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História Despedaçado - Jeon Jungkook - Jogo de adivinhação.


Escrita por: toxieos

Notas do Autor


o que dizer para agradecer pelos 177 favoritos? eu só queria mostrar o quão grata sou por ter o apoio de vocês junto a mim! às vezes ando meio desanimada com algumas coisas, mas quero que saibam que escrever Despedaçado me faz bem. Acho que de todos os capítulos que já publiquei, este foi o que menos hesitei em digitar. As palavras saíram em perfeita sincronia, como se eu tivesse ensaiado. Está tudo indo bem, anjinhos. Eu demoro para escrever mesmo, mas está tudo caminhando e sei que no fim vamos encontrar a saída juntos.
eu tenho me sentido bastante inspirada para escrever, as vezes tenho preguiça, mas to aproveitando a madrugada das férias para digitar utilizando toda a minha imaginação. quero me tornar uma escritora melhor. estou tentando mudar isto.
Esse foi o capítulo que minha escrita saiu melhor em descrever os sentimentos de ___ em relação ao Jungkook, vocês irão entender logo mais.
Sei que to falando demais, mas acho que preciso.
Espero que gostem, e não desistam de mim!
beijos e boa leitura <3

Capítulo 5 - Jogo de adivinhação.


Rose Lee

Fecho a apostila assim que ouço o sinal tocar e os alunos se levantarem com a ordem do professor de química. Não me sinto animada para ir conhecer a cantina e o cantinho onde os meninos ficam até dar a hora de voltarem para a sala. É exaustivo estar em um lugar completamente novo. E também, não me traz nenhuma curiosidade.

Pássaros pretos cortam o céu, como em filmes de terror e qualquer coisa macabra. Esta cidade é estranha. Tem um clima pesado e não me aparenta ser nada alegre. Quando eu morava em Busan, carregava suposições de que Seul era como estar na Disney. Mil e uma maravilhas. Não havia do que reclamar. 

— E aí, como está sendo ser a novata? – Jimin pergunta, assim que sento ao seu lado, embaixo de uma árvore. Não sei se é por causa do sono que me possuiu na noite da festa, mas seu cheiro está mais forte hoje. Ele não usa um amadeirado ou qualquer coisa parecida. É diferente. Uma mistura de seu cheiro com um perfume doce, mas ao mesmo tempo há um corte brusco nesse aroma adocicado.

— Se ir ótimo é sinônimo de péssimo, então estou indo ótima.

— Ah, não seja tão negativa. É tão ruim assim estar em um lugar novo? – Ele deita a cabeça enquanto sorria, o que deixava seus olhos mais apertadinhos.

— Bem, tirando o fato que eu não conheço ninguém e que está todo mundo me encarando e cochichando sobre mim, não há nada de ruim. – Dou de ombros, mas um suspiro monótono escapa de mim sem que eu perceba. – Agradeci aos céus pelo Taehyung ter sentado ao meu lado hoje. Não sei o quão chato seria o clima se tivesse que sentar com algum estranho.

O rapaz de cabelos castanhos sorri, meio tímido e sem jeito. Às vezes, acho que esse pessoal se entope de álcool por não ter algum apoio ou não receber elogios. O consumo do álcool diminuiria bastante caso as pessoas parassem de ser ignorantes e passassem a ver o lado bom nas pessoas.

— Taehyung sentou perto contigo porque você tem cara de ser estudiosa e ele está precisando de nota. – Exclamou Jungkook, assim que nos alcança, sentando-se no gramado que ficava exposto ao sol, enquanto Jimin e eu estávamos na sombra, embaixo da folhagem.

— Se for mesmo verdade o que supôs sobre mim, acertou em cheio. Na minha escola antiga, eu fui classificada como uma das melhores da turma, acreditam? Mas lá, como não era a capital, sabem como é... não era aquelas escolas que puxam demais como aqui... Não sei se vou ter o mesmo desempenho que tive lá.

— Ah, relaxa, Rose. Qualquer coisa, se você sentir um pouco de dificuldade na matéria, eu posso te ensinar um pouquinho. – Disse o garoto de cabelos louros, fazendo meu coração acelerar as batidas E se torna quase impossível não ruborizar as bochechas. No fundo, eu estava tendo um ataque de felicidade.

Espera, eu ouvi isso vindo do Jimin mesmo?

— Aish, não seja gado, Jimin. – Jeon balançou a cabeça negativamente.

— Gado? Jungkook, eu estou sendo educado com a novata que mora na sua casa. – O loiro estala os lábios e encara Jeon, o qual se encontrava com um riso divertido nos lábios, parecendo querer atiçar alguma discussão. – Você deveria fazer o mesmo, não acha?

— Eu dei bom dia a ela. Já é um bom progresso, sabia? – Ele se espreguiça, esticando seus pés e levando a cabeça para trás. Com os olhos fechados, abriu a boca novamente para falar: – Também a trouxe para a escola hoje.

— Deixe-me adivinhar... foi porque sua mãe te obrigou?

— Hmm... quase isso. – Ele volta a sua postura de antes, mas fita as garotas que estavam uniformizadas de líderes de torcidas. Algumas são da minha sala e outras que eu nunca havia visto. Suponho que o tempo depois do intervalo seja educação física, ou o tempo que o time da escola treina para os campeonatos. – Ela perguntou e eu logo disse que a levaria. Não foi, docinho?

Borboletas se embrulham no estômago e a sensação é quase a mesma que sinto quando interajo com Jimin. Mas aposto que foi pelo susto dele ter usado o apelido em público. Na verdade, não sei se é bem um apelido. Acredito que seja mais uma forma para implicar comigo.

— Docinho?! – Taehyung e Jimin praticamente gritam em um uníssono.

— Jungkook... você perdeu algum parafuso? Miolo mole... – Reclamo baixinho, com a intenção de que ele não escutasse. Mas Jimin, que está ao meu lado, escutou e soltou um riso. – Aish, este moleque é fofoqueiro e escuta a conversa no telefone, e depois, ainda rouba os apelidos.

— E quem te chama assim? É tão brega! – Taehyung franziu os lábios, quase como se estivesse sentindo nojo.

Por parte, achei um exagero. Não é tão ruim e nem tão brega assim. Isso só mostra o quão afeto você tem por um alguém. É fofo, não brega. Mas isso não quer dizer que eu chamaria qualquer um assim.

— Meu amigo de Busan... O Baek. Faz dias que não ligo para ele, apenas recebo algumas mensagens de tipo: “bom dia, como está sendo morar aí?” – Um suspiro longo escapa de mim, mas a sensação é de alívio, mesmo não sendo um. Alívio por estar preso dentro do meu peito por bastante tempo, e julgo eu que não iria o descobriria caso não lembrasse de Baek agora.

Temo que nos afastemos, porque de verdade, ele é o único o qual eu posso contar. Somos praticamente irmãos, criados desde a infância. Seria doloroso demais perder sua amizade agora.

— Por que não o convida para dormir na casa do Jungkook? A gente o sequestra e o jogamos no porão, então o quarto dele fica livre pra essa tal de Baekhyun aí. — Sugeriu Jimin, com um sorriso divertido nos lábios. A resposta do moreno é um revirar de olhos com os lábios franzidos, que fez com que uma covinha surgisse ali.

— Não me parece uma má ideia. – Gargalho.

. . .

Era o fim da aula de literatura. A professora apagou o quadro branco com seu apagador. Os cabelos acastanhados e encaracolados nas pontas, os quais balançavam conforme a agitação de seu braço direito, fizeram uma perfeita cena de filmes americanos. Ela era a típica professora bonita e jovem, com traços estrangeiros, a perfeita mestiça.

Os garotos babavam na aula dela.

Um vento seco cortou o céu nublado. É provável que chova hoje à tarde. Ultimamente tem feito frio aqui. Ventos e nuvens carregadas, mas sequer chegou a chover. Parece que estão se acumulando para dar uma boa chuva. O que não é muito legal para o meu lado... chuvas não me trazem boas memórias.

Travo meu maxilar quando meu pensamento estica até minha falecida vó. Ah, eu sinto tanto a falta dela. Já chorei diversas noites, também já pedi para vê-la em meus sonhos diversas vezes enquanto orava. Ela era uma perfeita guerreira para mim. Enfrentou toda a sua família para criar sua mãe, sem a ajuda do pai.

Acho que é de genética arranjar um homem que engravide e depois suma. Espero que eu não siga essa linhagem.

A professora se virou, juntando os livros na mesa. Olhou para a classe e ajeitou os óculos prateados, antes de abrir a boca carnuda e coberta por um batom cor-de-boca.

― Queridos, peço que na próxima aula vocês tragam um resumo de alguma estória criado por você e uma dupla. Valerá nota, e não aceito “dupla de três”. ― Simulou aspas com o dedo e deixou que um sorriso escapasse. Ela é encantadora com seu jeitinho engraçado. ― Eu não irei escolher as duplas. Acho que vocês já estão bem grandinhos para decidirem com quem irão trabalhar em dupla.

Droga... agora eu estava ferrada. Posso até estar andando com o grupinho do Jeon e falando com eles, agindo na melhor forma para que eu possa me enturmar com eles. Mas não acho que irei poder fazer trabalho com eles, já que Taehyung arremessou uma bolinha em Jimin para que eles fizessem juntos. E Jungkook, sei lá... ele está conversando com Mina. Se forem fazer o trabalho juntos, é mais provável que se peguem do que conclua a escrita.

E eu não conheço praticamente ninguém da turma. É um saco estar em uma escola nova. E também, odeio o fato de que professores já passam trabalho logo no primeiro dia de aula. Ainda não me acostumei com o fato de que já estou quase com o pé na faculdade.

― Ah, eu já ia me esquecendo! A estória criada por vocês deverá ser baseada nas regras que apresentei hoje. O enredo não é necessário, mas vocês terão que explicar o porquê de escolherem apresentar tal estória. Lembrando que terão de explicar a cena principal.

Sinto um cutuque no ombro, logo virei o tronco para descobrir quem foi que me tirou do transe de uma novata e desesperada, quase tendo uma crise existencial ao perceber que o ano já está acabando e daqui a pouco, sua única preocupação será conseguir passar em uma prova para a faculdade.

― Oi. ― Uma voz baixinha e fina disse. Quase não pude escutar, mas fui capaz pelo fato de que ela está sentada atrás de mim. Com seus longos cabelos castanhos, os quais pareciam ser sua cor natural, e uma pele consideravelmente pálida. Sorriu, exibindo seus pequenos dentes. ― Meu nome é Jennie. Você está sem dupla, não é?

― Sim. Eu me chamo Rose. ― Retribuo seu sorriso. Ela parecia querer se aproximar, mas era tímida. Bem, por mais que eu seja acanhada, tento ao máximo falar em público e fazer novas amizades. Se eu realmente seguir minha carreira dos sonhos, preciso não ser introvertida. ― Você também está sem dupla? ― Ela balança a cabeça.

― Quer fazer junto comigo? ― Ela sugere e eu aceito, afinal, era uma chance de eu não ficar sem nota e tentar fazer alguma amiga. A morena levou uma mecha para trás de sua orelha, abrindo seu caderno enfeitado por estrelas douradas, as quais se destacavam no fundo verde água. ― Enquanto a professora estava explicando a matéria, anotei algumas coisas aqui. Talvez nos ajude.

― Certo. Podemos iniciar quando? ― Indago, virando-me para trás.

― O bom seria começar desde agora, né? Mas assim... encontrarmos à tarde pode ser meio complicado, não sei. Podemos trocar nossos números e assim vamos trocando ideias. ― Sugeriu, mais uma vez. Se ela usasse óculos de grau seria a nerd ideal. Não que isso seja um problema, ou até mesmo o padrão, mas é que tenho pouco ânimo para ser a garota estudiosa que eu era antes de me mudar.

― Acho que podemos fazer na minha casa hoje. Não sei se será possível, mas posso ver e te passo uma mensagem. Que tal? ― Desde que começamos a conversar, eu sugiro de nos encontrarmos na mansão dos Jeon’s. Eu não sabia se podia chamá-la de casa, mas eu moro lá já tem alguns dias, e daqui a pouco irá fazer uma semana... acho que posso me sentir em casa lá, mesmo sabendo que meu lar é em Busan.

― Ótimo. ― Jennie passou uma folha, exibindo uma novinha, a qual não havia nenhuma anotação sequer. Pegou sua caneta azul e começou a anotar alguns números, e logo rasgou o pequeno papel, entregando a mim. ― Toma. Este é o meu número. Me liga para saber se vamos nos encontrar hoje ou não. Depois te passo as coisas que anotei. Beleza?

― Sim, sim. Nos falamos depois. ― Virei-me para frente, novamente.

O sinal tocou e a Cindy, nossa professora de literatura, caminhou para a porta, abrindo-a para que todos os alunos presentes fossem embora. Era o meu primeiro dia e eu estava mais atrapalhada que o normal. Não sabia os horários, então fui a última a guardar o material e a sair da sala.

Pela minha surpresa, os corredores ainda estão cheios e falantes. A maioria dos estudantes marcam de se encontrar depois da escola... aqui não é muito diferente de Busan. A diferença é que está mais para o lado industrializado do país, afinal, aqui é a capital.

O que meus ouvidos captam sem que eu perceba, na maioria falam sobre como alguns mudaram e sobre se tais professores ― os quais ainda eu sequer conheço ― darão aula para tais turmas. Outros marcam de sair para alguma festa no fim de semana e ninguém comenta sobre o trabalho de literatura. Acho que Jennie e eu somos a exceção.

― Então você fez uma amiga nova, não foi? ― Taehyung brotou ao meu lado, com as mãos no bolso e fitando os próprios sapatos. Não imaginava de ele querer se aproximar, ou tentar fazer amizade. Mas parece ser um cara bacana, não posso desperdiçar a oportunidade.

― Irei fazer o trabalho de literatura com Jennie. ― Comento.

― Com certeza irá tirar uma boa nota, aquela garota é uma gênia. ― Ele responde, passando pelos imensos portões pretos. Nossos cabelos voaram conforme o vento soprou.

Pássaros cortam o céu, atraindo meu olhar para a imensidão coberta de nuvens cinzas. Aperto os dentes e umedeço os lábios assim que percebo meu nervosismo. Cruzo meus braços e fito meus pés, enquanto caminhamos para o estacionamento.

Jimin e Jungkook nos esperam encostados no carro do mimadinho. Pergunto-me se eles irão embora conosco, mas sou respondida assim que se despedem de nós, deixando-nos sozinhos ali. Um silêncio acompanhado de ventos ― os quais aumentaram a intensidade agora ― percorre no abismo que há entre nós.

Jungkook e eu não nos falamos tanto. Meu pensamento percorre todas as vezes que trocamos palavras, e não foram tantas. A maioria das vezes que o vejo, está sempre quieto e com o olhar perdido no meio do nada. Eu diria que ele seria o cara ideal para interpretar os esquisitões de filmes americanos caso não tivesse uma aparência consideravelmente bonita.

― Acho que vai chover hoje. ― Ele comentou assim que colocou os cintos de segurança. Me surpreendo ao vê-lo usar, mas deve ser porque é preciso passar pela saída do estacionamento da escola, e provavelmente ele levaria uma bronca caso não estivesse utilizando.

― Chover? Parece que vai cair o mundo. ― Comento, massageando minhas têmporas. Ele solta um riso soprado, aqueles que duram meio segundo. Mas já é um passo. Pelo menos não continuou sério, com a feição fechada e monótona de sempre.

― Já tem dupla para fazer o trabalho de literatura? ― Perguntou assim que deu partida em seu carro.

― Conheci uma garota, Jennie, que por sinal, também estava sem dupla. ― Respondo, enquanto meus olhos fitavam o céu por meio do vidro coberto pelo insulfilm. Era meio confuso saber se o céu estava tão escuro como mostrava, ou a culpa era do filtro negro como a escuridão, que do lado de fora, pouco era possível enxergar o que havia dentro. ― Você vai fazer com Mina?

― Por quê? Queria que eu fizesse com você?

Meu coração gela e eu procuro por seus olhos agora. Por um momento pensei que estivesse sendo sincero, mas assim que percebo o sorriso debochado que está em seus lábios, saquei que era apenas mais uma de suas brincadeiras de mau gosto. Era impossível ter uma conversa normal com Jungkook.

― Por quê? Quer ganhar nota também? ― Entro em seu joguinho e ele arqueia uma sobrancelha. ― Não precisa fazer papel de babá até na escola, Jungkook. Acho que nas festas já basta.

― O docinho acordou amargo. ― Ele solta um riso divertido, e é como se aquele início de conversa tivesse fazendo bem para nós dois. Para ele... não sei o motivo de sempre estar sério, e quando não está, é porque quer implicar com alguém. E para mim... estou em um lugar completamente novo, sequer conheço alguém. Me sinto um peixinho que foi tirado de seu habitat natural e colocado em um aquário com diversos peixes de diversos lugares, e eu não sei identificar nenhum deles.

― Estava pensando de convidar Jennie para ir fazer o trabalho de literatura lá em casa hoje. Posso? ― Seus olhos procuram pelo meu rosto assim que peço sua permissão. E o olhar que ele me dá é de surpresa, que acompanha os lábios entreabertos.

Por um segundo, penso que se ele me encarar demais, acabará batendo o carro e causar um engarrafamento. Mas ele logo balança a cabeça e volta a dirigir, meio atordoado.

― Não sei, pergunte à minha omma. Até porque hoj... ― O moreno cortou a própria fala e balançou a cabeça repetidas vezes. Não liguei muito. Os garotos de Seul costumam ser estranhos. ― Você mora lá, por que está pedindo autorização a mim?

― Eu moro porque minha mãe paga aluguel, Jungkook. Mas isso não quer dizer que seja a minha casa, até porque você e sua mãe ainda moram lá. ― Explico, esticando os braços e as pernas, enquanto permito que um suspiro escape. ― E é tão forçado esse lance de sermos quase da mesma idade e você ter que tomar conta de mim nos lugares.

― Forçado? Forçado por conta que nossas mães viraram amigas e nos obrigam a andarmos juntos também. ― Ele apoia o outro braço na janela, dirigindo com uma só mão. É uma visão digna de filme. Quase que uma miragem. Céus, o que eu estou pensando? ― Mas sabe, estar acima de alguém e colocar ordens é legal. Não é tão ruim tomar conta de você.

Ah não... me diz que ele não falou isso! É tão chato quando alguém acha que está me controlando ou me moldando conforme suas regras.

― Da próxima vez que sairmos para alguma festa e você tiver que me carregar, eu juro que farei tudo aquilo que disser pra eu não fazer. ― Reviro os olhos, dando ênfase no quão enojada fiquei com sua frase típica de um babaca.

― Você não teria coragem. ― Disse, mirando seus olhos castanhos escuros nos meus. Tenho que travar o maxilar para manter minha postura.

― Farei apenas para te provar que, sim, eu tenho coragem, e para você levar uma bronca da sua querida omma. ― Solto um riso debochado, colocando uma mecha para trás da orelha.

Ele me olha com um sorriso pintado nos lábios, e é boa a sensação de vê-lo assim. Eu realmente não entendo por que ele passa a maior parte do tempo com a cara fechada. Se ele soubesse o quanto lindo é sorrindo... tudo seria diferente. Talvez ele trataria melhor sua mãe e seus amigos, e até arranjaria uma companheira.

Uma voz sussurra em minha mente, induzindo-me a descobrir o que tanto o assombra nas noites em claro. E eu estou quase que a obedecendo, juro. Mas é difícil. Tem vezes que ele aparece ao meu lado sorrindo, e nas outras, parece odiar o fato de que moro em sua casa agora.

― Puxa, Lee, logo você? Achei que era o tipo de garota que segue as regras. ― Ele faz uma feição de desapontado, mas sei que está zoando comigo. E é isso que torna a conversa envolvente e interessante.

Jungkook me chama pelo meu sobrenome, com seu sotaque de Seul. Ah, merda, isso é tão incrível e de trazer borboletas no estômago. Contado com o fato de que eu apenas lanchei na hora do intervalo, talvez possa ser apenas fome, e não as mesmas borboletas que se acendem quando Jimin está por perto.

― Todas suas suposições sobre mim estão erradas, Jungkook. Eu sou muito mais do que sua imaginação fértil.

― Hm, é mesmo? ― Ele gargalha. ― Deixe-me adivinhar... você estuda para ganhar pontos e passar em uma faculdade reconhecida, não gosta de tirar fotos e por isso se priva das redes sociais ― ele andou me stalkeando? ―, odeia que seja tachada e desafiada. Segue regras porque tem medo da punição, e também, pela sua cara ― ele aponta para o meu rosto ― sei que acertei tudo sobre você, mas como não gosta de ser lida tão facilmente, você irá negar.

Droga, eu sou tão desinteressante assim?

― Ah, tudo bem. Talvez você tenha acertado. Mas só um pouquinho!

― Eu disse! ― Ele festeja, levantando um braço e um sorriso largo no rosto. Admirava sua habilidade de comemorar sem perder o foco na pista, a qual estava pouco movimentada. Era um céu acinzentado, coberto de nuvens que anunciava uma chuva pesada. Tudo o que eu queria por longe, mas cinco minutos com ele me fazem esquecer de tudo o que me atormenta. ― E eu? Você é boa em ler?

Ele quer que eu o leia.

Fixo meus olhos nele, e o olhar que recebo é de esperança. Brilham e anseiam por uma resposta. Aposto que em seu pensamento está se perguntando por que tanto olho para ele, mas não digo nada. Estou analisando-o, e é impressionante como podemos ler alguém se pararmos para observá-la.

― Você gosta de estar sozinho, mas se sente sozinho, e essa sensação é horrível. Não gosta de ser julgado e detesta cobranças. Gosta de ser bom em tudo o que faz, e também se exibe por isso. ― Ele levantou o dedo para questionar, e eu o interrompi antes que me cortasse. ― Algo em mim me diz que você anda desanimado ultimamente, mas eu não entendo o porquê.

Ele para de sorrir.

Seus olhos perdem o brilho e o olhar de esperança vai embora também. Me pergunto o que foi que eu falei de errado. Se foi minhas suposições sobre ele, ou especificamente, a última. E o arrependimento de ter falhado bate na porta, e a culpa se apoia em meus ombros. Sempre quando tento me achegar, ele se afasta.

― Você não gosta de falar sobre seus sentimentos. ― Continuo mesmo sabendo que parou de me olhar com aqueles olhos cobertos de expectativas. Pelo menos agora está focado na pista. ― E nem daquilo te machuca, ou machucou.

― Tá, essa brincadeira já foi longe demais. ― Ele levanta a mão, pedindo para que eu pare de falar tudo o que vejo quando olho para ele. Mas seus olhos pedem arrego, eu sinto. Seria loucura demais se eu dissesse que ouço, mas é verdade. Vejo o quão imploram para que eu insista em estar ao seu lado. ― É melhor pararmos por aqui.

― Por que se priva de dizer daquilo que te fez mal?

― Lee, você não precisa fingir que é uma psicóloga para ouvir problemas de um inútil como se importasse comigo. ― Seu tom de voz é sério e grave, quase difícil de acreditar que é a mesma pessoa que gargalhava de rir há minutos atrás. ― Não é só porque mora na minha casa que precisa fingir que se preocupa de verdade comigo, ou se comi.

Sua frase me incomoda, e me faz sentir como se eu tivesse errado em tentar ajudá-lo. Mas é ele quem me afasta quando eu tento me aproximar.

― Você sempre vai para longe quando eu tento me preocupar com você.

― Você tenta. É diferente de fazer porque quer, ou porque gosta. ― Ele suspira pesado, sinto de relance seus ombros soltarem o peso. ― Você força uma preocupação que não é verdade. Tipo, se eu desmaiar agora, você não iria se importar.

― Isso não é verdade. ― Respondo, olhando-o com os olhos arregalados por ter usado um exemplo meio pesado. Eu sempre tive medo com esses lances de saúde. Não gosto de fazer suposições, nem usar nomes como exemplos. ― Se eu quero me preocupar com você agora, é porque eu me pergunto às vezes quando te olho: será que ele está bem? Porque está tão quieto, ou, por que está com a feição séria? Ele não comeu ontem, melhor eu oferecer alguma coisa. Ele está com o rosto triste... talvez eu possa tentar fazê-lo sorrir.

O que deveria ser um olhar acolhedor, ou de “obrigado por querer cuidar de mim”, ele me olha com pena. Umedece o par de lábios e me fita por um longo tempo antes de entrarmos no estacionamento que havia em frente à mansão dos Jeon’s. Seu cenho está levemente franzido, e os traços exibem uma preocupação. Ele não deveria se preocupar comigo quando quem está se priva dos cuidados é ele.

― Só não faz isso, tá legal? ― Ele diz, por fim, destravando as portas.

Eu balanço a cabeça de leve, mas eu queria era perguntar por que ele se priva de coisas tão boas. Porque, de verdade, não sei quais são as melhores coisas da vida, mas receber cuidados de alguém deve ser uma delas. Ele entra com o carro depressa, mas demora para sair. Não encaro muito, senão vai dar na cara que é ele quem está ocupando meu pensamento com milhões de perguntas agora.

Caminho em passos nem um pouco apressados em direção à entrada, mas meu destino final é no escritório da sra. Jeon, a qual preciso da autorização para convidar Jennie durante a tarde. Acho que não atrapalharíamos muito, já que nem nos conhecemos e já estamos no último ano, somos garotas educadas, não iremos sair correndo pela casa com um lápis de cor na mão, rabiscando todas as paredes.

A decoração antiga do corredor me causa calafrios. Pergunto-me de quantas gerações essa casa já fora passada. Nunca estudei muito sobre as famílias bem-sucedidas, já que me faria procrastinar por diversos dias, indagando-me por que eu não tive tanta sorte na vida comparada com a de outros. Alguns quadros são pintados com cores frias... marrom, cinza, branco encardido, azul. Mas é denso, a pintura não carrega um significado bom. Acredito que cada arte há um significado por trás, e estas claramente não trazem uma boa notícia.

Há porta-retratos, mas não me concentro muito assim que vejo a porta do escritório ser aberta. Revelou a imagem de uma mulher da minha altura, com um terninho social branco e pequenos saltos preto nos pés. É a sra. Jeon, quase não a reconheço, já que nunca a vi arrumada. Mas só a identifico quando seu olhar cruza com o meu e ela me abre um sorriso largo, convidativo.

― E aí, como foi o primeiro dia de aula? ― Ela pergunta, desligando a tela de seu celular. Pressuponho que irá sair agora, ou para alguma reunião importante, pela sua veste.

― Foi legal... fiz amigos, e já tenho um trabalho de literatura para fazer. ― Solto um riso soprado, mas soa mais para o lado triste. Não sei se estou preparada para enfrentar o último bimestre. Dizem que tudo agora se torna corrido, e acho que já estou começando a concordar. ― Foi bom eu ter ido à festa no sábado. Pelo menos tive a chance de conhecer um pouco do pessoal lá, já que maioria estudavam na mesma escola.

― Eu sei, querida. ― Ela pegou minha mãe e a escondeu embaixo de suas duas palmas. ― Eu sempre tenho os melhores conselhos. ― Gargalhou. Ela é simpática, e parece ser carente de uma figura feminina na família. ― E como é o trabalho que você tem que fazer?

― Ah, em falar nisso... Cindy, a nossa professora de literatura, passou o trabalho em dupla, e eu fiquei de fazer com Jennie. Queria perguntar a senhora se eu poderia convidá-la.

― Mas é claro! Por que não? ― Seu cenho se franze por alguns minutos, mas sua expressão é de surpresa. O rosto dela me lembra ao de Jungkook quando eu fiz a mesma pergunta. ― Você mora aqui, também é sua casa.

― Oh, sra. Jeon... obrigada. Mas, sabe como é, né? Eu moro aqui porque minha mãe paga aluguel, mas isso não significa que eu não devo seguir ordens ou perguntar. ― Solto um sorriso tímido, mas ela concorda.

― Certo! Fico feliz de saber que posso dividir a casa com uma garota tão madura como você. Pois saiba, se tiver dúvidas, não hesite em me perguntar.

Concordo e logo nos despedimos. Quando chego em meu quarto, jogo a mochila ao pé da cama e me jogo nela. O sentimento que me consome é a vontade de me afundar nessa imensidão macia e com cheirinho de lavado. O cheiro é bem diferente das minhas antigas peças de cama que possuía antes. Provavelmente usam produtos diferentes.

Ainda não desfiz todas as caixas, mas quem levou a culpa foi a preguiça que me possuiu de uma forma imensa. Só tirei as coisas mais importantes, e a maioria das minhas lembranças e melhores memórias ainda estão empacotadas. Sei que se eu tocar nelas, irei desabar em lágrimas tomadas pela saudade.

Puxo o celular do bolso que ficava dentro do paletó azul marinho e abro o aplicativo de mensagens. Em um golpe rápido antes de ir embora da sala, tive a chance de ― segundos ― adicionar o número de Jennie. Sua foto de perfil é em tons de cinza, provavelmente utilizou algum filtro do polarr.

Ela exibe seu cachorrinho de pelagem marrom. Ela o abraça firmemente, enquanto no fundo há um céu nublado ― o que me fez lembrar de irá cair o mundo, mais tarde ― mesmo estando na praia e trajando uma saída de praia. Seus pés se agarram na areia e, ao notar seus cabelos voando, pressuponho que ventou na hora em que a foto fora tirada.

Seus olhos negros fazem uma perfeita sincronia com a cor de seus cabelos espalhados no ar. Me pergunto como que as pessoas fantasiam nerds como pessoas feias e sem graças. Se dizem que Jennie é nerd, então eu não sei o que é ser bonita.

Meus dedos clicam em seu contato e eu digito:

“oi, tudo bem?

 É a Rose, a garota que ficou de fazer o trabalho de literatura com você”

Não demorou muito para que eu recebesse sua resposta.

“oi, tô bem e você?

Ah, sim. E aí, vai dar pra gente fazer o trabalho hoje?”

“sim, sim

Pode ser lá pelas quatro da tarde?

Acho que a gente não vai demorar muito, né?”

“beleza

Me passa o endereço que chego aí às 16h”

Não hesitei em digitar o endereço, o qual já havia decorado. Ruas, números... minha memória tem sido bem útil ultimamente. Não vejo a hora de concluir o trabalho e ficar livre de responsabilidades.


Notas Finais


comentem o que estão achando desses dois aí...
me digam suas teorias
quero conversar com vocês!!


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