_ Será que você pode fazer o favor de tirar as suas patas imundas do MEU namorado? – uma voz raivosa soará atrás de Jaemin, fazendo todos os pelos do menino se arrepiarem por saber bem de quem se tratava.
O homem encarara o moreno a sua frente de forma debochada, recebendo em troca um olhar de puro ódio, enquanto Jaemin… Bem, esse só sabia rezar para todos os deuses acalmarem o namorado.
[...]
_ Você é surdo por um acaso? – indagou irritado, segurando o pulso do namorado na intenção de afastá-lo do desconhecido.
Ao sentir o toque da mão, tão conhecida por si, agarrar seu pulso, rapidamente, Jaemin pôs-se de pé na intenção de seguir para a proteção do namorado. No entanto, o que o casal não esperava era que o homem insistisse, agarrando o outro pulso do menor, puxando-o com tal força que o fizera cambalear na direção do intruso.
_ Deixa de ser mal-educado, pirralho! Não vê que está atrapalhando a nossa conversa?! – o desconhecido falou debochado, lançando um olhar de pura malícia para o mais novo entre os três.
Devido ao grande espaço daquele lugar, e ele não estar tão cheio, as poucas pessoas que se reuniam ali não perceberam a situação que se passava, talvez alguns mais próximos estivessem olhando tudo com curiosidade, mas não dando tanta atenção a tudo aquilo, até por que eles ainda não gritavam e nem nada, apenas falavam de forma firme um com o outro. Os garçons mal passavam por ali, dado ao fato de todas as mesas já estarem servidas, e os seguranças estavam guardando o local do lado de fora do salão, longe de onde estavam e nem se preocupavam com o que poderia acontecer ali dentro, confiando na educação de seus clientes.
O Lee grunhiu baixo, com raiva, nem percebendo que começava a apertar o pulso do namorado de forma tão forte, que o menor tinha que se conter para não gemer de dor por aquele contato. Sabendo do temperamento que ele tinha, Jaemin mal respirava com medo de piorar aquela situação. Odiava brigas, odiava conflitos e tudo o que menos queria era ver seu moreno metido em algo assim.
_ É a última vez que eu vou falar! – Jeno fixou o olhar de forma firme no homem a sua frente, na tentativa de intimidá-lo. _ Larga. Ele. Agora! – falou pausadamente, com a voz firme e grossa que conseguia amedrontar qualquer um, menos o homem que não tirava o sorriso debochado dos lábios.
Jeno puxou novamente o namorado, grunhindo quando não conseguiu movê-lo por ainda ter o desconhecido segurando o outro braço.
Jaemin queria chorar naquele momento. Seus pulsos doíam, aquele homem estava sendo rude consigo, Jeno estava irritado e, ainda por cima, algumas pessoas os olhavam, não eram muitas, mas aquilo o incomodava demais. Nunca gostara de ser o centro das atenções!
_ Então eu sugiro que adestre melhor a sua cadela, para que não ande por aí como uma puta no cio dando mole para qualquer um que se aproxime!
Foi naquele exato momento que, por alguns segundos, o mundo parou.
Jaemin arregalou os olhos, surpreso com o que foi dito, mas logo sentindo o peso daquelas palavras o atingirem em cheio. Viu o exato momento em que o rosto do Lee deformou-se em puro ódio, sentindo o aperto em seus pulsos aumentarem consideravelmente, não aguentando mais a dor que aquilo o causava.
_ Nonoo...
O gemido dolorido de seu loirinho, e a lágrima que ele deixou cair de seus olhos, foi o estopim para que a ira que Jeno guardava fosse liberada na forma de um soco certeiro na boca do homem desconhecido, fazendo-o cambalear e cair no chão próximo a mesa em que estavam, derrubando tudo que estava sobre ela quando tentou se segurar lá.
Aquilo chamou a atenção das poucas pessoas próximas dali e o show não parara por aí.
O Lee foi para cima do corpo caído no chão e começou a desferir socos no rosto do homem, que tentava se defender a todo custo do menino transtornado. Foi em uma dessas tentativas de proteção que conseguiu acertar o moreno e tirá-lo de cima de si.
_ JENO, PARA! – Jaemin gritava para que parassem e pedia ajuda para separá-los, sabendo bem que não tinha força o suficiente para conter o namorado naquele estado.
Tudo aquilo aconteceu muito de repente e as pessoas ainda estavam estáticas em seus lugares, vendo o desenrolar da briga que acontecia no andar de cima do estabelecimento.
Jeno avançou para dar mais um soco no homem que desviou e acertou uma joelhada no estômago do menino, o que fez curvar-se em dor e dar brecha para o estranho o socar no rosto.
_ PARA! – Jaemin tentou segurar a mão do homem para impedi-lo de machucar ainda mais o outro, que em puro reflexo, virou e socou o rosto de quem o segurava, acertando em cheio a boca do mais novo.
E novamente, naquele curto tempo em que tudo se desenrolou, o mundo parou!
Jaemin gemeu ao tocar os lábios, chamando a atenção do namorado que fixou os seus olhos nos dedos manchados de sangue, e aquilo fora o suficiente para que o Lee ficasse ainda mais transtornado do que já estava, avançando no homem que machucara seu menino e acertando um soco certeiro no olho do mais velho, com força tamanha que novamente ele foi ao chão.
_ Eu vou te matar, desgraçado, filho da puta! – ele socava o homem, debatendo-se quando sentiu braços musculosos o tirarem de cima do desconhecido.
Apesar de não parecer, aquilo tudo fora muito rápido.
Os seguranças, mesmo que bem maiores que Jeno, faziam um grande esforço para contê-lo, enquanto os outros tiravam o homem machucado do local. Jaemin chorava de dor e vergonha por tudo aquilo, sendo levado junto a Jeno para um espaço mais reservado do salão, no andar debaixo.
_ Me desculpe pelos transtornos, senhor, não sabíamos que aquele homem iria causar tantos problemas! – a mesma moça bonita que os atenderam no início falava de forma calma, sabendo, e tendo ouvido de outros clientes próximos de onde tudo ocorreu, que, apesar de tudo, a culpa fora do outro homem.
_ Nos perdoe também, não queríamos ter causado tudo isso! – o Na respirava fundo tentando se acalmar, a água com açúcar que lhe fora dado por um dos garçons o ajudando bastante para tal, mesmo que algumas lágrimas ainda insistissem em abandonar seus olhos.
_ Imagina, senhor!
Em um movimento rápido, Jeno levantou-se da cadeira que estava sentado, assustando o namorado, e sem dizer nada entregou o cartão para a atendente, mandando-a descontar tudo aquilo que quebraram e consumiram, dizendo que fazia questão em pagar, mesmo quando a moça tentou negar, saindo acompanhado do namorado depois de tudo quitado e sem dizer uma única palavra.
Jaemin estava assustado. Conhecia o mais velho e sabia que ele ainda estava remoendo tudo aquilo, queria poder abraçá-lo e encontrar o conforto para tudo o que sentia, não aguentava mais aquele silêncio.
O carro foi parado em frente aos dois pelo manobrista e ambos entraram no veículo. Jaemin encolheu-se no banco, dobrando os joelhos e os abraçando rente ao peito, descansando a cabeça ali e chorando silencioso e angustiado com tudo que tinha acontecido.
Jeno respirava fundo, ainda tentando se acalmar. O maxilar travado e a forma como os dedos apertavam firmemente o volante, era a prova de que ele ainda estava muito irritado e se segurava para não explodir de novo. O moreno sempre tivera o gênio forte e Jaemin sempre soube disso, mas isso não amenizava em nada o aperto em seu coração, que não aguentava mais o silêncio do outro.
_ Amor...
_ Quieto. – o Lee cortou sem sequer olhá-lo, dando partida no carro em direção a casa do Na no mesmo silêncio de antes.
Ele não estava com raiva do Na, não era bem isso, mas estava tão estressado que precisava se acalmar e ficar na dele, pois não queria assustar e descontar suas frustrações em quem não tinha culpa.
-X-X-X-
Algum tempo depois, já na casa do loiro, Jeno entrara no banheiro assim que o namorado saíra, ainda sem trocarem uma palavra. O banho quente aliviava a tensão de seu corpo e espairecia sua mente, acalmando seus ânimos. Queria poder ficar ali para sempre, relaxando e com a mente em branco, no entanto, sabia que tinha que conversar com seu pequeno.
Sendo assim, saiu do box liberando todo o vapor que estava preso ali dentro, enxugando o seu corpo com a toalha macia e felpuda pendurada em um gancho ali perto. Vestiu a boxer branca e a calça cinza de moletom que deixara ali em uma das muitas vezes que ficava por ali, colocando a toalha em torno do pescoço para enxugar os cabelos escuros molhados pelo banho.
Saiu do banheiro e viu o namorado cabisbaixo, sentando em posição de índio no meio da cama grande no centro do quarto, sorrindo leve com a imagem tão indefesa e adorável do menino, sabendo bem que não conseguia manter-se distante dele por muito tempo.
Jaemin vestia apenas um short curto de cor clarinha e uma blusa grande de manga comprida que escorregava em seu ombro direito, deixando-o exposto, não sabendo o quão sexy aquilo era. Ao seu lado, um kit de primeiros socorros e uma bolsa de gelo, que Jeno sabia muito bem ser para si e por isso sentou-se de frente para ele, chamando sua atenção.
Com as mãos trêmulas, Jaemin abriu a caixinha e retirou de lá os medicamentos para limpar os cortes no rosto do jogador. Olhando melhor, e sem todo o sangue que manchava a face bonita a sua frente, ele pôde perceber que não havia tantos machucados quanto pensava, apenas um corte no supercilio e um na boca, além de uma mancha roxa em uma das bochechas e na região um pouco abaixo da costela.
Com um pedaço de algodão embebido em algum produto que continha álcool, com delicadeza, o mais novo começara a limpar o corte para não infeccionar, arrancando caretas e gemidos baixos do namorado que protestava pela ardência que aquilo causava.
_ Pare de se mexer, Nono! – pedira baixinho quando, mais uma vez, o maior se afastou de seus toques, conseguindo finalmente terminar a limpeza.
Colocou uma pomada cicatrizante no corte do supercilio e pôs um curativo para não ficar exposto, logo seguindo para passar uma pomada no roxo que tingia a pele alva do abdômen definido do namorado, fazendo uma leve massagem ali.
Hesitante, o Na pegou as pontas da toalha e passou-as nos cabelos negros do mais velho, secando os fios que tanto gostava de tocar. Tirou a toalha detrás do pescoço alheio, jogando-a sobre a poltrona que ficava por ali, tudo sob o olhar atento do moreno.
_ Prontinho! Agora é só segurar essa bolsa de gelo na sua bochecha.
Jaemin terminara o que estava fazendo, guardando tudo que fora usado e colocando sobre a mesinha ao lado da cama. Depois de tudo guardado, ele voltou para a posição em que estava, suspirando longamente com os ombros caídos, de cabeça baixa enquanto mexia nos dedos nervosamente.
Jeno olhava toda a ação com bastante atenção, vendo-o algumas vezes passar a mão em uma massagem leve sobre os pulsos. Inconscientemente, tocou a mão do garoto, tomando-a entre as suas e levantando a manga da blusa grande para ver o que tanto o menino mexia ali.
Então algo o surpreendeu.
Marcas roxas de dedos manchavam a pele leitosa dos pulsos de seu amado, lembrando-o da força com a qual o puxara e o outro homem o segurara.
Aquelas marcas eram culpa sua.
Culpa por ter deixado outro homem o machucar e por ele mesmo não ter se controlado no momento.
Jeno engoliu a seco o bolor que se formou em sua garganta e suspirou pesado ao sentir a culpa o corroer. Havia falhado na promessa de sempre proteger seu pequeno, sendo ele agora o causador daquelas marcas feias.
Com cuidado, levou os pulsos marcados até os lábios, depositando beijos leves ali como um pedido de desculpas por aquilo. Jaemin entendeu o porquê daquele gesto, fazendo-o finalmente olhá-lo nos olhos. Umas das mãos do maior subiu até a bochecha do namorado fazendo um carinho singelo ali.
A respiração de Jaemin estava meio ofegante, como se ele estivesse cansado e Jeno já havia percebido isso.
_ Você está bem? – a voz rouca soou calma, esquadrinhando o rosto a sua frente.
Jaemin fez que não com a cabeça e novamente seus olhos umedeceram, mas desta vez ele tinha quem o confortasse.
Jeno o abraçava de forma forte, sentindo as lágrimas molharem seu ombro desnudo, puxando lentamente o mais novo para que se sentasse em seu colo, com uma perna de cada lado de seu corpo, e assim ficaram até que se acalmasse novamente.
_ Me desculpe, Jeno! – Jaemin o olhava nos olhos, tentando se acalmar e normalizar a respiração.
Sentia-se cansado e ofegante.
_ Você não precisa me pedir desculpas, tá tudo bem, baby! – ele suspirou pesado, baixando o olhar rapidamente antes de voltar a olhar o namorado. _Você precisa ter cuidado com pessoas estranhas, eu já te falei mil vezes para não conversar com pessoas que você não conhece. –apesar do tom de repreensão, a voz era doce e calma, como se estivesse falando com uma criança. _ Eu sei que a culpa não foi sua, amor, me desculpe por ter ficado daquela forma, só que... Eu fiquei com tanto ódio de tudo que aconteceu que, simplesmente, eu só queria poder matar alguém, principalmente, por não ter impedido que te fizessem isso. – Jeno passou o polegar levemente pelo lábio inferior do menor, onde um corte pequeno jazia ali. _ Me desculpe!
_ Tá tudo bem! Eu só fiquei um pouco assustado quando vi aquele homem avançar em você, na verdade eu fiquei desesperado quando ele conseguiu te acertar! – Jaemin tossiu um pouco quando terminou de falar, ainda ofegante.
_ Por que você está assim, Nana? –Jeno estava achando aquilo tudo muito estranho, seu lado protetor sempre desconfiando de qualquer coisinha que envolvesse seu menino.
_ Nada, amor, eu estou apenas me sentindo cansado! Podemos dormir agora? –perguntou manhoso, fazendo o namorado sorrir mesmo que ainda preocupado.
_ Só um minuto. – o moreno se levantou e foi até a cozinha para buscar um copo com água, voltando tão rápido quanto foi, parando no interruptor para desligar a única luz do cômodo. _ Liga o abajur pra mim, por favor. – e assim Jaemin o fez.
Jeno pegou o comprimido pequeno na cor branca e entregou ao outro, esperando que o mesmo engolisse o medicamento que deveria ser tomado às onze da noite. Quando Jaemin abriu a boca, o Lee verificou se o remédio havia sido, de fato, ingerido, para só então deitar-se ao lado do menor, apagando a luz do abajur.
_ Eu não quero ir para aula amanhã, Nono! – murmurou baixinho, aconchegando-se melhor no peito desnudo do mais velho.
_ Mas...
_ Não, amor! Por favor! Eu não quero ir amanhã, por favor! – ele estava apelando e Jeno soube bem disso quando se viu cedendo as vontades do loirinho.... Era sempre assim!
_ Tudo bem, não vamos amanhã!
Com um suspiro derrotado e o outro sorrindo vitorioso, a noite dos dois terminava ali.
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