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História Destinos Cruzados - Cuidando De Roberta


Escrita por: dannypereira_

Capítulo 14 - Cuidando De Roberta


Coloco Mel na cadeirinha do meu carro, e assim que ela entre, já vai logo me perguntando:

- Quem é, mamãe?

- Essa é a Roberta, minha aluna, ela ficará uns dias em nossa casa. - Respondo.

- Por quê?

- Porque a mãe dela está viajando.

- E o pai dela? - Pergunta Melanie.

- Meu pai morreu quando eu tinha mais ou menos a sua idade. - Fala Roberta tristemente.

- Ah… - Diz Mel cabisbaixa. - Pausa. - Você gosta de brincar de boneca?

- Gosto. - Responde Roberta.

- Legal, eu tenho várias bonecas, você pode brincar com todas, se quiser. - Fala minha filha.

- Tá bem.

Observo as duas pelo retrovisor do carro, e dou um leve sorriso. Achei que Mel pudesse ter um pouco de ciúmes, já que além do Guille, eu não costumo conviver com outras crianças na presença da minha filha, mas para minha surpresa, em nenhum momento ela ficou enciumada.

Assim que chegamos em casa, notei que Lucas não estava, o que me deixou meio aliviada, pois não sabia como falar com ele sobre a Roberta.

- Vamos brincar? - Perguntou Mel para Beta.

- Vamos. - Disse a menina para Melanie.

- Não senhorita. Nós duas teremos uma conversa bem séria. - Falo para minha filha.

Nós vamos para o meu quarto, enquanto peço para minha aluna aguardar na sala. Mel senta na minha cama, eu pego uma cadeira e me sento de frente pra ela.

- O que houve na escola hoje? - A questiono.

Ela baixa a cabeça, parecendo meio envergonhada. Não estava brava, apenas queria saber o que havia a levado a bater em um colega.

- Eu fiquei brava com o JP. 

- E por quê?

- Porque eu estava brincando com a Joana, que é uma das minhas melhores amigas, aí ele chegou e pediu para brincar com a gente, a Jojo falou que ele podia e disse que estávamos brincando de LOL, daí o JP ficou bravo e disse ´´eu não brinco com coisas de menininha´´, mas brinquedo não tem gênero, né mamãe?

- É meu amor. - Falo. - Mas continue…

- Daí a Jojo falou que isso era besteira e ele começou a xingá-la e chamá-la de gorda, de baleia… Só porque ela é fofinha. E eu não gostei, isso é feio, e você sempre diz que temos que tratar todas as pessoas iguais, sem fazer diferença, porque todos nós somos diferentes uns dos outros. Bom, aí eu fiquei brava com ele e o bati. Eu posso estar errada, mas ele errou primeiro, ele não pode falar assim com as pessoas.

Sim, Mel estava errada, mas confesso que fiquei feliz por saber o real motivo dela ter batido num coleguinha, mesmo eu a ensinando a não bater nas pessoas, ela sempre viu o Lucas me agredindo e eu sempre lhe deixei claro que não é porque o pai dela me bate, que ela pode sair batendo nos outros, mas apesar disso, fico contente em saber que ela tinha feito isso para defender uma amiguinha e que bom que meus discursos sobre respeitar as pessoas, tem feito efeito, pois desde pequenininha, eu sempre lhe digo que devemos respeitar todas as diferenças, mesmo ela tendo só 4 anos já conversei com ela sobre racismo e deixei bem claro o quão feio isso é, também falei que existem pessoas magras, gordinhas, com alguma deficiência, e que também há meninos que gostam de meninos e meninas que gostam de meninas, e que está tudo bem, que não há nenhum mal nisso, Mel como sempre foi muito esperta, sempre entendeu isso muito bem.

Liberei a minha pequena para ir brincar com a Roberta, que lhe aguardava pacientemente sentada no sofá da sala.  As duas vão correndo para o quarto da minha filha, e eu começo a preparar um lanche pras meninas. Enquanto faço umas torradas, Lucas chega em casa.

- Oi. - Digo.

- Oi. - Fala Lucas ao me dar um selinho.

Ele parecia bem, o que me deixa um pouco aliviada para lhe falar sobre a Roberta, estava rezando para ele não ficar bravo.

- Lucas, preciso te contar algo. - Digo. - Melhor irmos para o nosso quarto.

- O que houve? - Me questiona parecendo meio preocupado.

- Nada de mais. Vamos.

Nós dois nos dirigimos para o nosso quarto, fecho a porta pras meninas não escutarem e logo começo:

- Querido, eu fiz uma coisa e espero que você possa entender.

- O que você fez? - Me pergunta com sangue nos olhos.

- Tem uma aluna minha, a Roberta, que o padrasto dela acabou de ser preso e a mãe está viajando, e como ela não tem mais ninguém da família aqui, eu a trouxe pra nossa casa para ficar uns dias aqui, mas é só até a mãe dela voltar.

- Como é? Você trouxe uma menina que você mal conhece pra nossa casa? Tá maluca, Kimberly? - Me pergunta aos berros.

-Ela é minha aluna. -Digo alterando meu tom de voz. -Sabe por que o padrasto dela foi preso? Porque ele fazia com ela a mesma coisa que você faz comigo, porque ele a agredia, a menina está cheia de hematomas. Não ia ver aquilo sem fazer nada. E ela vai sim ficar aqui em casa até a mãe dela voltar de viagem, caso você seja contra, eu pego as duas e sumo daqui com as meninas.

Saio do quarto e volto para a cozinha para terminar as torradas, Lucas não falou mais nada, porém ficou de cara feia, melhor assim do que enchendo o saco.

Termino de preparar o lanche das garotas, e elas comem juntas, já estavam bem amigas. Fico feliz em vê-las juntas, se divertindo. Lucas não pegou no pé da garota, como eu achei que ele faria.

Após o lanche, deixei as duas brincando por um tempo, enquanto eu arrumava algumas coisas da casa, Lucas ficou na sala vendo noticiário, como de costume.

- Hora do banho. - Digo para as meninas. - Quem vai tomar primeiro?

- Mamãe, podemos tomar juntas? - Me questiona Mel.

- Claro, amor. - Falo.

Roberta já sabia tomar banho sozinha, mas Mel precisava de ajuda, por ser muito pequena. Porém quando Beta tirou sua roupa para tomar banho, eu quase chorei, ela tinha hematoma por todo seu corpo, braços, pernas, costas, barriga e até no bumbum.

- O que houve com você? - Perguntou Mel assustada.

- Meu padrasto me bateu.

- Que feio! Não podemos bater nas pessoas. E onde ele está?

- Tá preso por causa disso. - Responde Beta.

- Que bom! - Diz minha filha.

Dou banho em Mel, enquanto Roberta toma sozinha, tão triste ver uma criança assim, toda machucada, não sabia que ela estava desse jeito, coitadinha, e nem reclamava de dor. Após o banho das meninas, passo pomada nos machucados de Roberta, a mesma pomada que eu passava em mim.

- Obrigada, prof. - Ela diz.

- Oh, meu amor. - Falo ao lhe abraçar.

Jantamos todos juntos, Lucas estava muito quieto, não aprovava o fato de Roberta estar em nossa casa, mas ainda bem que ele não tinha feito nada para ofender a menina, acho que ele havia entendido o meu recado.

Após o jantar, coloquei as duas para dormirem. Pus um colchão no quarto da Mel, para Roberta, que dó que eu estava dessa menina, eu entendia a dor dela, pois era a mesma dor minha, por que tem que existir pessoas tão ruins assim no mundo?

 



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