1. Spirit Fanfics >
  2. Destinos Entrelaçados >
  3. Dívida Pendente

História Destinos Entrelaçados - Dívida Pendente


Escrita por: Imagination

Notas do Autor


Muito obrigada mais um vez por todos os comentários, mensagens, seguidores/leitores novos e favoritos!

Esta semana apesar da loucura no meu trabalho, consegui atualizar duas vezes, mas não posso prometer que isto se torne frequente, mas pelo menos posso assegurar uma atualização semanal... se bem que depois deste capítulo, acho que vou ficar com medo de entrar aqui.

Sem querer deixar mais suspense no ar, aqui está o novo capítulo.

Capítulo 70 - Dívida Pendente


Dívida pendente

 

Os canos que conseguiu arrancar e partir não eram fortes o suficiente para produzir danos reais na porta que os prendia naquela câmara frigorífica. A temperatura baixa que se fez sentir durante a maior parte do tempo, dificultava ainda mais a respiração de Levi. Este alternava os golpes na porta com os canos partidos com os pontapés na porta à altura da fechadura. Procurava que esta cedesse e não diminuía a frequência dos golpes, pois mesmo que a certa altura, a temperatura tivesse parado de descer e tudo tivesse ficado na escuridão, continuavam presos.

O professor pressentia que aquela falha elétrica não era casual, mas ainda assim sabia que não podia esperar tranquilamente que a temperatura baixasse na câmara frigorífica agora desprovida de eletricidade. Temia pelo que podia acontecer com a saúde de Hanji e do bebé e também o preocupava em sair dali o quanto antes para ir ao encontro de Eren.

Sendo assim, ignorou as náuseas cada vez mais intensas, as tonturas, a dificuldade em respirar e sobretudo as dores que mal conseguia distinguir de onde provinham. O que de certa forma, ajudava a ignorar o facto de ter forçado os próprios dedos fraturados a agarrar o tubo de metal que usava para bater na porta e também a luxação no ombro e possível fratura menor que podia ter no outro braço.

- Pára, por favor… - Pedia Hanji, soluçando mais uma vez.

A amiga pedia-lhe há vários minutos que parasse aquela sucessão praticamente ininterrupta de golpes na porta. Era consciente que o estado do amigo era muito grave e que nada daquilo estava a ajudá-lo.

- Levi, pára!

- Não vou deixar que nada te aconteça! Não posso viver comigo próprio se… se te acontecer alguma coisa, se perder mais alguém… não posso! Não posso! – Falou com uma voz claramente afetada pelo esforço que estava a fazer para forçar aquela porta a abrir-se.

Desconhecia o paradeiro de Irvin ou de quem o acompanhava e por isso, teria que depender de si mesmo para derrubar aquela porta, caso ninguém escutasse o barulho que estava a fazer.

Uma onda nauseante mais violenta atravessou-o e não conseguiu evitar o que se seguiu. Apenas teve tempo de virar o rosto e expulsar o conteúdo do estômago.

Aquilo confirmava o diagnóstico de Hanji e as suas suspeitas. O fígado dele estava sem dúvida a falhar. A icterícia visível nos olhos, a comichão que estava a sentir pelo corpo, aliada àquelas náuseas que pioravam com o passar do tempo eram indicadores muito fortes do que estava a acontecer.

Além disso, era consciente que havia algo de muito errado com o ritmo cardíaco acelerado e a dor no peito que piorava cada vez que respirava. Ainda assim, após recompor-se um pouco e sentir que não haveria muito mais no estômago, retornou à sucessão de golpes que procuravam fazer com que a porta cedesse.

- Levi!

Teve que parar, dado que Hanji abraçou-o, procurando impedir que continuasse com aquilo que estava classificar de loucura. 

- Hanji, larga…

- Não! – Interrompeu-o. – Tu não estás bem. Eu não preciso que faças isto por mim.

Ia contrariá-la quando ouviu passos no exterior e acima de tudo uma voz que reconheceu. Empurrou Hanji para que se encostassem ao lado oposto à porta ao mesmo tempo que ouvia a voz de Armin dizer que se afastassem da porta.

Pouco depois, soou o som de um disparo e por fim, a porta daquela câmara frigorífica se abriu e de imediato, Levi empurrou a amiga para fora daquele local.

Ao sair notou que apenas a iluminação de emergência daquele corredor estava acesa.

Irvin confirmava que estava tudo bem com Hanji e Levi não esperava que à sua frente, aparecesse Mikasa que colocou a mão no seu ombro. Surpreso olhou para a jovem de cabelos negros que não escondeu uma expressão preocupada com o aspeto que lhe mostrava, mesmo sob aquela iluminação fraca.

Ela notou o sangue e tocou no rosto do professor, observando-o de perto.

- Vou levar-te a um hospital agora mesmo.

- Não… quem precisa de ir a um hospital para confirmar que está bem é a Hanji. – Rebateu, afastando a mão de Mikasa. – Preciso ir… buscar o Eren…

- Não, ela tem razão. – Falou Irvin. – Vocês os dois precisam de um hospital…

- Nós vamos buscar o Eren. – Afirmou Armin. – O Erd, o Bertholdt, o Reiner e o Auruo devem estar a chegar aos dois últimos pisos. Estou a manter a Sasha e o Connie numa das entradas e a Ymir e a Christa perto dos quadros de eletricidade para controlar que zonas devem ou não estar sem qualquer energia.

- Que tipo de armas recolheram?

- Armas? – Perguntou Annie confusa. – Poucas de fogo, mas eram sobretudo…

- Não, alguns deles por indicação do Kenny também tinham… - Ouviu um som familiar perto.

- Gás? – Indagou Armin assutado com aquela possibilidade.

- Gás lacrimogénio? – Irvin cobriu a boca e começou a levar Hanji para uma das saídas laterais, ao mesmo tempo que Levi empurrou Armin para cima de Annie e Mikasa e respirando fundo, iniciou um passo quase de corrida até às escadas.

Ouviu que o chamavam, mas não deu qualquer importância, subindo os primeiros degraus de uma longa jornada que sabia que o aguardava. Aquele era o último piso e pelo que tinha entendido, Eren estaria provavelmente no último andar.

 

*_Eren_*

Os meus pulsos estavam presos à parte da cabeceira daquela cama forrada com uma colcha de tons avermelhados e com um perfume enjoativo que se misturava com o aroma forte do cigarro.

Contudo, notei que os meus pulsos não estavam presos com a mesma corda utilizada por Kenny e sim com outro material que mais se assemelhava a um tecido negro com uma textura suave e… mais maleável.

O outro ponto que reparei foi o facto de as minhas pernas estarem livres. Não havia nada aprisioná-las, o que definitivamente jogaria a meu favor.

Além da cama, de resto tudo parecia um quarto relativamente normal, não fosse a aparência luxuosa daquele local que mais aparentava pertencer a um hotel de luxo. Não que conhecesse um por dentro, mas pelo menos era o que aparecia em alguns filmes em que as cortinas, tapetes e móveis que só a aparência indicava uma quantia generosa gasta nesses aspetos de decoração. Havia uma mesa com dois copos e uma garrafa de alguma bebida alcoólica, uma televisão perto de um sofá onde caberiam pelo menos três pessoas, um guarda-fatos aberto com roupa no seu interior.

 

Flashback

- O teu problema é que sendo excessivamente impulsivo não páras para observar o espaço ao teu redor, mas se o fizeres em momentos oportunos, poderás planear melhor qual é o melhor passo a seguir. – Explicava Levi, depois de me ter derrubado mais uma vez sem muita dificuldade. – Pára por cinco segundos, Eren. Observa o espaço à tua volta e tenta perceber se não há nada de que te possas servir, se não há mesmo nada que possas fazer de diferente.

- Nunca vou ser tão bom como tu. Fazes isso com muita facilidade.

- É hábito, mas é algo que sei que podes aprender. – Disse, verificando o meu rosto. – Parece que não caíste muito mal desta vez…

- Achas mesmo que posso aprender?

- Para a próxima vez, pára um pouco e examina o espaço ao teu redor e não há cenário algum em que não exista pelo menos uma coisa que possas fazer. – Falou e olhando-me nos olhos, prosseguiu. – Pelo menos uma coisa já sabes. Desistir não é uma opção. Não, se disso depender…

- A vida de alguém. – Afirmei.

- E se disso também depender a tua vida. Quero que defendas a tua vida da mesma forma que defenderias a minha, da tua irmã, do Armin ou de qualquer um dos teus amigos.

Fim do Flashback

 

- Gostas do lugar que preparei para ti? – Perguntou. – Pensando bem, deveria ter escolhido tons verdes para combinar com esses olhos. – Mantive-me em silêncio. – Já viste bem? Se tivesses dito logo que sim inicialmente, podias viver num sítio destes. Podia ter-te dado todas as regalias que quisesses, mas agora vais ter que merecer, Eren. – Aproximou-se mais, estendendo a mão e quando estavas prestes a tocar-me no rosto, movi as minhas pernas e pontapeei-o, fazendo com que caísse da cama.

De seguida, forcei os meus pulsos e tal como esperava, o tecido que parecia ser de seda facilitou para que conseguisse libertar um dos meus pulsos. Ao ter uma mão livre, tornou-se muito mais simples libertar a outra.

Assim que tive os pulsos livres, saí da cama.

Porém, antes que conseguisse alcançar a porta, esta abriu-se e mal tive tempo de ver o rosto do homem que colocou um spray no meu rosto. Ainda consegui golpeá-lo, mas a esse juntou-se outro e estranhei que apesar de me terem golpeado no estômago, não me aprisionavam como julguei que fossem fazer. Em vez disso, senti algo ser preso no meu tornozelo e como tornei a acertar um dos meus golpes, acabei por receber outro do qual não me pude desviar, pois não conseguia ver de onde vinham.

Um daqueles golpes veio acompanhado de uma estranha pressão no meu braço, como se me tivesse picado com algo e perguntei se estariam a tentar fazer comigo, o que tinham feito com o Levi quando o injetaram com drogas.

Não obstante, os danos que ainda causei aos que tentaram imobilizar-me, eles saíram novamente daquele quarto. Tive que esfregar os olhos várias vezes e mesmo assim, a visão surgia bastante embaçada enquanto tentava encontrar novamente a porta e possivelmente, conseguir forçar a sua abertura.

O que não esperava é que a certa altura, não conseguisse dar mais um passo em frente, na direção do local onde sabia que a porta se encontrava. O que estava preso no meu tornozelo direito não me deixava avançar mais e olhando para baixo vi uma corrente presa que se prendia à cama.

- Parece que não posso mesmo ser brando contigo. Gostas que te trate abaixo de cão, pois muito bem… - Limpou o sangue que escorria do nariz e do lábio cortado.

Ao ver que dava passos na minha direção, tentei chegar ao outro lado, onde estava a janela, mas detive-me antes de sequer tentar alcançá-la. O que conseguiria ao chegar àquele janela?

- Não vais dizer que preferes morrer, Eren? – Ironizou ao ler qual era a minha intenção inicial.

O meu corpo movimentou-se automaticamente para aquela outra saída, mas ainda que fosse possível alcançá-la, ao contrário de tantas outras vezes em que julguei que preferia morrer do que insistir em viver… desta vez, sabia que não teria coragem.

Não queria desistir da vida que tanto ele disse que valorizava, que não podia desperdiçar, da qual me proibia de desistir…

Aquela onde ainda esperava ser feliz ao lado dele com os meus amigos por perto, com a nossa família por perto e nada disso seria possível, se ponderasse acabar com a minha vida.

Pela primeira vez desde que os pensamentos mais obscuros surgiam, eu realmente não queria ir com eles adiante. Não queria sequer pensar nisso. Não queria morrer.

- Não vou morrer aqui. – Respondi, virando-me para ele. – Mas tu também não vais ter o que queres. Se deres mais um passo que seja na minha direção, vou matar-te aqui porque posso não poder sair daqui, mas tenho força suficiente para te fazer frente.

As minhas continuavam livres e ainda que um dos meus tornozelos tivesse preso, isso não limitava os meus movimentos. Podia defender-me.

- Por quanto tempo, Eren? – Perguntou não dando nenhum passo em frente.

A questão causou-me alguma confusão. Essa que não durou muito, pois entendi ao que se referia. Ele não me tinha prendido propositadamente. Podia ter ordenado que fizessem isso quando os seguranças dele entraram naquele quarto. Em vez disso, apenas me injetaram com algo que até àquele momento não fazia qualquer efeito, mas a segurança com que me observava, só me fazia concluir uma coisa: o efeito iria fazer-se notar em pouco tempo.

Porém, antes que isso acontecesse, teria que livrar-me dele.

Olhei para a distância que a corrente me dava e como ele se mantinha a uma distância segura. Portanto, estava claro o que precisava de fazer. Teria que convencê-lo a aproximar-se de mim. Não que fosse uma ideia que me agradasse nem um pouco, mas era a única forma de livrar-me dele.

Deixei descair os ombros ligeiramente e caminhei lentamente até à cama sob o olhar atento dele. Ajoelhei-me na frente da cama sem nunca afastar os olhos dele e falei:

- Quanto mais depressa concordar, mais depressa vai deixar os meus amigos em paz, não é assim?

- Hum, queres negociar?

- Não tenho escolha, não é assim? – Perguntei, fiz um gesto para que viesse até à cama, batendo de leve na colcha. – Já que teve todo este trabalho para me trazer até aqui, porque não começamos logo com o que quer?

Ele sorriu de lado.

- É engenhoso, mas eu não…

- Se sentar-se agora na cama, faço cada minuto valer a pena.

Ele estava a hesitar em manter a distância e assim que se aproximasse, faria com que se arrependesse do dia em que cruzou o meu caminho.

 

*_*_*_*_*_*_*_*

 

- Puta que pariu… - Praguejava Levi, vendo que aquele elevador não funcionava, mas tinha a certeza que um deles teria que funcionar, pois nas suas próprias palavras “não imaginava o pote de banhas (banqueiro) a subir 10 andares de escadas”. Assim seria seguro deduzir que a razão para que nenhum funcionasse, seria devido ao plano de Armin de ter várias zonas do edifício sem eletricidade.

Só tinha subido dois andares e duvidava seriamente que conseguisse subir os que restavam no estado que se encontrava e que deteriorava rapidamente.

Entretanto, Irvin discutia com Hanji com quem tinha deixado o edifício por uma das saídas de emergência, mas a professora recusava-se a sair do local e queria regressar para o interior do prédio.  

- Eu estou bem, Irvin! Não preciso de um hospital!

- Não podes ter a certeza disso e eu tenho a certeza que vão conseguir…

- Não! – Contrariou Hanji com lágrimas nos olhos. – Não entendes que o Levi é quem precisa de um hospital?

- Eu sei, Hanji mas…

- Não, não vou deixá-lo aqui sozinho!

- Hanji, o Armin é inteligente e além disso, também cá estão…

- Ele vai morrer, Irvin! – Interpelou-o com um tom de voz desesperado. – Ele despediu-se de mim! Como queres… ah… - Curvou-se ligeiramente, perante o ar preocupado do diretor.

- Hanji? Hanji? O que tens?

- Uma pontada de dor… - Murmurou chorosa e assustada.

- Hanji, por favor, temos que…

- Não.

- Ele não iria querer que acontecesse nada contigo ou com o nosso filho. Por favor, deixa-me chamar uma ambulância e… - A frase não teve tempo de ser terminada, pois em questão de segundos ambos ouviram os sons de sirenes. Não eram somente de emergência, mas acima de tudo pertenciam a veículos policiais.

Quanto a Armin seguia atrás de Annie e Mikasa ia mais adiante. Os três questionavam-se como o professor poderia ter-se adiantado tanto relativamente a eles, mesmo no estado em que se encontrava.

- Isto são sirenes? – Perguntou Annie.

- Sim, a professora Petra e a Rute devem ter conseguido que o escândalo se espalhasse na comunicação social e se não me engano… - Tentava acompanhar o ritmo de corrida das amigas. – Se a polícia está envolvida, significa que a Riko também já começou a fazer a parte dela.

- Ali está ele! – Disse Mikasa, vendo Levi recuar numas escadas por onde descia alguém. Provavelmente um dos seguranças que ainda continuava a vaguear pelo edifício.

- O meu plano tem falhas. Deduzi erradamente que o maior problema seria o Kenny e que como ele agia apenas por conta própria, nunca daria indicações aos outros que aqui se encontravam. Os que não receberam qualquer indicação foram rapidamente imobilizados, mas… - Viu Mikasa ajudar Levi a derrubar outro segurança. – O professor Levi sabia à partida que havia falhas e foi por isso que nos perguntou que tipos de armas tínhamos recolhido. Ele sabia que havia mais do que bastões ou armas de fogo.

- Isso quer dizer que… - Ia dizer Annie quando ouviram o som do que parecia ser uma explosão nos pisos superiores.

- Que há alguns destes seguranças que têm armas muito mais perigosas e que essa é a razão para que não tenha ouvido nada há vários minutos do Auruo, Erd, Reiner e Bertholdt. – Concluiu aterrado com a possibilidade de que aquelas falhas pudessem ferir ou mesmo matar alguns dos seus amigos.

- Mikasa! – A voz de Annie ao ver a namorada falhar em perceber que havia mais um elemento que precisava ser derrubado.

Porém, ambos viram como Levi se libertava de um dos homens que tentou prendê-lo pelo pescoço com um disparo de uma arma que surpreendeu também o outro que pretendia atacar Mikasa. A hesitação foi o suficiente para que a jovem de cabelos negros pudesse defender-se, mas ainda assim outro disparo soou.

Levi acabava de atingir os dois seguranças. Os dois na zona das pernas, deixando que agonizassem no chão e encarou Armin, dizendo:

- Quero que faças esta merda funcionar! – Apontou o cano da arma que tinha conseguido tirar a um daqueles homens para as portas de um elevador.

- Mas…

- Um deles funciona e tu sabes disso! Faz esta merda funcionar! Põe a eletricidade a correr o edifício! Rápido!

Armin estremeceu com o tom de voz, mas optou por obedecer mesmo que as mãos e a voz tremesse enquanto falava com Christa e Ymir. O plano tinha falhas e o facto de saber que Levi iria tentar compensar isso, deixava-o com um nó no estômago.

As luzes voltaram e de imediato, Levi ouviu o som de um elevador a movimentar-se. Deveria ser o único que funcionava e que teria sido utilizado pelo banqueiro. Carregou no botão enquanto ouvia outros passos.

- Saiam daqui.

- Nem pensar que vais a lado nenhum! – Contrariou Mikasa. – Precisas de um médico! Nós podemos salvar o Eren! Não prec…

Ouviram como o som do gás a sair de algum mecanismo se espalhava no corredor e Levi cobriu o rosto de Mikasa, sustendo a respiração enquanto a levava para perto de Armin e Annie. Antes de afastar-se dos três murmurou:

- A culpa não é tua, apenas não conhecias até onde o Kenny seria capaz de ir…

Em seguida, correu pelo corredor até alcançar as próximas escadas e fez um esforço maior do que pensava para as subir, mas assim que alcançou o outro piso, disparou novamente na direção do responsável por mais uma daquelas pequenas bombas de gás. Desconfiava que aquela última não seria gás lacrimogénio e sim algo com características de um sonífero. Isso explicava a ausência de algo que ardesse nos olhos e após ter deixado mais um homem agonizar no chão, acercou-se a um dos elevadores. Carregou no botão e reparou que apenas teria que esperar mais alguns segundos para poder utilizá-lo.

- Annie, fica com o Armin.

- E onde pensas que vais?

- Vou ajudá-lo a sair daqui com o Eren.

- E se ele já tiver apanhado o elevador? – Indagou Annie.

- Devias esperar um pouco mais até o gás dissipar. – Aconselhou Armin.

- Não posso esperar mais e se ele já tiver conseguido entrar no elevador, então só terei que subir o mais rápido que conseguir.

- Isso é arriscado, Mikasa! Ainda não ouvi nada do que possa ter acontecido com…

- Ele não pode morrer… ele e o meu irmão tem que sair vivos disto. – Falou Mikasa, antes de pôr a mão no rosto e afastar-se a correr na direção das escadas.

 

*_*_*_*_*_*_*_*

 

Ele pensou que não teria que ser mais insinuante, até porque apenas as poucas coisas que disse estavam a deixá-la indisposto. Porém, esperava que tivesse sido convincente o suficiente para que o banqueiro cometesse o erro de aproximar-se dele em pouco tempo.

Contudo, o que disse não foi o suficiente para convencer o homem a quem já tinha batido e praguejava por não ter batido com força suficiente para o deixar inconsciente logo quando teve a oportunidade. Por ter cometido esse erro, viu como Darius aguardou pacientemente que os primeiros sintomas do que lhe tinham injetado começassem a manifestar-se.

Num primeiro momento, pensou que estivesse a sentir somente cãibras, mas ver como o peso se espalhava por todo o corpo, levou-o a concluir que se tratava de algum relaxante muscular. Ao aperceber-se disso, levantou-se em dificuldades e ainda conseguiu alcançar a pequena mesa onde se encontrava uma mesa com uma garrafa de champanhe.

Ao ver que Darius dava alguns passos na sua direção, atirou-lhe a garrafa e o banqueiro não esperava que ainda tivesse força suficiente para o fazer e por isso, foi atingido no rosto, deixando escapar vários insultos.

Aproveitando isso, Eren também pegou os dois copos e com a mesma pontaria, ainda conseguiu acertar no outro homem, embora tenha sido mais nas costas e num dos braços. Os cacos de vidro espalhavam-se pelo chão e quando ia tentar pegar na pequena mesa, uma cãibra mais forte, fez com que se ajoelhasse repentinamente.

Seguiu-se uma tontura e enquanto processava aqueles elementos que o começavam a desorientar, recebeu um golpe no rosto. Não notou quando o banqueiro chegou até ele e também não sentia força nas pernas ou braços para se afastar ou sequer para se apoiar muito bem depois de ter recebido aquela chapada no rosto.

- Parece que vou ter que ensinar-te a obedecer!

Pelo canto do olho, viu que tirava o cinto das calças e usou o mesmo para bater-lhe novamente e mirando mais uma vez o rosto. O material passou uma sensação dolorosa no seu rosto, como se o queimasse.

Teria recebido mais um golpe no rosto, mas cobriu o rosto com as mãos e tentou agarrar o cinto. Porém, não esperava ser pontapeado nas pernas e à altura do tronco até que começasse a tossir.

- Vou ensinar-te a obedecer-me e a nunca mais fazeres coisas destas, Eren!

Ao ver o rapaz suficientemente desorientado, abaixou-se e teria puxado a sua camisa, mas este bateu-lhe mais uma vez no rosto. A força não se comparava ao que tinha sentido antes, mas ainda assim aumentou ainda mais a fúria que sentia por ver que apesar de tudo, ele ainda lhe oferecia resistência.

Seguiu-se outro punho que o atingiu do outro lado do rosto e Eren serviu-se disso para tentar escapar, tentando arrastar-se no chão.

O banqueiro recompôs-se com facilidade e pontapeou-o novamente e Eren caiu mais uma vez, continuando a tentar mover-se. O homem que se colocou sobre ele, agarrou os seus cabelos e sem cuidado fez com que batesse várias vezes com a cabeça contra o chão.

- Quando é que te vais aperceber que não passas de uma puta que vou usar? Não podes fugir! Não há nada que possas fazer! – Ao ver a frequência dos movimentos debaixo dele diminuir deteve os golpes e logo começou a percorrer o corpo do jovem com as mãos.

- Não…

- És meu e vou usar-te como quiser. – Falou num tom banhado de malícia, acariciando as coxas do rapaz que tentou mover-se novamente, mas o corpo mal respondia ao seu desespero visível na respiração e lágrimas que começavam a escorrer pelo seu rosto.

- Levi… - Murmurou num tom choroso.

- Está morto e tu sabes bem disso. O que não deixa de ser uma pena porque queria que ele visse como te vou fazer gritar e gemer o meu nome.

- Levi… - Começava a soluçar enquanto sentia como as mãos frias e sem qualquer cuidado, puxavam as roupas que levava. – Levi…

- Não te preocupes. Dentro de poucos minutos, não será esse o nome que terás na tua cabeça.

Um disparo chamou a atenção de ambos. A porta do quarto abriu-se com um tiro alojado diretamente na fechadura e levantando a cabeça para ver quem era, Darius não esperava ver Levi que se apoiava na porta e cujas pernas podia ver como tremiam. Custava-lhe manter-se de pé e teve baixar o rosto para tentar esconder a expressão de dor que o atravessava naquele momento.

- Tu continuas vivo… - Disse num tom quase incrédulo e ao ver que o professor erguia uma arma, abaixou-se de imediato e não esperava que disparasse mesmo assim.

O tiro efetivamente não o acertou e nem tão pouco passou perto. Em vez disso, acertou uma das cordas que servia como suporte para a plataforma que havia no exterior da janela e esta perdeu parte do equilíbrio.

Em seguida, a arma caiu no chão e o banqueiro sorriu de lado ao ver que não tinha nada a temer.

- Podes ter chegado aqui, mas é óbvio que não és uma ameaça. Não estás morto, mas isso é questão de tempo.

Falhei… era o último tiro e falhei. Nem passei perto…”, pensava Levi, apoiado na porta e levantou o rosto, vendo que Eren se encontrava no chão, encarando-o com olhos repletos de lágrimas, “Não posso perdê-lo de novo. Preciso acabar com isto. Não posso deixar que se sacrifique novamente por mim, tenho um preço a pagar e se com isso, ele livrar-se deste monstro… então…”.

- Mesmo que não acredites, Eren… - Disse num tom de voz fraco. – Eu… - Murmurou as palavras e Eren não precisava escutá-las, mas pôde ler com facilidade os lábios dele antes que Levi centrasse a sua atenção no banqueiro.

- O que achas que vais fazer nesse estado patético? Vais morrer e teres vindo até aqui não te servirá de nada!

- Eu vou morrer, mas… - Centrou a força nas suas pernas. – Tu vens comigo!

Eren tentou levantar-se, mas foi-lhe impossível ao mesmo tempo que viu Levi reunir as forças que lhe restavam e lançar-se na direção de Darius, empurrando-o até à janela.

- Levi!

O banqueiro nunca esperou que o professor tivesse força suficiente para empurrá-lo daquela forma e quando se viu a perder o equilíbrio era tarde demais. Iam cair os dois e gritou desesperadamente pelos seguranças que nunca vieram e nem teriam tempo, pois assim que caiu sobre a plataforma esta cedeu. Tentou agarrar-se à mesma e Levi ainda tentou agarrar-se a um dos parapeitos e assim que olhou para cima, apenas viu como apesar de ir contra todas as probabilidades, Mikasa acabava de chegar à mesma janela, mas…

Ele não tinha forças para se segurar e antes que ela pudesse alcançá-lo, soube que ia seguir o mesmo destino do banqueiro. Sorriu ligeiramente e ouviu-a gritar o seu nome e para que se segurasse, mas era inútil. Não lhe restavam mais forças e deixou-se cair.

Já tinha escutado a plataforma cair e rebentar com alguma estrutura mais abaixo e não teve curiosidade em ver, sobre o que iria cair. Em vez disso, quis que a última coisa que visse, fosse o céu estrelado daquela noite.

Espero ter mais uma oportunidade de te encontrar de novo, Eren… sei que se reencarnar de novo, por muito longe que estejamos, vou encontrar-te novo. Por muitas pessoas que se cruzem nas nossas vidas, irei apaixonar-me de novo por ti e só posso esperar que retribuas. Sei que cada vez que renascer, vou apaixonar-me uma e outra vez por ti porque se desde daquela altura, o meu sentimento por ti não mudou, então não acredito que alguma vez vá mudar…”, pensava com os olhos presos no céu, onde uma lua cheia completava a decoração de uma noite primaveril. Uma das mais bonitas que alguma vez tinha visto, apesar da ocasião, “O mundo é tão bonito e eu de facto… tenho tanta pena de morrer”, fechou os olhos. 

A consciência começou a desaparecer e não viu que ao contrário do banqueiro não caía na estrada e sim no edifício logo ao lado, o pavilhão das piscinas municipais que teve o teu teto desfeito pela plataforma que embateu violentamente na superfície de vidro. Assim em vez do asfalto da rua, surpreendeu-se por poucos segundos por ser envolto em água, mas a força com que caiu logo o fez encontrar o fundo da piscina.

Embateu brutalmente com a superfície do fundo e a sua consciência abandonou-o no momento do choque.

 

*_*_*_*_*_*_*_*

 

Hanji estava sentada num banco a ser vigiada por alguns paramédicos, acompanhada por Irvin quando ouviu gritos e viu a plataforma cair com alguém. Ergueu-se de imediato enquanto também os socorristas e agentes da polícia tentavam entender o que estava a acontecer.

Contudo foi a segunda pessoa que viu cair que a fez mover-se na direção do pavilhão, gritando na direção de uns agentes para que abrissem as portas do local. O que não demorou a ser feito, visto que também eles precisavam de ver o que teria caído e quais os danos causados no interior. O que não esperavam é que a professora sendo seguida por Irvin empurrassem os agentes assim que as portas se abriram e corressem até à zona das piscinas, somente para ver um cenário mórbido.

Uma das maiores piscinas estava pintada pela cor do sangue que se espalhava rapidamente pela água. Havia um corpo na água e o facto de reconhecer de quem se tratava, fez um grito terrível e ensurdecedor soar pelo local.

Irvin passou na frente da professora que histérica, gritava perante o cenário que tinham na sua frente enquanto o diretor, após mergulhar na piscina, puxava o corpo de Levi para fora de água e assim que o trouxe para fora, apressou-se a procurar qualquer sinal vital.

Sem querer perder tempo, iniciou uma série de massagens cardíacas e sentiu-se tremer e lágrimas assomarem ao seu rosto, ao sentir que embora tivesse que fazer mais pressão sobre o peito, havia algumas costelas partidas.

Ele não respirava.

Ele não reagia.

- Não podes desistir assim! Vamos, respira, Levi! – Pedia sem parar com as massagens cardíacas.

 


Notas Finais


Não há preview porque ainda não comecei o próximo capítulo...


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...