História Despertando Sentidos - Paixão?

Mesmo após dias tentando e treinando, eu ainda não conseguia voar. Eu treinava sempre no começo da manhã para que ninguém me visse passar essa vergonha.

- Droga, Samantha! De que adianta ter asas se você não consegue passar de alguns centímetros do chão?! - eu falava sozinha, me sentia inútil.

Alice via meus frequentes fracassos, queria ajudar mas não sabia como. Por fim, ela me mandou pra casa, para "relaxar". Eu ainda não tinha voltado, o tempo havia parado pra mim.

Eu pensava: como vou andar por aí com essas enormes asas sem que ninguém perceba? Alice disse que, por os humanos serem uma raça não mágica desde sua criação, as habilidades aparentes (como minhas asas) seriam invisíveis aos seus olhos, menos aos dos que são Motuhakes como eu.

Quando cheguei em casa, tratei logo de fazer uma mala com todas as minhas roupas e pertences queridos para levar da próxima vez que fosse para a mansão. Assim que acabei de arrumar a mesma, deixei perto da porta de saída para facilitar.

Deitei na minha cama com dificuldade, afinal ela já não era mais adequada pra mim. Ouvi o telefone tocar e, quando atendi, era minha mãe.

Ela queria saber como eu estava com tudo o que estava acontecendo: meus amigos indo pra longe. Menti dizendo que estava bem e que ela não precisava se preocupar comigo. Mesmo longe, ela se preocupava e me amava, assim como eu amava ela.

Logan já deveria ter ido para sua nova cidade a esta hora. Liguei para Cristine,  porém caiu na caixa de mensagens, só me restava uma pessoa: Dante. Eu queria alguém para ficar comigo um pouco antes de voltar, mas tinha que ser ele? 

Eu o amava, assim como amava Logan e Cristine, mas talvez fosse de um modo diferente do jeito que amava eles. Temos uma relação um pouco mais íntima, sim, mas eu sempre tive vergonha de "me declarar", por assim dizer. Sinto isso desde que nos conhecemos, mas só Cristine sabia e planejo que continue assim.

Ligo para ele, que atende na mesma hora:

- Sam! - diz com sua voz um pouco rouca, parece que estava dormindo - Tudo bem?

- Sim... Eu te acordei? - pergunto receosa.

- Sim, mas tudo bem, afinal é você e eu nunca te ignoraria. - quando ele diz isso, um frio sobe pela minha barriga - O que houve? Raramente você me liga.

Me senti meio culpada por isso, mas pedi que ele viesse à minha casa, queria a companhia dele. Dante aceitou meu pedido na hora e veio, como ele não morava muito longe era fácil chegar andando.

Logo a campainha tocou e era ele. Seus cabelos negros estavam bagunçados e pareciam um pouco úmidos; seu rosto afirmava que ele não tinha dormido nada nos últimos dias, o que fez eu me sentir culpada por acordá-lo. Ele entrou e logo se dirigiu ao sofá, onde se jogou e ligou a televisão, como sempre fazia.

- Não vai ficar aqui comigo? - perguntou ele, fazendo com que eu ficasse um pouco vermelha. 

Quando fui ver, não havia espaço no sofá senão me deitando com ele. O que mais eu poderia fazer? Não queria dizer não mas estava envergonhada, mas ainda assim, o fiz.

Logo que deitei, ele me abraçou, me deixando ainda mais vermelha, mas, quando criei coragem para levantar o rosto e olhar pra ele, vi que o mesmo tinha dormido e me permiti dormir também.

Acordei com algo passeando por minha cabeça, quando abri os olhos ele estava me olhando e fazendo cafuné e, com a surpresa, acabei caindo do sofá.

Ele gargalhou alto e, entre os risos, perguntava se eu estava bem ou precisava de ajuda. Ele era uma criança no corpo de um adolescente de 17 anos. 

Eu tinha que voltar para a mansão, então agradeci por ele ter passado a noite comigo e ele disse que sempre que eu precisasse ele estaria aqui por mim. Porém, antes de ele ir embora, ele disse algo que me surpreendeu.

- Quase esqueci de te dizer: Belas asas, Samantha. - eu entrei em choque e ele saiu sorrindo, sem que eu pudesse dizer nada.