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História Destinada - Epílogo.


Escrita por: SrtaDesaparecida

Notas do Autor


Veja quem apareceu com um epílogo depois de uma vida?
Esse capítulo é para comemorar os mais de mil favoritos e o aniver da senhorita @rosada_cherry.
Sério, eu estou tão feliz por Destinada ter conquistado tantas pessoas, que eu poderia chorar. Muito obrigada de verdade e esse capítulo fecha finalmente aquele finalzinho aberto rsrsrsrsrsrs Não podia ter trazido em um momento melhor.
Espero que gostem, e possam desculpar os erros que tenham passado.
Um dia reviso com mais calma.
Este é o link da playlist pra quem gosta de ler com música, como eu: https://open.spotify.com/playlist/48WRIFCktIWl8cW7jZ3kFg?si=NSEGupBMRpKpowzCxrWqDg
A música do capítulo é Love Me Like You Do da Ellie Goulding.
Então é isso, boa leitura e feliz aniversário amiga!
xoxoxoxoxoxoxo

Capítulo 11 - Epílogo.


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Meses mais tarde…

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Primeiro, eu acredito que o ônibus está atrasado.

Mudando o peso de um pé para o outro, eu me mantenho perto do banco de cimento, aguardando ao lado de mais algumas pessoas em pé, ouvindo casualmente o burburinho impaciente à minha volta. O sol já se pôs há algum tempo ou é apenas a grossa camada de nuvens escuras, prenunciando chuva, que o empurrou para longe.

Depois, sustento-me na esperança de que o grande veículo verde irá se materializar na esquina. Talvez seja a qualquer momento. Somente para descobrir que ele está quebrado e que outro não virá. É claro que não. Eles nunca vêm. A empresa deve estar falida a essa altura. Eu suspiro, pesadamente, indo da frustração à raiva rapidamente.

Encaro os céus da cidade, fazendo uma prece mental para, pelo menos, conseguir andar metade do caminho antes do mundo desmanchar em água. A última coisa que eu quero é andar na chuva, mas não é como se eu tivesse escolha, realmente. Pelo que eu me lembre, Tsunade está fora da cidade em uma conferência, e Ino a acompanhou. Segundo ela, para fazer compras. O simples pensamento de passar horas e horas andando de loja em loja, mudando e trocando de roupas e sapatos, faz-me estremecer. Eu jamais deixaria de assistir a última semana de aula para me sujeitar a essa provação.

Ino faz de minha vida difícil quando resolve me embonecar, como se eu fosse dada a vaidade sem limites dela. Isso é algo que não vai mudar, embora eu tenha resgatado muito de minha antiga personalidade. É um contraste que eu aprendi a lidar a duras penas, nos últimos meses.

Elas não estarão em casa até a próxima semana, o que ainda me sobra alguns dias sozinha. Arrumo a mochila sobre o ombro direito e me coloco para casa.

Após os eventos desastrosos com Gaara, voltamos gradualmente ao que éramos antes de tudo explodir, transformando-se naquela bola de neve um pouco antes de sermos arrastados pelas eventualidades cruéis do destino. Mas a verdade, a que todos negamos, é que depois da tempestade fria sempre vem a tranquilidade reconfortante da calmaria. Entrar em um consenso era tudo o que precisávamos para acertar os pontos em abertos. Guardar mágoas e nutrir rancores internos não nos levaria a lugar algum. Não, positivamente.

É claro que ainda há aquele peso, a dor, as lembranças obscuras não se vão fáceis, embora estejam amortecidas pela promessa quente dos muitos dias felizes que virão. Eu sei que é preciso muito mais tempo para chegarmos a remota possibilidade de coexistir sem ser em função do que aconteceu antes. Séculos de ódio não são apagados em um par de horas, um par de dias ou um par de meses. Paciência e resignação são a chave para alcançar algum entendimento e isso se reflete em como as coisas vêm se assentando desde então, fluindo suavemente como um rio.

Perdemos muito e tudo ao mesmo tempo, isso é um fato; no entanto, o que mais se sobressaiu foi o amor que sentimos umas pelas outras. Ino e Tsunade sempre foram tudo para mim. Ino Yamanaka é minha irmã de alma. Tsunade mentiu, mas me cuidou como uma filha. Entendo agora que ela quis me proteger. Ela agiu com a bondade de seu coração, deu-me uma chance, e fizemos as pazes com isso também. Nos dias que se seguiram, a presença de Ino se tornou uma constante, ganhando ares de normalidade e ela realmente parecia seu velho eu. Isso me deixou feliz e esperançosa de que ficaríamos bem, depois de tudo.

Dobro uma esquina, esperando pacientemente alguns carros passarem para atravessar a rua sobre a faixa de pedestres. Há uma ligeira movimentação. É dezembro. Festas de final de ano chegando, a ansiedade pairando no ar, enquanto as pessoas assumem o espírito natalino e se organizam para começar os festejos. As lojas estão ornamentadas e coloridas, verde, vermelho e branco, com suas luzinhas apagando e acendendo freneticamente na entrada, árvores-de-natal montadas e à espera de presentes sob a sua sombra.

Manobrando meus pensamentos desviantes de volta, eu penso em Gaara. Ele teve as memórias apagadas e novas impostas, assim como os poucos remanescentes do clã de lobisomens, que se renderam em meio à luta. Não que eu tenha aprovado isso, sei bem o quão esmagadora é a sensação de vazio, de acreditar em algo implantado, mas foi a única solução encontrada em um momento de caos. Gaara jamais esqueceria a vingança pelos meios normais, e eu jamais iria permitir que Sasuke pegasse a vida dele. Agora, o lobisomem está em Suna. Naruto e Hinata estão de olho nele, além, é claro, de Itachi Uchiha manter residência na cidade.

Pelo que soube, Gaara tem um novo pacote de lobos. Ele é um alfa, afinal, é de sua natureza essa busca por uma alcateia. Acredito que Ino esteja positivamente disposta a retomar sua relação em algum momento do futuro. Não tocamos muito nesse assunto, mas suspeito que, quando essa temporada acabar, ela se junte a ele. Dessa vez, sem pesos ou sombras escuras. Eles podem finalmente alcançar a felicidade.

Uma gota atinge o meu rosto, e outra e mais outra e mais outra. É questão de segundos para eu estar encharcada, correndo em meio à torrente de água gélida. Ai meu Deus! O uniforme gruda ao meu corpo. Afasto alguns fios róseos e curtos do meu rosto. Meu cabelo está na altura do queixo e nunca pensei que fosse gostar tanto dele assim. Eu paro repentinamente de correr, um arrepio a cobrir a minha espinha, bem longe de ser relacionado ao jato de água fria a me banhar. A estranha inquietação rasteja sob meus ossos e eu engulo em seco, meu coração a disparar em suas batidas, injetando sangue quente em minhas veias e a pulsação alta a soar em meus ouvidos.

Eu percebo, tardiamente, que as ruas esvaziaram-se, os sons da cidade silenciaram-se, exceto pelo som da chuva, até a iluminação parece vacilar. Minhas pernas permanecem naquele estado de congelamento e eu sinto o impulso incontrolável de olhar sobre o ombro. As lentes são um bom substituto dos óculos em momentos como esse. Elas não embaçam.

É fácil enxergar alguém parado lá, aparentemente, nem um pouco incomodado em se expor à chuva. As mãos estão casualmente enfiadas na jaqueta preta, que se assemelha ao couro. Não é realmente uma surpresa encontrar o estranho olhando em direção a mim, nem de longe é, um estranho muito familiar por sinal. Minha garganta seca e eu esqueço de respirar, acho que podia esquecer do meu próprio nome se alguém me perguntasse agora.

Como poderia?

É engraçado pensar na familiaridade dessa cena, algum tempo depois, ainda assim cada pequena coisa sendo repetida como uma espécie de déjà-vu. Minhas pernas finalmente colaboram e eu estou prestes a girar em minhas botas quando um trovão ribomba alto, assustando-me, como o esperado. Olho para os céus em tons de violeta, iluminados pelo relâmpago, antes de encarar novamente a mesma direção. Não há ninguém. 

O sorriso começa lento e dança em meus lábios, bem como os sentimentos a valsar em meu peito. Alívio. Saudade. Amor. Muito amor. Eu espero ansiosamente ele aparecer na minha frente, mas esse é Sasuke Uchiha, então é somente quando desisto e viro para começar a andar, lutando contra o desapontamento e a leve apreensão de ter simplesmente projetado sua imagem, que eu me vejo batendo contra os planos duros de seu corpo. 

É ele.

Ele e seu cheiro amadeirado a me engolfarem. Ele e sua presença marcante a me consumirem. Ele e os efeitos avassaladores a me assaltarem ao menor sinal de sua aproximação. Ele, depois de tanto tempo.

— Eu a tenho! — As mãos familiares estão em meus braços desprotegidos, aparando-me, mantendo-me perto, tão perto que meu nariz está aspirando seu cheiro através do tecido de sua jaqueta molhada.

Fecho os olhos, em aprovação. Ele é mais alto e seu corpo cobre o meu enquanto seu toque envia ondas poderosas de energia através do meu sistema, fazendo-me fraca das pernas, trêmula, com sua força a tomar proporções gigantescas em meu corpo. Eu me afasto depois do que parece minutos para poder olhá-lo nos olhos. Ele permite, é claro, dentro de suas próprias condições. Ele não me deixa ir mais que alguns centímetros.

Quando finalmente projeto meus olhos para cima, sou recebida por incríveis olhos cor de ônix, encarando-me de volta, ternos e calorosos. As franjas negras molhadas estão grudadas em seu rosto pálido e de traços esculpidos pelos deuses. Ele está tão lindo como sempre esteve, uma beleza congelada eternamente, que não irá mudar ou se desfazer com o tempo, e que me pergunto quando vai parar de me despertar esse efeito de deslumbramento. 

Quando meu coração vai parar de reagir a ele como louco?

Talvez seja a saudade e as peças pregadas por ela. Mas não importa quanto tempo passe. Quem eu sou ou o que eu era antes. Uma bruxa ou apenas uma garota do ensino médio, humana e, agora, consciente do mundo sobrenatural e as diferentes espécies a caminhar sobre esta terra.

— Sasuke — meu sussurro é sob a respiração trêmula e recém-liberta, meu estômago a dar cambalhotas olímpicas, e meu coração… bem, ele não para nunca de reagir a ele, alucinado e irrevogavelmente apaixonado.

— Olá, mon âme — as mãos dele pousam no meu rosto e ele o segura como se segurasse algo precioso, de valor inestimável, e essa percepção somente contribui para a avalanche de sensações aterradoras, que ele me desperta e que me rouba o fôlego, enquanto eu me inclino em seu toque gélido. Eu quase posso cantarolar de contentamento. — Faz um longo tempo.

— Sim — eu concordo, — q-quatro ou cinco meses… — Eu contei cada segundo, cada minuto de sua ausência fria e eu quero enchê-lo de perguntas, saber onde esteve todo esse tempo, por que não voltou antes. Sasuke saiu da cidade dois dias depois dos eventos com Gaara. Obito e ele precisavam se certificarem de manter a adaga em segurança, reforçar os feitiços para proteger a única arma capaz de matar vampiros tão antigos quanto.

Eu ainda mantenho a sua elegante carta, cuidadosamente dobrada em uma de minhas gavetas, não um texto ou uma mensagem no celular, mas uma carta! A letra cursiva, limpa e elegante. É um meio ultrapassado de comunicação, acredito que ninguém mais use hoje em dia, mas tão romântico e tão ele, que me fez rir em meio às lágrimas de tristeza. Eu não o via desde que deixamos o descampado. Suspeito que tenha sido uma maneira de lidar com nossa separação, sem ultrapassar o espaço que pedi, sem impor sua presença.

Sentia-me miserável por ele estar saindo e porque me sentia uma bagunça emocional. Eu não queria que ele fosse embora, apesar de ter pedido um tempo para sarar as feridas, curar as mágoas e todo o conflito desenterrado por Gaara. As memórias de uma vida passada, que eu jamais teria de volta. Eu queria distância, mas, ao mesmo tempo, eu o queria perto. Senti-me doente e à deriva sem ele.

Retomar a rotina de ir para o Instituto sozinha, sentar sozinha na hora do almoço, assistir às aulas e até dormir sozinha foi uma pequena tortura. Eu ainda era uma alma velha no corpo de uma adolescente, com compromissos acadêmicos. O que não se aplicava a Sasuke. Ele não  precisava frequentar o ensino médio. Ele era mais velho do que qualquer pessoa que eu conhecesse no Instituto, mais velho que qualquer pessoa que conheça no mundo além de seus irmãos. Ele definitivamente tem história para repassar para as próximas gerações de professores e as que vieram depois e depois e depois dessa.

— Eu tenho a impressão de que faz uma vida. O tempo é uma cadela sangrenta quando não estou perto de você. Ele simplesmente não anda. Nada parece funcionar. Minha existência perde todo o sentido quando tudo o que sou e respiro é você, Sakura. Todo dia e a todo momento. Não penso, não trabalho, não me alimento, não existo sem você. — Ele despeja sobre mim, a sinceridade desprotegida de suas palavras perfurando meu peito e se instalando em meu coração, criando raízes e fortalecendo as que ele já tinha plantado.

— Eu… Eu sei — eu sou apenas emoção e é quase impossível recuperar a minha voz e alcançar as partes desconexas de meus pensamentos para formular tudo o quero dizer a ele. É realmente um esforço me concentrar em algo que não seja esse vampiro. Absorver o mais profundo de seu ser. Fecho os olhos ligeiramente e respiro o seu cheiro. A saudade é esmagadora e eu quero chorar, quero sorrir e agradecer por ele estar de volta para mim. — Porque é exatamente como eu me sinto. Você significa o meu mundo e tudo o que eu sou começa e termina com você, Sasuke. Sempre!

Seu aperto aumenta e ele me puxa novamente, colando nossos corpos molhados. Ele se inclina até que estamos respirando o mesmo ar úmido, nossas testas grudadas, narizes a se tocarem, a chuva a se despejar em nossos corpos, lavando tudo pelo caminho. Não é um incômodo, não quando estamos assim, e ela praticamente é mantida em segundo, terceiro, quarto plano. Eu estremeço em antecipação, a euforia a correr pelas minhas veias, e eu simplesmente não quero lutar mais contra isso. Já se provou infrutífero e ineficaz. Ficar longe dele machuca. Muito. Eu estou pronta para um novo começo. Nosso recomeço. Sem intrigas. Rivalidades. Sem lados opostos na guerra.

Os olhos dele estão sobre os meus lábios agora, encarando-os com uma intensidade desconcertante, e meu corpo é tomado por essa vontade desesperadora de beijá-lo com abandono imprudente. Céus! Eu mal posso suportar essa saudade louca. Tê-lo assim tão perto é uma pequena tortura e eu sempre levo algum tempo para me recuperar do efeito. É claro que ele não vai cruzar essa linha, por mais que esteja tão desesperado quanto eu. Ele não vai dar mais nenhum passo adiante sem o meu consentimento, sem a minha aceitação. Diz muito sobre ele e sua disposição em me fazer feliz.

— Eu quero te beijar mais que tudo — ele confessa e eu engulo em seco, assentindo lentamente, confirmando e deixando ele saber que seu desejo é mútuo, ao balançar a cabeça sutilmente. O que minha boca não diz… Seus lábios se curvam em um sorriso de deixar pernas bambas, as minhas pernas bambas, aquele sorriso de covinhas de marca. É de tirar o fôlego, realmente.

Então a boca dele está desabando sobre a minha. Bem ali. No meio de uma calçada, onde dificilmente teríamos plateia com uma chuva torrencial e o estranho silêncio a se abater sobre a cidade. Sasuke tem fome. Eu tenho fome. Ele tem pressa. Eu tenho mais pressa ainda. É como se fosse há vida que não nos vemos, nos tocamos, e nos sentimos na obrigação de recuperar cada minuto, cada segundo perdido.

Por mais que tudo ainda esteja caminhando, e por mais que ainda estivesse abalada, Sasuke é parte de tudo. Ele é o ar que eu respiro, o sangue a correr sob a minha pele, os nutrientes que eu preciso para sobreviver. Meu mundo começa e termina com ele. Sempre. E já perdemos tanto pelo caminho.

Você é a luz, você é a noite. Você é a cor do meu sangue. Você é a cura, você é a dor. Você é a única coisa que quero tocar.

As mãos dele estão ansiosamente em todas as partes, deslizando pelas minhas costas, escorregando em meus braços, desenhando as formas dos meus quadris, amassando meu bumbum. Voltando e repetindo todo o trajeto, como se quisesse gravar ou imprimir em minha pele. Sasuke é áspero ou gentil, ele não consegue se decidir, até que ele finalmente agarra a minha cintura, passando os braços pelas minhas costas, praticamente esmagando minha estrutura humana contra seu corpo indestrutível. Eu gemo em sua boca enquanto os meus braços seguem para enlaçar o pescoço dele.

Seu desejo empurra contra as restrições das camadas de tecido e meus dedos se enrolam aos fios suaves de sua nuca, beijando-o com a mesma necessidade imposta a mim. Eu tenho certeza que, quem quer que nos assista agora, não sabe onde um corpo começa e o outro termina. Talvez baixasse a cabeça, corando em vários tons de vermelho, com tamanha e despudorada demonstração de afeto.

Não que estejamos nos importando também. É certo estar assim. É onde eu pertenço, afinal. O lugar onde eu ansiava e anseio voltar e voltar e voltar e me sentir segura. Sim. Sim. Sim. Mil vezes sim!

Você é o medo, eu não ligo, porque nunca estive tão fora de mim. Me siga até a escuridão. Me deixe te levar além dos satélites. Você pode ver o mundo que você trouxe para a vida, para a vida.

Meus pulmões cobram o preço pela negligência e eu afasto a minha boca para respirar. Sasuke corre o nariz pela a minha pele quente, sem me soltar nem por um segundo, aproveitando para beliscar minha mandíbula, ombro e pescoço, demorando-se em minha pulsação, as presas arranhando sensualmente minha carne, mandando arrepios por todas as minhas terminações nervosas. Minha cabeça pende para o lado para garantir acesso total à ele.

— Você cheira tão bem… — a respiração fria é uniforme enquanto sou apenas ofegos e suspiros, agarrada a ele como uma videira, entregue e cativa. — Eu estava enlouquecendo sem você. — Ela chupa mais forte minha pulsação, os dedos dos meus pés se curvando aos pequenos choques de prazer. — E não sabe o quanto eu ansiei estar assim, tendo-a para mim e somente para mim.

— Sasuke… — eu imploro, sem saber o quê exatamente, meu corpo chorando por mais e mais atenção, as roupas começando a incomodar e bem longe de ser pelo peso da água da chuva.

Eu sinto o mundo girar à minha volta, as borboletas fazendo sua festa particular em meu estômago, a sensação quente de felicidade e desejo a se assemelhar a uma doce dependência. Sasuke é como uma droga a qual estou viciada, queimando e em chamas para ter dela cada vez mais.

— Venha para casa comigo, mon âme — ele pede, a voz em uma cadência rouca, desejosa, fazendo sua necessidade refletir em minha própria necessidade, porque ainda não é suficiente. Quando foi a última vez que tivemos um momento como esse? Onde esquecemos o mundo, tudo e todos?

Pensar com clareza é uma tarefa além de minha capacidade.

— Eu acho que… — eu paro, um instante de incertezas me corroendo. Eu realmente quero isso, apesar de uma pequena parte acreditar que devemos caminhar primeiro para depois correr. Talvez estivéssemos nos apressando. Talvez, não. São tantos talvez, que eu ignoro, é claro.

— Tem a minha palavra de que não irei cruzar nenhuma linha do aceitável. Eu só… Porra! Só… quero passar um tempo com você, ficar com você, sentir você em minha pele. Amar você. Faz tanto tempo. Tanto tempo. Estou enlouquecendo! 

Então me ame como você ama, me ame, como você ama. Me toque como você toca, me toque como você toca. O que está esperando?

Ele volta a roubar os meus lábios e eu cedo completamente a ele e a esse desejo, que arde em meu sistema, como fogo a queimar em palha seca. Seu aperto aumenta e depois que ele me cobre com seu corpo poderoso, as coisas são um borrão. Mas não me importa porque tudo o que quero agora é ele e eu seria uma idiota se não o agarrasse com as duas mãos.

Aparecendo, desaparecendo àbeira do paraíso. Cada pedaço da sua pele é um Santo Graal que tenho que encontrar.

— Eu senti tanto, tanto, a sua falta — eu digo entre um beijo e outro, entre uma peça e outra de roupa molhada a cair e encharcar o piso polido de seu quarto, ou o que eu acredito ser o quarto dele na mansão de pedras. Há uma lareira a crepitar em alguma parte, as chamas bruxuleantes a iluminar e aquecer o comôdo.

— Meu corpo dói e clama por você, mon âme, por sua pele, por seu toque, por seu corpo precioso.

Só você pode incendiar meu coração. Sim, vou te deixar determinar o ritmo, porque não estou pensando direito. Minha cabeça está girando, não consigo mais ver com clareza.

 

Somos apenas instinto, luxúria, amor e devoção. Suspiros. Mãos e dedos pecaminosos a deslizar em pele nua. Toques e carícias sensuais em lugares íntimos. Pele contra pele. Gelo contra fogo. Fome contra a saciedade. Eu gemo na boca dele ao me ver pressionada contra uma parede. Minhas pernas são erguidas e enroladas com força em seus quadris estreitos, apertando-os, enquanto seu corpo nu esfrega-se contra o meu, a crescente rigidez a provocar minha feminilidade desprotegida antes de deslizar suavemente na carne molhada e entregue à ele.

A fome não o cega para as minhas necessidades e ele é cuidadoso enquanto isso. Apesar de termos feito antes, a experiência ainda é nova para esse corpo, mas a sensação de estar cheia até a borda é bem-vinda.

Meus gemidos ecoam ao longo do quarto, seguidos pelos rosnados a escapar do fundo de seu peito, um som tão animalesco que induz o sangue a correr mais depressa em minhas veias. Nossas silhuetas tremeluzem sob as chamas douradas. Eu estou tonta, não posso ter certeza disso passar algum dia, e me sinto derreter até os ossos quando ele volta a me beijar e beijar e beijar até o esquecimento. Dentes, presas e língua a arrebatar a minha, sujeitando-a furiosamente, chocando-se deliciosamente. Desespero e ganância. 

Vou deixar você determinar o ritmo, porque não estou pensando direito. Minha cabeça está girando, não consigo mais ver com clareza.

As estocadas ganham força e rapidez, aproximando-se da velocidade característica dos vampiros. As mãos dele estão marcando meus quadris, a cabeça a descansar entre meu pescoço e meu ombro. Nossos peitos grudados. Meus mamilos duros de encontro aos planos duros de seu tronco esculpido em gelo. Eu grito, cravando as unhas em seus ombros ao ponto de tirar sangue, combinando com os meus próprios impulsos selvagens, movendo-me com ele.

Oh, deuses!

E nossas bocas estão batendo novamente, embora eu cave desesperadamente em busca de fôlego, meu corpo gritando em êxtase. Ele me puxa para longe da parede, sem parar de se mover dentro de mim. Ele está duro e cresce cada vez mais. 

Me ame como você ama, me ame como você ama. Me ame como você ama, me ame como você ama. Me toque como você toca, me toque como você toca.

Minhas costas são abraçadas pelo colchão macio de sua cama. Eu afundo nos lençóis e travesseiros ao passo que ele se retira e se coloca em movimento. Ele entra e sai. Ele mergulha e emerge de minha carne. Indo e vindo, implacavelmente. É tão bom. As lágrimas escorrem e ele está lambendo cada uma, pegando tudo o que eu posso oferecer.

Não satisfeito, sua boca é guiada para baixo. Ele lambe e provoca os meus seios inchados, chupando os mamilos duros. Ele vai cada vez mais fundo, cada vez mais rápido em sua invasão e eu sinto que vou explodir em mil pedacinhos. Outra e outra vez. Fogos de artifício explodem sob as minhas pálpebras cerradas. A libertação é doce, aguardada e reconfortante. Eu me mantendo segurando os cabelos negros, como a noite mais escura, enquanto tremo e estremeço com a força avassaladora do orgasmo.

— Você é minha, Sakura, tudo de você. Tudo o que você é. Tudo. — Sasuke se perde em sua própria indulgência possessiva, encontrando sua própria libertação. — Sempre. Para sempre!

Me ame como você ama, me ame como você ama (como você ama). Me ame como você ama, me ame como você ama (sim). Me toque como você toca, me toque como você toca.

— Eu ainda não terminei com você, mon âme — ele promete, não muito tempo depois e um segundo antes de me carregar ao estilo nupcial para o banheiro elegante. É claro que eu não ouso pensar o contrário. Esse vampiro é insaciável. Dou risada, meu rosto queimando, o corpo lânguido e preguiçoso pós-coito.

Ele me coloca sobre o mármore das pias duplas e enche a banheira branca oval. Ele tem o olhar aquecido para a minha nudez quando me pega de volta e deposita dentro da água morna. O efeito é imediato, relaxa os meus músculos tensos e rígidos. A água cobre até a altura de meus ombros e Sasuke sobe logo atrás, posicionando-se às minhas costas e me puxando impossivelmente mais perto. Eu sorrio quando a cabeça dele vem para o meu pescoço, após massagear suavemente, aspirando o meu cheiro, o nariz a passear ao longo da pele sensível, a inegável ereção pressionada contra a base de minha coluna. Eu me sinto virar uma poça de gosmenta.

— Como você se sente? — ele sopra e eu sinto uma nova onda de arrepios cobrir o meu corpo.

— Bem — fecho os olhos para aproveitar melhor a sensação de sua língua a traçar círculos em minha pulsação antes de chupar. Ele gosta disso. A mão de dedos longos segue para o botão duro entre as minhas pernas, afastando todas as dobras para ter acesso a parte mais íntima e sensível de meu ser. — Sasuke… Oh! — Ele brinca com o meu clitóris, circulando dois de seus dedos para lá e para cá.

Me ame como você ama, me ame como você ama (como você ama). Me ame como você ama, me ame como você ama (oh). Me toque como você toca, me toque como você toca (ah).

Espirro água sobre o piso quando ele me ajuda a virar para que eu possa estar frente a frente com ele. Ele me traz para o colo, uma perna de cada lado de seus quadris. Fecho os olhos quando posiciono o membro duro em minha entrada pulsante. Oh céus! Deslizo em toda a sua extensão e nem parece que acabamos de fazer sexo. Eu o quero mais que tudo no mundo. E Sasuke, bem, a fome exalada por ele não é conhecedora de limites.

— Isso, mon âme, assim — a voz dele é um comando, mais rouca do que há poucos segundos, o rosto desprotegido, mostrando o prazer puro em me ter montando-o, cavalgando-o sob a água, sob o seu escrutínio. O vampiro me ajuda com os meus movimentos, a boca gulosa a chupar meus seios, presas a beliscar meus mamilos, e então eu ouço o clique agudo. As presas afundam em minha carne enquanto eu grito, dor e prazer a se espalhar, a me lançar às bordas do precipício profundo.

Eu não paro, entretanto.

Subo e desço com as mãos firmes em seus ombros; as dele, em minha cintura, encontrando golpe após golpe. Dando e recebendo. Sasuke se alimentando de mim, longos e ávidos goles, tão forte, tão profundo, tão faminto, enchendo a boca com o fluxo contínuo de sangue. Meu sangue. Seu sangue.

Faíscas de prazer e eletricidade tem a melhor sobre mim. Eu chego ao sétimo céu, gritando, implorando, ascendendo, somente para ser arremessada para baixo e muito além. Sasuke, por sua vez, rosna e geme longamente contra a minha pele enquanto goza profundamente. A força de sua sucção aumentando, conforme o prazer resoluto assume seus atos, e mais que qualquer outra coisa a me assaltar agora, eu me sinto em declínio absoluto.

Ele mantém um aperto de ferro e por um momento assustador, eu penso que ele não vai parar de beber. A luz explode sob os meus olhos.

— S-Sasuke… — eu choramingo, tonta, ofegante e com a visão turva, tentando me desvencilhar. Isso parece despertá-lo, porém.

Ele se afasta relutantemente, lambendo e limpando os últimos vestígios de sangue, fechando a marca furiosa de presas. 

— Mon âme — olhos vermelhos inumanos me encaram, preocupados, pequenos pontinhos pretos no fundo das íris carmesins. Mas o que me assusta, o que me faz arfar e conter um grito de pavor, ao cobrir a boca com as mãos, algo inédito e que nunca vi antes em um vampiro, são as veias grossas, negras e dilatadas em torno de seus olhos.

— S-seus olhos… eles… eles estão... — começo, mas sou interrompida quando ele morde o pulso, sangue a escorrer ao longo de seu braço, e leva à minha boca.

— Aqui, beba, mon âme — ele força o sangue em minha garganta. O gosto é duvidoso, embora eu sinta as forças retornando.

Eu quase posso respirar alívio, notando seu fascínio sombrio ao ter o sangue sugado por mim ao ponto de sua excitação ganhar vida e ele está duro novamente quando sequer havia se retirado de minha carne. Eu afasto o pulso dele, mas Sasuke o pressiona em minha boca até que esteja satisfeito.

Muito tempo depois, eu estou cheia, literalmente, com toda a essência do vampiro a escapar de meus poros. Ele captura os meus lábios sujos de sangue, morde o inferior e o puxa com os dentes, soltando-o com um estalo sensual. As veias desaparecem de seu rosto como se nunca tivessem existido e me pergunto se foi real ou a fraqueza me pregando peças. Minha cabeça descansa em seu ombro enquanto ele retoma mais uma vez o caminho para a felicidade.

— X —

De volta ao quarto, secos e enfiados sob as cobertas quentes, minha cabeça em seu peito e nossas pernas emaranhadas, Sasuke massageia gentilmente o couro cabeludo antes de segurar alguns fios curtos e molhados de meu cabelo. Uhm, isso é bom.

— Você os cortou e está mais róseo — ele diz, suavemente. Não é uma pergunta, é apenas uma observação tardia de algo que passou ou não despercebido antes. — Veste muito bem em você, devo dizer.

Sorrio, lembrando da tarde em que Ino pegou a tesoura de minhas mãos e resolveu ela mesma cortar os fios longos e realçar a cor. Segundo ela, para poupar Tsunade e ela mesma da vergonha alheia. Ela até arrumou minhas sobrancelhas, fez minhas unhas e decidiu explorar meu guarda roupas. Ela ignorou lindamente meus protestos.

— Obrigada — respondo, baixinho, sem mais o que dizer. Os dedos frios deslizam ao longo de minhas costas nuas, traçando um padrão invisível. — Como foi a viagem?

— Acredite, eu preferiria mil vezes ser sujeitado à provação de frequentar aquele antro de humanos decadentes, convenientemente chamado de Instituto, mas sendo agraciado com a sua adorável companhia, do que sair com aquela desculpa patética de irmão. — ele bufa, indignado, e controlo o ímpeto de revirar os olhos para sua presunção não conhecedora de limites.

Sasuke sempre se considerou acima de todos, um tipo de realeza sobrenatural, talvez ele seja a realeza de sua própria espécie. Todavia, essa definitivamente não é uma parte de sua personalidade que me agrade. Embora, ele certamente possa compensá-la com seu carinho desmedido.

— Obito consegue irritar o inferno fora de mim e estou satisfeito dele permanecer a um oceano de distância. Então você supõe que essa viagem se assemelhou a uma mordida na bunda.

— Não seja grosseiro — eu dou um tapinha de brincadeira em seu peito e ele pega a minha mão, rindo, levando aos lábios. Ele morde e beija ternamente.

— Não seja tão puritana. Aquele bastardo é…

— Seu irmão. E vocês se amam e se protegem acima de tudo, vindo ao socorro um do outro ao menor aceno de perigo. — Para o mal ou para o bem, a tese já se provou verdadeira entre os irmãos Uchiha.

— De onde tirou tamanha blasfêmia? — Seu falso ultraje é cômico e se eu não o conhecesse melhor…

— Realmente? — Jogo de volta, erguendo a cabeça para olhá-lo nos olhos. — Você não engana ninguém.

— Acho que você devia comer alguma coisa, isso sim, a fome pode está afetando sua cabeça. — Suspiro, dessa vez rolando os olhos, ouvindo vagamente a chuva cair lá fora. — Tem certeza que está bem?

— Eu estou muito bem, obrigada! E seu sangue pode fazer milagres, você sabe — eu mordo.

— Você está zangada? — Ele cantarola, a risada a encher o quarto novamente e meu peito aquece. — Eu posso ter acidentalmente acertado um nervo?

Como eu posso ficar zangada em meio ao seu bom humor? Como não me contagiar? Eu me inclino e roubo um beijo, inundada por essa aura de felicidade e ele sorri contra a minha boca, retribuindo ao carinho ansiosamente. Como senti falta disso. Dessa familiaridade. Dele em primeiro lugar.

— Eu não, mas acredito que hoje é um daqueles dias em que você escolhe reviver momentos embaraçosos — volto para o meu lugar, esperando que ele entenda ao que me refiro, sendo arrebatada pelas lembranças da primeira vez que nos encontramos nesta vida. Uma adolescente molhada encurralada por um belo e perigoso vampiro, sem sequer sonhar que ele era o seu amor épico de uma vida passada e sobrenatural.

— Para ser sincero, eu escolheria um outro uso de palavras, meu amor — meus se arregalam, o choque fazendo meu coração idiota trovejar de emoção e surpresa.

É a primeira vez que ele me chama de "meu amor". Não devia ter esse efeito quando essa palavra deveria soar como uma variação de "mon âme", não que suas definições sejam as mesmas, são distintas obviamente, mas o peso e o significado poderia ser o mesmo em meu coração. Ainda assim, mexe comigo de uma maneira que faz meus olhos encherem pelas lágrimas não derramadas. Eu sou o amor dele! 

— Pelo que me recordo, esse foi de longe o melhor momento de minha existência infame. Perdendo, é claro, para o dia em que a tomei pela primeira vez, que reivindiquei seu corpo, seu sangue e sua alma. — Meu rosto queima e penso que deve está da cor do manifesto comunista quando eu afundo em seu peito. Escondendo-me dele em seu próprio peito. — Você ainda cora adoravelmente.

— Não é como se eu pudesse evitar.

Ele ri, apertando-me, o silêncio recaindo por alguns instantes. O calor se espalha confortavelmente. Sou eu quem o quebra quando um pequeno incômodo cutuca o meu cérebro.

— O-o que… foi aquilo mais cedo? No banheiro, eu digo.

Sinto-o enrijecer abaixo de mim. Não demora mais que milésimos e ele logo se recompõe.

— Eu perdi o controle e peço desculpas por isso. Não medi minha fome e agi como um animal e me envergonho de tê-la machucado. Não foi minha intenção.

— Estou falando de seus olhos. — Ele não vai conseguir escapar tão fácil. — Como foi que ficaram daquele jeito?

— Não sei do que você está falando. É natural a coloração dos nossos olhos mudarem movida a alguma emoção intensa, mas isso você já sabia.

— Havia veias escuras e dilatadas em seu rosto, Sasuke. Eu vi. Elas eram grossas e diferentes de tudo que eu tenha visto antes.

Luto para me sentar, puxando os lençóis para cobrir os meus seios, a aura descontraída se desvanecendo. Tento buscar algo em suas feições. Uma pequena brecha. O motivo de ele estar mentindo. Seu rosto não entrega nada do que esteja pensando, apenas um brilho sutil nas orbes cor de ônix, que pode ser entendido como uma leve confusão, mas pode ser outra coisa também. Eu odeio essa facilidade dele de camuflar seus sentimentos e se tornar impossível de ler.

— Eu honestamente não sei do que você está falando, o que você acha que viu pode ter sido provocado pela fraqueza, mon âme. Eu peguei muito sangue.

— Eu sei o que eu vi — eu gostaria de ter soado com tanta convicção quanto planejei. Eu não podia ter imaginado, podia? Mas então por qual motivo ele iria mentir ou esconder algo de mim? Depois do que passamos, depois de tudo, Sasuke não arriscaria colocar tudo a perder. Encaro as minhas mãos. Ele não faria isso. — Por que você está...

— Mon âme… — ele se senta e segura o meu queixo com a ponta dos dedos, forçando-me a olhar para ele. Verdes nos ônix. — Quantas vezes mais eu ainda preciso me provar para que possa voltar a confiar em mim?

— Eu… — engulo em seco. Olhar em seus olhos é pedir para perder o rumo. Dizem que os olhos são o espelho da alma, talvez haja uma pequena controvérsia aí, porque olhando para Sasuke, eu diria que são as portas da alma e a vasta imensidão que a abriga.

— O que devo fazer para alcançar alguma redenção? Peça-me e eu o farei — Ele diz, solenemente, a voz aveludada, sem o menor traço de irritação e sem dá margens para qualquer dúvida de que não esteja sendo menos que verdadeiro. Sinto vergonha e culpa por duvidar dele. Eu sou uma idiota.

— Sinto muito, eu não queria... — sacudo a cabeça sob a restrição de seu toque, um bolo em minha garganta. Afastando o lençol, eu pairo sobre ele, sem me constranger com minha nudez. Esse homem já me viu tantas vezes nua, mas que qualquer pessoa, que parece estúpido quaisquer resquícios de vergonha. Minha mãos emolduram seu rosto, as pontas finas de seu cabelo a roçar minha pele. — Eu só fiquei preocupada e então eu fiz você acreditar que não confio em você, que precisa se redimir de alguma maneira. Aceitar seu toque e vir com você para casa foi uma das formas de dizer que superamos isso, que eu confio em você e podemos finalmente seguir em frente. Eu te amo, Sasuke, você sabe e se de alguma maneira eu fiz você pensar o contrário eu…

Ele avança, derrubando-me de costas no colchão, beijando-me de boca aberta e reafirmando possessivamente seu domínio e posse sobre mim e apagando o menor traço de desconfiança.

— X —

— O que você acha de um prato francês? — Sasuke se move pela ilha da cozinha de dar inveja a um chef profissional, a decoração segue a do restante da mansão, mas com toques modernos. As calças de pijama pende de seus quadris, a barriga pálida e esculpida pelos deuses à mostra. 

Ele parece quente e bom. Muito bom. A mesma sorte que eu não tenho, é claro. Eu não duvido de estar a própria visão do inferno. Meus cabelos estão bagunçados e a Henley preta dele é grande demais e cai folgada ao longo do meu corpo, parando na altura dos joelhos. Eu não tenho roupas para vestir e Sasuke se encarregou de arrumar a bagunça feita em seu quarto e desaparecer com as roupas molhadas a estragar o piso. Minha mochila está secando em algum lugar, os cadernos estragados estão agora na lixeira, restando apenas meu celular, carregando lá em cima. Felizmente é a prova d'água, do contrário, ele estaria perdido a muito tempo atrás.

— Sabe, eu me contentaria com um sanduíche apenas. — Eu estou empoleirada em um assento de madeira, alto e que me dá a visão ampla da pintura grega que é esse vampiro. Ele beija o canto da minha boca, correndo na velocidade de vampiro para preparar meu sanduíche e o depositar na minha frente.

Sorrio agradecida, pegando sua careta de desgosto.

— O quê? — Indago, erguendo uma sobrancelha rósea para ele, aproveitando para dar uma mordida generosa no lanche natural. Ele nos serve vinho branco.

— Você prefere essa coisa a um requintado prato francês?

— Não entendo seu ultraje quando lembro perfeitamente que nosso primeiro jantar, ao menos neste século, foi um cheeseburger.

— Eu queria ganhá-la, mon âme, eu seria capaz de ir buscar queijo na lua se isso fosse de seu agrado.

— Eu já estava toda caidinha, caso você tenha convenientemente esquecido. — Mordo novamente o sanduíche, mastigando lentamente, aproveitando ao máximo a explosão de sabores. Ele realmente sabe o que faz. Ele é injustamente bom em tudo o que toca. Tomo um gole do vinho e ele faz o mesmo. — Você poderia ter me colocado pedras para comer, eu certamente não reclamaria e acharia delicioso.

— Não se venda por tão pouco, seja uma humana mais, como posso dizer, exigente.

— Sabe, você supera as expectativas — pisco para ele, o que me faz lembrar muito de minha antiga personalidade, ocupando-me em devorar alegremente meu sanduíche e o vinho. Às vezes as duas se misturam. Eu vou da adolescente tímida, que cora com o vento, a ex-bruxa de 200 anos desinibida. É um contraste e tanto, como agora em que trocamos provocações. Eu posso ser duas em um espaço curto de tempo.

— Você está flertando comigo, mon âme? — Sasuke se inclina sobre o balcão e rouba uma mordida do meu sanduíche, mastigando sensualmente, olhos intensos e com promessas pouco inocentes, somente para me provocar. Ele nem come comida humana. Ainda assim, eu caio em sua armadilha, corando feito a colegial que sou a maior parte do tempo.

— Eu não sei, — em um surto de coragem e autoconfiança, aproximo mais os nossos rostos, desafiando-o. Respiramos o mesmo espaço agora. Hálito de vinho branco. — O que você acha?

Ele sorri, um sorriso puramente predatório, malícia líquida a escorrer das duas piscinas escuras de ônix.

— Que eu vou te foder, aqui e agora, sobre este balcão, até que essa boca esperta perca a voz.

Meu corpo é aceso imediatamente, como uma tocha e minhas entranhas se contorcem em antecipação. Deuses! Eu não podia realmente querer sexo depois de tudo o que fizemos, poderia? Quando ele me alcança, eu chego à óbvia conclusão: Oh, sim, eu realmente poderia.

— X —

Horas mais tarde, eu o levo em minha boca. Estamos de volta ao seu quarto. Deve ser em torno das onze e tanto da noite. Não sei ao certo. E é a primeira vez que eu o toco dessa maneira, que eu retribuo ao seu carinho e cuidado. No início, eu hesito, incerta de como ou por onde começar, onde tocar, com o quê tocar. Mas conforme o minutos vão passando, eu ganho confiança.

Uso minha mão depois minha boca, minha língua, arrisco até os dentes muito suavemente para não machucá-lo. Eu o sinto depois provo. Seu gemido baixo faz a pele do meu pescoço pinicar e enviar uma onda quente de arrepios ao longo do meu corpo. Ele me deixa saber que ele gosta da maneira como estou conduzindo seu prazer.

Eu deixo minha língua correr ao longo de sua extensão, brincar com a ponta rósea e limpa — e ele cheira tão bem aqui também, seu gosto é único e me induz a continuar às ministrações, cantarolando em aprovação — enquanto eu chupo forte a carne rígida. Sasuke empurra para cima os quadris estreitos, encontrando minha boca e combinando nossos impulsos, as mãos enterradas em meus cabelos.

Eu o mergulho na minha boca, uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Eu posso não ser habilidosa tanto quanto ele no que diz respeito ao sexo, mas eu dou o meu melhor para satisfazê-lo, para ser o que ele precise que eu seja. Ele vem chamando o meu nome, olhos trancados, encontrando sua doce libertação a encher minha boca. Eu não tenho certeza sobre o gosto, mas não reclamo também. Quando me volto para Sasuke, ele tem olhos nublados e um sorriso de derreter as geladeiras mais resistentes do mundo.

— X —

Os dias que seguem ganham cores, formas e ares de normalidade pós-tempestade. Eu estou oficialmente de férias, oficialmente livre do Instituto — pessoas mesquinhas e hipócritas — e oficialmente indo para uma universidade em breve. Eu me sinto mais uma vez nos trilhos. Sasuke é uma constante e ele volta a entrar em minha rotina. Dormir juntos é uma delas, na minha casa ou na dele, com direito a minha canção de ninar: All Of Me. 

Tsunade e Ino estão de volta. Sacolas de compras não têm fim na sala de estar e Tsunade me olha condescendente, quando sabiamente adivinha para quem irá sobrar as longas horas em frente ao espelho e uma loura inconformada.

Elas notam meu bom humor, eventualmente, o rosto corado e os olhos brilhantes. Não é preciso mais que um par de segundos para as duas descobrirem a razão de tudo. Sasuke Uchiha, é claro. Quem mais poderia deter a chave do meu coração e felicidade plena? Ino solta algum palavrão, resmungando sobre minhas escolhas duvidosas e que eu devia buscar alguém melhor. É claro que conversarmos muitas e muitas vezes sobre isso. Sua opinião sobre ele não muda, ainda assim, eu noto que ela conseguiu fazer as pazes com o ocorrido de 200 anos atrás. Gaara está vivo e isso é um bálsamo para seu coração calejado.

Tsunade, por outro lado, tem esse olhar materno, vigilante e cuidadoso. Ela é minha mãe de coração e isso não vai mudar nunca. Ela quer o melhor para mim, que eu faça minhas escolhas e viva bem com elas. Ela sabe que eu escolho Sasuke e ela está bem com isso, ao menos por enquanto.

Essa noite, Uchiha vai me levar para jantar. É fora de Konoha. Mesmo detestando as entranhas do meu namorado, Ino me ajuda com a maquiagem leve, aplica rímel e um gloss cor de boca. Ela deixa meu cabelo ondulado com a chapinha. Ele ganha volume e eu gosto. Eu quero ficar bonita, perder um pouco desse ar de menina e ganhar o ar de uma mulher adulta. Não o corpo, o corpo é de uma adolescente, mas minha alma tem esse peso, e eu quero um pouco disso para minha aparência.
Ino me mostra dois vestidos.

Eu escolho o de cor ameixa. Tem mangas ¾. É discreto, embora justo e tenha um bom caimento em meu corpo magro, um longo zíper nas costas. Ela me estende os sapatos de salto combinando com o vestido e eu arregalo os olhos.

— Eu não posso usar isso, Ino — eu empurro de volta e ela me olha feio. — Nem se minha vida dependesse disso.

— Não exagera, testa de marquise, eles são ótimos, e o melhor de tudo, são confortáveis. Não tem erro. Além de te deixar altiva e completar o look.

— Você não sabe o que está dizendo. Minha coordenação nesse corpo… Saltos e eu não combinamos na mesma frase. Já viu a altura das escadas dessa casa? Vou cair, posso quebrar o pescoço e, na pior das hipóteses, vou passar vergonha na frente do Sasuke.

Ela revira os grandes olhos azuis, os cabelos presos em um rabo de cavalo alto. Ela vive maquiada e bem penteada, roupas impecáveis no corpo voluptuoso.

— Acredito que seja preciso bem mais do que isso para fazer aquele… vampiro desistir de você. Ele não larga o osso.

— Ino…

— Será que eu preciso te enfeitiçar para usar o sapato? — Ela não se demora no assunto.

— Você não ousaria.

— Eu não duvidaria se eu fosse você. Agora ande e calce logo. Você não quer se atrasar para seu… encontro. Apesar de eu não achar ruim fazer aquele Uchiha esperar. Ele bem que merece.

Suspiro, um misto de frustração, irritação, indignação e, por fim, resignação. Eu realmente estou ferrada com esses sapatos.

Você é a luz, você é a noite. Você é a cor do meu sangue. Você é a cura, você é a dor. Você é a única coisa que quero tocar

— Eu já disse que você está especialmente linda essa noite?

Sasuke segura a minha mão direita, levando casualmente aos lábios gélidos para depositar um beijo. Sorrio para ele, assentindo, enquanto deixamos o charmoso restaurante vitoriano para trás. A comida deliciosa custou uma pequena fortuna, nada que eu pudesse sequer sonhar em poder pagar, Sasuke por outro lado... Ele me puxa para a ponte de madeira, onde parte das águas escuras do Lake Kage corre abaixo e logo depois está seu carro estacionado.

Aproximamos do gradil, parando de caminhar e nos inclinando sobre ele. Minhas mãos agora repousam sobre a madeira.

Me siga até a escuridão. Me deixe te levar além dos satélites. Você pode ver o mundo que você trouxe para a vida, para a vida.

Uma brisa fresca balança os meus cabelos e eu fecho os olhos, em contentamento, apreciando a sensação gostosa contra a minha pele desprotegida. A atmosfera em Otto está tranquila. É uma noite de lua cheia e ela nos agracia com seu brilho majestoso. É realmente reconfortante e eu me sinto estranhamente ligada à ela, como na época em que eu conseguia sentir a natureza como parte de mim. Quando eu era uma bruxa. Serva da natureza.

Então me ame como você ama, me ame como você ama. Me toque como você toca, me toque como você toca. O que está esperando?

— Obrigada por hoje, aliás — eu sussurro, ainda de olhos fechados. — Foi incrível, eu nem sei como… — ele respira em pescoço agora, lançando minha linha de raciocínio para o espaço. Nem o notei se aproximar tanto. Abro os olhos, virando o corpo ligeiramente para ele.

Sasuke tem esse olhar. É diferente de todos os que ele já me lançou. Um brilho indecifrável dança nas íris de ônix e eu não consigo colocar o dedo em cima. Sinto uma leve apreensão quando ele me faz virar totalmente para ele, agarrando as minhas mãos, que a essa altura já estão frias.

Me ame como você ama, me ame como você ama. Me ame como você ama, me ame como você ama. Me toque como você toca, me toque como você toca.

— Sasuke, o quê…?

— Eu tenho algo para você — ele começa, o aperto em minhas mãos aumentando, e ele parece... nervoso? Ansioso? Inquieto? O conjunto de seus ombros tensos. E por que diabos eu não percebi isso até agora? Alcançando o bolso dianteiro de sua calça sarja, ele puxa um saquinho preto de veludo, amarrado com um barbante prateado. Ele o coloca na minha mão.

Surpresa, olho do embrulho para ele, dele para o embrulho e do embrulho para ele novamente. Franzindo a testa, pergunto-me vagamente o que é. Parece ser algo tão pequeno. Não pesa absolutamente nada. Não que isso faça alguma diferença. Eu amo e valorizo tudo o que vier dele, por mais simples que seja.

— Abra.

Com as mãos trêmulas, eu desfaço o nó. Ele aguarda pacientemente eu despejar o conteúdo na mão. Meu coração para alguns segundos de bater, minha respiração diminuindo a medida que a agitação se faz no meu estômago e a estranha realização acende na minha cabeça.

— Sasuke — engulo em seco, encarando a peça fina de ouro branco, que parece reluzir sob o brilho da lua cheia. Como se fosse uma pequena reapresentação da profusão de brilhos e movimentos das luzes coloridas do céu. Os diamantes encrustados ao longo da fita que entrelaça e abraça o dedo. Uma delicada gota de rubi a descansar suavemente no centro. É… lindo, delicado e elegante. — Isso…

— É uma joia de família — ele esclarece, baixinho, pegando o anel em sua mão, fitando-o por um segundo, antes de agarrar a minha mão direita com a que está livre. — Eu a encontrei em minha viagem com Obito. Meu... pai deu para a minha mãe no dia de seu casamento. Acredito que tenha significado algo para eles. Algo remotamente similar ao que temos, embora eu particularmente acredite ser impossível ter existido, ou que possa existir sobre esta terra, um alguém que ame um outro alguém como eu amo você.

Me ame como você ama, me ame como você ama (como você ama). Me ame como você ama, me ame como você ama (sim). Me toque como você toca, me toque como você toca.

— O que você está dizendo? — eu pergunto ou acho que pergunto, minha voz soa abaixo de minha respiração, até minha pulsação soa mais alta. Eu tenho a sensação de que vou desmaiar a qualquer momento.

Ele beija o meu pulso, minha mão, meus dedos ternamente. Seus olhos são duas piscinas profundas, o rosto de traços esculpidos, levemente obscurecido pelos cabelos a se mover sutilmente com a brisa. Céus!

— Eu ficaria imensamente feliz se você, Sakura Senju Hatake, aceitasse ser a minha esposa sempre e para sempre. Você aceita?

Eu sorrio para ele em meio às lágrimas e me jogo em seus braços, com força, primeiro sussurrando e depois enchendo a noite com um sonoro. Sim. Sim. Sim.

Fim...


Notas Finais


Foi isso!
Espero que tenham gostado!
Até mais meus amores!!!


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