Aquela era a noite mais fria e escura do inverno em mais de 50 anos, a tempestade de neve não dava trégua nem por um segundo, dentro do breu daquela floresta inquietantemente silenciosa havia um grande lobo negro indo na direção de um chalé, este que era isolado de todos os outros habitantes da pequena cidade de Magnólia.
Sua pressa era tanta que quase se esquecerá de transformar-se em um humano novamente, após a transfiguração se tornou um homem alto com cabelo da cor do ébano,olhos negros e enigmáticos, aparentava ser jovem, e usava uma expressão temente em seu rosto.
Ansiosamente, entrou no chalé com passos pesados, a casa estava tão quieta quanto a noite, aumentando sua insegurança.
Ao adentrar a cozinha, encontrou uma mulher de cabelos compridos e tão escuros quanto os dele, com uma expressão calma, não aparentava ter mais do que 35 anos, estava sentada em uma cadeira de balanço lilás, lendo um livro de aparência antiga.
O homem apenas sentiu a dor do livro atingindo sua cabeça em cheio.
-Mamãe, o que está fazendo? - disse o homem em choque, o impacto do objeto foi tão grande que o derrubou no chão.
–METALICANA! ONDE VOCÊ ESTEVE A NOITE TODA QUE NÃO PODIA AO MENOS RESPONDER AS MENSAGENS DA SUA PRÓPRIA MÃE?!- berrou a mulher, já em pé, com um amassador de alho talhado em madeira nas mãos.
–Acalme-se, mamãe! Eu estava no bar ajudando o papai, por conta da nevasca alguns moradores não estavam conseguindo voltar para casa.
Logo se pode ouvir um grito agudo na casa, que vinha do piso superior ao que eles se encontravam, Metalicana imediatamente se lembrou do motivo de seu retorno desesperado, sua esposa, Rubi, estava prestes a dar a luz ao seu primeiro filho.
-Mamãe, como Rubi está?- perguntou o homem, agitado.
–Melhor que você, eu te garanto!- respondeu a mulher, largando o amassador de alho sob a pia, soltando um suspiro cansado – Ela já apresenta oito dedos de dilatação, o dobro de quando você saiu a procura de Safira, aliás, cadê ela?- Questionou enquanto se apoiava na grande ilha da cozinha e olhava para o seu filho, este que já se encontrava sentado e também encostado no balcão.
-Já deve estar lá em cima com Rubi, usou magia para chegar aqui primeiro, disse que não queria incômodos enquanto Rubi ainda estiver em trabalho de parto, já que vai ser bem complicado porque não sabemos se o bebê será um feiticeiro ou um lupino – Informou dando um leve suspiro, se levantando para pegar um capuccino com caramelo na cafeteira em cima da pia.
–Pelo que Safira e Rubi me disseram é muito difícil híbridos puxarem a carga genética ou mágica da mãe, isso acontece quando o sangue e a magia da mulher são extremamente fortes – disse Naomi, a futura vovó, mãe de Metalicana, o futuro papai.
–Ou seja, há uma grande chance do meu filho ser um feiticeiro – disse Metalicana, relembrando o motivo pelo qual todo cuidado com esse bebê que estava prestes a nascer seria pouco.
–Na realidade, a chance é menor do que parece, são raros homens feiticeiros, graças a maldição das fadas, e o bebê que está prestes a nascer, ao que tudo indica, é menino – Retrucou Naomi, com um leve sorriso em seu rosto.
Os lupinos não eram os maiores fãs dos feiticeiros, na realidade, eles os odiavam, pelo menos, até descobrirem que sua mais nova senhora era uma feiticeira, o que fez com que o contato deles perante esta espécie triplicasse nos últimos anos, porém as únicas exceções reais eram Rubi, a escolhida de seu alfa, Safira, a irmã adotiva mais nova de Rubi, e Lázaro, o marido de Safira, eles eram ótimas pessoas aos olhos dos lupinos, que escondiam o fato de não gostarem tanto assim dos feiticeiros para não magoar os sentimentos de sua senhora.
–Na verdade, toda essa agitação por parte dos feiticeiros é porque é um menino, se fosse uma garotinha não haveria tamanha preocupação – Comentou Lázaro, sentado em uma das cadeiras do balcão da ilha.
–Eu ainda não me acostumei com o fato de vocês aparecerem do nada – murmurou Metalicana, revirando os olhos e pegando seu café.
–Claro que não... – Lázaro se levantou e foi em direção a Naomi – Olá, senhora Naomi, está cada dia mais jovem e bonita – comentou beijando a mão da senhora, que já havia retornado a sua cadeira.
Seu tom de voz era sempre galanteador e ele era muito gentil com todos, o que fez sua popularidade explodir entre os reinos.
–São seus olhos, meu filho – Naomi não conseguiu evitar sorrir genuinamente, este rapaz era realmente muito doce.
–A senhora que é muito modesta – Argumentou Lázaro voltando a se sentar – E quanto a você, meu caro amigo peludo, não precisa se preocupar, Rubi é uma das mulheres mais fortes que eu conheço, nada irá acontecer com ela ou com o bebê – Tranquilizou, enquanto trazia a xícara de Metalicana até si e tomava um gole modesto do líquido quente – Eca, isso tem muito açúcar – Ele imediatamente devolveu a xícara ao seu dono de origem já que não suportava coisas doces, quer dizer, apenas a sua linda esposa, fora isso, nada feito.
-Eu sei que eles são fortes, mas não posso evitar ter medo de perdê- los, eles se tornaram meu tudo, eu não suportaria tamanha dor – falou Metalicana, enquanto encarava sua xícara de forma pensativa.
De repente, a porta foi aberta num estrondo, fazendo com que todos os presentes se levantassem em posição de ataque
-A tempestade lá fora está um horror – Assim que ouviram a voz que vinha da sala a reconheceram.
–Isso é jeito de abrir a porta, seu anjo idiota?! - Reclamou Naomi, para o homem alto, loiro e de olhos azuis que despontou na porta da cozinha
– Me desculpe, minha querida, não foi a intenção, o vento está muito forte por causa da tempestade – o homem foi em direção a esposa e lhe deu um beijo como forma de agrado, logo obtendo o seu aguardado perdão – E o meu neto? Já nasceu? - Perguntou pegando uma cadeira e se sentando ao lado da esposa. Enquanto Metalicana falava todas as notícias que eles tinham até o momento, todos puderam ouvir passos apressados nas escadas, dessa vez, surgiu na porta uma mulher de longos cabelos azuis, olhos vermelhos, baixinha,que tinha uma aparência frágil mas também exalava poder.
-E então, Safira? Como eles estão? - disse Metalicana preocupado, a mulher que até então parecia tensa abriu um lindo e grande sorriso para o cunhado.
–Eles estão ótimos, bobão – noticiou Safira, muito feliz por tudo ter dado certo – É um menino e também é um lobo! - Revelou animadamente.
–Eu te disse que era um menino! Mais um lobo pra família! - gritou Naomi, muito feliz com a notícia, enquanto Metalicana se sentia aliviado e extasiado com a grande novidade.
–Venham! Vamos ver o lobinho! Eu falei que ia ser um lobinho, mamãe, eu falei! - gritou Mavis, irmã mais nova de Metalicana, saindo de seu esconderijo na sala e parando no pé da escada.
–Ei, mocinha! Não era pra senhorita estar na cama? - disse Paul, indo em direção da filha.
–Eu sei, papai! Mas eu não estava conseguindo dormir porque eu queria ver o lobinho! - Argumentou Mavis com voz sapeca.
–Então vamos lá em cima ver o bebê e depois direto pra cama, ouviu? Você só tem 5 anos, não pode ficar acordada até tarde – disse Paul enquanto pegava a pequena Mavis no colo e a levava para sala.
–Sim, papi! Então vamos logo! - Pediu ela, apressada.
–Não, querida, seu irmão tem que ir primeiro, ele é o pai – disse Naomi, passando a mão nos cabelos recém – cortados da filha.
–Mas por que? - disse Mavis indignada.
–Porque essa é a tradição – explicou Naomi, sorrindo serenamente para Mavis.
–Que tradição mais chata! – disse Mavis com um bico muito fofo de descontentamento, fazendo seus pais rirem.
No segundo andar da casa estava Rubi, sentada na cama, com seu primogênito no colo
–Você é tão fofo, meu filho – ela passou a mão pelo rostinho do menino, que a olhava curioso com seus enormes olhos – Tão parecido com o seu pai – o bebê começou a tentar agarrar algumas mechas do cabelo castanho escuro dela, que antes estava preso num coque, mas que durante o parto escorregou do aperto da fita – A única coisa que você puxou de mim foram esses olhos vermelhos que são totalmente incomuns e considerados extremamente perigosos, mas você não tem nada a temer, tudo bem? Seu pai e eu vamos protegê- lo, custe o que custar, certo? – Prometeu enquanto ajeitava a touca na cabeça do bebê, então a porta do quarto foi aberta bem vagarosamente e logo em seguida Metalicana adentrou o quarto, vendo sua esposa sentada na cama com um pequeno embrulho branco em seu colo, aquela visão aqueceu seu coração de uma forma inenarrável e ele se sentiu o homem mais feliz da terra naquele momento.
–Oi, meu amor – cumprimentou ele, fazendo com que a esposa o olhasse.
–Oi, querido – Rubi não pode evitar sorrir docemente para o marido.
Metalicana foi em sua direção e sentou ao seu lado, olhando para dentro do embrulho.
–Ele é tão bonito, parece com você – disse Metalicana encantado pelo bebê.
–Não, meu amor, ele é a sua cara, só os olhos são da mesma cor que o meu – disse ela muito feliz.
–Ele é a coisa mais fofa que eu já vi na vida – disse ele com um sorriso bobo no rosto.
–Você quer segurá- lo? - perguntou ela, erguendo o bebê em sua direção.
–Claro que quero – afirmou ele, pegando o bebê no colo.
–Esse é o futuro alfa da nossa alcateia, não dá nem pra imaginar essa gracinha como um alfa – disse Rubi divertida.
–Aposto que ele vai ser um menino comportado – disse ele ninando a criança.
–Se ele me puxar vai ser muito briguento – disse ela nostálgica.
–As vezes eu esqueço do seu passado sombrio – brincou ele, fazendo – a rir.
–Nós vamos dar conta, né? - perguntou ela murmurando, o bebê estava quase dormindo.
–Sempre damos, querida – sussurrou Metalicana, se levantando para colocar o bebê no berço que estava ao lado da cama.
–A gente esqueceu uma coisa – disse ela se levantando e indo junto com ele até o berço.
–E o que seria? - disse colocando o bebê no berço e abraçando a esposa por trás.
–O nome do bebê! - murmurou, tentando entender como puderam esquecer de algo tão importante.
–Eu acho que o nome do seu pai seria perfeito – declarou, fazendo a esposa abrir um sorriso largo.
–Jura? - Rubi sentiu que não poderia estar mais feliz.
–Juro! - Ele não pode evitar abraçá-la ainda mais apertado.
–Então… Seja bem – vindo ao mundo Gajeel Connor Redfox
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