rosto sério costurado na própria faceta como se dependesse daquilo para viver. 

Meu peito queima quando o vejo dar mais um passo para trás, ameaçando distanciar-se em passos falsos, quase incertos, porque eu sei que ele ainda está me encarando na mesma intensidade que eu estou encarando ele. E é neste exato momento em que eu sinto meu estômago borbulhar novamente, tanto que me faz querer arrancá-lo de dentro de mim. Eu não podia me sentir assim. Não podia me sentir vulnerável, facilmente tocada a metros de distância por ele. Não podia permitir-me, e ele não podia ter esse direito. Com os motivos óbvios de: nós dois sabemos onde tudo isso vai acabar. Ambos para cantos distintos e com um oceano de distância — talvez ou não liricamente falando.  

— Não — eu o impeço de sair antes mesmo que ele alcance as bancadas pretas. 

Ele me olha como se estivesse com medo de levar uma bronca. 

— O que foi? — Ele pergunta, juntando saliva para engolir. Ainda me encarava, apesar dessa ser a sua tarefa mais difícil da noite. 

Então, enoli todo o orgulho dentro de mim e mandei um foda-se mentalmente. Como nos filmes, pensei. Na tv parece fácil. É simplesmente ignorar uma ira que cresce abruptamente em seu peito, que grita constantemente que você está indo contra aos seus princípios. É claro. Você está morando de aluguel na casa dele, usou um vestido comprado por ele e agora está passando o final de semana na casa dos amigos de infância dele. É claro que as coisas mudariam alguma hora, e é claro que eu mudaria em algum momento. 

Me aproximo em passos generosos, quase que corridos, com medo de que ele fugisse de mim. Mas ele não foge. Sequer reage, na verdade. Está estático, me encarando alcançar centímetros de rosto para conseguir encará-lo perto o suficiente para que sinta sua respiração vir ao encontro da minha. Eu buscava aparentar ser tão intimidante quanto ele conseguia ser às vezes, e parece que eu acabei de descobrir um dom que sequer fazia a mínima ideia que tinha. Seus olhos intercalam entre meus orbes castanhos, e eu me pergunto se os efeitos colaterais que ele causa em mim são os mesmos que eu causo nele.

— Por quê? 

— Por que o quê? — Ele responde, meio seco, me fitando. Céus, seus olhos estavam abaçanados em uma demasia jamais descoberta por mim. 

— Por que você sempre insiste em fugir quando as coisas ameaçam? — murmuro baixo, talvez só para que ele escutasse, mesmo que não tivesse mais ninguém ali. Talvez esse fosse o motivo. Eu não precisava falar alto para que ele entendesse, muito menos ele comigo. Era preciso somente de alguns segundos e olhadelas densas para que a resposta viesse à mente. 

— Porque é o que todo mundo faz — ele diz, como se fosse o óbvio. — Ninguém fica quando as coisas aparentam querer desabar — seu tom é quase que uma indireta, e eu sinto atingir bem no meio das minhas costelas. Eu fugi antes do relógio bater. A sensação de perder o controle me assustava, ainda mais sendo ele o causador. Apesar de ser ele quem me fazia sentir segura, eu não sei se era uma ótima ideia permitir que ele percorresse com os lábios sobre minha derme. Era uma ideia tentadora, devo ressaltar, mas proibida. Havia regras entre nós. Regras estabelecidas por nós mesmos. 

— Eu fico — minha voz sai quase que um sussurro preso, porque sei que talvez nem eu acredite tanto no que acabara de dizer. Mas ele não ri nem usa isso como algo para tirar sarro, como deveria. Ele só… continua parecendo ressentido. 

— Não, e você sabe disso. Você é como os outros, Rose. Quando tudo isso aqui amedrontar você, a primeira coisa que fará é correr, como fez hoje mais cedo — Jungkook acrescentou com seu timbre grave. Não o via usar aquele tom tantas vezes. Em maioria, ele só era reservado e retrucava em voz alta. Mas… quando literalmente sussurrando, falando cada palavra devagar, quase que soletrando, tudo se tornava mais… tenso. Podia sentir que meus polegares pulsavam por livre e espontânea vontade. Os mesmos polegares que agora estão indo ao encontro dele, do calor dele. E isso irradia meu corpo por um todo. 

— É óbvio que não — discordei, encarando seus olhos escuros, os quais me retribuíam na mesma intensidade, arriscando levar minha mão até seu peitoral coberto por uma fina blusa de mangas, usando como pretexto para me achegar. Eu precisava estar perto dele. Precisa sentir seu cheiro. Precisava colocá-lo em meu colo e afagar seus cabelos, para enfim dizer que tudo ficará bem. 

— Então me diz que as coisas são as mesmas, Rose — pediu, levantando o próprio queixo, enquanto o restante dos músculos de seu corpo permaneciam estáticos. — Me diz que tudo ainda está como era antes, que nós permanecemos iguais. Me diga que você não está confusa — desta vez, era ele quem arriscava se achegar. Em passos pequenos, mas o suficiente para estar a alguns centímetros de distância. 

— As coisas ainda são as mesmas, você sabe disso — tento acreditar no que acabara de dizer em voz alta, enquanto traçava desenhos invisíveis em seu peitoral. — Nós permanecemos iguais. Nada mudou, Jungkook. E eu não me sinto confusa — também levantei meu queixo, falando por igual. Eu não era tão baixa comparada a ele. Tínhamos quase a mesma altura, o que era suficiente para me deixar nivelada aos olhos dele mesmo estando descalça. 

— Você sabe que não dá para acreditar nisso enquanto percorre esses dedos por caminhos perigosos, não sabe? — Seu par de lábios se unem em uma forma meio desengonçada, formando um sorriso torto ao passo que ri soprado, mas ainda é meio triste. Ele não parece bem, pelo contrário, parece estar vazio. — Além do mais, você é uma péssima mentirosa, Lee — e ele se aproxima ainda mais até que seu nariz toque no meu. 

Agora sou eu quem está imóvel. Meus músculos não reagem. Estou estática, enquanto sinto todo o meu corpo irradiar. Ele não consegue ouvir meu coração palpitando rápido, não é? Mesmo estando próximo, isso seria humanamente impossível. 

E eu sei que não dá pra acreditar em nada do que eu acabei de falar, porque nem eu mesma acredito. As coisas definitivamente não são as mesmas. Não agora que eu conheço o sabor  que impregna a boca dele. Não agora, depois que ele já percorreu o dedo pela minha cintura e me pressionou contra a parede, inclinando seu corpo contra o meu. Nada parece ter sentido. Tudo parece meio embaçado. E admitir isso é pior ainda. Percorrer meus dedos por seu tórax o deixa desconcertado — percebo isso — e é exatamente por esse motivo que eu faço. 

— Mas eu cumpri minha promessa, não cumpri? — Ele inicia novamente, olhando nos meus olhos a procura de uma deixa que eu permito escapar para que ele lesse meus pensamentos agora mesmo. — Eu te fiz querer mais. E você provavelmente sonhará comigo todos os dias dessa semana e me detestará um pouco mais por isso. Mas foi você quem me pediu ajuda para esquecer Jimin, e é isso que eu estou fazendo — ele leva as mãos até minha mandíbula, em silêncio, o que é quase torturante, contando com a única coisa que ouço seja as nossas respirações. — Agora, me diga por que está confusa e eu vou para minha cama. Eu paro de permitir que você ocupe minha mente e livro-me de tudo que desejo fazer com você. Eu me obrigo a acreditar na sua própria mentira, que nós ainda permanecemos iguais. Nada de desejos nem borboletas no estômago.

Que porra está acontecendo?, é a única coisa que repito durante dez segundos seguidos. Nada disso parece ter sentido ao mesmo tempo que tudo que ele diz parece ter sentido. Desejos? Eu o desejei? Ele me desejou? Isso não teria nada de mal, ou teria? Não tem nada nas regras que nos diga o contrário, muito menos que o diga para ficar a um metro de distância de mim. Ele só não pode pressionar seus lábios contra os meus nem eu posso pressionar os meus contra os dele. 

— Só me diga, Rose, e eu desisto de tudo — ele diz, mas agora seus olhos parecem desesperados, quase que em um pedido de súplica. 

— Desistir do que? — Eu pergunto. 

— Do acordo, porra — ele maneou a cabeça, como se fosse óbvio. — Não vai dar certo. Não tem como isso dar certo. Não por muito tempo. Só vamos nos ferrar com essa merda. Você mesma sabe disso, porque sentiu na pele tanto quanto eu. 

Ele… se sentiu confuso também? 

— Que merda você está falando agora, Jungkook? — Tento me recompor, formando uma postura ereta e inabalável, mas sinto meus joelhos fraquejarem facilmente quando percebo que seus olhos estão abertos por um feixe. Droga. Isso é loucura, mas a imagem de seus olhos apertados é linda. Eu poderia tentar desenhá-los, mas sairia totalmente desalinhado graças ao meu dom horrível com pintura e desenho. Mas eu poderia fotografá-los, uma espécie de print mental. Qualquer coisa que me faça focar na imagem dele, não no que ele está dizendo. Porque não posso admitir nem para mim mesma que a ideia dele cogitar desistir de tudo faz meu coração palpitar um pouco mais rápido que o normal em desespero.

— Me diga para falar a palavra-chave em voz alta e eu acabo com tudo isso de uma só vez — ele diz, mas sua respiração está tão pesada que eu concluo que esteja tenso. Mas eu estou assustada, porque tudo o que cresce em mim é inesperado, ainda mais com a ideia de vê-lo se afastar de mim. Eu não quero isso. Não posso permitir que fique sem seu toque. É egoísmo meu, mas não ligo, quero que ele fique até essa neblina densa espairecer e eu enxergar a realidade. 

— Não — murmuro de volta, mas minha voz está tão baixa que me questiono se ele ouviu. — Não posso. 

— Por que não? 

— Porque eu não quero. 

— Você não quer? — Ele repete para que faça sentido em sua própria cabeça. Mas não há sentido algum nisso. Nem eu mesma entendo o que está acontecendo entre nós agora. — Me diga, docinho, por que você não quer? 

Em um gesto em falso, quando Jungkook leva umas das mãos que estava acomodada em minhas mandíbulas ao encontro de alguns fios teimosos que insistiam em cair sob meu rosto, a manga comprida de sua blusa cai até o cotovelo. Ela era larga demais, talvez aquele excesso de pano o esquentasse bem em momentos de frio, ou talvez sua finalidade seja esconder coisas. Riscos. Cicatrizes. Exatas três cicatrizes — eu sei porque fico encarando-as e contando quantas tem repetidas vezes em minha cabeça — meio afastadas, mas todas no pulso. Linhas que começam finas e no meio ficam grossas, extremamente grossas, e depois, terminam finas. Linhas absurdamente profundas e com uma fina camada de pele sensível em um tom um pouco mais claro que o seu. 

Meus olhos se lacrimejam de uma forma tão rápida que é quase impossível de controlar, enquanto meu coração acompanha o agrupamento repentino de lágrimas com batidas exasperadas. Eu mal consigo respirar nem me mover. Estou em choque. Seria esse o segredo que ele escondia? Por isso ele ocultava-se através de vestes escuras e longas? E por que diabos tudo só parece ter sentido agora? 

— Jungkook… — seu nome me escapa em um sussurro quase inaudível, e ele percebe meus olhos arregalados, mas aparenta não entender o porquê. Só o descobre quando segue para onde estou olhando. — O que é isso em seu braço?

Merda — ele murmurou, recolhendo o braço esquerdo rapidamente e se afastando de mim. — Merda, merda, merda — ele resmungou, repetidas vezes, com os olhos amedrontados. Mas não havia motivos para ele temer a mim. Ele se afastou um pouco mais, quase que trombando na mesinha de canto do sofá de couro preto. Agora é a vez dele lacrimejar, e assistir a isso me rasga por dentro. 

Tento reunir voz para dizer a ele que está tudo bem e que esta é a história da vida dele tatuada em sua pele, mas não consigo. Minha garganta está tão seca que respirar parece difícil. E eu estou imóvel, mordendo minha própria bochecha e pensando em como agir, ainda mais com todos os meus músculos literalmente paralisados. 

— Não é nada — ele diz, quase gaguejando — Por favor, Rose.

E eu não aguento. Me desmancho ao ouvir a súplica dele para que eu ignore, mas eu sequer consigo. Com a respiração limitada, ofuscando minha visão, eu me esforço para alcançá-lo ainda em lágrimas. Então, eu o puxo para um abraço desesperado, o qual ele não retribui, porque também está se desfazendo em choro. Jungkook está chorando em meus braços enquanto suas unhas seguram o punho de suas mangas firmemente, com medo que elas escapem de seus dedos. 

— Tá tudo bem, tá tudo bem — meus dedos afagaram seus cabelos e ele enterrou o rosto na curvatura do meu ombro. — Tá tudo bem — eu repito de novo, e sai como um deslize entre meus lábios enclausurados por meus próprios dentes. Sinto minhas mãos falharem em tremor e, de repente, toda minha vista está embaçada. Não consigo vê-lo. 

Puxei seu rosto com minhas mãos e colei nossas testas. Com o tato, sinto suas bochechas inundadas e minha audição é o suficiente para confirmar isso. Em um piscar de olhos, tudo está tão frio, e eu não consigo distinguir se o causador disso é a temperatura ou nossas mãos trêmulas. 

— Quando isso aconteceu? — Eu perguntei, mas, no fundo, não esperava receber uma resposta de volta. Talvez nem fosse o momento certo para isso.

— Não aqui. Não agora — ele pediu, engolindo o choro aos poucos — Quando voltarmos, a gente conversa sobre isso. Eu prometo. 

Eu assenti, e agora quem parecia querer me consolar era ele, porque ainda limpava as lágrimas que insistiam em escorrer dos meus olhos. Ele é um borrão choroso para mim. Vejo de relance seus olhos meramente inchados e avermelhados, que denunciavam seu choro. Sua voz totalmente embargada e rouca, quase que se arrastando para falar. 

— Foi há um tempo atrás, Rose — ele continuou, meio nervoso e balbuciando, com os lábios oscilando. — Eu estou bem agora. Não há com o que se preocupar, eu juro. 

Ele choramingou com o meu rosto envolvido nas palmas gélidas de suas mãos. Quase que em um pedido de silêncio para que eu esquecesse o que acabei de ver. E, de fato, ele quer isso. Ele não quer que eu me preocupe com ele mais do que deveria. Ele não quer ser cuidado. Ele não quer que as pessoas saibam suas fraquezas. E eu odeio isso. Odeio porque me rasga por inteiro vê-lo na minha frente aos prantos. E saber que a situação é mais grave do que eu pensava, me assusta — mas não o suficiente para me fazer desistir. 

Eu vou salvar Jeon Jungkook. Eu preciso salvá-lo. 

 


Notas Finais


só deus pra saber o quanto me doeu para chegar nessa parte da história. sério, fiquei de coração partido e com pena. mas... ficou bem vago ainda, eu sei. os motivos e as explicações de TUDO aparecerão no próximo capítulo. ou seja, não o percam por nada!!
enfim, se você estiver (ou conhecerem alguém que está) passando por uma situação parecida, procure ajuda! ligue para o CVV (Centro de Valorização da Vida). e lembre-se que toda vida é importante, inclusive a sua.
a estória está chegando em rumo onde assuntos como esses serão tratados regularmente, caso você não se sinta confortável em ler, pule essas partes, okay?
se estiverem precisando de ajuda ou de um ombro-amigo para desabafar, eu estou sempre ativa aqui na plataforma ou no meu tumblr! sintam-se a vontade para me chamar independente da hora.

https://open.spotify.com/playlist/7DFbsao7WuZwvPwygeSv1d?si=04ce3d09052f420f


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