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História Destinos que se cruzam ( Michaeng) - Apaixonada


Escrita por: ireneking

Notas do Autor


Amores meus!!!

Espero que gostem do capítulo e desculpem caso esteja demorando para acontecer as coisas. Mas tudo está no seu tempo.

Capítulo 21 - Apaixonada


Fanfic / Fanfiction Destinos que se cruzam ( Michaeng) - Apaixonada

                  Son Chaeyoung

Sentia meus pés tocarem o chão frio da sala de Mina, mesmo estando de meias eu sentia o chão gelado. Estava em mais uma sessão, e agora eu estava me preparando para dar os passos me apoiando na barra paralela. Enquanto eu descansava um pouco dos exercícios que tínhamos feito, observei a castanha que havia me deixado no chão e estava sentada em sua cadeira atrás de sua mesa, ela escrevia algo e de vez ou outra olhava para o telefone como se tivesse esperando alguma ligação ou mensagem.

Desde a outra vez que eu tive literalmente um "gay panic", ela tinha ficado mais distante, nem mesmo entrou na sala dos jogos, o que me deixou bem desanimada, já que ela, era a única razão pela qual eu estava lá. Observei Mina concentrada no que escrevia. Ela resolveu deixar os cabelos soltos, normalmente eles estavam presos em um rabo de cavalo, para mim ela ficava linda de todas as formas, mas ver seus cabelos negros caindo como cascata me deixava abobada. Passei meu olhar dos seus olhos que estavam concentrados no que estava escrevendo e parei por uns segundos nos seus lábios, desci mais um pouco pelo seu pescoço e reparei em um cordão delicado que ela estava usando. Tinha algumas iniciais. 

Depois de passear meu olhar pelo colo, pescoço, e lábios, subi novamente para seus olhos e não consegui conter o tamanho do meu constrangimento. Mina tinha me pegado, eu a estava secando e ela com certeza percebeu, já que uma de suas sobrancelhas arqueou. Desviei meu olhar o mais rápido que pude, mas eu tenho quase certeza que não valeu de nada. Literalmente ela tinha me pegado no flagra e agora eu não sabia para onde olhar. Mina novamente coçou a garganta e quando ia levantar seu telefone tocou, percebi o sorriso que apareceu em seus lábios, e ele era bem exagerado. A castanha me pediu um minuto no qual eu confirmei que sim. 

Mina atendeu a ligação e se afastou um pouco. Ela se aproximou da janela e olhava para a paisagem que tinha do lado de fora, ela tinha um sorriso grande na voz e eu me vi curiosa para saber quem estava do outro lado da linha. Mina conversava em japonês o que dificultou quase cem por cento da chance de eu descobrir quem estava do outro lado da linha, mas então lembrei que seus pais moram no Japão, então provavelmente ela estava falando com um deles, pelo menos eu estava torcendo muito por isso. A castanha olhava para a paisagem e para os pés ao mesmo tempo, o modo como mexia no cabelo os puxando para trás e como mordia o lábio era encantador, fiquei presa nela. Mina finalizou a ligação que não demorou mais que dez minutos, ela pôs o telefone em cima da mesa e se aproximou de mim ficando na minha altura.

— Desculpa, eu não podia deixar de atender esse telefonema. Mina pegou alguns colchonetes e os deixou mais juntos.

— Não tem problema. Eu estava tão curiosa, queria tanto saber quem estava do outro lado da linha, mas tinha medo de perguntar e ela achar que estou invadindo seu espaço pessoal. — Está tudo bem?. 

— Sim, tudo ótimo. Respondeu dando de ombros e logo em seguida caminhou até a barra paralela, novamente verificando se estava tudo seguro.

— Como estão seus pais?. Lancei a pergunta tentando tirar dela o que tanto queria saber. 

— Estão ótimos também, obrigada por perguntar. Mina parecia não querer dar detalhes então eu imaginei que ela não estivesse com interesse em continuar a conversa. Será se eu a tinha magoado?. — Era minha mãe ao telefone. Antes que eu pudesse ficar triste por não conseguir manter uma conversa com ela, a mais velha fez questão de dizer quem era a pessoa e uma felicidade misturada com um sentimento de alívio tomou meu peito.

— Ela não fala coreano?.

— Não, quer dizer. Um pouco, mas precisamos conversar em japonês. Ela entende algumas coisas mas não o suficiente para manter uma conversa fluente.

— E o seu pai?. A castanha se aproximou sentando em minha frente, começando um alongamento nas minhas pernas e pés, ela sempre fazia isso quando eu ia para a barra.

— Meu pai não entende e nem fala outro idioma que não seja o japonês. 

— Eles nunca quiseram aprender?. Suas mãos seguravam meu pé e o alongava, senti uma pequena dorzinha no calcanhar mas nada que pudesse me incomodar.

— Não, meus pais sempre moraram no campo, nunca tiveram oportunidade e também interesse em aprender outros idiomas. Quando fomos para os Estados Unidos, ficamos hospedados na casa dos meus tios mas foi só o tempo para eu nascer. Eles saíram do Japão para tentar me dar uma vida melhor, e quando eles chegaram no Texas, meu pai logo conseguiu um emprego mas acabou sofrendo um acidente. Justamente por ele não saber o idioma. Mina respirou fundo e eu vi que ela estava entrando no assunto que eu já sabia que era doloroso.

— Você não precisa continuar.

— Tudo bem, eu gosto de conversar com você e acho que já temos intimidade suficiente para entrar nesses assuntos. A castanha continuava com os olhos fixos nos alongamentos que estava fazendo nas minhas pernas, e foi minha oportunidade de sorrir, talvez ela não tivesse chateada, talvez ela nem mesmo quisesse fazer o que achei que queria, talvez eu só tivesse me precipitado.

— Eu também gosto de conversar com você. Mina ergueu o olhar até os meus e eles sorriram para mim.

— Continuando. Após meu nascimento, meu pai começou a trabalhar em uma fábrica de automóveis. Como ele não tinha experiência em nada que não fosse plantação, ele foi contratado para operar algumas máquinas. Além de não saber falar inglês e não ter experiência, ele foi operar a máquina e acabou mexendo no botão errado, ele foi sugado para dentro e por consequência disso acabou perdendo uma perna e alguns dedos da mão esquerda. Isso o deixou traumatizado, passamos só o tempo de "recuperação" dele e voltamos para o Japão. Mina pareceu ter encerrado o assunto e antes que eu pudesse pensar em alguma coisa para falar ela continuou.

— Foi difícil para minha mãe ter que cuidar do meu pai, de mim e do meu irmão. Eu era apenas um bebê quando isso aconteceu, não lembro de nada. As únicas lembranças que tenho da minha infância, é de minha mãe levando a mim e meu irmão para pescar e depois para colher, íamos até a cidade para vender as frutas e os peixes. Passávamos o dia todo, todos os dias, nessa rotina de pescar, colher, vender e plantar. Entrei na escola tarde, eu já tinha seis anos, mas foi o suficiente para avançar. Meu pai não queria sair de casa, tinha vergonha, e então ele começou a nos ensinar em casa. Aprendi a ler, a escrever e fazer todo tipo de soma nos braços dele. Vendo a sua dificuldade de andar eu jurei a mim mesma que iria ser alguém que pudesse trazer alegria para outras pessoas inclusive para ele, e foi então que descobri meu amor pela fisioterapia. Queria deixá-los orgulhos, mas ainda falta algo que eu quero muito fazer por ele.

Se eu pudesse explicar o que estava sentindo seria impossível. Mina tinha acabado de me revelar sua história e não foi uma história feliz, ao contrário, ela vivenciou experiências difíceis e teve que amadurecer muito cedo. Ela poderia ter um sorriso triste, poderia ser alguém sem luz, sem brilho. Mas não, ela estava ali tão brilhante feito uma estrela. Se eu pudesse ficar mais encantada por ela eu certamente ficaria. Suas mãos macias alongava meus pés e ela tinha um sorriso pequeno no rosto, parecia estar vivendo as lembranças na sua mente. Eu estava sem palavras, queria poder dizer o que estava sentindo o tamanho do meu orgulho e admiração por ela.

— Eu não fiz você chorar, não é?. Seu olhar se encontrou com o meu e novamente eu mergulhei nos seus castanhos.

— Por pouco, mas você me fez ficar mais admirada e encantada por você.

— Obrigada, mas não precisa.

— Eu tenho certeza que seus pais estão muito orgulhosos de você. 

— Eu espero que sim.

— É claro que eles estão. A castanha apertou meus dedos me fazendo sorrir e logo soltou um suspiro ao ficar de pé.

— Vamos lá?.

— Mina, eu quero tentar uma coisa hoje.

— O que seria?. Ela me encarou atenta. Eu amava o modo que ela era atenciosa comigo. 

— Quero tentar dar meus passos sem segurar na barra. Mina sorriu largo e me pôs de pé. Novamente senti o choque percorrer meu corpo quando suas mãos já se encontraram com a minha cintura.

— Eu estava ansiosa para te ouvir falar isso. Suas mãos apertaram minha cintura e eu levei as minhas até seu ombro.  — Vamos lá?. Balancei minha cabeça em confirmação e a mais velha me ajudou a chegar até a barra. 

— Escuta Chaeng. Eu estou orgulhosa de você, e estarei te esperando ali no final. Quero que saiba que independente de você conseguir ou não, hoje será a primeira tentativa. Okay?.

— Okay. 

Mina aos poucos afastou a mão da minha cintura e eu já senti meu coração bater forte. Eu estava nervosa e com medo, tinha medo de não conseguir, mas como ela havia me dito, hoje será minha primeira tentativa. Olhei para a castanha que estava a alguns passos longe de mim, e suas mãos estavam descansadas sobre as pernas, ela me olhava com confiança. Mina pediu para que eu respirasse e só fosse quando estivesse preparada. Trabalhei a respiração umas cinco vezes antes de começar. Olhei mais uma vez para a castanha e deixei meus olhos fixos nela, respirei fundo e aos poucos fui soltando minhas mãos da barra que agora estava molhada por conta do meu suor.

Como se eu estivesse tentando alcançar algo na minha frente, meus braços se estenderam para frente, meu olhar sempre na castanha. Mina também estendeu seus braços e foi ali que eu consegui a coragem, eu queria mais uma vez estar nos braços dela, queria abraça-la. Com toda a força que eu tinha eu deslizei o pé para frente e em seguida deslizei o outro. Eu queria olhar para baixo e acompanhar os passos que estava dando, mas a visão de Mina sorrindo com os olhos marejados foi melhor que qualquer outra imagem. Novamente senti meus pés deslizar e outra vez...outra vez... outra vez... Eu estava andando!. Estava andando sozinha sem apoio, só faltava um passo para chegar no meu prêmio, meus dedos já conseguiam tocar os seus e meu último passo eu dei em direção aos seus braços onde fui recebida por um abraço apertado.

Eu não consegui controlar. Eu chorei, chorei desesperadamente nos braços de Mina, eu não me importei se estava parecendo um bebê, eu não me importei se estava soluçando, a única coisa que eu me importava era meus passos. Meu Deus!  Eu andei! Eu tive força nas pernas, eu andei sozinha. Quanto mais eu chorava mais forte ela me apertava, a emoção era forte, até alguns dias atrás eu estava mergulhada em uma tristeza que parecia não ter fim. Eu achei que nunca mais fosse chorar de felicidade e olha eu aqui, chorando desesperadamente. A verdade é que muitas vezes quando estamos tomadas de problemas acabamos nos entregando a escuridão que ele trás, sem querer ver que nem tudo é trevas, que logo o momento ruim vai passar e então iremos saber que estamos começando de novo. 

— Mina... Solucei seu nome. Suas mãos foram até meu rosto onde ela acariciou limpando as lágrimas que não paravam de cair.

— Você conseguiu Chaeng, você está andando. Você entendeu?. Você está andando!. Novamente eu joguei meu corpo contra o seu e novamente fui recebida com o melhor abraço. Mesmo pela vista embaçada por causa das lágrimas eu também pude ver que ela estava chorando. 

— Obrigada Minari, obrigada por não ter desistido de mim. Sussurei baixo, a voz estava cortada graças aos soluços presente. 

— Nunca. 

A mais velha me apertou novamente nos seus braços e eu fiquei ali até que o soluço foi diminuindo aos poucos. Suas mãos novamente vieram até meu rosto e seus polegares limparam as lágrimas que por hora tinham deixado seus caminhos. Meus braços continuaram ao redor do seu pescoço mas aos poucos eles foram se afastando e eu já sentia falta deles, seus olhos também estavam com os resquícios do recente choro. Assim como Mina eu também levei meus dedos e também passei por onde as lágrimas tinham passado. Meus olhos novamente desceram e subiram dos seus lábios para seus olhos, a aproximadade de nossos rostos era ainda maior que a outra vez que ficamos assim.

— Melhor descansar um pouco. A castanha quebrou nosso silêncio. Mina afastou mais um pouco o corpo do meu e minhas mãos deixaram seu rosto. — Você está em pé por muito tempo. Precisa colocar limites. 

— Posso tentar mais uma vez?.

— Chaeng...

— Por favor. Podemos dar só mais uma ida e volta e depois paramos.

— Você disse só uma, e acabou de acrescentar outra. 

— Só duas e encerramos por hoje. Por favorzinho?!. Lancei o meu melhor olhar de cachorrinho e consegui faze-la aceitar meu pedido.

Mina me ajudou a fazer todo o percurso na barra, ela não segurou em mim em nenhum momento, consegui andar novamente sozinha e eu não podia estar mais feliz. A eufória estava explodindo dentro de mim, tanto que dessa vez eu mesma fiz questão de ligar para minha mãe, que  gritava do outro lado da linha, tive que afastar o telefone do ouvido ou então, além de não estar andando eu também iria ficar surda. Mina não parava de rir, a castanha ouvia tudo, tinha colocado no viva voz e minha mãe gostou da idéia, já que ela também conversava com a minha fisioterapeuta. Desliguei o telefone encerando a ligação. A mais velha novamente não veio me buscar e pediu a Dahyun, porém eu recebi uma mensagem da minha prima dizendo que houve um imprevisto e outra pessoa estava chegando para me pegar, antes que eu pudesse responder a mensagem ouvimos uma batida na porta e eu fiquei surpresa quando vi a pessoa.

— O que você está fazendo aqui?. Perguntei assim que o moreno colocou todo o corpo para dentro da sala. Mina que estava próxima a sua mesa com minha ficha em mãos, alternou o olhar entre o moreno e eu.

— Nossa, que recepção. Muito bom ver você também Son. E é um prazer vê-la novamente doutora Myoui. Jungkook encheu o peito e caminhou até onde Mina estava. O moreno pegou em sua mão e a bejjou, o que achei exagerado e fora de moda.

— Está tudo bem?. Mina perguntou a ele, ela tinha um sorriso tímido no rosto, Jungkook ainda segurava sua mão.

— Vai depender de sua resposta, inclusive ainda estou esperando muito por ela. Estranhei aquela conversa dos dois. Vi o rosto de Mina ganhar uma cor e novamente aquilo me incomodou.

— O que você veio fazer aqui Jungkook?. O garoto revirou os olhos e soltou a mão da castanha.

— Vim buscar você.

— Quem te pediu isso?.

— Eu me ofereci, vamos conversar.

— Eu não quero falar com você.

— Deixa de ser imatura garota!. Meus olhos cresceram e eu fechei minha mão em punho. 

— Gente! Vocês podem parar?. Mina se colocou no meio da sala entre nós dois. — O que aconteceu com vocês dois?.

— Mina você pode tirar ele daqui?.

— Eu vim buscar você Chaeyoung. Se não for comigo vai com quem?. E outra, nós precisamos conversar, não é fugindo que se resolve as coisas. O moreno passou a mão nos cabelos suspirando. — Qual é Chaeyoung. Nós já ficamos muito tempo longe um do outro, somos melhores amigos. Você sabe que eu jamais iria fazer algo pra te machucar. 

Encarei o moreno reconhecendo a verdade em seus olhos. Eu odiava ter que admitir mas ele tinha razão, não posso fugir para sempre, e eu confiava nele, se eu não aceitar conversar eu vou ficar acumulando teorias, tanto sobre o que vi na faculdade, como o que ouvi e vi agora na sala junto com a minha fisioterapeuta. Olhei para a castanha que tinha um olhar confuso e preocupado em minha direção. 

— Okay. Vi o moreno respirar aliviado.

— Vou te levar para o nosso lugar preferido. Jungkook disse sorrindo me fazendo revirar os olhos, eu ainda estava com raiva dele. Novamente o moreno se direcionou para Mina, eu já estava começando a ficar irritada com toda essa intimidade.  — Até logo doutora Myoui. Te espero lá fora Chaeyoung.  O moreno deixou a sala e eu me vi aliviada.

— Se você não quiser ir, eu posso te deixar em casa. Mina se colocou de joelhos na minha frente. Ela estava amarrando meus cadarços. Eu estava tentada a aceitar.

— Eu queria muito, mas aquele idiota tem razão. Não posso fugir para sempre.

— Tem certeza?.

— Uhum. Confirmei que sim e Mina ficou de pé já se colocando atrás da minha cadeira. A castanha me levou até a porta, o moreno estava sentado do lado de fora nas cadeiras da recepção, ele estava concentrado no telefone. Eu queria tanto perguntar a ela o que foi aquela interação mas não queria que ela pensasse que estava sendo invasiva, eu iria saber por ele, Jungkook não vai me escapar.

— Qualquer coisa me liga, eu vou correndo te buscar. Mina disse quando o moreno nos notou e caminhou em nossa direção.

— Obrigada Minari.

— Podemos ir?. O moreno perguntou. Balancei minha cabeça em confirmação e ele tomou o lugar de Mina atrás da minha cadeira, não sem antes novamente dar em cima dela.

Dentro do carro, EXO tocava nas alturas. Antes eu me arriscaria em cantar e até fazer algumas dancinhas junto ao moreno, que eu tenho que reconhecer que canta muito bem. Jungkook cantava alto sem desafinar, eu gostava e isso sempre me arrancava gargalhadas, mas agora eu não tinha paciência e nem tinha motivos ainda para sair rindo com meu amigo, bufei irritada quando senti uma pontada na cabeça, ela estava querendo doer. Estiquei meu corpo até meus dedos alcançarem o rádio e com um só clique o som parou.

— Mas o que?. Chaeyoung é minha música preferida. O moreno quase gritou, o que me fez fechar meus olhos.

— Não!. O parei assim que seus dedos foram em direção do rádio. — Não quero ouvir música, e estou com dor de cabeça.

— Mas eu quero e o carro é meu.

— Mas você me chamou para vir, então respeite, ou prefere que eu desça do carro aqui mesmo?. Seu olhar veio em minha direção quando o sinal fechou. Jungkook não comentou mais nada, ele não me respondeu e nem contestou.

Quando chegamos no parque, eu também não queria sair do carro, esse senta e levanta da cadeira sempre me fazendo depender de alguém me irritava. Na verdade quase tudo me irritava agora. Para não ser ainda mais chata, apesar de saber que ele merece, eu só o segui. Jungkook primeiramente levou algumas coisas que tinha no carro e depois me levou nos braços, ele não me pôs na cadeira, o que gerou mais olhares, parecíamos um casal, onde o mais frágil se cansa e é levada nos braços pelo outro. Nos sentamos na toalha improvisada e o moreno tirou algumas coisas da sua mochila e já soube o que era. Nosso almoço não era um almoço de verdade, tudo se resumia a bolo de chocolate, sanduíche, sucos e até mesmo algumas bebidas.

Estávamos a longos minutos naquele parque, a comida já estava chegando no fim e o moreno não falava nada, ele parecia não ter pressa para ir embora e muito menos para falar. Sua cabeça girava sempre que passava uma garota próxima a nós dois, umas se arriscavam em olhar e dar um sorriso e outras mudavam a direção do olhar quando percebiam minha presença. Jungkook sempre foi dessa forma, sempre teve uma fama de pegador, e ele amava isso, as vezes eu me sentia mal pelas garotas que ele dava um título de namorada.

— Você me trouxe aqui só para ficar olhando a bunda das garotas que passam?. O moreno soltou um riso debochado.

— Você ama isso. Na verdade foi você que me induziu a isso.

— Eu era sem noção naquela época.  Disse sem humor. 

— E está chata pra caralho agora.

— Se quiser podemos ir embora. O moreno revirou os olhos e limpou as mãos uma na outra quando finalizou o pedaço de sanduíche. Jungkook se aproximou um pouco sentando ao meu lado.

— Me desculpe, Okay?. Eu não sabia que você estava magoada dessa forma pelo fim do namoro. Às vezes que te liguei você não comentou nada, então eu achei que estivesse tudo bem, assim como ela demostra estar bem. Senti uma pontada no meu peito ao ouvir suas desculpas. — Confesso que fiquei surpreso com sua atitude, no outro dia. Quer me contar o que aconteceu afinal?.

— Ela me traiu. Não cortei palavras e nem usei vírgula ou ponto, fui direto na palavra. — Ela me traía a quase um ano.  O garoto ficou em silêncio. Eu estava com o olhar baixo mas pude sentir seu olhar em mim.

— Sinto muito, mas quer saber. Fico contente por esse fim de relacionamento. Somi é do meu grupo de amigos, apoiava o namoro de vocês, mas ela não era uma boa namorada pra você. Ela nem te apresentava como namorada para os novos amigos.

Virei minha cabeça para o lado, apenas para poder esconder meus olhos lacrimejando. Passei a mão no rosto disfarçadamente limpando algumas lágrimas que caíram, eu não queria chorar e muito menos na frente dele. Senti seu braço no meu ombro em um abraço lateral. 

— Quer que eu dê uma surra nele?. Jungkook conseguiu tirar um riso meu.

— Por mais tentador que seja, não. Não vejo resultado nisso.

— Claro que irá ver, faço questão de deixar aquele rostinho de bebê dele pior do que um Orc do senhor dos anéis. 

Dessa vez eu tive que gargalhar. O moreno me apertou forte quase me fazendo reclamar para me soltar. Encerramos o assunto ali, mas não sem antes dizer que ele poderia continuar falando e tratando Somi como fazia antes, por mais que ela tenha feito coisas que acabaram comigo, eu não achava uma boa ter que excluir ou trata-la como indiferente. O moreno deitou na toalha com as duas mãos como apoio para cabeça, seus olhos sempre vagando nas mulheres ao redor. Passei meu olhar em uma garota que estava passeando com seu cachorro e no mesmo momento a japonesa veio em minha mente. Uma vontade de ligar e ouvir sua voz me fez pegar o telefone, sentia sua falta e não fazia nem duas horas que tinha a visto. Olhei para meu amigo e mesmo com medo da resposta eu resolvi perguntar o que tanto estava me deixando ansiosa.

— Kook. O moreno deixou o olhar da garota loira que estava sentada em um banco e o trouxe em mim. — O que era aquela conversa sua com Mina?. 

— Ow acabei de lembrar. O moreno disse quase em um desespero. — Chaeyoung você precisa me ajudar. Aquela garota é linda demais. Preciso ter um segundo encontro com ela.

— Segundo encontro?. Vocês saíram juntos?.

— Mais ou menos. Eu estava no shopping comprando algumas coisas e eu a vi. Ela estava sozinha e eu a chamei para almoçar comigo, e como já estávamos no shopping ela aceitou. Conversamos algumas coisas eu pedi o telefone dela mas ela disse que não dava telefone assim tão rápido. Sorri internamente, era bem a cara da Mina dizer isso mesmo. — Eu quero muito ficar com ela. 

Senti o frio na minha barriga. Eu sei, ela não é nada mais que minha amiga, mas imaginar Mina com outra pessoa fazia eu sentir algo que ainda não sabia exatamente o que. Eu não queria admitir mas o que sinto por ela está indo muito mais além que amizade, mas eu tenho medo. Tenho medo de machuca-lá, ela merece tanta coisa boa, merece tanto alguém que a ame, que cuide dela como se ela fosse o tesouro mais precioso. Eu queria cuidar desse tesouro, mas o medo de me envolver novamente está sendo maior do que estou sentindo. Eu não quero me me machucar de novo, essa dor é forte e não existe medicamento para amenizar. Jungkook é meu melhor amigo, mas ele não é essa pessoa que Mina merece.

— Não.

— O quê?. Por quê?.

— Ela é especial Jungkook.

— Eu também sou. Revirei os olhos.

— Ela é minha fisioterapeuta!. Já estava começando a ficar nervosa.

— E no que isso interfere?. Eu odiava a burrice do meu amigo. — Ela não é sua propriedade.

— Você a quer para colocar na sua lista!. Não, não vou permitir.

— Você não manda em nada. Ela que vai decidir isso. Amanhã faço questão de passar no hospital e insistir pelo número dela. E eu não quero ela só para colocar na minha lista, quem sabe algo mais.

Jungkook levantou e já começou a colocar as coisas na mochila. Ele não pareceu ter ficado zangado mas também pareceu não ter gostado muito do meu pequeno surto. E agora?. O que eu devo fazer?. Deixá-lo avançar no interesse em Mina, ou devo admitir o que sinto só para não vê-la nos braços dele?. Meu coração batia rápido, medo, ansiedade, ciúmes, eu estava em uma luta. Ao vê-lo decidido a ir embora com a idéia fixa, eu decidi que por ela valia a pena enfrentar meus medos.

— Vem, vou te levar pra casa.

— Kook. O impedi de me pegar nos braços. — E-eu gosto dela.

— Eu sei okay, eu vou ser gentil com sua amiga. 

— Não Jungkook. Ele parou novamente quando ia me pegar nos braços. — E-eu gosto dela. Tenho sentimentos por ela.

— Espera, você não está dizendo que...

— Sim. Respirei fundo. — E-eu estou apaixonada por ela.








Notas Finais


Gostaram?. Vai começar hahahaha ops 🤫


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