História Destino, Coreia! - Bangtan Boys (BTS) - Meu segredo, minha dor.

Ponto de vista da Jisoo.

Eu estava me sentindo horrível, não prestei atenção em nada que o professor Suho falava na sala de aula toda, apenas quando ele pediu para eu esperar, assim que o sinal tocou. Ficou bem óbvio que ele percebeu que eu tinha chorado, mas ali na frente de todos, Kai, Kook e até do Jimin eu não estava preparada para explicar os motivos certos. Foi nesse momento que eu vi a explicação deles para o professor e isso me deixou um pouco, bem pouco mais calma e me deu coragem de, assim que saímos da sala, chamar o Jimin.

- Jimin podemos conversar? – Pergunto receosa.

- Vamos que essa eu não tanco. – Kook puxa o braço do Kai se afastando de nós.

- Mas o que é tancar? – Kai pergunta confuso sendo puxado pelo Kook.

- É, parece que o Kai não tem costume de jogar vídeo game ou jogos online. – Jimin fala tranquilo.

- Acho que nem eu entendi. – Comento.

- Tancar seria, aguentar, suportar o ataque, algo assim. – Jimin me olha e respira fundo. – Mas isso nem é importante.

- Entendo, então... – Eu olhava para ele e para o chão, não conseguia encara-lo diretamente. – Sua mão...

- Nada demais, mas eu não sei dar socos, nem sei quem se machucou mais, eu ou o padrasto da Jennie, ao menos inicialmente foi apenas ele. – Ele sorri tímido, e eu vejo o sentimento de orgulho que ele demonstrava pelo feito dele.

- A S/N me disse que ele era um cara bem horrível mesmo.

- Muito horrível. – Ele enfatiza.

- Coitada da Jennie. – Falo arrependida por tê-la julgado tão mal, apenas por ciúmes da minha amiga.

- Não fala assim. – Ele me olha direto. – A Jennie não gosta desse tipo de sentimento, a vida dela não é fácil mesmo, mas ela não é digna de dó ou pena.

- Entendo. – Respondo surpresa. Por um breve momento ficamos em silêncio, um silêncio bastante constrangedor e incomodo, até que eu resolvo tomar coragem e começar a falar. – Jimin sobre o que foi falado ontem... – Ele me olha sem expressão definida. – Eu queria, na realidade eu não sei se adianta pedir desculpas ou até perdão, mas estou arrependida. – Abaixo a cabeça.

- Sabe Jisoo, mesmo depois que você terminou comigo, eu ficava pensando o que eu tinha feito de errado, o que eu não fiz por você.

- Não, você foi perfeito, sempre foi. – Admito em um tom de voz triste. – Eu não sei o que deu em mim, eu estraguei tudo.

- Antes eu precisava escutar isso de você, hoje não mais. – Ele falava firme, porém tranquilo.

- Entendo, acho que você nunca vai me perdoar. – Sinto meus olhos encherem de lágrimas e tento força-las a não escorrerem.

- Está enganada, eu te desculpo sim, olha eu não sei exatamente o que aconteceu com você e o Yoongi, mas aconteceu, tem coisas que acontecem e não temos explicação e eu não vou julgar. Mas não ache que estou bem com tudo isso, porque não estou, eu sofri muito, muito mesmo.

- Jimin, acredite eu também sofri, um dos motivos pelo qual eu acabei me desentendendo com a S/N foi justamente por conta disso, eu estava com medo de você se apaixonar por ela, e eu não sabia porquê. – Olho para ele tímida. – Até que eu entendi que estava com ciúmes por ainda gostar de você.

- Entendo. – Ele olhou para mim e depois disfarçou desviando o olhar.

- Jimin, eu sei que errei, eu realmente entendo isso, acho que mesmo que você me perdoe eu nunca irei me perdodar pelo que eu fiz, mas eu realmente gosto de você, e eu queria ter uma segunda...

- Jisoo. – Jimin me interrompe e eu vejo que o mesmo respira fundo e me encara. – Você foi meu primeiro amor, antes mesmo até da S/N chegar se tornar sua amiga, ou nossa amiga, eu já gostava de você. Eu que dei a desculpa de pedir sua ajuda com a matéria, apenas para ter a chance de falar com você, e até depois que terminamos eu continuava pensando em você, talvez por isso quando eu vi você com o Yoongi eu não lidei bem, afinal eu não suportava ver você com outra pessoa.

- Jimin então... – Olho para ele surpresa e lá no fundo com um pouco de felicidade, sentimento esse que se misturava com esperança.

- Mas depois de tudo que eu fiquei sabendo, não consigo mais ver você como eu via antes. Não só por causa da traição, mas claro que isso influencia, mas não apenas isso.

- Como assim? – Olho para ele com medo da resposta.

- Jisoo em algum momento, não sei qual, você mudou, você era uma garota gentil, meiga, tímida, fofa e eu adorava tudo isso em você, eu até achava legal quando você ficava mandona nos momentos certos. – Ele sorri de uma forma triste e isso doeu muito em mim. - Só que agora você está diferente, não é mais a garota que um dia eu me apaixonei.

- Eu mudei sim, mas foi porque eu tinha medo que ninguém iria gostar de mim se eu fosse como antes, afinal a S/N é toda deslumbrante e eu achei que deveria tentar ser também. – Me justifico na esperança dele me entender.

- Está errada, eu já gostava de você.

- Eu não sabia, mas eu quero voltar ao que era antes, eu entendi onde errei e quero arrumar. – Dou um passo na sua direção.

- Acho legal você entender que errou, e também acho ainda melhor você querer arrumar. – Ele recua um passo.

- E nós? – Olho receosa para ele.

- Nós vamos ser amigos. – Aquelas palavras me atingiram como algo doloroso e cruel e nesse momento eu já não conseguia mais controlar minhas lágrimas. – Lá no fundo eu ainda gosto de você Jisoo, talvez eu sempre vá ter algum sentimento por você, afinal você foi meu primeiro amor, mas depois de tudo que aconteceu e do que você fez, eu posso te dizer uma coisa, eu nunca mais vou conseguir ficar com você, não de forma romântica.

- Mas você disse que me perdoava. Eu vou mudar, ou melhor eu vou voltar ao que era antes. – Falo com a voz embargada pelo meu choro.

- E eu te perdoou, e como amigo te apoio nessa sua decisão de voltar, você era uma pessoa melhor antes, mas é só isso. – Ele fala firme, mas eu podia ver que os olhos dele brilhavam mais por causa de algumas lágrimas.

- Se eu gosto de você e você lá no fundo disse que ainda gosta de mim, porque não podemos tentar de novo? – Eu deixei todo meu orgulho de lado nesse momento, e não me arrependia disso.

- Porque eu não quero mais, e eu espero que como alguém que tem bons sentimentos por mim você respeite essa minha decisão. – Eu posso ver que o mesmo parece engolir o choro, ele me olha firme e sorri com piedade ou até pena, e nesse momento eu entendo que ele quis dizer sobre a Jennie antes, ninguém merecia esse olhar sobre ela, era vergonhoso. – Eu vou descer o Kook deve estar me esperando.

Eu vejo ele virando as costas e caminhando até as escadas, até ele chegar na escada eu já podia ver tudo embaçado por causa das lágrimas que escorriam pelo meu rosto. As palavras dele, a atitude dele, foram impactantes ao nível que eu entendia que ele não iria voltar atrás, nós nunca mais iriamos ficar juntos. Minha série de atitudes erradas fizeram eu perder o garoto que eu gostava, o garoto que gostou de mim antes de tudo, ele gostou de mim sendo eu mesma, e eu estraguei tudo.

Com esse sentimento de fracasso, arrependimento, tristeza muito forte eu nem conseguia dar um passo, ver ele indo embora me fez perder o chão. Eu tinha perdido o Jimin sozinha, era apenas culpa minha, eu errei tudo sozinha. Sem conseguir me mover eu apenas encosto na parede que tinha ao meu lado, minhas costas escorregam por ela, até alcançar o chão, eu agarro minhas pernas e apoio a cabeça nos meus joelhos, para esconder meu choro. Naquele momento eu não me importava se estava na escola, ou até em um buraco escuro, eu não conseguia me controlar.

- Jisoo. – Escuto uma voz familiar. – Jisoo fala comigo. – Essa pessoa encosta a mão no meu ombro. Eu ergo meu rosto para ver o rosto dele me olhando preocupado. – Vem cá. – Ele puxa com delicadeza meu braço para que eu levantasse, eu levantei sem objeção, ele segurou minha mão e me guiou até o outro corredor do prédio, esse que sempre era mais vazio. Ele me apoia em uma parede e me encara preocupado. – Você está bem?

- Não, eu não estou bem. – Falo em meio a soluços e mais lágrimas.

- Calma Jisoo, fica calma, chorando assim você vai acabar passando mal. – Ele me olha aflito, porém eu não conseguia parar de chorar. Eu cubro meu rosto com as mãos, como se ela fossem vedar de alguma forma meu choro, eis que eu sinto ele me envolvendo nos seus braços. Ficamos assim um tempo, e eu pude ir me acalmando. – Vai passar confia em mim.

- Você ao menos sabe porque estou chorando? – Pergunto limpando as lágrimas do rosto.

- Imagino, eu vi o Jimin se aproximando da gente com uma cara meio triste, e não vi você, imaginei que vocês tinham conversado e não tinha sido bom. – Ele fala cauteloso.

- É. – Abaixo a cabeça. – Eu estraguei tudo.

- Quer conversar? – Ele sorri fraco para mim. – Não que eu possa dar algum conselho, já que minha situação é, talvez, pior que a sua, mas eu sou bom ouvinte.

- Eu fiz tudo errado, absolutamente tudo, ele disse que gostava de mim antes, e eu me esforcei tanto para mudar, achando que ninguém iria gostar de mim como eu era, eu não percebi que ele já gostava, eu joguei fora a única pessoa que gostou de mim, antes até de mim mesma. – Falo triste.

- É, eu sei como é. – Ele fala receoso.

- Ela vai te desculpar, a S/N é assim, mesmo que ela fique triste, ela não vai te odiar para sempre. – Falo olhando para ele triste.

- Eu sei, mas talvez eu acho que eu não consigo encara-la, sei lá, é complicado. – Ele fala pensativo.

- O que é então? – Encaro ele tentando decifrar o olhar triste dele.

- Eu menti para a S/N, eu fui egoísta achando que eu poderia ter um segredo e ela não, ou melhor que o meu segredo era de uma certa forma maior que o dela, mas não era, e agora eu me sinto um babaca por isso. – Ele sorri fraco.

- Seu segredo? – Olho para ele sem entender.

- Sim, eu não sou o que as pessoas pensam, na realidade eu sou bem diferente. – Ele fala tímido.

- Como assim?

- Eu não sou o valentão, eu não sou durão. Eu briguei com o Namjoon a vida toda, mas só eu sei como apenas a presença dele ainda é intimidadora para mim, eu não sou malandro, bem resolvido como o Jin. Na realidade eu sou bastante inseguro, e até um pouco sensível, mas eu tentei ser diferente do que eu sou, porque lá no fundo eu vi que a S/N não iria se interessar por alguém como eu. – Ele abaixa a cabeça. – E ela confirmou isso para mim outro dia, ela falou as coisas que ela gostava em mim, e era tudo que eu não sou de verdade.

- Nossa. – Olho para ele surpresa. – Eu não imaginava.

- É ninguém imagina, só o Chany sabe isso, e talvez o Kai, mas esse nem fala nada. Eu acho que no fundo sempre queremos ser alguém que consideramos melhor que nós. Eu sempre quis ter a personalidade do Namjoon, seria ridículo falar que em algum momento da minha vida, mesmo sofrendo com ele, eu o admirei, ou até invejei?

- Não, eu entendo, eu tive um sentimento parecido com a Jennie, eu sei lá, eu nunca tive amigos até a S/N chegar e transformar a minha vida, então eu achei que para acompanha-la eu deveria ser mais parecida com ela, mas eu só fiz bobagem. – Admito derrotada.

- A S/N e o Jin tem um talento para transformar a vida de todo mundo, eles trazem para nós um mundo de amigos, passeios, risadas e de quem vê de fora parece perfeita. Nunca passou na minha cabeça que eles poderiam ter traumas e tudo mais. A gente acha que só a gente tem problemas ou dificuldades né?! – Ele me olha triste.

- É. – Abaixo a cabeça triste. Ficamos em silêncio por um tempo até que escutamos o sinal do intervalo tocar. – Obrigada Sehun.

- Pelo que? – Ele me olha sem entender.

- Se não fosse você ir me buscar lá no corredor, eu estaria chorando lá até agora, ou teria me jogado pela janela.

- Imagina. – Ele sorri carinhoso, mas ele me encara e vê que eu não estava brincando. – Sério que você seria capaz de se matar? – Ele me olha preocupado.

- Sinceramente? Eu acho que sim, acho que nunca mais vou encontrar alguém como o Jimin. E se a S/N não me perdoar ou até ir embora para os EUA como o Jin sugeriu, eu não sei o que eu vou fazer, é tipo o fim para mim. Pior que nunca ter, e ter e perder, e foi isso que eu fiz. – Limpo uma última lágrima que escorre pelo meu rosto.

- Ei Jisoo, não fala assim. – Ele segura meus ombros e me encara sério. – Sua vida é muito importante, você tem sua família, seus amigos, não fale isso nem brincando, entendeu?

- Não se preocupe Sehun, eu não vou me jogar mais pela janela, eu tenho medo de altura, e não iria conseguir fazer isso consciente. – Sorrio fraco.

- Certo. – Ele me olha desconfiado. – Tenta se acalmar está bem?! – Eu faço que sim com a cabeça. – Isso, agora vamos para a aula, não estou com clima para ouvir sermão do professor Lay.

- Vamos.

Nós caminhamos lado a lado até o corredor principal do meu andar, nos despedimos na escada, eu vi ele subir e depois virei para ir até a minha sala. Assim que eu cheguei na sala eu vi o Jimin e o Kook conversando em seus lugares, eles olharam para mim receosos, e eu me esforcei para agir normalmente. Ambos sorriram sem muito entusiasmo para mim. Eu entendi que eles apenas queriam agir normalmente assim como eu, para evitar piorar o clima que já não estava dos melhores.

- Jisoo. – Kook me chamou e eu olhei para eles. – O Jin disse que tem um plano para a gente mostrar para a S/N que está tudo bem, vamos combinar os detalhes amanhã depois da aula.

- Ah é?! Nossa que bom, contem comigo. – Me esforço muito para sorrir.

- Legal. – Kook sorri e o Jimin apenas me olhava sem expressão.

Durante as últimas aulas, eu me esforçava muito para não pensar na minha situação com o Jimin, tentei me focar apenas na aula, mas estava bem difícil. Assim que as aulas acabaram, descemos todos juntos para o portão. Eu pude ver que a Jennie e o Jin estavam novamente bem, tinham se resolvido, e no fundo fiquei aliviada, a última coisa que eu queria era estragar até o relacionamento deles. Notei também que a Jennie estava bastante próxima do Jimin, tanto que eles até foram embora juntos para casa. Era interessante ver todos juntos, Namjoon, Hoseok e Rose juntos com a gente, era diferente e legal ao mesmo tempo. No portão, todos se despediram, Sehun me ofereceu carona e eu apenas recusei sendo simpática.

Caminhei a passos lentos para minha casa, cada passa que eu dava eu lembrava de um momento feliz que eu tive ao lado do Jimin, fazendo o mesmo caminho que eu estava fazendo agora, lembrava dos sorrisos dele, do carinho que ele tinha comigo. Saber que tudo aquilo era bem mais real do que eu poderia pensar, doía muito, pensar que ele gostava de mim quando eu nem existia praticamente, era insuportável. Entrei em casa e vi que minha mãe não estava, achei até melhor, fui direto para o meu quarto, eu queria chorar, gritar, eu estava sentindo uma dor no peito, um nó na garganta como se estivesse sufocando.

Não importava o quanto eu chorasse, aquilo não passava, aquela sensação era horrível, eu me odiava. Toda lembrança que agora eu tinha com o Jimin, era como golpes que doíam muito, era tanta dor que eu achei que iria enlouquecer. Me levantei da cama e fui até o meu banheiro para lavar o rosto. No banheiro eu vi meu reflexo no espelho, e senti repulsa.

Eu não aguentava mais aquilo, qualquer coisa era melhor do que o que eu estava sentindo. E sem pensar duas vezes eu abro a porta do meu quarto e vou andando a passos largos até o quarto dos meus pais, vou até o banheiro e vejo a lamina de barbear do meu pai, com cuidado eu pego ela e vou até o meu quarto e me tranco novamente. Vou até o meu banheiro e sento na banheira e fico olhando para aquela lamina fina na minha mão.

Será que eu teria coragem? Essa era o meu pensamento na hora, eu não pensava se isso era certo ou errado, eu estava apenas receosa se teria coragem de ir até o fim. No fundo talvez eu tivesse medo que isso poderia doer e eu iria desistir no meio do caminho, e isso só iria piorar toda a minha situação, além de fracassar na vida eu iria fracassar na tentativa de me matar. Eu não iria me matar, não tinha coragem para isso, porém, eu não aguentava mais o que eu estava sentindo. Então em um impulso eu apenas passo a lamina pelo meu braço, não com a intenção de me matar, e sim apenas para causar dor. Cortei um pouco meu braço, o suficiente para doer, arder bastante, não sair tanto sangue, mas ficar machucado, e por um breve momento eu me esqueci da dor de antes, era como se agora eu pudesse respirar.

Fiz mais um corte e senti aquela sensação estranha de dor e alivio ao mesmo tempo, como isso estava funcionando eu não sabia, e nem queria pensar sobre isso, para mim só importava que deu certo. Qualquer coisa era melhor do que aquele sentimento horrível de antes, até mesmo a dor de um corte. Assim que eu consegui me acalmar eu levantei da banheira, olhei para a lamina na minha mão, achei melhor guardá-la em um local seguro, coloquei ela dentro de uma caixinha de mini sabonetes que tinha no banheiro.

Olhei para o meu braço esse que tinha agora três cortes finos, peguei um pouco de papel higiênico e coloquei no braço, não estava saindo mais muito sangue, apenas em cima, quando o papel encostava. Se minha mãe, ou alguém visse isso eu teria que dar explicações, essas que eu não queria dar, afinal ninguém iria entender, então resolvi me trocar e vestir uma blusa de manga longa, de cor azul escura, assim não iria dar para notar nada. Vesti a roupa e me olhei no espelho, chequei meu braço e vi que realmente não dava para ver nada e fiquei satisfeita. Cada um, lida com a sua dor de uma forma, eu tinha encontrado a minha, esse seria o meu segredo.