Alisa.
Cabelos de cor marrom não natural, olhos castanhos.
Ligeiramente magra e de rosto arredondado.
Era dia primeiro de março, inicio das aulas.
Eu estava lá, na minha cama, envolvida na minha coberta, tendo ótimos sonhos, mas foi ai que o despertador tocou. Um barulho estridente e agudo ecoou por meus ouvidos.
Estiquei o braço tentando alcançar ele, derrubei várias coisas: lápis, canetas, batons, livros e enfim, o despertador. Bati duas vezes nele e ele desligou.
Hora de acordar. Mas sabe aqueles dias que parece que o universo conspira para te deixar na cama, então era hoje. A gravidade me puxava para a cama, a coberta parecia um aquecedor profissional, o dia chuvoso e nublado e um forte frio. Entretanto consegui me levantar e me sentei na cama.
Meus olhos insistiam em ficar fechados, fui até meu banheiro que fica junto ao meu quarto cambaleando e tropeçando por várias coisas.
Fiquei frente ao espelho na pia, joguei água contra meu rosto e agora sim estava acordada. Peguei o pente e tentei arrumar minha juba até voltar ao seu estado normal.
Voltei para o quarto e me arrumei, coloquei meu uniforme que era excessivamente laranja e desci com a mochila para tomar café.
O café já estava pronto. Pão, manteiga, presunto e queijo, leite e bolacha estavam sobre a mesa. Minha mãe estava frente ao fogão retirando suas belas torradas do forno. O cheiro era incrível.
- Bom dia. – Disse sentando e pegando um pedaço de presunto puro.
- Bom dia, filha. Come rápido que já temos que ir.
- Sim. – Fiz meu pão caprichadamente recheado cheio presunto e queijo, o devorei e fui subindo para o meu quarto para escovar os dentes. – Deus te abençoe, mãe...
- Não... – Ela respondeu fria e brutamente. – Não diga mais isso, você sabe muito bem que Deus não existe... Não mais.
- uhmmm...
Subi rápido escovei os dentes e fui de carro para escola com a minha mãe.
Não nos falamos, o trajeto foi um silencio só. Minha mãe tem sido assim desde... Bem, nos servíamos a Deus, meu pai era fiel a Ele de um jeito que eu não acreditava, nem mesmo a lei anti-Deus o impedia, só que ele adoeceu, ficou muito mal, ficou uns três meses no hospital até que ele morreu. Foi triste. Achava que ia me afetar mais, mas a minha mãe que sofreu mais, ela culpou a Deus pela morte dele e desde então tem tido apoiado fortemente o governo. Não sei o que dizer, às vezes cometemos erros, culpamos Deus por coisas que consideramos injustas, mas não é bem assim, o melhor de Deus pode não ser aquilo que queremos, mas é sempre o melhor, bem era o que meu pai dizia para me confortar. Desde então deixamos a fé de lado.
Ela parou na frente da escola, me despedi e entrei na escola.
A escola estava à mesma, a não ser a parede que estava pintada de um azul mais claro. Fui à procura dos meus amigos, Pedro e Julia e os encontrei debaixo de uma das arvores da escola. Eles me viram e nos abraçamos. Julia estava como sempre cabelos escuros, pele morena e olhos verdes, magra. E Pedro loiro como sempre, cabelo curto e um pouco a cima do peso.
- Nossa que saudades. – Disse.
- Também. – Disse Julia. – Alguma novidade?
- Nenhuma lá em casa está à mesma coisa. – Eu respondi sorridente.
- E você, Pedro? – Perguntou Julia.
- Bem... Minha mãe foi presa. – Meu sorriso sumiu. – É,... meu pai a pegou orando, então...
A família do Pedro é complicada. O pai é um oficial do governo e a mãe era temente a Deus e... Digamos que não é a melhor combinação.
- Será que vamos ter a mesma turma? - Tentei cortar o clima.
- Não sei não me importo. – Respondeu Pedro.
- Quem sabe se o Diego ainda está na sala... – Julia suspirou. - Ia ser bom.
O sinal tocou e fomos para a sala.
A professora de português entrou na sala acompanhada por um garoto branco de cabelo curto.
- Bom dia, Pessoal. – Ela disse para sala. – Todos aqui já estudaram juntos no ano passado, então quero apresentar a turma nosso novo aluno George.
A turma respondeu “oi” vagamente e voltaram a conversar. Ele seguiu até o fundo da sala e se sentou atrás de mim.
...
- Não, pai, eu te peço, não faça isso. – Ela gritava histericamente com lagrimas escorrendo por todo rosto aos prantos. – Por favor, pai! – Ele a levava escada a baixo. – Pai! – Ela gritava cada vez mais alto e freneticamente, seu pai a arrastava também chorando com um pesar no coração. – Pai, por favor, não! – Ela chorava com muita tristeza.
Ele alcançou a porta, a abriu e a pós para fora.
- Pai, por favor, não! – Ela insistiu pela ultima vez.
- P-pe... – Ele a olhou, conteve as lagrimas e disse. – Peça a seu Deus, quem sabe ele te livra.
Ele fechou a porta e a deixou chorando.
- Pai! Não!... Pai! Não!
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