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História Destinos Entrelaçados - Prólogo


Escrita por: ladyjack e Monteiro88

Notas do Autor


Olá pessoal, essa é a nossa primeira fic do mundo de Game Of Thrones. Estou muita ansiosa com essa minha nova parceria com @Monteiro88.
Espero que gostem.
Boa leitura!

Capa feita pela maravilhosa design @Facille do projeto @FashonDesign.

Capítulo 1 - Prólogo


Fanfic / Fanfiction Destinos Entrelaçados - Prólogo

● 25 de novembro de 2016, Valíria.

Dany acordou sobressaltada, com o som do despertador a incomodando. Resmungou mal-humorada, desligando o objeto sem ânimo algum, por ter sido acordada na melhor hora do sono.

Estudava de manhã, e todos os dias tinha que levantar às seis horas, pois, não morava muito perto do colégio. Mesmo tomada pela preguiça, sabia que tinha que se levantar para fazer sua higiene matinal e vestir o uniforme escolar.

Se espreguiçou de forma preguiçosa, esticando todos os seus membros sobre a cama de solteiro. Seus olhos se acostumaram aos poucos com a parca claridade que provinha da janela de vidro. Levantou lentamente, rumando para o banheiro, não hesitando em entrar debaixo do chuveiro, com sua água quente a soltar fumaça. Sentiu seu corpo relaxar e suas energias se revigorarem, ficando disposta de imediato. Saindo do banho se olhou no espelho, encarando orbes lilases, caraterística muito comum de Valíria, apesar de saber que em outros países era algo bem incomum. E, de seus cabelos cacheados longos e prateados, que caiam por seus ombros estreitos e seus seios pequenos. Sua pele era alva, salpicada de sardas, e seu corpo pequeno, magro, mas de belas curvas. Daenerys sabia que era muito bonita para seus dezessete anos, e chamava bastante atenção.

Sorriu minimamente. Tinha puxado a beleza da mãe.

Não demorou para terminar de se vestir e descer para o café da manhã. Sua casa era simples, de apenas três quartos, um banheiro, uma sala de visitas e a cozinha. Mas, apesar de pequena, era bem aconchegante e vívida, devido à alegria dos seus moradores.

Conforme descia as escadas, o aroma do café invadia suas narinas, fazendo seu estômago roncar de fome. Se apressou a percorrer os últimos metros, adentrando na cozinha.

Se deparou com seus pais, Aerys e Rhaella.

Seu pai estava sentado à mesa, lendo o jornal, por enquanto que sua mãe terminava de preparar o café. Sorriu com a cena tão rotineira, mas tão familiar e aconchegante.

Seus pais eram bem parecidos consigo, com os mesmos tons de olhos e de cabelos, características típicas de todos os valirianos. Mas, já não eram tão novos, com seu pai tendo 57 anos e sua mãe 55. Ela nascera quando seus pais já eram mais velhos, com sua mãe já tendo trinta e oito anos e seu pai quarenta. Tinha sido uma gravidez muito difícil e cheia de complicações. Dany sabia que seus pais tentaram por muitos anos terem filhos, mas todas as tentativas falharam, e, sua mãe também relatara que acontecera alguns abortos. Ela não se atreveu a perguntar como tinha sido, pois, sabia que era um assunto muito delicado e que traria péssimas lembranças. Mas, uma vez ouviu seus pais conversando, e descobriu, um pouco pelo acaso, que bem no começo do casamento deles, eles tiveram um filho, um menino, mas que viveu apenas por um mês. Ele se chamava Rhaegar. E que também houve um outro, que se chamava Viserys. Esse viveu por apenas uma semana. Tudo indicava que isso se devia ao fato de seus pais serem parentes muito próximos, primos de segundo grau, e também por haver vários relatos de seus antepassados que possuíam um sangue muito próximo. Seus próprios avós, por exemplo, eram primos também. Isso acontecia muito, por Valíria ser uma ilha pequena, onde todos conheciam a todos, e da antiga tradição de unir familiares, não permitindo a entrada de estranhos. Dany achava essa preservação de valores e do sangue puro uma besteira, e sabia que seus pais também pensavam a mesma coisa, mas nem eles mesmos tinham se livrado disso. Não que eles tivessem se casado por obrigação. Pelo contrário. Ela sabia que eles tinham se apaixonado desde o momento que se conheceram e que estavam juntos desde então.

- Bom dia filha, sente-se, que o café está quase pronto. – Rhaella disse de esguelha a manusear as panelas.

 Daenerys se limitou a seguir o pedido da mãe, se sentando ao lado do pai, que estava com uma expressão preocupada, com seus olhos fixos no jornal.

-Algum problema pai? – Inqueriu interessada.

-Não, querida. Nada que você deva se preocupar. São só rumores. – Seu pai respondeu com um sorriso gentil na face, na tentativa de tranquilizá-la.

Apenas sorriu, concordando, por enquanto que observava sua mãe os servir uma xícara de café, logo depois se sentando. Seu pai de imediato depositou o jornal dobrado ao lado da mesa, se servindo de um pedaço de bolo, começando a conversar amenidades. Ambas o seguem, começando a falar animadamente sobre o que tinham feito no dia anterior. Dany, apenas contou sobre a prova surpresa de história, e como tinha ficado animada, já que era sua matéria favorita e sempre estava atualizada com todos os acontecimentos históricos. E, que tinha fechado a prova, com a nota mais alta. Seus pais a parabenizaram, a deixando rubra de vergonha, mas muito feliz por ser reconhecida.

Após alguns minutos, acabou olhando no relógio de parede, notando que iria perder o ônibus se não saísse naquele momento.

-Tenho que ir. – Disse apressada, se levantando e indo à geladeira, pegando uma maçã para que pudesse comer mais tarde, a colocando na mochila. – Já estou de saída. Tchau mãe, tchau pai. – Falou, dando um leve beijo na face de cada um, que se despediram dela com um sorriu.

 Seguiu porta afora, olhando ansiosa para a rua, com medo de que tivesse perdido o coletivo. Se isso acontecesse, teria que pedir carona aos pais, e a última coisa que queria era isso, pois, ia acabar os atrasando para o trabalho.

Saiu quase correndo, apressada, até chegar ao ponto de ônibus. Ficou a olhar pela rua, atenta a qualquer movimento. E, conforme o tempo passava, ficava ainda mais ansiosa.

Olhando para o lado, reparou em uma senhora de meia-idade, sentada no banco. Resolveu se aproximar, perguntando:

-Com licença. A senhora poderia me informar as horas?

-Claro, mocinha. São sete e meia.

-Sete e meia? – Inqueriu assustada, o ônibus estava muito atrasado. – Droga, desse jeito vou chegar atrasada na escola, e acabar perdendo o primeiro horário.

-Para onde a senhorita vai?

-Volantis.

-O ônibus que vai para Volantis já passou. – Falou tranquilamente, a olhando com intensidade.

-O que? – Disparou assustada.

-Sim. Já faz uns quinze minutos. Ele passou mais cedo hoje.

-Droga. – Murmurou preocupada, pois o próximo só passaria dali uma hora.

-Muito obrigada. – Disse por fim, resolvendo seguir a pé. Sabia que gastaria uns 20 minutos. Mas, se apressasse conseguiria chegar a tempo, já que as aulas começavam apenas às oito.

Andou o mais rápido que podia. Estranhamente, naquele dia em particular, as ruas estavam vazias, com parcos carros a transitar em um silêncio meio perturbador, a incomodando. Apesar de ser cedo, não era comum o pouco movimento na cidade, já que muitas pessoas saiam para irem trabalhar ou a escola. Apesar de estranho, apenas deu de ombros, prestando atenção em seu caminho, para não se atrasar.

Passados os vinte minutos que calculara para chegar a escola, ao dobrar a esquina, visualizou o portão de Volantis. Escola tradicional e mais antiga de Valíria, com os melhores professores da região. Todo mundo queria estudar naquele colégio, e Dany conseguira uma das bolsas para poder estudar lá.

A entrada estava movimentada, como sempre, apesar do trânsito de carros parecer um pouco menor. Não deu importância, se embrenhando no mar de adolescentes com seus uniformes vermelhos com dourado e o brasão de um dragão de asas abertas.

Ao cruzar o portão, foi surpreendida por uma cabeleira a invadir seu campo de visão e um forte abraço que a tirou do chão. Se assuntou com a aproximação repentina, mas ao perceber de quem se tratava, se tranquilizou de imediato.

Doreah era a sua melhor amiga. Ela era alguns meses mais velha, com cabelos castanhos compridos e encaracolados, olhos castanhos escuros e pele bronzeada, magra e de belas curvas. Doreah tinha a aparecia bem diferente do comum valiriano, já que ela era um dos poucos estrangeiros que viviam naquela ilha. Ela tinha vindo de Lys, quando era apenas um bebê, e morava ali desde então. Sempre que Dany perguntava para a amiga de como era seu país natal, a mesma não sabia o que falar, já que não se lembrava de nada, por ter saído muito nova de lá, mas narrava os relatos dos pais. Sabia que sua amiga enfrentava muitos preconceitos devido a sua aparência diferente, e tinha encontrada nela uma grande amizade.

Sorriu alegremente com o abraço, a cumprimentando logo em seguida.

-Pensei que não viria hoje. Não estava no ônibus. –A morena desatou a tagarelar, não lhe dando chances de falar. – Fiquei preocupada. Você nunca é de faltar. Achei que tinha acontecido alguma coisa. Estava disposta a ir na sua casa depois das aulas. O que aconteceu? Porque não estava no ônibus? Seus pais te trouxeram? Os meus queriam me trazer hoje, mas falei que não precisava e que viria de ônibus como sempre. Que eles não precisavam se preocupar. Acabei os convencendo, apesar deles não parecerem muito contentes com isso. – Falava por enquanto que andavam pelo pátio quase vazio, já que a maioria dos alunos deveriam estar em suas respectivas salas.

-Me atrasei um pouco e acabei perdendo o ônibus. Resolvi vir a pé mesmo. Não queria dar trabalho aos meus pais. Mas, porque seus pais queriam te trazer? – Isso era um pouco estranho, pois sabia que os pais de Doreah trabalhavam do outro lado da ilha. Era um percurso muito grande para percorrerem todos os dias, por isso a amiga pegava ônibus, assim como ela, para poder ir à escola.

-Não sei. Acho que tem a ver com alguma coisa que viram no jornal. Mas, não me interessei em perguntar. Até porque, sei que não me contariam mesmo. Eles pensam que sou uma criança e que não tenho capacidade de entender nada. Mas, não ligo. Já me acostumei tanto com os exageros deles, que nem me importo mais.

-Meu pai estava lendo algo no jornal hoje, na hora do café. E ele me parecia um pouco preocupado, apesar de não me falar nada quando o questionei. – Será que algo preocupante estava acontecendo e seu pai não quis lhe contar? Achava que não. Seus pais, diferente dos de Doreah, contavam tudo a ela. Não importava o que fosse.

-Estranho. – A morena murmurou um pouco pensativa, mas logo balançou a cabeça, sorrindo largamente. – Bem, isso não importa. Não deve ser nada. Os mais velhos se preocupam com tudo, mesmo que não seja necessário.

-Você deve ter razão. –Falou não muito certa. Mas, deveria deixar esse assunto de lado, já que o professor já tinha entrado na sala.

Sentou em seu costumeiro lugar, ao lado da janela, com Doreah a sua frente, começando a prestar a atenção na aula que se iniciava.

[...]

As primeiras aulas do dia foram muito tranquilas, a fazendo esquecer das coisas a sua volta.

Não demorou muito para ouvir o sinal tocando para o intervalo.

 Doreah a puxou para o refeitório, exclamando o quão faminta estava:

-Espero que hoje o lanche seja bom. Não estou muito animada em gastar minhas economias.

-Não trouxe nada de casa? –Inqueriu por enquanto lhe mostrava a maçã entre seus dedos, se sentando em uma das mesas.

-Acabei me esquecendo. – Resmungou chateada, olhando na direção da cantina, onde as bandejas eram preenchidas com alguma comida. – Droga, detesto macarronada. Acho que vou ter que gastar meu dinheiro. – Disse, remexendo no bolso das calças para pegar algumas notas, se afastando.

Não demorou muito para a ver sentando ao seu lado com um sanduíche natural.

 -Quer um pedaço? – A morena inqueriu a oferecendo o lanche.

-Não, obrigado. Não estou com muita fome. – Falou, mordendo um pedaço da fruta suculenta, se sentindo satisfeita.

-Como você é fitness.

-Olha só quem fala. A garota que come sanduíche natural e corre todos os dias à tarde no parque.

-Só estou tentando ser um pouco saudável.

-E o fato de querer entrar para o grupo das líderes de torcida não tem nada a ver com isso, né?

-É só uma vontade que tenho. E, tenho certeza que no próximo teste vou conseguir entrar. Você também podia tentar!

-Não, obrigado. Não tenho ânimo para essas coisas.

-Ah, Dany. Por Favor! Seria maravilhoso se entrássemos juntas! – Disse pidona, a olhando com intensidade.

-Não mesmo. Sinto muito Doreah, mas dessa vez não vai conseguir me convencer. – Disse convicta, não querendo prolongar muito o assunto.

-Chata. – Resmungou chateada, a fazendo sorrir com o pequeno drama.

Estava prestes a retrucar a amiga, quando escutou um forte barulho do lado de fora, a sobressaltando.

Um forte murmurinho dos alunos se fez presente, com todos tentando descobrir o que era aquele barulho, com os olhos atentos a entrada do refeitório.

-O que será que foi isso? – Doreah inqueriu assustada, abandonando o lanche sobre a bandeja.

-Não sei. – Falou balançando a cabeça, preocupada, com os olhos fixos na porta.

-Pareceu uma explosão.

-Explosão de que?

-Não sei.

Conversavam, na tentativa de desvendar o que estava acontecendo. Mas, logo a atenção de todos foi chamada para a entrada do refeitório, por onde o diretor Dareon acabava de passar, acompanhado de vários professores.

Ele fez um gesto com as mãos para que todos se sentassem e ficassem quietos. Quando os sons das conversas por fim morreram, ele se direcionou para um pequeno palco mais ao lado, onde era costume de os alunos fazerem algumas apresentações em dias comemorativos.

Tudo estava muito estranho. Era raro ver os mais velhos no refeitório. Se estavam lá, era porque algo tinha acontecido. E Daenerys postava todas as suas fichas, que deveria ser algo relacionado àquela explosão.

-Alunos, por favor, fiquem todos calmos. – O diretor começou a falar, fazendo com que todos o olhassem em expectativa. – Houve uma pequena explosão do lado de fora da escola. Os bombeiros e a polícia já foram acionados. Mas, no momento, ainda não sabemos o que causou tal explosão. – Ele falava muito sério, olhando de tempos em tempos para seus colegas, com olhos apreensivos lançados para todos os lados.

 Não conseguiu acreditar nele. Parecia que estava mentindo apenas para tranquilizá-los. Ela tinha quase certeza que eles deveriam saber o que estava acontecendo, mas não queriam contar.

-Devido a isso, os restantes das aulas foram cancelados. Já tomamos a liberdade de chamar seus pais. Eles devem estar a caminho neste exato momento. Por isso, peço que todos permaneçam aqui dentro até que seus respectivos preceptores cheguem. No mais, fiquem tranquilos e terminem suas refeições.

Como assim os pais iriam buscá-los? Seus pais não podiam fazer isso. Estavam no trabalho e era muito difícil conseguir sair.

Se levantou apressadamente, indo na direção do diretor, que rumava para a saída.

-Com licença. Me desculpe, mas meus pais não têm como me buscar. Sempre venho a escola de ônibus.

-Tenho certeza que eles virão.

-Os meus também não podem vir aqui. – Doreah se juntou a ela, preocupada.

Não demorou muito para outros alunos, na sua maioria bolsistas, também reclamarem sobre isso. Todos eles tinham pais muito ocupados, que trabalhavam do outro lado da ilha, e, com toda a certeza, demorariam muito para chegar.

-Tudo bem. Todos se acalmem.

-Porquê não nos deixa sair? Podemos ir sozinhos para a casa. Isso seria muito mais fácil. – Um rapaz mais ao canto comentou, fazendo com que todos concordassem.

-Sinto muito. Como o diretor desse colégio, não posso permitir que saiam sozinhos. Vocês são menores de idade e é meu dever os manter em segurança.

-E o que iremos fazer?

-Neste exato momento, o que pedi. Fiquem calmos e permaneçam aqui até que um de seus parentes os busquem.

-Bem, então acredito que vamos ficar por muito tempo aqui. Seria muito mais fácil se nos liberarem.

-Já disse que não é possível.

-E, porque o senhor não liga para eles e pergunta se eles liberam a nossa saída? –Inqueriu, satisfeita com a ideia que surgira.

-É. Isso é uma boa ideia. Se eles permitirem, podemos sair. – Doreah juntou a ela, disposta a importunar o mais velho até conseguir o que queria.

-Posso tentar isso, mas...

-Então, faça.

-Mas, não acredito que eles aceitarão, dadas as circunstâncias.

-Que circunstâncias? Não foi só alguma coisa que explodiu? Ou tem algo a mais?

-Como já disse, no momento não sabemos do que se trata. – O mais velho retrucou, desviando do assunto, com seus olhos estreitos, a olhado com intensidade redobrada. – Se é o que querem, entrarei em contato com seus parentes para os questionar sobre os liberarem. – Disse por fim, parecendo derrotado.

-Sim, é o que queremos. – Outra garota, de madeixas ruivas, falou apressadamente.

-Tudo bem. Fiquem aqui até que eu volte com as respostas. – Terminou de falar, dando as costas e saindo.

Apenas ficou parada no lugar, ansiosa por uma resposta. Não tinham descoberto praticamente nada, mas havia uma chance de conseguirem sair. A única coisa que precisavam era da permissão de seus pais. Olhou para a amiga, que devolveu o olhar, sorrindo amavelmente.

-Vamos voltar para nossos lugares, Dany. Não podemos fazer nada até que ele volte.

Maneou a cabeça em concordância, voltando a se sentar sem muito ânimo. O refeitório já não vibrava com vivacidade como antes, mas o zumbido de conversas baixas estava presente. Todos estavam muito curiosos e apreensivos.

A cada minuto que passava, um aluno era chamado para se retirar, já que alguém tinha chegado para buscá-lo. Com o tempo, o refeitório foi ficando cada vez mais vazio.

Passados mais de uma hora, que parecia interminável, um dos professores acabou adentrando o refeitório. Nunca antes tinha tido aula com ele, por isso não sabia seu nome ou qual matéria lecionava, mas não era tão velho, devendo estar na casa dos trinta anos, com olhos cansados e preocupados. Dany notou que ele segurava uma folha entre as mãos. Logo os sons foram diminuindo conforme os jovens que restavam notavam sua presença, o olhando com intensidade, por enquanto que o mais velho rumava para o palco.

Ele nem ao menos precisou pedir silêncio, pois todos estavam muito atentos nele, ansiosos por mais respostas.

-Conforme o que foi solicitado ao diretor, nós ligamos para seus respectivos pais para pedir permissão para que pudessem ser liberados. Por isso, trouxe uma lista com os nomes dos alunos que receberam tal permissão. Por favor, conforme seu nome for pronunciado, se direcione a sua respectiva sala para pegar seus materiais. Os outros professores estão os esperando do lado de fora, para os acompanharem.

O silêncio se intensificou ainda mais depois do pronunciamento. Todos estavam muito ansiosos para saberem se seus nomes estavam incluídos na lista.

O professor não demorou a ler os nomes, fazendo com que o recinto fosse preenchido por cadeiras se arrastando e passos reverberando. Não se ouvia som algum além destes. A cada segundo que passava, Dany sentia que seu nome não deveria estar incluído. Se questionando se seus pais confiavam o suficiente nela para permitir que andasse sozinha pelas ruas. Segurava com forças nas mãos da amiga, com seu coração acelerado, ansiosa. Quando seu nome foi lido, foi como se tivesse tirado um peso de suas costas.

-Pensei que não iria conseguir sair. – Murmurou aliviada.

-É claro que seus pais permitiriam. Estranharia se não o tivessem.

-Seu nome ainda não foi lido. – Falou o óbvio, logo notando que o mais velho dobrando a folha, deixando claro que tinha terminado.

-Doreah ... – Falou chateada, olhando com tristeza para a amiga.

-Tudo bem. Eu estranharia se eles tivessem deixado. Você sabe como eles são. Muito protetores. Custam a me deixar pegar o ônibus. Imagina sair no meio do dia, com uma explosão acontecendo no meio da rua.

-Se você não pode sair, também não vou. – Falou convicta.

-Não seja idiota. Vai embora e aproveita o resto do dia. Aproveita para dormir um pouco. Você sabe que a melhor coisa é poder dormir durante o dia.

-Doreah...

-Anda, vai logo. Levanta logo dessa cadeira e vai embora. – Disse um pouco magoada, mas ainda possuía um brilho no olhar, tentando incentivá-la.

Suspirou chateada, mas sabia que deveria ir. Sentia que algo a mais estava acontecendo e que deveria ir para casa quanto antes.

-Tudo bem. – Falou se levantando, sentindo uma crescente angústia apoderar-se de si. Seu peito estava apertado, como se precisasse dizer algo a mais. Assim, sem saber muito o porquê, voltou-se para a amiga, lhe dando um forte abraço. – Se cuida. – Falou baixo, se afastando vagarosamente.

-Você também. –Doreah respondeu, dando uma leve piscadela, na tentativa de descontrair o clima.

Apenas balançou a cabeça em concordância, rumando para a saída.

Um professor acabou a acompanhando até a sala de aula, onde ela pegou sua mochila, logo depois indo para a saída.

Olhou para as ruas vazias e silenciosas, sem sinal algum de alguma explosão. Provavelmente, o incidente deveria ter acontecido em outro lugar.

Dando de ombros, começou a andar, indo para a casa. Poderia esperar pelo ônibus, mas algo em seu peito lhe dizia para seguir a pé. E, assim ela o fez.

A cada passo que dava, sentia um grande incomodo, como um frio na espinha. Sentia uma tensão no ar, como se algo ruim estivesse prestes a acontecer. Acelerou o passo, se envolvendo com os braços na tentativa de amenizar um vento frio. Tudo estava tão silencioso. Não tinha ninguém nas ruas. Era muito assustador.

Acabou ouvindo uma forte explosão ao longe, fazendo com que os vidros das casas e dos carros estacionados estremecerem com o choque. Se sobressaltou, assustada, olhando para os lados na tentativa de descobrir de onde vinha o barulho. Olhou para o céu, repleto de nuvens cinzentas que impediam a passagem de luz, e de fumaça subindo rodopiante no horizonte. Algo estava queimando.

Engoliu em seco, voltando a andar, quase correndo. Estava muito assustada, e nem se quer sabia o porquê, mas sentia que deveria sair das ruas quanto antes. Estava começando a se arrepender de ter saído da escola. Deveria ter ficado com Doreah, até que seus pais fossem buscá-la. Seria o mais certo e seguro a se fazer. Mas, agora que estava quase chegando em casa, não iria voltar.

Assim, seguiu em frente.

Faltando apenas um quarteirão, escutou mais uma explosão, agora tão perto, que a obrigou a se escorar em um murro para não perder o equilíbrio com a vibração que sentiu sob seus pés. Com toda a certeza algo ruim estava acontecendo bem perto. Até parecia que estavam jogando bombas!

Balançou a cabeça em negativo. Isso seria impossível.

Voltou a andar, percebendo que o silêncio perturbador dava lugar a vários barulhos de sirenes e pessoas gritando. Começou a correr, sendo surpreendida por um rapaz, que bateu com força em seu ombro, a derrubando no chão. Ele nem ao menos fez questão de ajudá-la, de tão apavorado que parecia estar, continuando a correr rua abaixo.

Ainda atordoada, se levantou, chegando a esquina de sua casa. E a cena que se desenrolou a sua frente a deixou aterrorizada. Diversas casas estavam em chamas, com labaredas rugindo alto rumo ao céu, com vários escombros jogados por toda a rua, das casas que haviam desmoronado. Vários carros de bombeiros e da polícia corriam velozmente de um lado para o outro e civis espalhados por toda a rua. Vários deles sujos da cabeça aos pés com pó, fuligem e sangue. Cada um tinha uma expressão pior do que a outra, de total desespero e desalento, chorando em desespero.

Engoliu em seco com medo, assustada por ter acontecido alguma cosia com sua casa. Saiu correndo, apressada para chegar em casa. Há apenas alguns metros da mesma, acabou reparando em uma cabeleira prateada sentada na calçada. Parou de andar, percebendo que se tratava de sua mãe. Foi em sua direção, notando que a mesma estava a chorar, muito assustada. Se abaixou a frente da mesma, a abraçando com carinho.

-Mãe. O que está acontecendo? –Inqueriu assustada.

A mais velha se limitou a balançar a cabeça em negativa. Dany percebeu sangue saindo de um machucado em sua cabeça. Ficou desesperada, pegando sua blusa de frio, a colocando sobre o ferimento.

-Está ferida. Temos que ir a um médico. – Disse olhando para os lados a procura de ajuda. – Onde está papai? - Perguntou a olhando com intensidade. Mas, tal questionamento apenas fez com que sua mãe chorasse ainda mais em desespero e isso a assustou. –Mãe? Onde está papai? – Falou com a voz embargada de emoção, segurando com firmeza no rosto da mãe, que apenas chorava.

-Sinto muito, querida. –Ela gaguejou, visivelmente abalada.

Seu coração se aperto com tais palavras, como se estivesse sendo esmagado. Sentiu lágrimas preenchendo seus olhos. Não podia aceitar isso.

Se levantou desesperada, olhando a sua volta, acabando por perceber que sua casa estava em chamas. Uma completa ruína. Correu até a entrada, mas não importava o quanto olhasse, a única coisa que conseguia ver eram as chamas consumindo tudo. Não tinha sobrado canto algum que não tivesse sido tomado.

Sentiu uma forte angústia e tristeza a preenchendo, e um forte desespero a inundando. Não conseguia acreditar no que via.

Voltou para a mãe, chorando desesperadamente, tentou falar, ainda não acreditando no que tinha ouvido:

-Onde está meu pai?

Rhaella amenas desviou o olhar para as chamas, perdida em seus próprios sentimentos. Daenerys não precisava perguntar mais nada para poder entender o que tinha acontecido. Seu pai estava na casa, quando tinha pegado fogo, e não conseguiu sair a tempo.

-Não, não posso perder ele. – Murmurou desolada.

Começou a sentir falta de ar, arfando em fortes golfadas, por enquanto que chorava convulsivamente, não conseguindo mais se aguentar devido a tamanha dor que sentia. Caiu de joelhos à frente da mãe, tentando se controlar, mas falhando miseravelmente. Seu pai tinha morrido, e não conseguia aceitar tal perda. Aquilo era muito injusto! O que tinha acontecido? Porque eles estavam em casa naquele horário? Como ele tinha ficado preso dentro de casa? Eram tantas perguntas, mas não conseguia proferir nenhuma. E, mesmo que conseguisse, sabia que sua mãe não iria respondê-la, devido ao estado deplorável que se encontrava.

Assim, apenas a abraçou, tentando amenizar o máximo que conseguia toda a tristeza e angústia que sentia.

Mas, um pensamento acabou por surgir em sua cabeça. E se ele ainda estivesse vivo? E se ele tivesse conseguido se proteger em algum lugar da casa que ainda não estava em chamas? Havia o quintal dos fundos. Seu pai bem que podia ter ido para trás da casa e escapado. Tal ideia a fez renovar as forças.

Se afastando da mãe, saiu correndo para a frente da casa. Escutou sua mãe gritando por ela, mas não deu importância. Naquele momento a única coisa que importava era conseguir acessar os fundos. Mas, um estranho barulho se fez presente, como um som de algo assobiando, parecendo cair do céu. Tentou olhar na direção do estranho barulho, mas nem ao menos teve tempo, pois sentiu uma forte vibração a poucos metros de sim, que gerou uma forte explosão, causando um forte deslocamento de ar, que a jogou bruscamente para trás, contra o concreto duro. Caiu com força no chão, sentindo suas costas baterem com brusquidão, e uma forte ardência na cabeça. Sua visão embaçou de imediato. A última coisa que conseguiu ver foi a face preocupada de sua mãe se projetando acima de si, antes de perder por completo a consciência.


Notas Finais


Muito obrigado!
Espero que gostem!
Deixem seu comentário.
T+


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