“O próximo tiro será na cabeça dele. Faça o que eu mando ou veremos se ele é a prova de balas.”
Aquelas palavras perfuraram o cérebro de Hanah, ela estancou no meio da rua com Kook ainda a puxando, em seu rosto uma expressão de terror. Kookie a observou, segurou-lhe os ombros chacoalhando-a e dizendo algo, contudo Hanah não conseguia escutar, pois se concentrava na respiração da pessoa do outro lado da linha. Finalmente ela levantou os olhos para Kookie e disse:
-Preciso ir.
-O quê!? – perguntou Jeon confuso sem soltá-la.
-Eu preciso sair daqui. – a garota dizia olhando nos fundo das íris negras dele, implorando internamente que ele entendesse, soltando-se dele.
-Hanah, o que você está fazendo? – perguntou Jeon quando a garota virou-se indo para longe dele.
O rapaz agarrou-lhe o braço, virando-a para si.
-ME SOLTA! – gritou ela, porém ao ver a face confusa do garoto, ela viu que precisava dar uma explicação, mesmo que não fosse verdadeira. – Vamos deixar as coisas bem claras agora: eu cansei disso tudo! Cansei de brincar de casinha com você, nós sabemos que isso nunca daria certo. E por mais que eu me esforce, não consigo me apaixonar novamente por você. – e segurando todas as lágrimas que lutavam em sair, ela o fitou intensamente. – A Hanah que você conheceu, morreu. Eu tentei, mas não consigo entender como um dia ela conseguiu te amar. Mas, eu não consigo Jeon Jungkook.
Ela o deixou entrando em meio a multidão, escutou ele gritar por ela, mas não parou, as lágrimas corriam por seu rosto livremente. Kook ajoelhou-se no chão, não tinha forças para nada e em um último esforço, chamou por ela mais uma vez, contudo sabia que não adiantaria. No fundo ele tinha consciência de que aquelas palavras não pertenciam a ela, mas o machucaram da mesma forma.
-Saranghae... Saranghae... – dizia ela num sussurro inaudível, deixando-se desmoronar.
Levantou-se após um tempo procurando-a na multidão que se dissipava, mas a garota já não se encontrava mais ali, pensou em ligar para ela, no entanto Hanah havia levado seu celular. O rapaz apenas ficou perdido, a espera de uma ideia para encontrá-la.
●●●
Hanah seguiu pelas ruas cheias de gente sem saber para onde ir, apenas caminhando a esmo, entrando em becos vazios. Ficou assim por alguns minutos, até que o celular em sua mão tocou. Ela havia esquecido que ainda tinha em sua posse o aparelho de Kook.
-Alô? – sua voz saiu tremida quando atendeu.
-Fique onde está. Estou indo te buscar. – falou Joang.
-Como você sabe onde estou? – perguntou Hanah olhando ao redor.
Joang soltou uma risada antes de responder.
-Ah, minha querida, fiquei de olho em você o tempo todo. – o homem desligou sem esperar resposta.
Hanah sentou-se no chão, encolhendo-se na calçada, ela desejava ser salva, mas sabia que aquilo apenas machucaria outras pessoas, contudo havia esperança, uma pequena fagulha de esperança em seu coração, e foi isso que a fez retirar o chip do celular e guardar consigo, logo ela começou a chorar, porém ao escutar passos, ela ergueu a cabeça e de uma das extremidades do beco um senhor vinha andando calmamente. A garota levantou-se e foi a seu encontro, Joang abriu os braços e sorriu como se fosse abraçá-la, porém Hanah se esquivou do gesto e continuou andando. O senhor soltou uma risada e foi atrás da filha. Porém, o velho fez sua voz presente ao lembrar-se de um detalhe.
-Quero o celular.
A garota jogou o objeto para ele, Joang pegou o aparelho o avaliando, soltou no chão e em seguida pisou com força. Ambos entraram em um carro, no banco do motorista Jaenhun estava sentado com as mãos no volante.
-Não acredito que você está compactuando com isso. – Hanah falou raivosa, encarando o garoto.
-Estou fazendo o que é melhor para você. – respondeu ele, em seu olhar havia uma súplica silenciosa.
-O melhor para mim, seria que vocês morressem. – Hanah cuspiu no garoto. No banco do carona, Joang apenas observava a cena calado.
Jaenhun limpou a face suja com a saliva da garota e disse antes de dar partida no carro:
-Um dia irá compreender.
Eles andavam por estradas alternativas, aquelas que houvessem pouco movimento, porém o destino era o mesmo, estavam saindo de Seul, quando Hanah se deu conta disso começou a desesperar-se:
-Por que não estamos indo ao meu apartamento!?
-Você achou que eu te levaria para um lugar onde você pudesse fugir à hora que quisesse? Tão tola... Será levada a um lugar especial, onde vamos esperar juntos a hora de irmos ao aeroporto. Na noite de amanhã, voltaremos a Holanda.
-O quê!?
Contudo, não importava quantas perguntas ela fizesse, Joang e Jaenhun apenas ignoraram seus gritos.
●●●
Jungkook retornou à sua casa, encontrando apenas Namjoon lá, que estava enfermo por causa de uma gripe. Jin havia saído com os outros para um passeio. Ao ver o estado de pavor do dongsaeng, Nam levantou-se do sofá indo ao encontro do garoto. Kookie abraçou o mais velho e ali se desfez.
-Ele a levou. Ela não disse, mas eu sei que foi ele. A culpa é minha... – soluços interrompiam a voz falhando do maknae. – Eu não devia tê-la deixado...
-Calma. Me explica isso direito, eu não estou entendendo nada. – Nam levou Kook para o móvel onde antes estava deitado.
-Joang levou Hanah. Me ajuda hyung. Eu... eu não sei o que fazer... Rastreia ela.
Era a primeira vez que Namjoon via o garoto naquele estado, Kook repudiava o ato que o mais velho tinha de rastrear o celular de Jin para saber onde este estava. Então, se o garoto lhe pedia aquilo, era porque algo realmente sério havia acontecido.
-Tudo bem. Eu faço isso. Mas preciso do modelo do aparelho celular dela ou o número.
-Ela... ela não estava com o celular. – Kook arregalou os olhos, a cada segundo o desespero apenas inflava em seu corpo, no entanto lembrou-se de um detalhe. – Ela tinha o meu. Ela estava com o meu celular!
O garoto deu o seu número ao hyung e levantou-se para sair, mas antes pegou o celular de Hobi no quarto deste, pois o ruivo nunca saia com o aparelho em passeios com os amigos.
-Onde vai? – perguntou Namjoon preocupado.
-Ter certeza de que ela não está em casa. Quando tiver a informação ligue para o número do Hoseok. – O garoto saiu do lugar sem esperar resposta, sabia que Nam tentaria convencê-lo a não ir.
Chegou no apartamento de Hanah rapidamente, a porta do local encontrava-se destrancada, ele chamou, mas não houve resposta. O lugar estava frio, escuro e tão vazio que Kook sentia que poderia se perder em meio ao nada. Entrou no quarto da garota, no chão havia pôsteres rasgados, a maioria com o rosto dos integrantes de BTS. Roupas estavam espalhadas pelo chão, livros destruídos. E quase escondido embaixo da cama havia os pedaços de uma foto que chamou a atenção de Jeon. Ele recolheu os restos, a imagem apresentava dois jovens vestidos em roupa escolar: ele é Hanah.
O garoto sentou-se no colchão fitando a imagem, dando-se conta de quanto tempo havia passado. Porém ao sentir o celular vibrar no bolso, ele foi tirado do momento de nostalgia, guardou a foto no bolso interno do casaco que usava e atendeu.
-Eu encontrei. – soou a voz profunda de Namjoon.
-Onde ela está?
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